Fiquei profundamente comovido com esta afirmação de Ellen White: “O que necessitamos neste tempo perigoso é de um pastorado convertido. Necessitamos de homens que reconheçam sua pobreza de alma e que busquem ardentemente o dom do Espírito Santo. Uma preparação interior é necessária para que Deus nos dê Sua bênção, mas essa obra do coração não foi realizada” (Ministério Pastoral, p. 32).
A expressão “pastorado convertido” me levou a algumas perguntas: Será que sou convertido? Meus colegas pastores são convertidos? Ao analisar a citação, notei dois pontos importantes. Primeiro, a necessidade de buscar profundamente o Espírito Santo. Segundo, a ausência de corações preparados para receber a bênção divina.
Por que devo preparar meu coração? Em Apocalipse 3:20, na carta à igreja de Laodiceia, Jesus é descrito do lado de fora, batendo à “porta do coração” do crente. E como é um coração sem a presença de Cristo? O profeta Jeremias e o apóstolo Mateus têm a resposta. “Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto; quem o conhecerá?” (Jr 17:9). “Porque do coração procedem maus desígnios, homicídios, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos, blasfêmias” (Mt 15:19).
Com base nesses textos, a conclusão a que chego é: um coração sem Cristo é um coração não convertido. Se permanecer assim, nunca estará preparado para receber o dom do Espírito. Um pastor cujo coração é mais cheio de si do que de Deus terá um ministério enfraquecido, aparência de piedade, falta de poder e uma visão missionária limitada.
É impossível que um copo cheio de água suja seja enchido com água limpa. Primeiro é necessário esvaziá-lo. Um coração sem Jesus se torna o maior de todos os campos de batalha. “A renúncia ao eu, sujeitando tudo à vontade de Deus, requer uma luta, mas a pessoa deve se submeter a Deus antes de ser renovada em santidade” (Ellen White, Caminho a Cristo, p. 43).
Um coração preparado é um bom anfitrião para acolher a maior dádiva divina: o Espírito Santo. “O Senhor nos pede que esvaziemos o coração do egoísmo que é a raiz de toda alienação. Ele anseia derramar sobre nós Seu Santo Espírito em fartas medidas, e que aplainemos o caminho mediante a renúncia” (Ellen White, Testemunhos Para a Igreja, v. 6, p. 43).
Voltando ao texto inicial, podemos parafraseá-lo dizendo que um pastor convertido é aquele cujo coração reconhece a pobreza da alma e clama pelo Espírito Santo, que acenderá em sua vida, sua família e seu ministério a centelha do reavivamento. “Quanto mais percebermos nossa verdadeira necessidade, nossa verdadeira pobreza, tanto mais desejaremos o dom do Espírito Santo […]. É porque não vemos nossa necessidade, não reconhecemos nossa pobreza, que não emitimos fervorosas súplicas, olhando para Jesus, o Autor e Consumador de nossa fé, pela concessão da bênção” (Ellen White, E Recebereis Poder [MM 1999], p. 291).
Podemos concluir dizendo que um ministério reavivado é um ministério convertido, que tem um grande impacto no cumprimento da missão; porque o reavivamento é uma experiência indispensável no pastorado, tendo no evangelismo sua máxima expressão.
Oswald Smith, em seu livro Paixão Pelas Almas, relaciona o reavivamento à missão, contando a história de Tito Coan. Em 1837, o missionário teve uma experiência impactante, ao pregar para um público de 15 mil pessoas no Havaí. Conta-se que alguns ouvintes chegaram a gritar: “A espada de dois gumes está me cortando em pedaços!” Um escarnecedor clamou: “Deus me feriu!” E enquanto Coan pregava, um homem bradou: “Que devo fazer para me salvar?”
O impacto foi tão significativo que problemas foram resolvidos, bêbados foram regenerados, adúlteros
foram convertidos e ladrões devolveram o que haviam roubado. Durante o período em que Tito Coan trabalhou no Havaí, estima-se que ele tenha batizado 11.960 pessoas. Que essa experiência seja uma inspiração para que sejamos pastores verdadeiramente convertidos!
Daniel Montalvan, mestrando em Missiologia, é secretário ministerial associado para a Igreja Adventista na América do Sul