As versões da Bíblia que as sociedades bíblicas editam têm 66 livros. Faz, porém, algumas décadas, costumava-se publicar em inglês uma seção especial intitulada “Apocripha,” isto é, “Livros Apócrifos.” Por outro lado, tôdas as versões que levam a aprovação eclesiástica católica constam de 73 livros.

Os sete livros a mais são Tobias, Judite, Sabedoria (ou Sabedoria de Salomão), Eclesiástico, Baruque e I e II Macabeus. Há além disto algumas porções acrescentadas ao livro de Daniel (os capítulos 13 e 14), e 67 versículos acrescidos ao capítulo 3; e no livro de Ester há 10 versículos acrescentados ao capítulo 10 e mais os capítulos 11 a 16.

Explicação de Têrmos

A palavra “apócrifo” é um adjetivo que etimològicamente significa “oculto,” “secreto.” Laudelino Freire define a palavra como “suposto, duvidoso, fingido.” É, pois, alguma coisa falsa, sem autenticidade, e é nesse sentido que o entendem os protestantes quando chamam “apócrifos” aos livros que consideram não inspirados.

A palavra “dêuterocanônico” etimològicamen-te quer dizer foi considerado inspirado posteriormente. A Enciclopédia Espasa define assim o têrmo: “Nome que se dá aos livros, ou partes dos livros da Sagrada Escritura, que desde sua origem não foram considerados por todos como inspirados, e que são hoje recusados por judeus e protestantes no Cânon das Sagradas Escrituras. A igreja católica, porém, apoiando-se numa sólida tradição que deriva dos apóstolos e primeiros cristãos, considera-os como verdadeiros e como autêntica palavra de Deus, e foram declarados como inspirados pelo Concilio de Trento e do Vaticano (I). — Tomo 18, pág. 721.

Análise de Argumentos

Os argumentos dos que defendem a inclusão dêsses livros e fragmentos acrescidos podem resumir-se em três grandes afirmações:

  • 1. Êsses livros foram citados pelos pais da igreja.

Quando se tem acesso a uma grande coleção como as que existem em inglês, e possivelmente em alemão, dos escritos dos autores cristãos dos

Parte I

primeiros séculos, — e essa obra está trabahada de tal modo que mediante um índice de temas é possível orientar-se ràpidamente nela — em pouco tempo se pode comprovar que efetivamente os primeiros escritores cristãos fizeram citações dêsses livros que hoje chamamos apócrifos. Mas também é evidente que os citaram muito menos do que aos que consideramos como canônicos. Demais disto, vê-se também que citaram outros livros, como o Terceiro Livro de Esdras, e o Quarto Livro de Esdras, a epístola de Jeremias e a Oração de Manassés. Portanto, se temos de aceitar o argumento, temos de reconhecer que também êstes livros são inspirados.

Em nossos dias, a fim de orientar-nos quanto ao período histórico que separa o Antigo Testamento do Nôvo Testamento, podemos citar os livros de Macabeus como documento da época, mas isto não significa que reconheçamos sejam êles inspirados. Também Paulo citou um poeta grego (Atos 17:28), possivelmente Epemênides de Creta, do século VI A. C., e nesse mesmo versículo cita a Arato da Cilícia (século III A. C.). Não quer isso dizer que o apóstolo coloca êsses autores pagãos como escritores inspirados.

  • 2. Êstes livros se encontram em versões antigas.

É exato que algumas versões antigas contêm êstes livros, sendo a mais importante delas a Septuaginta, ou Verso dos Setenta, que também se identifica com os algarismos romanos (LXX).

Esta antiga versão feita do hebraico e do aramaico para o grego, começou a ser feita lá pelo ano 285 A. C., no Egito, por ordem de Ptolomeu Filadelfo. Sem dúvida o argumento vai longe demais, pois nesta versão encontram-se também o Terceiro Livro de Esdras e a Oração de Manassés, que não são tidos como inspirados nem pelos católicos e nem pelos protestantes.

Em outras versões antigas figuram o Quarto Livro de Manassés e o Terceiro Livro de Macabeus, não aceitos pelos cristãos. Êstes fatos tiram a fôrça ao argumento.

