Reavivamento e reforma que não levam a ter compromisso efetivo com a missão não passam de ilusão.

A expressão “reavivamento e reforma” tem sido um lema importante das iniciativas da Igreja Adventista nos últimos anos. Extraída dos textos de Ellen White, alguns têm limitado o tema aos hábitos devocionais, alimentares ou de modéstia cristã. No entanto, para a autora, tratava-se de um conceito mais amplo do que aparenta ser.

Duas citações se tornaram bastante conhecidas nesse contexto. A primeira, de 1887, diz: “Um reavivamento da verdadeira piedade entre nós, eis a maior e a mais urgente de todas as nossas necessidades” (Mensagens Escolhidas, v. 1, p. 121).

A segunda citação, publicada em 1902, apresenta o tema com mais detalhes: “Precisa haver um reavivamento e uma reforma, sob a ministração do Espírito Santo. Reavivamento e reforma são duas coisas diversas. Reavivamento significa renovação da vida espiritual, um avivamento das faculdades da mente e do coração, uma ressurreição da morte espiritual. Reforma significa uma reorganização, uma mudança nas ideias e teorias, hábitos e práticas. […] Reavivamento e reforma devem efetuar a obra que lhes é designada, e no realizá-la precisam fundir-se” (ibid., p. 128).

Parece não haver dúvida sobre o que Ellen White entendia como reavivamento. Fica evidente que a autora esperava que os membros da igreja tivessem uma vida espiritual profunda e disciplinada. Mas, o que dizer do que significava reforma para ela? É certo que envolvia questões comportamentais, mas ia além. Algumas cartas que ela enviou para Arthur G. Daniells em 1901 ajudam a aprofundar a visão sobre isso.

Em 24 de junho, Ellen White escreveu: “Há muito a ser feito em nossas igrejas, tanto na linha de reavivamento quanto da reforma. Esse trabalho deve ser feito se houver progresso espiritual. […] Deus repreende Seu povo por seus pecados, para que possa humilhá-lo e levá-lo a buscar Sua face. Então, à medida que ele se reforma e Seu amor é reavivado em seu coração, Suas graciosas respostas vêm aos seus pedidos. […] Então, uma multidão que não é de nossa fé, vendo que Deus está com Seu povo, se unirá a ele” (Carta para Arthur G. Daniells, 24/6/1901).

Dois dias depois, ela voltou ao tema em outra carta: “Que o reavivamento e a reforma façam mudanças constantes. […] Deus não pede a Seus missionários que mostrem sua devoção a Ele confinando-se em mosteiros ou realizando longas e dolorosas peregrinações. Não é necessário fazer isso para mostrar a disposição de negar a si mesmo. É trabalhando por aqueles por quem Cristo morreu que mostramos amor verdadeiro” (Carta para Arthur G. Daniells, 28/6/1901).

Após duas semanas, Ellen White escreveu novamente: “Mudanças decididas devem ser feitas nos métodos e planos que são seguidos, para que a causa de Deus seja colocada em uma base mais elevada. Mas aqueles que por muitos anos no passado não sentiram o reavivamento e reforma do poder do Espírito Santo, não devem ser incumbidos de planejar e criar maneiras e métodos de levar a obra avante” (Carta para Arthur G. Daniells, 11/7/1901).

A sequência de cartas escritas em pouco tempo tratando do mesmo tema demonstra a importância que Ellen White atribuía ao assunto. Em seu conceito, reavivamento e reforma demandavam espiritualidade fervorosa, vida equilibrada, criatividade nos planos e métodos de trabalho e atividade missionária vibrante.

Em outras palavras, reavivamento e reforma que não levam a ter compromisso efetivo com a missão não passam de ilusão. Precisamos ir além das atitudes individuais que pouco transformam o modo de ser igreja. É tempo de experimentar o refrigério do Espírito para viver uma revolução missionária que nos permita ver a face de Cristo nesta geração. Estamos preparados para isso?

Mudanças na equipe editorial. Nesta edição nos despedimos do pastor Nerivan Silva, que seguirá seu trabalho na Revista do Ancionato, e damos as boas-vindas ao pastor Milton Andrade, novo editor associado da Ministério. 

Wellington Barbosa, editor da revista Ministério