(Sermão proferido no sábado, 19 de julho em sessão da Qüinqüenal, em Viena)

“Porque a graça de Deus se manifestou salvadora a todos os homens, educando-nos para que, renegadas a impiedade e as paixões mundanas, vivamos no presente século, sensata, justa e piedosamente.

“Aguardando a bendita esperança e a manifestação da glória do nosso grande Deus e Salvador Cristo Jesus.

“O qual a Si mesmo Se deu por nós, a fim de remir-nos de toda iniqüidade, e purificar para Si mesmo um povo exclusivamente Seu, zeloso de boas obras.

“Dize estas coisas; exorta e repreende também com toda a autoridade. Ninguém te despreze”. Tito 2:11-15.

Estas palavras de admoestação, de conselho e de esperança foram escritas muitos anos atrás — mais de 1900 anos no passado — pelo grande apóstolo Paulo. Foram dirigidas “a Tito, verdadeiro filho, segundo a fé comum”. Constituem as palavras, o conselho e o estímulo de um missionário experiente dirigidos a um jovem missionário num campo insular, pois Tito fora designado nessa ocasião para a Ilha de Creta e para o ministério missionário entre as igrejas cristãs dessa ilha. Referimo-nos hoje a essa carta como A Epístola de Paulo a Tito, e as palavras que lemos se encontram no Capítulo 2, versos 11 a 15.

As cartas de Paulo às igrejas e a dirigentes individuais, como Timóteo e Tito, são modelos de clareza e lhanura. Em todas elas ele procurou edificar a igreja de Jesus Cristo e fortalecer-lhes os dirigentes. Era um pai, um mestre, e, acima de tudo, um “servo de Deus, e apóstolo de Jesus Cristo”. Deduzimos que a carta se destinava a ser partilhada com as igrejas, e que Tito fez isto.

Não é de admirar, portanto, que imediatamente após a saudação Paulo repita o encargo que, sem dúvida, transmitira verbalmente a Tito em tempos anteriores: “Por esta causa te deixei em Creta, para que pusesses em ordem as coisas restantes, bem como, em cada cidade, constituísse presbíteros, conforme te prescrevi”. Tito 1:5.

Evidentemente, as boas-novas da salvação tinham encontrado solo fértil na ilha de Creta. Havia constante necessidade de organização e de fortalecimento dos novos membros nessa família de Deus. E, como geralmente acontece onde a obra de Deus está progredindo, havia os que procuravam destruir a obra iniciada por Paulo e que Tito estava agora levando avante. Paulo dedica alguns versículos no primeiro capítulo de sua carta a esses “insubordinados, palradores frívolos, e enganadores”. Eles professavam conhecer a Deus, entretanto O negavam “por suas obras, por isso que são abomináveis, desobedientes e reprovados para toda boa obra” (Tito 1:10 e 16).

Esses falsos mestres eram impelidos pelo desejo de lucro financeiro. Em busca de seu objetivo, eles ensinavam o que não deviam. “É preciso fazê-los calar” — disse Paulo.

Talvez Tito tenha pensado sobre o que deveria fazer para tapar a boca desses falsos e perversos mestres. Paulo não o deixou em dúvida por muito tempo. No Capítulo 2, verso 1, lemos o seguinte: “Tu, porém, fala o que convém à sã doutrina”. Eis aí um método positivo e uma lição para a igreja na atualidade. O mundo está perecendo por falta da sã doutrina. Há “fome sobre a Terra, não de pão, nem sede de água, mas de ouvir as palavras do Senhor”. (Amós 8:11).

Paulo passa então a delinear para Tito a sã doutrina que edificará os crentes e frustrará os planos dos que querem demolir e destruir a igreja. Seus conselhos são práticos e se dirigem a todos os grupos etários, a começar com os homens e mulheres idosos, e abrangendo os jovens de ambos os sexos, as “donas de casa” e os servos.

