“Nada façais por partidarismo ou vangloria, mas por humildade, considerando cada um os outros superiores a si mesmos” (Paulo)
As relações humanas são um aspecto imprescindível à vida e, ao mesmo tempo, conflituoso. Imprescindível, porque fomos criados para viver em comunidade; sem nos relacionarmos e estar cercados por pessoas, a vida seria muito difícil. Conflituoso, porque, muitas vezes, nossas diferenças criam brechas, em vez de enriquecimento pessoal.
Em nossos dias, o termo “assertividade” é muito usado; talvez, por causa da necessidade imperiosa que temos de colocar em prática seu significado. Assertividade é um estilo de comunicação, aberto às opiniões alheias, dando-lhes a mesma importância que às próprias opiniões. É algo que parte do respeito de alguém para com os demais e até consigo mesmo, estabelecendo com segurança e confiança o que se deseja. A pessoa assertiva aceita que a postura das outras não precisa coincidir com as dela e, de maneira direta, aberta e honesta, evita conflitos.
Três tipos
Eruditos têm mencionado três tipos de assertividade:
- 1. Positiva. Consiste na expressão de autêntico afeto e respeito por outras pessoas, pressupondo que estamos atentos ao bom e valioso que existe nelas. Ao perceber isso, a pessoa assertiva está disposta a reconhecer generosamente esse bem e a comunicá-lo de modo verbal ou não verbal.
- 2. Negativa. É útil usá-la quando precisamos enfrentar uma crítica, sabendo que o crítico tem razão. Esse tipo consiste na expressão da nossa concordância com a crítica recebida, exteriorizando a vontade de nos corrigirmos. Desse modo, fica demonstrado que não é preciso dar atenção mais que devida à nossa ação, reduzindo, assim, a agressividade dos nossos críticos e fortalecendo nossa autoestima, aceitando nossos defeitos ou qualidades negativas.
- 3. Empática. Permite entender, compreender e agir pelas necessidades do interlocutor, ao mesmo tempo conseguindo que sejamos entendidos e compreendidos.
O aspecto mais animador é que a assertividade não é algo que se herda, mas é adquirida e aprendida. Todos nós podemos ter essa qualidade, a qual nos ajudará em nosso relacionamento interpessoal.
Então, o que precisamos modificar e treinar, a fim de melhorar o trato com as pessoas? Teria Jesus Cristo colocado em prática a assertividade? Ao estudarmos a vida de Jesus, é possível observar que todos os Seus atos foram assertivos. Ele não emitia palavras demais, ocupava-Se das necessidades das pessoas e até de pequenos detalhes que pareciam insignificantes. Não fazia discriminação e sabia envolver os que O cercavam em tarefas nas quais podiam se sentir úteis.
Exemplo supremo
Esse conceito também implica empatia e humildade. Sem essas características, é impossível nos preocuparmos com outras pessoas e considerar as opiniões delas.
Enquanto viveu na Terra, Jesus também revelou as virtudes da empatia e humildade em todos os Seus atos. Ele, realmente, praticou a assertividade.
“Nada façais por partidarismo ou vangloria, mas por humildade, considerando cada um os outros superiores a si mesmo. Não tenha cada um em vista o que é propriamente seu, senão também cada qual o que é dos outros” (Fp 2:3,4).
Esse versículo nos aconselha a considerar os outros como a nós mesmos, e também sugere o atual conceito de assertividade. Ser assertivo é expressar nossos pontos de vista respeitando o das outras pessoas.
Jesus Se conduziu aqui na Terra, de maneira compassiva, amável e cortês. Foi bondoso e misericordioso. É-nos dito que “Jesus revelava, como criança, disposição singularmente amável. Aquelas mãos cheias de boa vontade estavam sempre prontas para servir a outros. Manifestava uma paciência que coisa alguma conseguia perturbar, e uma veracidade nunca disposta a sacrificar a integridade. Firme como a rocha em questões de princípios, Sua vida revelava a graça da abnegada cortesia” (Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, p. 68, 69).