  • 3. Os livros que os protestantes chamam de apócrifos já foram reconhecidos como inspirados, ou canônicos, nos concílios de Cartago e de Florença, respectivamente em 397 A. D. e 1439 A. D.

A data 397 já nos diz que o cristianismo estava então bem dentro da era de Constantino (o imperador pagão-cristão faleceu em 337). Vale dizer que a apostasia havia feito sentir os seus efeitos pronunciadamente. Além disto, o Concilio de Cartago foi um mero sínodo local, sem valor ecumênico. O Concilio de Florença está muito afastado dos dias apostólicos para que demos importância a uma decisão tomada então quanto a um assunto de importância como o da validade canônica de vários livros que os judeus não incluíram no Cânon do Velho Testamento.

Breve Apresentação da Réplica dos Protestantes

  • 1. O antigo Israel nunca considerou os apócrifos como livros inspirados.

Há duas razões bíblicas que dão melhor valor a êste argumento. Paulo pergunta e êle mesmo responde: “Qual é logo a vantagem do judeu? Ou qual a utilidade da circuncisão? Muita, em tôda a maneira, porque, primeiramente, as palavras de Deus lhe foram confiadas.” Rom. 3:1 e 2.

Em segundo lugar é de recordar-se que o Mestre condenou várias práticas dos judeus de Seus dias, e lançou tremendos “ais” contra os escribas e fariseus. Contudo, nada lhes teve a condenar quanto a haverem introduzido nas Escrituras algo espúrio, e também nada disse quanto a haverem deixado de incluir entre os seus livros sagrados os sete apócrifos que temos mencionado.

  • 2. No Nôvo Testamento nunca são citados os apócrifos.

Aqui há algo a esclarecer. Além de não haver uma só citação por nome, há mais de 230 citações dos outros livros, como por exemplo, S. Mateus 1:23, citação de Isaías 7:14; S. Mateus 2:6, citação de Miquéias 5:2; S. Mateus 4:15, citação de Isaías 8:1 e 2 etc.

Embora algumas vêzes haja passagens do Novo Testamento com uma figura de linguagem ou ideia semelhante a algum livro apócrifo, nunca é exatamente igual e nunca há qualquer referência a êles. Por exemplo, Paulo descreve a armadura do cristão em Efésios 6:13-17. Pois bem, em Sabedoria há uma passagem que diz assim: “Portanto receberá da mão do Senhor um reino de honra, e um diadema brilhante; porque os protegerá com a Sua destra, e com o Seu santo braço os defenderá. O Seu zêlo se vestirá duma armadura, e armará (também) as Suas criaturas para Se vingar dos Seus inimigos. Tornará por couraça a justiça, e por capacete o Seu juízo infalível. Embaraçará a eqüidade como escudo impenetrável; afiará a Sua ira inflexível, como uma lança; e todo o universo combaterá   com Êle contra os insensatos.” Sabedoria 5: 17-21, Versão Matos Soares.

A figura é similar, mas é inteiramente injusto supor que essa similitude indique estar o apóstolo apoiando um livro apócrifo como inspirada Palavra de Deus.

Há também no Nôvo Testamento algumas aparentes citações impossíveis de serem indicadas com exatidão. Por exemplo, Efésios 5:14 não se encontra exatamente assim no Velho Testamento, embora a linguagem seja uma possível alusão a Isaías 26:19 e 6:1.

  • 3. Os livros apócrifos não aparecem nas listas dos Pais da Igreja até fins do século IV.

Estas listas são as de Melitão de Sardes (século II); Orígenes (século III); Atanásio, Cirilo, Hilário de Poitiers, Concilio de Laodicéia, Epifânio, Gregório Nazianzeno, Anfilóquio, Rufino, e Jerônimo (século IV).

É digno de nota que todos êsses escritores cristãos (e mais o Concilio de Laodicéia), ao se ocuparem do Cânon Sagrado, não incluíssem os livros hoje não reconhecidos pelos protestantes, incluindo ao contrário, em suas listas, os livros que os não católicos aceitam como Palavra de Deus.

