Bíblia, púlpito, caixa de som e projetor: esses foram os instrumentos usados na série de evangelismo que realizei em um dos distritos em que fui pastor. Naquelas noites frias, éramos aquecidos pela Palavra e pelo chá de erva-doce oferecido após o culto. No telão, além de apresentar alguns textos bíblicos, fiz questão de mostrar imagens dos lugares em que Jesus passou e objetos daquela época. A estratégia era aproximar os interessados do contexto histórico e cultural da Bíblia. A ideia deu certo. No fim do evangelismo, pela graça de Deus, tivemos várias decisões pelo batismo e a formação de um novo grupo.

Certamente, a maioria das pessoas nunca fará uma viagem a Israel, Egito ou Roma para conhecer os lugares mencionados na Bíblia. Ainda mais impossível seria “viajar” para o passado e obter informações sobre o estilo de vida de civilizações milenares, como a babilônica ou a persa. No entanto, com o advento da arqueologia há cerca de dois séculos e a disseminação de informações sobre o assunto, é possível conhecer até mesmo detalhes do estilo de vida de muitos povos antigos.

As pesquisas arqueológicas reeditaram a história e “deram voz” às pedras e pedaços de cerâmica. Hoje sabemos como esses povos da antiguidade se vestiam, o que comiam, como passavam seus dias e que tipo de móveis, instrumentos musicais e armas utilizavam. Também nos familiarizamos com suas esperanças e temores, crenças e conceitos que influenciaram sua vida desde o nascimento até a morte. Muitos monumentos, antes cobertos de pó e escombros, agora lançam luz sobre as Escrituras e confirmam diversos eventos históricos.

Esta edição da Ministério abordará como a arqueologia tem confirmado o texto sagrado e de que maneiras um pastor pode utilizar essa ferramenta em seus sermões, estudos bíblicos e no seu relacionamento com Deus. É evidente que a arqueologia não pode determinar conceitos doutrinários como a divindade de Cristo ou a futura ressurreição dos mortos, pois esses elementos demandam fé. Porém, se a história apresentada pela Bíblia for verdadeira, a teologia que a sustenta também será. O professor e arqueólogo Rodrigo Silva escreveu: “O Altíssimo poderia ter usado grandes e variadas descobertas para dar testemunho de Si, mas Ele é tão grandioso que precisou apenas de alguns pequenos cacos de cerâmica para silenciar os críticos de Sua Palavra” (Escavando a Verdade [CPB, 2017], p. 174).

No entanto, alguns mitos precisam ser desconstruídos. A arqueologia não é um processo rápido ou mirabolante, como nos filmes de Indiana Jones, mas é um esforço coletivo, minucioso e multidisciplinar que envolve ceramistas, filólogos, numismatas, geólogos, entre outros especialistas. Além disso, muitos artefatos que confirmam a história bíblica não foram descobertos por “arqueólogos bíblicos” que tentaram provar as Escrituras. A Estela de Tel Dan e o anel de sinete de Pilatos, por exemplo, foram ­encontrados por arqueólogos não diretamente ligados à pesquisa bíblica, o que atesta a confiabilidade da Palavra de Deus como fonte de informação histórica.

A arqueologia é uma excelente ferramenta de ilustração, contextualização e comprovação das Escrituras. Explore-a! E que o Arqueólogo de corações o ajude a reavivar a fé daqueles que estão soterrados sob os escombros do pecado. Lembre-se de que Deus é especialista em trabalhar com pó, argila e ossos.

Mudanças na equipe editorial. Damos as boas-vindas ao pastor Márcio Tonetti, novo editor associado da Ministério

Milton Andrade, editor da revista Ministério