Cristo deseja que, como líderes de Sua missão, sigamos Seu exemplo no trato com as pessoas que nos cercam e também com subalternos e superiores. “Devemos trabalhar como Cristo trabalhou – para cativar, para edificar e não para derrubar” (Ellen G. White, Testemunhos Para Ministros, p. 223).
“Não devemos dar um passo para depois retroceder. Devemos caminhar solene, prudentemente, não fazendo uso de expressões extravagantes, nem permitindo que nossos sentimentos sejam excessivamente agitados” (Ibid., p. 227).
“Os que ocupam posição de importância, que são postos em contato com as pessoas por quem Cristo morreu, devem dar aos homens a estima que Deus lhes dedicou, e considerá-los preciosos. Muitos, porém, têm tratado a aquisição do sangue de Cristo de maneira rude, em harmonia com a disposição dos homens e não de acordo com a mente e o espírito de Cristo. De Seus discípulos, Cristo diz: ‘Todos vós sois irmãos.’ Devemos ter sempre em mente a relação que temos uns para com os outros, e lembrar-nos de que nos devemos encontrar com aqueles com quem nos associamos aqui, ao redor do trono do juízo de Cristo. Deus será o juiz, e Ele tratará com justiça a cada indivíduo” (Ibid., p. 224).
Como ser assertivo
Muitas vezes, as dificuldades vividas pelas igrejas estão relacionadas com a falta de assertividade na maneira de agir das partes envolvidas. Em ocasiões de mudança de trabalho, diante da necessidade do líder conhecer um novo grupo de irmãos ou ter que se integrar a uma nova equipe, a prática da assertividade é muito necessária. Como consegui-la? Agindo com humildade no tratamento com as pessoas, participando de atividades planejadas por elas, valorizando (e fazendo-as saber disso) os esforços envidados em algum projeto, e outras atitudes que as façam abrir o coração, tratando de evitar agir sem refletir sobre os efeitos de algum comportamento, em uma pessoa, um departamento ou toda a igreja.
“Não devemos permitir que nenhuma expressão precipitada, arrogante, escape dos lábios”
Podemos chegar a ser líderes que guiem e alcancem os objetivos propostos como igreja, sem impor nem designar autoritariamente qualquer atividade. É preciso agir assertivamente, explicando, designando tarefas compatíveis a cada pessoa, sem sobrecarregar ninguém, e dando lugar ao desenvolvimento da criatividade. Desse modo será possível formar uma equipe que trabalhe unida e que obtenha resultados. Uma equipe que se sinta parte não apenas da execução de um plano, mas que possa participar da elaboração dele.
“Considerem todos que, seja qual for sua ocupação, devem representar a Cristo. Com firme propósito procure cada pessoa ter o Espírito de Cristo. Especialmente os que aceitaram a posição de diretores ou conselheiros devem sentir que deles é requerido que, em todos os sentidos, sejam verdadeiros cristãos. Embora, no trato com outros, precisamos ser sempre fiéis, não devemos ser rudes. As pessoas com quem temos de lidar são a possessão adquirida do Senhor, e não devemos permitir que nenhuma expressão precipitada, arrogante, escape dos lábios” (Ibid., p. 262).
Como líderes da igreja, tendo em mente o exemplo de Cristo, poderemos com Sua ajuda atuar com maior prudência, tato, sem impor idéias nem tarefas a quem quer que seja. Trabalharemos sem a força descontrolada do entusiasmo e da urgência (muitas vezes, válidos e necessários), e que, não raro, também pode causar efeito contrário ao que desejamos. Muitas vezes, por causa de simples mal-entendidos, nascem grandes inimizades.
O treinamento na assertividade e de toda a conduta humana requer deliberado esforço, firme intenção, força de vontade, paciência e, sobretudo, desejo de melhorar. Trabalhar com assertividade não é um processo fácil nem rápido, porém, com a ajuda de Deus, é possível. Tendo-O como centro de nossa vida, família e trabalho, podemos chegar a ser servos de êxito.
A título de avaliação, cabe nos perguntarmos: Estamos sendo assertivos no tratamento com as pessoas que nos cercam? Em que aspectos necessitamos melhorar? O que precisamos modificar, pessoalmente e como equipe, para construir uma igreja que trabalhe feliz?