  • 4. Nos apócrifos e nas adições a Ester e Daniel há passagens estranhas ao pensamento bíblico em geral, bem como algumas inexatidões.

Por exemplo, Em Tobias 5:11-13 aparece um chamado anjo Rafael que diz uma mentira (ou que pelo menos parece sê-lo) a Tobias. Em Tobias 6:5-17, o mesmo Rafael dá algumas instruções a Tobias, e entre essas lemos: “Se tu puseres um pedaço do seu coração sôbre brasas acesas, o seu fumo afugenta tôda casta de demônio, tanto do homem como da mulher, de sorte que não tornam mais a chegar a êles. E o fel é bom para untar os olhos que têm algumas névoas, e sararão.” É visível a tendência supersticiosa dessas supostamente inspiradas afirmações.

Quanto às inexatidões históricas e declarações raras, pela necessidade de não ocupar muito espaço, só daremos algumas referências das passagens com breves comentários. (1)

  • 5. Não possuem os apócrifos nenhuma declaração pela qual digam que são inspirados. Nem uma só vez há um “Assim diz o Senhor,” ou qualquer outra expressão semelhante. Nem uma só vez referem que tenha havido uma revelação divina a seus autores.

Ao contrário, vejamos a maneira como termina um dos livros apócrifos. “Passadas pois estas coisas acêrca de Nicanor, e ficando os hebreus desde aquêle tempo de posse da cidade, eu, eu também porei aqui fim à minha narração. Se ela está bem, e como convém à história, isto é também o que eu desejo; mas se, pelo contrário, é menos digna, deve-se-me perdoar. Porque assim como beber sempre vinho, ou sempre água é coisa prejudicial, ao passo que é agradável fazer uso alternativo dessas bebidas, assim também, se o estilo fôsse sempre uniforme, não agradaria. E com isto termino.” II Macabeus 15:38-40. (Versão Matos Soares) É evidente que se trata de um relato comum. Pode ter sido escrito com a correta intensão de dizer a verdade quanto aos acontecimentos que narra, mas não pretende ser revelação divina. Ao contrário, reconhece suas possíveis imperfeições, quando diz: “Se está como convém à história…,” até pede ao leitor que lhe releve essas possíveis faltas. Há um abismo de diferença entre essa pena e a pena que traz a inspiração do Altíssimo.

  • 6. Não existe nenhum exemplar dos apócrifos escrito em hebraico. Há sòmente cópias escritas em grego. Mons. Straubinger diz que S. Jerônimo viu um exemplar hebraico de I Macabeus, mas não há nenhuma cópia do mesmo.

Conquanto seja certo que o Espírito de Deus pode prover ao homem a capacidade de escrever em qualquer idioma, não é menos certo que a revelação divina se valeu do hebraico e do povo escolhido, na época em que começou a manifestação de Sua pessoa desde Moisés.

Por outro lado, o grego e o idioma dos governantes selêucidas, (século IV a século I AC) que se esforçaram por impor sua cultura aos israelitas, empregando para, consegui-lo tanto a persuasão como a violênia. Devido a isto, muitos judeus apostataram ou, pelo menos, afastaram-se da religião de seus antepassados. Foi devastadora para a pureza dos costumes e crenças dos israelitas a chamada influência grega.

O só fato de estarem os apócrifos em grego já lança sobre êles uma sombra de suspeita de que seus autores, sendo judeus, estivessem contaminados de helenismo tanto nos costumes como no idioma, em detrimento da religião de Jeová.

Reconheçamos, contudo, que êste argumen-to, tomado isoladamente, não tem muito valor. Há algo de mais pêso no conjunto, por outro lado.

Por que Estão Incluídos os Apócrifos nas Bíblias que Levam a aprovação Eclesiástica?

A aprovação oficial dos referidos livros ocorreu na quarta sessão do Concilio de Trento, que durou de 8 de abril a 17 de junho de 1546. Nela se reconheceram os livros contidos na Vulgata como canônicos. E entre êles estão os apócrifos.

