A leitura do livro The World’s Twenty Largest Church (As Vinte Maiores Igrejas do Mundo), de John Vaughan, motivou-me a refletir sobre as seguintes perguntas: Por que estas igrejas, que não possuem uma doutrina bíblica sólida, crescem e progridem num rítmo incrível? Mais ainda, por que algumas delas, com líderes cuja vida imoral às vezes é publicamente exposta, conduziram milhares de pessoas aos pés de Cristo? As dúvidas me pressionaram no sentido de esforçar-me para encontrar uma resposta satisfatória.

Foi então que, numa determinada manhã, estava lendo o livro Meditações Matinais, de Garrie Williams, justamente a mensagem intitulada “Pode o Espírito Santo usar pecadores?” e as coisas foram ficando mais claras. “O Espírito Santo usou a Balaão numa forma muito especial, apesar de todos os seus problemas; porém isso não significava que de alguma maneira Deus aprovava os pecados de Balaão”, escreveu Williams.

Quando Cristo entrou triunfalmente em Jerusalém, expressou uma filosofia de propagação semelhante à exposta no parágrafo anterior. Ele disse que “se estes calarem, as pedras clamarão”.

Objetivo da igreja

Para que a Igreja está no mundo? Evidentemente, para crescer. Segundo Peter Wagner, “isto pode parecer-lhe fanatismo ou exagero. Sua igreja pode crescer, e crescerá… se você quiser”.

Porém, deseja você, realmente, que sua igreja cresça? Wagner, num de seus livros sobre crescimento de igreja (Sua Igreja Pode Crescer), garante que, se você o desejar, poderá consegui-lo.

Todavia, nem você nem eu somos tão ingênuos para acreditar que o mero desejo de crescimento seja suficiente para alcançar-se tal objetivo. Mas se o desejo não representa nenhuma garantia, pode ser o estopim de uma reação em cadeia, que possibilite os meios para que o crescimento da igreja seja uma realidade feliz.

Wagner dedica um capítulo do seu livro para comentar que existe alguém, além do pastor, que deseja o crescimento da Igreja. Esse alguém é Deus. Ele deseja que Sua Igreja cresça. Por esta razão, o presente artigo é dirigido a todos os pastores e, por extensão, a todos os que anelam a saúde e o crescimento integral e saudável de sua igreja. Se analisarmos juntos o livro de Atos dos Apóstolos, descobriremos que a Igreja cristã primitiva experimentou um crescimento simplesmente espetacular.

Antes de ascender ao Céu, Jesus expressou claramente Sua vontade a respeito da missão de Sua Igreja no mundo. Reuniu seus discípulos e falou-lhes com autoridade. Uma autoridade conferida pelo Pai, a fim de atuar “no Céu e na Terra”.

Referindo-se à missão da Igreja, Ellen White escreveu o seguinte: “A Igreja é o meio assinalado por Deus para a salvação dos homens. Foi organizada para servir, e sua missão é a de anunciar o evangelho ao mundo. Desde o princípio foi o plano de Deus que Sua Igreja refletisse ao mundo Sua plenitude e suficiência. Os membros da Igreja, os que têm sido chamados das trevas para Sua luz admirável, hão de revelar Sua glória.” (Atos dos Apóstolos, pág. 9).

Os discípulos de Cristo consideraram seriamente esse desafio, e a Igreja começou a crescer. O capítulo 1 do livro de Atos apresenta uma Igreja com 120 membros reunida em oração, buscando a plenitude do Espírito Santo. Então começaram a pregar com poder. Como resultado, desde Jerusalém, espalhou-se uma onda expansiva de evangelismo que gerou o crescimento integral da nascente Igreja. O livro de Atos dos Apóstolos proporciona o relato. A pregação do apóstolo Pedro, como evangelista, produziu resultados assombrosos: três mil pessoas foram batizadas num só dia. A isso somou-se o trabalho do restante dos irmãos, que com seus dons e talentos espirituais guiaram os novos converses que “perseveravam na doutrina dos apóstolos, na comunhão uns com os outros, no partir o pão e nas orações”.

Essa tarefa unida originou conversões de tal grandeza que os batismos eram organizados e realizados diariamente. Porém, como Wagner assinala, “o Pentecostes não foi uma chama que logo se transformou em cinzas”. Continuaram ocorrendo coisas grandiosas, como por exemplo, a conversão dos cinco mil e a multiplicação dos discípulos na cidade de Jerusalém.

É provável que, ao ler estas informações, surja em sua mente a pergunta: É o crescimento quantitativo um parâmetro válido para afirmar que uma igreja está crescendo realmente? Evidentemente, deveriamos considerar outros parâmetros. O médico e evangelista Lucas comenta o crescimento integral da Igreja cristã primitiva em diferentes áreas. Quais? O segundo capítulo permite-nos obter as seguintes conclusões:

  • 1. Crescimento espiritual. Os conversos praticavam os ensinamentos transmitidos pelos apóstolos, congregavam-se regularmente, participavam da Ceia do Senhor e assistiam a reuniões de oração.
  • 2. Crescimento numérico. O que foi exposto nos parágrafos anteriores elimina toda dúvida sobre o incremento do núme-ro de discípulos.
  • 3.  Crescimento corporativo. O relato bíblico assinala que os cristãos estavam dispostos a compartilhar suas posses materiais, movidos pelo amor que encontraram em Cristo e em seus ir-mãos. “Vendiam suas propriedades e seus bens e os repartiam segundo a necessidade de cada um.”
  • 4. Crescimento social. Os cristãos chegaram a desenvolver excelente relacionamento interpessoal. Indubitavelmente, isso ficou evidente quando louvavam a Deus e demonstravam caridade para com os semelhantes.O Evangelismo efetivamente é custoso.Geralmente o testemunhar requer esforço. Mas é aí onde a união do humano com o divino possibilita a vitória.