Não é fácil classificar estas verdades que Paulo recomenda como antídotos para os ensinos de maus e falsos mestres. Uma classificação completa seria realmente muito longa, mas reduzamos o seu conselho a três partes: em primeiro lugar, a graça e o poder redentor encontrados em Jesus Cristo e acessível a todos os homens; em segundo lugar, a responsabilidade dos cidadãos cristãos no mundo atual; e finalmente a bendita esperança da cidadania no Alto. Primeiro o poder, depois o resultado presente, e afinal a esperança de todos os séculos.

Nos versos 13 e 14, Paulo fala de nosso “Salvador Cristo Jesus, o qual a Si mesmo Se deu por nós, a fim de remir-nos de toda iniqüidade”.

Este era o tema central da pregação de Paulo — Jesus Cristo na cruz do Calvário, o Salvador do mundo, a única fonte de salvação. Aos Coríntios ele escreveu: “Mas nós pregamos a Cristo crucificado. (…) a Cristo, poder de Deus e sabedoria de Deus. Porque a loucura de Deus é mais sábia do que os homens; e a fraqueza de Deus é mais forte do que os homens”. I Coríntios 1: 23-25. Ele estava resolvido a “nada saber” entre os Coríntios, “senão a Jesus Cristo, e Este crucificado” (Cap. 2:2).

Que aconteceu na colina do Gólgota aquele dia há tanto tempo atrás? Foi simplesmente que três homens morreram em três cruzes? Não! As gloriosas novas do evangelho nos dizem que naquele dia sombrio um Homem morreu para que todos os homens pudessem viver.

Que aconteceu no Calvário? Deus estava ali. Sim, Deus, o Filho; mas também Deus, o Pai. Sua presença não foi revelada naquela ocasião. Mas Ele estava ali. (Ver O Desejado de Todas as Nações, pp. 561-563.) Santos anjos se achavam ali e testemunharam com assombro a desesperada agonia do Salvador, e velaram então o rosto, do terrível espetáculo (DTN, 561). Os discípulos estavam ali, com “o espírito envolto em incerteza e dúvida” (O Conflito dos Séculos, p. 376). O Calvário trouxe-lhes “cruel decepção” (Idem, p. 376). Eles não compreendiam ainda que ‘“o reino de Deus’, que eles declararam estar próximo, foi estabelecido pela morte de Cristo” {Idem, p. 375). “O reino da graça, que antes existira pela promessa de Deus, foi então estabelecido” {Idem, p. 376). Satanás estava ali, e “com suas ferozes tentações afligiu o coração de Jesus”.

“Ao vir Jesus ao mundo, o poder de Satanás voltou-se contra Ele. Desde o tempo em que aqui apareceu, como a Criancinha de Belém, manobrou o usurpador para promover Sua destruição. Por todos os meios possíveis, procurou impedir Jesus de desenvolver infância perfeita, imaculada varonilidade, um ministério santo e sacrifício irrepreensível. Foi derrotado, porém”. — O Desejado de Todas as Nações, pp. 566.

Que aconteceu no Calvário? Foi vindicado o caráter de Deus perante o Universo. Deus, o Pai, e Deus o Filho, foram justificados em Seu trato com a rebelião de Satanás (Ver Patriarcas e Profetas, pp. 64 e 65). Que aconteceu no Calvário? O perfeito Cordeiro de Deus tomou sobre Si os pecados do mundo — os vossos pecados e os meus — e pagou o castigo por eles. No entanto, “não é o perdão dos pecados o único resultado da morte de Jesus. Ele fez o infinito sacrifício, não somente para que o pecado fosse removido, mas para que a natureza humana pudesse ser restaurada, reembelezada, reconstruída de suas ruínas, e preparada para a presença de Deus” (Test. Seletos, Vol. 2, p. 209).

Sim, tudo isso aconteceu no Calvário! E Paulo lembra a Tito de que “a graça de Deus se manifestou salvadora a todos os homens” (Tito 2:11). O Cristo do Calvário “a Si mesmo Se deu por nós, fim de remir-nos de toda iniqüidade, e purificar para Si mesmo um povo exclusivamente Seu, zeloso de boas obras” (Tito 2:14). O Calvário solucionou tudo isso. A dívida foi paga, e o inimigo foi para sempre e eternamente derrotado. Concedeu-se ao homem uma escolha segura e certa. As palavras de Moisés foram inspiradas: “Os Céus e a Terra tomo hoje por testemunhas contra ti que te propus a vida e a morte, a bênção e a maldição: escolhe, pois, a vida, para que vivas, tu e a tua descendência”. Deut. 30:19.