A Vulgata (palavra latina que significa “comum”) é a tradução das Sagradas Escrituras feita pelo erudito padre da igreja católica, S. Jerônimo (331-420). Trata-se de uma versão do hebraico e do aramaico quanto ao Antigo Testamento, e do grego quanto ao Nôvo Testamento, para o latim. O trabalho foi feito com sumo cuidado. Vinte e um anos êle levou para traduzir o Velho Testamento. Contudo, com respeito aos livros que hoje conhecemos por apócrifos, S. Jerônimo não lhes deu nenhuma importância. Com efeito, o livro de Tobias foi traduzido num dia, segundo o afirma o próprio tradutor no prefácio a êsse livro.

Fazemos notar que os judeus da Palestina jamais reconheceram os livros apócrifos como inspirados. Essa posição correta tem sido mantida firmemente até hoje. Por exemplo, a nova versão castelhana do Velho Testamento com o nome de Bíblia, feita por judeus (Leon Du-jovene, Manassés Konstantynowski e Moisés Konstantynowski), editada em 1961 pela editora Sigal, Corrientes 2854, Buenos Aires, só contém os 39 livros que estão no Velho Testamento das traduções feitas circular pelas Sociedades Bíblicas protestantes.

A Essência em Questão

Há uma passagem que se reveste de importância e que estudaremos um pouco mais detidamente. Trata-se do relato de uma das lutas de Judas Macabeu que batalhou para libertar o povo judeu de sob o jugo dos selêucidas opressores. (2)

Diz a narrativa que depois de haver alcançado uma vitória sôbre as fôrças de Górgias, “juntando Judas o seu exército, partiu para a cidade de Odolam; e chegando o dia sétimo, purificados segundo costume, celebraram o sábado, neste mesmo lugar. E no dia seguinte, foi Judas com os seus para levar os corpos dos que tinham sido mortos, e para os sepultar com os seus parentes nos sepulcros de . seus pais. Ora, encontraram debaixo das túnicas dos que tinham sido mortos algumas oferendas consagradas aos ídolos, que havia em Jamnia, que a lei proibia aos judeus; todos, pois, reconheceram que havia sido esta a causa de sua morte. Todos por isto bendisseram o justo juízo do Senhor, que tinha descoberto o que estava escondido; em seguida, tendo-se pôsto em oração, suplicaram (ao Senhor) que Se esquecesse do pecado que fôra cometido. Ao mesmo tempo, o fortíssimo Judas exortava o povo a que se conservasse sem pecado, vendo diante de seus olhos o que tinha acontecido, por causa dos pecados daqueles que tinham sido mortos. E, tendo feito uma coleta, mandou doze mil dracmas de prata a Jerusalém, para serem oferecidas em sacrifício pelos pecados dos mortos, sentindo bem e religiosamente a respeito da ressurreição (porque se êle não esperasse que os que tinham sido mortos haviam um dia de ressuscitar, teria por coisa supérflua e vã orar pelos defuntos); e porque êle considerava que aos que tinham falecido na piedade estava reservada uma grandíssima misericórdia. É, pois, um santo e salutar pensamento orar pelos mortos, para que sejam livres dos seus pecados.” II Macabeus 12:38-46. (Versão Matos Soares)

Aceitando como histórica esta narração, o “fortíssimo Judas” efetuou um sacrifício pelos mortos como não tem precedente em todo o Velho Testamento. É algo completamente anormal.

Recorde-se que Deus especificou por meio de Moisés os diferentes motivos pelos quais se devia oferecer sacrifício. Menciona-se expiação por “êrro,” pelo pecado de um “sacerdote ungido,” “por tôda a congregação de Israel,” “pelo príncipe” ou por alguma pessoa comum do povo (Levíticos cap. 4).

Temos também tôdas as especificações da expiação a efetuar-se por causa de prejúrio, de juramento temerário ou quando se produziam diversas classes de contaminação. (Lev. cap. 5.)

As ofertas e os holocaustos serem oferecidos nos diferentes dias estão minuciosamente descritos em dois capítulos de Números (caps. 28 e 29). Ali se mencionam os holocaustos “contínuo,” do “dia de sábado,” do “comêço de vossos meses,” do “mês primeiro, a 14 do mês” (Páscoa), dos “15 dias dêste mês” (Pães asmos), o que se devia oferecer em “cada um dos sete dias” (enquanto se comiam pães asmos), “no sétimo mês, a primeiro do mês,” no “dez dêste mês sétimo,” “aos quinze do mês sétimo,” e então oito dias seguidos com ofertas expiatórias especiais.