Observando esta expansão, concluímos que, efetivamente, a Igreja cristã primitiva cresceu, e seu crescimento integral foi extraordinário. A grande comissão foi cumprida pelos discípulos. Nesse ponto, cabe a pergunta: Qual a nossa atitude, hoje, ante a grande comissão evangélica? Experimentamos o mesmo êxito que a Igreja do primeiro século? Estamos seguindo o exemplo legado pelos apóstolos? Estamos orientados para o crescimento?

Se desejamos que nossa igreja cresça de maneira integral, devemos analisar detidamente as áreas que devemos reforçar para empreender com valentia as reformas que forem necessárias. O evangelismo efetivamente é custoso. Geralmente o testemunhar requer esforço. Porém é aí para onde convergem o esforço humano e o divino que possibilitam a vitória.

Experiência gratificante

Em 1992, cheguei à Universidade Adventista del Plata, para iniciar o período letivo. Além da carga acadêmica regular, foi-me designado o trabalho de aconselhamento geral da Missão Estudantil del Plata, MEP. Esse organismo reúne estudantes universitários, cujos ideais de seviço a Deus e aos semelhantes os impulsiona a dedicar tempo e talentos à magna tarefa de preparar cidadãos para o reino dos Céus.

Para o ano de 1992, a Comissão Diretiva da MEP optou por um pro-grama missionário simples. Consistiu em visitar semanalmente três cidades da região, com uma pesquisa para detectar inquietações religiosas, e o interesse em estudar a Bíblia, por parte das pessoas receptivas.

Durante o primeiro mês de atividade, conseguiu-se estabelecer aproximadamente 800 contatos, que possibilitaram a concretização de 260 estudos bíblicos. Embora o número das pessoas que continuaram os estudos até o fim fosse mais de 100, no momento da decisão, nada mais que cinco uniram-se à Igreja através do batismo.

Posso garantir que entusiasmo e dedicação foram traços marcantes daquele trabalho missionário, porém ao efetuarmos um balanço final, um tácito sabor de insatisfação foi percebido entre os membros da Comissão Diretiva. Quem sabe, o esforço fora demasiado grande para os magros resultados conseguidos. Por que isso aconteceu? Uma análise serena permitiu observar que nos últimos anos, os batismos anuais conseguidos pelo trabalho dos estudantes da Universidade não superavam a marca de sete ou oito. Qual a razão do baixo rendimento? A conclusão foi a seguinte: os estudantes conseguiam concluir várias séries de estudos bíblicos, porém não conseguiam levar os interessados à igreja.

Mudança de estratégia

Os resultados motivaram a nova Comissão Diretiva a pensar em novos métodos de abordagem. Considerando que os estudos bíblicos produzem decisões, e a pregação produz convicção, resolvemos fazer uma simbiose evangelística. Estudos bíblicos à tarde e pregações evangelísticas de apoio, à noite. O ano de 1993 finalmente chegou trazendo o desafio de provar o novo plano.

O trabalho missionário teve início bem cedo, no ano letivo, a partir da Semana Santa. A Comissão Diretiva da MEP trabalhou incansavelmente durante as semanas antecedentes ao lançamento do programa. Quando o planejamento estava pronto, formaram-se as equipes de trabalho. Cada grupo recebeu seu território. As equipes foram distribuídas, munidas de material para a campanha. Reuniões de grupos de trabalho, para orar, organizar e motivar foram realizadas intensamente.

A campanha abrangeu simultâneamente quatro localidades, onde aproximadamente 60 estudantes formaram 20 grupos de trabalho, apoiados por alguns professores da Universidade. Os estudantes pregaram cada noite, com entusiasmo. As crianças não foram esquecidas. Elas ouviram histórias e aprenderam cânticos infantis, entoados com muita alegria e vibração.

A razão pela qual malogram muitos esforços evangelísticos, pode ser a utilização de um método inadequado ao lugar e à ocasião.

Ao término das reuniões da Semana Santa, os ouvintes foram convidados a fazer o curso “Solucione seus problemas com a Bíblia”. Cerca de 40% dos grupos continuaram as reuniões durante os sábados e domingos à noite. Os alunos dedicaram a tarde de sábado para visitas missionárias e estudos bíblicos.

Resultados

A ação conjunta de estudos bíblicos durante o dia e pregações noturnas, permitiu que alunos e professores compartilhassem a alegria que experimentaram 69 pessoas que renderam a vida a Cristo e o demonstraram através do batismo. Dez vezes mais batismos que os conseguidos em cada um dos últimos dez anos!

Porém a alegria não terminou aí. Na cidade de Diamante, como conseqüência do trabalho de um centro de pregação, foi organizada uma nova e entusiasmada congregação: Diamante Sul. Três famílias adventistas que até então se congregavam na única igreja existente na cidade, sonhavam em formar uma nova congregação. E o sonho foi realizado. Deixaram a igreja mãe e atual-mente se reúnem no salão que elas mesmas construíram. À tarde, após a Escola Sabatina e o Culto Divino, realizados pela manhã, estudantes da Universidade e irmãos locais se reúnem para orar e então sair para realizar visitas missionárias.

Hoje, a cidade de Diamante conta com uma segunda igreja, porque um pastor distrital, com dinâmica liderança, motivou irmãos, professores e estudantes da Universidade a empregar seus dons, com o propósito de estabelecer uma nova congregação. É uma igreja que louva a Deus com alegria, e busca cumprir o propósito de fazer discípulos.

Os irmãos de Diamante e seu pastor desejaram que sua igreja crescesse. Agiram, e, com a bênção de Deus, isso foi possível.