Ali, tornou-se certo que será removido do Universo todo vestígio de pecado — removido pelo sangue ou removido pelo fogo. A todo homem e a toda mulher é dada a escolha. Vossos pecados podem ser cobertos pelo sangue de Jesus Cristo. O resultado: a vida eterna. Ou vossos pecados serão consumidos juntamente convosco nos fogos daquele último grande dia: morte eterna.

Esta foi a mensagem do Pentecoste. “Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para remissão dos vossos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo. Pois para vós outros é a promessa, para vossos filhos, e para todos os que ainda estão longe, isto é, para quantos o Senhor nosso Deus chamar”. Atos 2:38 e 39. Esta é ainda a verdade evangélica para o tempo presente.

poder na cruz do Calvário. Esse poder é suficiente para assistir-nos até o fim. Há salvação na cruz de Jesus Cristo — salvação suficiente para todos os que a aceitarem. Quanto devemos ao Calvário, e ao Pai e ao Filho, que tanto sofreram nesse lugar! Junto com Paulo, gloriamo-nos na cruz, embora compreendamos apenas indistintamente o preço e o grande tesouro que é a cruz.

O débil e idoso homem jazia diariamente numa cama do hospital. A vida quase se fora. No vigor dos anos ele havia sido uma poderosa força no mundo comercial. Sua fortuna era imensa. Começara a vida na pobreza — um autêntico caso de alguém que passou da miséria para a opulência. Seus filhos e netos aproveitavam agora a grande fortuna acumulada por ele.

Suas únicas distrações eram as recordações de proezas do passado e as visitas ocasionais de seus netos. Havia uma dúzia deles. E antes de entrarem no quarto do avô, eram sempre reunidos em volta da mãe para as instruções finais, neste teor: “Filhos, vocês vão visitar agora o vovô, durante alguns minutos. Devem ficar quietos e comportar-se muito bem. E sempre se lembrem de uma coisa: Tudo o que vocês têm neste mundo, devem-no a este homem. Tudo!”

Vós e eu somos filhos do Rei. Que privilégio! Quanto devemos a Ele! Tudo o que temos, tudo o que esperamos provém dEle.

Pedro falou da natureza transitória deste mundo e do dia em que “os céus passarão com estrepitoso estrondo e os elementos se desfarão abrasados; também a Terra e as obras que nela existem serão atingidas” (II S. Ped. 3:10). Esta é uma mensagem solene para tempos solenes. Os entendidos serão pessoas diferentes. Pedro lança-lhes um desafio com uma importante pergunta: “Havendo pois de perecer todas estas coisas, que pessoas vos convém ser em santo trato e piedade?” II S. Ped. 3:11.

Em Sua oração por Seus discípulos, Jesus enunciou a grande verdade — ao mesmo tempo uma preciosa promessa — de que podemos viver incontaminados no mundo poluído pelo pecado. “Não peço que os tires do mundo; e, sim, que os guardes do mal”. S. João 17:15.

Na carta a Tito, Paulo fala também do presente século e como o cristão se relacionará com ele. “A graça de Deus”, diz ele, nos ensina que, “renunciando à impiedade e às concupiscências mundanas, vivamos neste presente século sóbria, e justa e piamente” (Tito 2:11 e 12).

Tudo isto — a oração de nosso Senhor, a admoestação de Pedro e o conselho de Paulo — nos conduz à pergunta que deve ocupar o supremo lugar em nossa mente ao nos reunirmos aqui em Viena nos meados da década de 1970. A pergunta é: O que Deus espera de Sua igreja e de Seu povo individualmente neste tempo do fim, nestes dias culminantes em que todos os sinais proclamam que o reino da graça logo se fundirá com o reino da glória? Que espécie de mensagem deve este povo estar vivendopregando “no presente século”?