Em meio de todo êste sistema ritual, tão minudentemente especificado pela sabedoria divina, não há um só exemplo de holocausto ou qualquer outro ato expiatório pelos mortos. É impossível supor que algo tão importante tenha sido passado por alto pelo Eterno, se Sua vontade tivesse sido que se efetuassem tais cerimônias.

Não Pode Ter Sido uma Nova Revelação

A lógica nos diz que Deus não poderia ter deixado passar mais de mil anos (desde Moisés até os Macabeus) sem que se praticassem êsses tipos de sacrifícios, prejudicando assim a incontáveis filhos do povo de Deus que poderiam haver sido beneficiados com êles em sufrágio de suas almas depois de mortos.

Mas não é só uma questão de lógica. Há outro fato bem claro. Nos dias da cruel opressão dos selêucidas sôbre Israel, não havia revelação de Deus. Isto sabemos por esta passagem: “E levantou-se uma tão grande tribulação em Israel, como não se tinha visto outra assim desde o tempo em que os profetas tinham desaparecido de Israel.” “Porque ouviu dizer que os romanos tinham chamado os judeus seus amigos e aliados, e irmãos, e que tinham recebido os embaixadores de Simão com grande honra; e que os judeus e os seus sacerdotes tinham consentido que êle fôsse seu chefe e sumo sacerdote para sempre, até que se levantasse um profeta fiel.” I Macabeus 9:27; 14:40 e 41. (Versão Matos Soares.)

A primeira passagem se refere ao triste momento que se seguiu a morte de Judas Macabeu. A segunda fala de Simão, irmão de Judas, o último sobrevivente dessa heróica família, eleito como “seu chefe e sumo sacerdote.”

O segundo livro de Macabeus não menciona que tenha havido algum profeta em seu tempo. É importantíssimo saber também que os judeus chamam a Malaquias “o sêlo dos profetas,” por ter sido o último dos mensageiros inspirados do Velho Testamento.

Uma Surpreendente Passagem Quanto aos Mortos

No segundo livro de Macabeus registra-se também outro gravíssimo êrro. É a suposta intercessão do falecido sacerdote Onias, do tempo de Judas Macabeu, e de Jeremias, o profeta falecido fazia uns 400 anos. A passagem onde se refere esta pretensa intercessão é a seguinte:

“Eis que a visão que teve: Parecia-lhe que Onias, sumo sacerdote, que tinha sido homem de bem e afável, recatado no olhar, modesto nos costumes, agradável nos seus discursos, e que desde menino se tinha exercitado nas virtudes, estendendo as mãos orava por todo o povo judaico; que depois disto lhe aparecera outro varão respeitável pela sua idade e pela sua glória, e cercado de grande majestade; e que Onias, apontando para êle, dissera: Êste é o amigo de seus irmãos e do povo de Israel, êste é Jeremias, profeta de Deus, que ora muito pelo povo e por tôda a cidade santa. Depois Jeremias, estendendo a mão direita, deu a Judas uma espada de ouro, dizendo-lhe: Toma esta santa espada como um presente de Deus, com a qual deitarás por terra os inimigos do Meu povo de Israel.” II Macabeus 15:12-16.

Temos citado estas passagens da Versão Matos Soares.

É bem claro o panorama que oferece êste livro considerado pela igreja católica como dêuterocanônico, isto é, considerado canônico depois dos outros livros de origem divina. Por um lado ensina o suposto valor dos sufrágios dos vivos em favor dos mortos; e dá como real a intercessão dos mortos em favor dos vivos: vale dizer, apóia o ensinamento católico, negado pelos livros canônicos da Bíblia e que foi uma das causas da Reforma do século XVI: a oração pelos mortos, com missas em seu favor bem como outras formas de sufrágio, e demais disto, diz que é real algo completamente desconhecido nos livros inspirados da Bíblia: a suposta intercessão dos mortos em favor dos vivos.