Em seus primórdios, de acordo com Ellen White, os adventistas não se reuniam em templos: “A princípio reuníamo-nos para o culto e apresentávamos a verdade àqueles que vinham para ouvir, em casas particulares, em celeiros, bosques e edifícios escolares; não demorou muito tempo, porém, e pudemos construir humildes casas de oração”.1 Ao se referir aos pequenos grupos, ela usou vários termos entre os quais “reuniões familiares ou sociais”,2 “pequenas sociedades” e “pequenas reuniões”.3

Durante a infância, seus primeiros contatos com os pequenos grupos foram nas reuniões de oração de seu lar e nas classes bíblicas da igreja metodista da qual fazia parte. Após o desapontamento, foi numa reunião em grupo que ela recebeu a primeira visão e viajou contando sua experiência em reuniões grandes que logo se transformavam em grupos, além de participar de reuniões sociais ou de testemunhos em grupo, nas grandes campais. Na Europa (1885-1887), Ellen White apoiou os grupos como forma de capacitação, testemunho, evangelização, e como meio para abrir novas igrejas.

Entre 1887 e 1891, estando nos Estados Unidos e vendo o crescimento das instituições, também recomendou os grupos como forma de manter a vida espiritual e missionária das igrejas. Sugeriu reuniões em grupos para estudo aplicativo da Bíblia nas campais. No período em que esteve na Austrália (1891-1900), ela novamente recomendou as reuniões em grupos como método de evangelismo, testemunho, treinamento e cuidado pastoral.

Na última etapa de sua vida nos Estados Unidos (1900-1915), ela recomendou os grupos às áreas educativa, médica, jovens, ministerial, assistência social e missionária.4 Com uma vivência de mais de 58 anos com pequenos grupos, é significativo que, em 1902, ela tenha escrito:

“Por que não sentem os crentes preocupação mais profunda, mais fervorosa pelos que estão afastados de Cristo? Por que não se reúnem dois ou três e instam com Deus pela salvação de determinada pessoa, e, em seguida, de outra? Formemos em nossas igrejas grupos para o serviço. Unam-se vários membros para trabalhar como pescadores de homens. Procurem arrebatar pessoas, da corrupção do mundo, para a salvadora pureza do amor de Cristo.

“A formação de pequenos grupos como base de esforço cristão, foi-me apresentada por Aquele que não pode errar. Se há na igreja grande número de membros, convém que se organizem em pequenos grupos a fim de trabalhar, não somente pelos membros da própria igreja, mas também pelos incrédulos. Se num lugar houver apenas dois ou três que conheçam a verdade, organizem-se num grupo de obreiros. Mantenham indissolúvel seu laço de união, apegando-se uns aos outros com amor e unidade, animando-se mutuamente para avançar, adquirindo cada qual ânimo e força do auxílio dos outros. Manifestem eles paciência e longanimidade cristãs, não proferindo palavras precipitadas, mas empregando o talento da palavra para edificar-se uns aos outros na mais santa fé. Trabalhem com amor cristão pelos que se acham fora do redil, esquecendo-se de si mesmos no empenho de ajudar outros. Ao trabalhar e orar em nome de Cristo, seu número aumentará, pois diz o Salvador: ‘Se dois de vós concordarem na Terra acerca de qualquer coisa que pedirem, isso lhes será feito por Meu Pai, que está nos Céus’.”5

Dessa declaração, entendemos que o plano não falhará, porque foi revelado por “Aquele que não pode errar”. Congregações grandes e pequenas devem formar pequenos grupos, com a missão de evangelizar interna e externamente, pois são a base de todo esforço cristão. A autora sugere uma diversidade de grupos para o bem da igreja: serviço, intercessão, trabalho missionário, grupos de obreiros e outros.

Esse modo de vida na igreja ajuda a manter e estreitar os laços entre os irmãos, estimula o crescimento de cada membro, eliminando a formalidade e recuperando a koinonia. Finalmente, produz crescimento numérico, porque o Senhor assim prometeu. “A apresentação de Cristo em família, no lar e em pequenas reuniões em casas particulares, é muitas vezes mais bem-sucedida em atrair pessoas para Jesus, do que sermões feitos ao ar livre, às multidões em movimento, ou mesmo em salões e igrejas.”6 

 Daniel Rode

Referências:

  • 1 Ellen G. White, Testemunhos Para Ministros, p. 26.
  • 2 Notas Biográficas de Elena de White (Buenos Aires, AR: Aces, 1995), p. 36.
  • 3 Russell Burrill, Recovering and Adventista Approach to the Life and Mission of the Local Church (Loma Linda, CA: Loma Lina University Library, 1997), p. 236.
  • 4 Notas Biográficas de Elena de White, p. 71.
  • 5 Ellen G. White, Testemunhos Seletos, v. 3, p. 84, 85.
  • 6 _______________, Obreiros Evangélicos, p. 193.