Acima de tudo, deve ser uma mensagem que chame os homens ao arrependimento. Esta é a mensagem que Jesus pregava, pois o relato inspirado nos declara que “daí por diante passou Jesus a pregar e a dizer: Arrependei-vos, porque está próximo o reino dos Céus”. S. Mat. 4:17. Arrependimento era a mensagem de João Batista: “Arrependei-vos. … Produzi, pois, fruto digno do arrependimento”. S. Mat. 3:2 e 8.

Arrependimento era a mensagem da igreja apostólica. Sob a poderosa pregação repleta do Espírito Santo, feita por Pedro e os outros apóstolos, 3.000 almas foram batizadas num dia. O arrependimento é ainda uma parte importante da mensagem que precisa ser transmitida hoje em dia.

Só o arrependimento, porém, longe está de ser suficiente. O pecador volve as costas para os velhos caminhos, mas precisa encontrar novos caminhos. Abandona os velhos hábitos e práticas, e necessita de um novo estilo de vida. Renuncia a todas as coisas que eram nocivas e perniciosas. Que tomará o lugar dessas coisas? A resposta não estará nas coisas materiais, nem mesmo nas coisas boas, mas nos inestimáveis oferecimentos de nosso Salvador, Jesus Cristo. A resposta é a relação do ramo para com a videira. Jesus declarou: “Eu sou a videira, vós os ramos. Quem permanece em Mim, e Eu, nele, esse dá muito fruto; porque sem Mim nada podeis fazer”.

Outra parte da mensagem que a igreja deve transmitir ao mundo no tempo atual é a mencionada pela serva do Senhor, ao dizer: “A justificação pela fé e a justiça de Cristo são os assuntos a serem apresentados a um mundo que perece”. — Carta 24, 1892.

Quando essa grande verdade é compreendida e aceita, terá hoje o mesmo efeito que teve sobre Martinho Lutero, na ocasião em que uma voz semelhante a um trovão parecia dizer-he: “O justo viverá por fé”. Rom. 1:17. Cristo pagou a penalidade, e nenhum homem ou mulher caiu a um nível tão baixo ou se desviou a tal ponto que seus pecados não possam ser perdoados e apagados quando a pessoa os confessa e aceita o perdão oferecido graciosamente.

Em estreita ligação com a mensagem da justificação pela fé, encontra-se a da santificação. “Santificação significa comunhão habitual com Deus”. — E. G. White, Review and Herald, 15 de março de 1906. Diz-se que santificação é obra da vida toda, mas não é minha obra. Não é algo que posso fazer em minha própria força. O poder tem de provir da Usina espiritual do Universo. A comunhão habitual com Deus é a fórmula, o meio, o caminho. Na mensagem da santificação encontramos também uma das grandes verdades por cuja falta o mundo está perecendo.

Existe ainda uma outra mensagem que tem extraordinária significação para os adventistas do sétimo dia. É uma tríplice mensagem designada para o tempo final da História e está ligada às grandes profecias das Escrituras. Referimo-nos à mensagem dos três anjos de Apocalipse 14. Essas mensagens são ainda “verdade presente”. Precisam ser proclamadas ao mundo. Não perderam nem um pouco de sua importância. Há muitos anos a serva do Senhor escreveu o seguinte: “As mensagens deste capítulo constituem uma tríplice advertência, que deve preparar os habitantes da Terra para a segunda vinda do Senhor. O anúncio: — ‘Vinda é a hora do Seu juízo’ — aponta para a obra finalizadora do ministério de Cristo para a salvação dos homens. Anuncia uma verdade que deve ser proclamada até que cesse a intercessão do Salvador, e Ele volte à Terra para receber o Seu povo”. — O Conflito dos Séculos, p. 471.

Estas grandes verdades que mencionamos e outras que o tempo não nos permite mencionar chamam a nossa atenção para a culminância de todas as coisas terrenas. O pecador que as aceita, que reorganiza sua vida em harmonia com elas, é transformado de pecador em santo, embora seja ainda um santo terrestre. Assim como o patriarca Abraão, ele peregrina “na terra da promessa como em terra alheia, habitando em tendas”, aguardando também “a cidade que tem fundamentos, da qual Deus é o arquiteto e edificador” (Hebreus 11:9 e 10). Esta é a bendita esperança, e Paulo, escrevendo para Tito, exortou-o fortemente — e também a nós — a aguardar essa bendita esperança. “Aguardando a bendita esperança e a manifestação da glória do nosso grande Deus e Salvador Cristo Jesus”. Esta é a suprema esperança, a esperança final, a esperança bem fundada. Essa é a resposta para todos os males e problemas da humanidade. É também uma parte da mensagem para hoje, a mensagem confiada à igreja de Deus.

