O ministério da capelania educacional tem uma origem relativamente recente na Igreja Adventista. Inicialmente, os capelães exerciam seu ministério quase exclusivamente em instituições de saúde. Nos Estados Unidos, alguns também atuavam nas forças armadas, prestando atendimento pastoral às unidades militares.
A partir da segunda metade do século 20, as instituições educacionais adventistas começaram, de forma lenta, mas gradual, a estabelecer capelães para ministrar aos estudantes e seus familiares. No início, havia a percepção de que um capelão era um “pastor de segunda categoria”, como se pastorear um distrito conferisse um status “superior”. No entanto, nada poderia estar mais distante da verdade. Nos tempos bíblicos, por exemplo, ministrar a crianças, adolescentes e jovens era uma das principais responsabilidades de líderes de destaque.
Samuel dedicou grande parte de seu ministério ao estabelecimento das escolas dos profetas, onde adolescentes e jovens eram formados para se tornarem líderes espirituais (Ellen G. White, Patriarcas e Profetas [CPB, 2022], p. 524-532). Profetas importantes deram continuidade a esse legado, concentrando-se na preparação das novas gerações para uma vida de serviço a Deus. Elias (2Rs 2:1-12) e Eliseu (2Rs 4:1-7), por exemplo, trabalharam para fortalecer essas instituições educacionais no antigo Israel.
No período do Novo Testamento, Jesus foi o maior exemplo de ministério voltado às novas gerações. Ele ministrou, discipulou e treinou um grupo de 12 jovens. Entre os apóstolos, apenas Pedro é mencionado como casado (Mt 8:14), e, mesmo nesse caso, isso não indica necessariamente que ele fosse mais velho, pois a Mishná afirma que um judeu já estava pronto para o casamento aos 18 anos (Avot 5.21). Alguns dos discípulos ainda viviam com seus pais, como Tiago e João (Mc 1:19, 20). No judaísmo, os jovens estavam aptos para estudar com um mestre do Talmude a partir dos 15 anos (Avot 5.21), o que sugere que a maioria dos discípulos não ultrapassava muito essa idade.
Além disso, diversas histórias mostram que crianças e adolescentes eram uma audiência constante de Jesus em Suas viagens e visitas pelas aldeias e cidades da antiga Palestina. Exemplos disso incluem a alimentação dos 5 mil (Jo 6:1-15) e dos 4 mil (Mt 15:32-39), a explicação sobre o Reino dos Céus (Mt 18:1-6), a bênção das crianças (Mt 19:13, 14), a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém e a purificação do templo (Mt 21:1-17), entre outros episódios.
O ministério às novas gerações permeia toda a Bíblia, evidenciando a importância do cuidado pastoral e da capacitação missionária de crianças, adolescentes e jovens. Longe de ser secundário, esse trabalho é essencial. Os jovens e as crianças não são apenas o futuro da igreja, mas também seu presente, trazendo vitalidade e movimento. Por isso, seu preparo espiritual e missionário deve ser uma prioridade.
Ellen White escreveu: “Nenhuma obra empreendida pelo ser humano requer maior cuidado e habilidade do que o devido ensino e a educação dos jovens e das crianças” (Orientação da Criança [CPB, 2021], p. 27). Aqueles que atuam no ministério da capelania são verdadeiros pastores, instrumentos de Deus para cuidar espiritualmente e capacitar crianças, adolescentes e jovens a pregarem o evangelho em nossa geração. Eles seguem os passos de Samuel, Elias, Eliseu e outras importantes personalidades bíblicas, incluindo o próprio Jesus, na missão de preparar as novas gerações para o encontro com o Senhor.
Eric Richter, Editor da Ministério, edição da Aces