Os pastores lideram como visionários. Eles veem o futuro, não apenas o “aqui e agora”; observam o quadro mais amplo. Essa capacidade para imaginar e sonhar incorpora um dos mais importantes ingredientes para o êxito da liderança. Porém, o pastor de êxito não somente visiona, mas também tem a capacidade de focalizar as pequenas coisas. Muitos pastores que poderiam ter experimentado grande êxito têm fracassado porque falharam nas pequenas coisas, embora tenham sido chamados por Deus, sejam dotados pelo Espírito Santo, tenham compreendido a teologia, sejam hábeis na pregação e expansivos na visão.

Ellen G. White fala sobre as qualidades que contribuem para o êxito no ministério cristão. Ela diz: “É dever de todo cristão adotar hábitos de ordem, perfeição e presteza.”1

“Quem é fiel no pouco, também é fiel no muito”

O ponto essencial nessa questão é que, conforme Malcolm Gladwell afirmou, “pequenas coisas podem fazer enorme diferença”. Ele usa vários exemplos para confirmar seu argumento, mostrando como funcionam os movimentos sociais, o desenvolvimento das tendências da moda, como as doenças se tornam epidêmicas ou pandêmicas, como algumas formas de comportamento desenvolvem crimes. Segundo o argumento dele, o que frequentemente conta para o sucesso não é o que acontece através de planos estratégicos, alvos, ou calendário de um líder ou organização, mas as pequenas coisas que produzem equilíbrio, movendo do ordinário ao extraordinário.2

Assim, embora o líder visionário possa focalizar o quadro maior, deve se lembrar de que o sucesso consiste de ações específicas e reações particulares. Tarefas complexas são efetivamente cumpridas somente quando aprendemos a fragmentar a complexidade em passos simples. As coisas que às vezes sobrecarregam nosso ministério podiam ser tornadas mais exequíveis se aprendêssemos a dar maior atenção às pequenas coisas. Porém, isso não significa que devamos nos limitar à microgestão, porque assim perderíamos os quadros maiores que equilibram as pequenas coisas. Stephen Covey 3 afirma que há muitas pequenas coisas efetivas na construção do depósito emocional de um líder. Sete dessas coisas são apresentadas aqui em forma de paráfrase:

Seja empático, não ignore o sofrimento das pessoas.

Seja responsivo, aprenda a dar retorno à comunicação, mantendo-a aberta.

Seja pontual, reconheça que horas e dias são feitos de minutos.

Seja atencioso, especialmente para com as crianças.

Seja cuidadoso no cumprimento de promessas e no atendimento de compromissos.

Seja reconhecido; lembre-se de congratular-se pelos pequenos esforços de outros.

Seja atento ao protocolo. Muita reunião pública fracassa por causa da falta de compreensão do líder a respeito de protocolos.

Nosso exemplo supremo na atenção às pequenas coisas é Jesus. Ao chegar ao templo, Ele poderia ter omitido a viúva pobre que ofertou duas moedas, mas não o fez. Sua observação desafiou a ostentação dos fariseus e alimentou a fé dos discípulos (Mc 12:43; Lc 21:2). Certa ocasião, o Mestre sentiu ter saído dEle virtude, ao ser tocado nas vestes por uma mulher. O toque foi uma pequena coisa comparada com os empurrões da multidão, e podia ter sido ignorado, mas o comentário do Mestre atraiu a atenção dos líderes religiosos e denunciou a falta de compaixão deles. Recebendo cura e perdão, a mulher compreendeu que seu toque não atraiu nenhum poder mágico, porém ela havia entrado em contato com o Deus vivo (Mt 9:20, 21).

Por preceito e exemplo, Ele ensinou o que nós devemos aprender e praticar: “Quem é fiel no pouco, também é fiel no muito, e quem é desonesto no pouco, também é desonesto no muito” (Lc 16:10).

Referência:

  • 1 Ellen G. White, Serviço Cristão, p. 237.
  • 2 Malcolm Gladwell, The Tipping Point: How Little Things Can Made a Big Difference (Nova York: Little, Brown and Comanny, 2003), p. 15-19.
  • 3 Stephen R. Covey, Os 7 Hábitos das Pessoas Muito Eficazes (São Paulo, SP: Editora Best Seller).