Irmãos e irmãs, não nos enganemos a esse respeito. O Senhor não virá simplesmente “algum dia”. Ele virá em breve. Isto é tão real como o fulgor do Sol ao meio-dia. É tão chegado como os momentos que antecedem a meia-noite. Quase estamos ali. Não é tempo de ficar desanimado e desistir. Estamos quase no lar.

Um jovem soldado voltara da guerra. Estivera no centro de diversas batalhas. Mais de uma vez ficara desesperado da vida. Agora estava em pé junto do avião a jato que o trouxera para sua cidade natal. Seu idoso pai estava ao seu lado. Uma grande multidão de seus amigos e conterrâneos se achavam presentes para estender-lhe as boas-vindas ao lar.

Virando-se para o pai, ele disse: “Papai, pensei que nunca mais veria o senhor ou meus amigos aqui em casa. Quando a batalha era travada em toda parte ao meu redor e meus companheiros estavam morrendo, eu pensei no senhor e senti saudades de casa. Orei a Deus, e Ele atendeu minhas orações. Finalmente tudo havia passado, e disseram-me que podia ir para casa. Embarquei num navio de transporte de tropas, e disse: ‘Louvado seja Deus! Estou voltando para casa!’ Chegamos então ao porto de desembarque, e eu exclamei: ‘Agora estou mais perto de meu lar!’ Afinal entrei no avião e disse: ‘Agora estou realmente indo para casa’. Sentei-me no avião e afirmei: ‘Agora estou quase em casa’. Finalmente o avião tocou no chão. Então eu disse: ‘Agora estou em casa’ ”.

Um dia, em breve, vós e eu diremos a mesma coisa. Que dia glorioso será esse!

“Não rejeiteis pois a vossa confiança, que tem grande e avultado galardão. Porque necessitais de paciência, para que, depois de haverdes feito a vontade de Deus, possais alcançar a promessa. Porque ainda um pouquinho de tempo, e O que há de vir virá, e não tardará”. Heb. 10:35-37.

Esta é uma das mais admiráveis promessas à igreja remanescente. Necessitamos de sua mensagem de coragem e esperança no tempo atual. Notai dois pensamentos muito especiais nessa passagem. Primeiro: “Necessitais de paciência”. Quando Paulo escreveu estas palavras para a igreja dos hebreus, é provável que não compreendesse plenamente quanta paciência seria requerida. Esperava indubitavelmente o “galardão da recompensa” num tempo relativamente curto. Mas a palavra da inspiração era “paciência”! Nós precisamos de paciência no tempo atual.

Tivemos o privilégio de viver e trabalhar diversos anos entre o povo de língua castelhana, da América Central. Centenas de vezes ouvimos os pais dizerem para os seus filhos e filhas: “Paciência! Paciência!” A mensagem para o motorista com muita pressa era: “Paciência!” O pastor que se irritava com as tardanças nas comissões, era aconselhado por um colega a ter “paciência”. Isso era talvez mais um lembrete do que uma admoestação. E vós e eu necessitamos de paciência no tempo atual, ao aguardarmos a bendita esperança.

Com muita freqüência, ao lermos estas palavras de Paulo aos hebreus, sentimo-nos gratos pela promessa, nossa confiança aumenta e ficamos confortados. Não consideramos, porém, a importante mensagem situada bem no centro da passagem citada. E este é o nosso segundo ponto em conexão com este texto. A promessa será alcançada — disse Paulo — “depois de haverdes feito a vontade de Deus”.

