Líderes são essenciais em qualquer época e lugar. Independentemente do segmento da sociedade – privado, civil, religioso ou familiar –, parece que vivemos em tempos nos quais poucos querem assumir o papel de liderança. Talvez nunca tenha sido tão necessário falar, escrever e de fato liderar como hoje. No entanto, é fundamental lembrar que, quando se trata de liderança cristã, a Bíblia é nossa referência, pois nela encontramos os fundamentos e exemplos que nos inspiram. Entre os muitos líderes que Deus usou no passado, está Salomão, que nos deixou valiosas lições.

Ser dependente. Aqueles que desejam liderar devem reconhecer que não são tão grandes quanto parecem. Salomão enfrentava grandes desafios: de um lado, a herança material e espiritual de seu pai; do outro, o dever de guiar o povo com equilíbrio e coragem. Em sua oração, ele confessou: “Eu não passo de uma criança” (1Rs 3:7). Ellen White comenta: “Salomão nunca foi tão rico, tão sábio ou tão verdadeiramente grande como quando confessou: ‘Não passo de uma criança’” (Profetas e Reis [CPB, 2021], p. 15). Isso revela que não são as posições que nos tornam grandes, mas nossa dependência de Deus.

Ser sábio. Diante dos desafios e complexidades da liderança – como a tomada de decisões, o aconselhamento e o relacionamento com diversos tipos de pessoas em diferentes níveis de responsabilidade e função –, a sabedoria é fundamental. Em Provérbios, essa palavra aparece cerca de 41 vezes. Logo no início do livro, Salomão afirma: “O temor do Senhor é o princípio do saber, mas os insensatos desprezam a sabedoria e o ensino” (Pv 1:7). Hernandes Dias Lopes explicou de forma simples o significado dessa palavra: “O que é sabedoria? Sabedoria é olhar para a vida com os olhos de Deus. É viver regido pelo ensino da Palavra de Deus” (Provérbios, Manual de Sabedoria Para a Vida [Hagnos, 2016], p. 29). No sentido mais profundo, a sabedoria é a própria pessoa de Cristo, como ensina o apóstolo Paulo (1Co 1:30; Cl 2:3).

Ser humilde. Enquanto Salomão manteve sua total dependência de Deus, sua vida, seu reino, seu poder e sua influência não pararam de crescer. Mas, quando ele passou a acreditar que sua prosperidade era fruto de sua habilidade como gestor, iniciou-se seu declínio. Ele mesmo escreveu: “Antes da ruína vem a soberba, e o espírito orgulhoso precede a queda” (Pv 16:18). As maiores ameaças para um líder residem em seu próprio coração, como afirmou Matthew Henry: “Não temamos o orgulho do próximo; temamos o nosso próprio orgulho” (Comentário Bíblico Matthew Henry [CPAD, 2010], p. 1225).

Ser vigilante. Tudo o que um líder é reflete o que está plantado em seu coração. Quando se trata de liderança cristã, o caráter vem antes da performance; a integridade vem antes dos relatórios; e a coerência, antes da prosperidade. Se o líder não mantiver seu coração protegido, sua influência acabará se voltando para o mal. Ellen White escreveu: “A apostasia de Salomão foi tão gradual que, antes que ele se desse conta, já tinha se afastado de Deus. […] Salomão ergueu um imponente bloco de edifícios para serem usados como santuários idólatras” (Profetas e Reis, p. 30, 31). Por outro lado, se o coração do líder estiver guardado em Cristo e ele mantiver sua integridade, Provérbios afirma: “O rei que julga os pobres segundo a verdade firmará o seu trono para sempre” (Pv 29:14). Você busca essa sabedoria? 

Não são as posições que nos tornam grandes, mas nossa dependência de Deus.

Lucas Alves, secretário ministerial para a Igreja Adventista na América do Sul