As promessas de Deus são condicionais. Ele cumprirá Sua parte do contrato. A verdadeira pergunta é, porém: Cumprirei a minha parte? Coletivamente e em conjunto, manter-se-á a igreja leal às condições desse contrato celestial? Deus está muito mais desejoso de cumprir Sua parte do contrato, do que nós de receber os grandes benefícios que nos advirão de seu cumprimento. E o contrato pende consideravelmente em nosso favor. Contribuímos tão pouco neste sentido! Deus prometeu prover benefícios além da estimativa e compreensão humana. Tudo o que Ele pede é que façamos Sua vontade e aceitemos a salvação tão liberalmente provida por nosso Salvador. Quanta coisa por tão pouco!

Davi declarou: “Agrada-me fazer a Tua vontade, ó Deus meu”. Sal. 40:8. Seu intenso pedido, era: “Ensina-me a fazer a Tua vontade, pois Tu és o meu Deus”. Salmo 143:10.

Cristo era submisso à vontade de Seu Pai. Ele orou no Jardim do Getsêmani: “Meu Pai: Se possível, passe de Mim este cálice! Todavia, não seja como Eu quero, e sim, como Tu queres”. S. Mat. 26:39.

No tempo presente, em que todos os sinais indicam a proximidade da bendita esperança, devemos fazer diariamente a pergunta: Qual é a vontade de Deus a meu respeito? Do mesmo modo que Paulo na estrada de Damasco, nosso clamor deve ser: “Senhor, que queres que faça?” Atos 9:6.

Deus Se deleita em atender a tais orações. Paulo não ficou em dúvida quanto à vontade de Deus a seu respeito. Vós e eu também não ficaremos em dúvida.

As Escrituras e os Testemunhos tornam igualmente claro que há duas partes no cumprimento da vontade de Deus em conexão com a consumação da bendita esperança.

Em primeiro lugar, isso é uma questão pessoal. Preciso envolver-me interiormente. “Pois esta é a vontade de Deus, a vossa santificação”. I Tess. 4:3. Diversas traduções esclarecem o significado da palavra “santificação”:

“… que sejam santos”. (A Bíblia na Linguagem de Hoje).

… que sejais puros”. (20th Century NT).

“… que sejais consagrados”. (Goodspeed).

“… separados e postos à parte para uma vida pura e santa”. (Amp. NT).

Em segundo lugar, é da vontade de Deus que esta mensagem de santidade e santificação seja transmitida rápida e imediatamente, e com urgência, a toda pessoa que vive sobre a face da Terra. Não é uma mensagem para uns poucos privilegiados. Destina-se a todo homem, a toda mulher, a toda criança.

“E será pregado este evangelho do reino por todo o mundo, para testemunho a todas as nações. Então virá o fim”. S. Mat. 24:14.

É uma mensagem de amor, mas é também uma mensagem de juízo. Deus confia em Seus santos neste tempo final, para que a levem “a cada nação, tribo, e língua, e povo” (Apoc. 14:6).

Prezados irmãos e irmãs que representais uma família de dois e meio milhões de santos: Qual é vossa reação diante dessa grande Comissão? Estais satisfeitos com vossa própria experiência no Senhor? Estais satisfeitos com vossa igreja e sua arremetida ao mundo com uma mensagem de esperança e amor em 1975? Oxalá Deus faça com que nunca estejamos satisfeitos! Ser agradecidos pelas ricas bênçãos de Deus a nós pessoalmente e à igreja, isto sim! Mas satisfeitos com as coisas assim como estão? Não! Alegres no serviço do Rei? Sim! Esperar mais cem anos de progresso para a igreja na Terra e sob as circunstâncias atuais? Decididamente não!

“Agora, enquanto os quatro anjos estão contendo os ventos, é o tempo de fazer firme a nossa vocação e eleição”. — Primeiros Escritos, p. 58.

“Agora é o tempo de acumular tesouros no Céu e pôr o coração em ordem, pronto para o tempo de angústia”. — Ibidem.

“Agora é o tempo para a lei de Deus estar em nossa mente, em nossa fronte e escrita em nosso coração”. — Ibidem.

E podemos acrescentar: Tendo feito isto: Agora é o tempo de concluir Sua obra. Deus nos mostrará o Seu caminho, pois enviou-nos ao mundo com Sua mensagem.

C. O. Franz, secretário da Associação Geral