OTTO H. CHRISTENSEN
(Departamento de Línguas Bíblicas, Emmanuel Missionary College)
Faz alguns anos, chegou-me às mãos uma suposta cópia francesa de Isaías 65:20 que, pretendia-se, esclarecia êsse texto difícil que, mesmo em nossos mais antigos manuscritos hebraicos é ininteligível. Nessa ocasião eu não pus em dúvida a autencidade dessa tradução (deveria antes ser chamada interpretação). Desde então tive conhecimento de outras supostas traduções dêsse texto, e para os ministros adventistas, que se consideram homens do Livro e devem saber do que falam, não está fora de propósito uma advertência contra tais supostas traduções. Não importa para que língua um versículo da Escritura seja traduzido, vem êle das mesmas fontes, hebraica, aramaica ou grega. E qualquer tradução que difira dessas fontes, será apenas questão de interpretação pessoal, a menos que uma fonte superior e mais antiga possa ser encontrada.
O hebraico é a fonte de tôdas as traduções do Velho Testamento, porque essa é a língua em que foi escrito, com exceção de certas porções, em aramaico. Algumas vêzes, traduções mais antigas do que a fonte hebraica, agora disponível, podem ser de grande valor, se investigadas e usadas com grande cuidado. Neste versículo, o texto hebraico, bem como as quatro edições em siro-pershita de que dispomos, de origem provável no segundo século A.D., de conformidade com a melhor informação erudita, mas que sofreram uma série de revisões, não servem de auxílio. Seria de desejar que o descobrimento extraordinário dos manuscritos do Mar Morto, em 1947, que incluiram uma cópia com-pleta do livro de Isaías, nos fornecesse algum esclarecimento dêsse texto. De conformidade com os melhores peritos, foi êle escrito por volta do ano 100 A.C., sendo por conseguinte, cêrca de 1.000 anos mais velho que o mais antigo manuscrito hebraico do Velho Testamento. Mas, por comparação, verificou-se ser idêntico ao nosso texto hebraico impresso, de que o nosso Velho Testamento em português é uma tradução. Assim, qualquer tradução que nêles se baseie e difira do nosso atual texto português, por mais esclarecedor que possa ser, não passa de interpretação. Como ministros, devemos estar precavidos nesse sentido.
A Versão Siro-Hexaplos
Existe, porém, algum esclarecimento sôbre êsse texto, na versão siro-hexaplos, oriunda do hebraico antigo. O texto siro-hexaplos é uma tradução fiel para o siríaco, do bispo Paulo, de Tella, na Mesopotâmia, em 617-618 A.D. da 5a. coluna dos Hexaplos de Orígenes. O bispo Paulo também copiou com grande cuidado os símbolos e comentários de Orígenes. Grande porção do trabalho do bispo Paulo, contendo os profetas e a maioria dos Hagiógrafos, e escrito no século VIII A.D., encontra-se agora na Biblioteca Ambrosiana de Milão, Itália. Foi fotolitografado por Ceriani, em 1874, e uma cópia está ao alcance dos estudiosos na biblioteca da Universidade de Chicago. O manuscrito original de Orígenes foi usado pelo bispo Paulo, em Cesaréia, onde fôra guardado e onde Jerônimo o consultou quando da confecção da Vulgata Latina. Foi, provàvelmente, destruído pelos sarracenos em princípios do século VII, logo depois da tradução do bispo Paulo da V coluna de Orígenes, para o siríaco.
Segundo Ira Maurício Price, Orígenes foi o “maior perito bíblico dos primeiros séculos.” — The Ancestry of Our English Bible (Harper and Brothers, Nova York, 1949), pág. 74. Orígenes dispôs e usou, em seu tempo, além do Velho Testa-mento em hebraico, a Septuaginta e as três versões gregas de Áquila, Símaco e Teodósio. Em sua pesquisa, queixou-se êle de que cada manuscrito continha textos diversos dos demais; concebendo, assim, a idéia de compará-los e dêles extrair o me-lhor manuscrito ou versão possível. Ao fazer isso, planejou os Hexaplos em seis colunas, a saber: (1) o texto hebraico; (2) a transliteração do he-braico por letras gregas; (3) a versão de Áquila; (4) a versão de Símaco; (5) a Septuaginta revisada por êle próprio; e (6) a versão de Teodósio.
Êsse trabalho lhe tomou vinte e oito anos. O seu propósito com sua própria coluna não foi restaurar o texto da Septuaginta mas corrigi-lo e re-presentar devidamente o original hebraico. A 5 a. coluna, da sua revisão era a mais importante das seis. Em sua revisão, onde os manuscritos divergiam, escolheu êle a melhor tradução que pôde conseguir dos originais hebraicos. Onde as palavras no hebraico não constavam na Septuaginta inseriu êle por asterisco, a tradução que encontrara numa das outras três versões, e preferentemente a de Teodósio. Onde um passo era encontrado na Septuaginta sem equivalente no hebraico, marcou-o êle com uma cruz. Assim, usou como base para a sua coluna, o hebraico do seu tempo, isto é, o texto hebraico da primeira metade do terceiro século.
No presente, a nossa fonte principal para o texto da 5a. coluna dos Hexaplos de Orígenes é a Siro-Hexaplos, visto que os Hexaplos de Orígenes já há muito desapareceram e só porções têm sido descobertas. Êsse exemplar existente da Siro-Hexaplos dista apenas 150 anos do seu original, e reduz, assim, muito materialmente qualquer possibilidade de êrro de cópia. Na parte que o bispo Paulo usou do manuscrito original de Orígenes, existente ainda em Cesaréia naquele tempo, remete nos à fonte hebraica usada por Orígenes nalgum tempo não distante do ano 240 A.D., visto que a Hexaplos foi completada nesse ano.
“Será” em Lugar de “Morrerá”
No texto de Isaías 65:20, tôda dificuldade será inteiramente eliminada se, no início da última parte do versículo, a expressão “morrerá” fôr substituída por “será”, e aquêle que alcançar “cem anos” se torna o sujeito — o que é perfeitamente permissível na linguagem semítica. Isso é exatamente o que faz a Siro-Hexaplos, e evidentemente é o que se encontra na 5a. coluna dos Hexaplos de Orígenes. Assim, temos na Siro-Hexapla nehewah (no he-braico, yiheweh), “será”, em lugar de nemuth “morrerá” (no hebraico, yamuth), e, na última cláusula do versículo, temos a palavra adicional demareth (no hebraico, asher meth), “que morrer”, que foi omitido noutros textos, indicando confusão dum copista na localização dessa palavra “morrer.”
Evidentemente, Orígenes possuia um antigo manuscrito hebraico, ou a Septuaginta, ou um exemplar dum manuscrito antigo que não continha êsse êrro. Êsse cochilo de cópia teria sido muito fácil no hebraico antigo, antes do uso dos caracteres retangulares, como pode ser observado pelo formato das letras no pergaminho de Isaías, do Mar Morto. Por um pequeno descuido de escrita, “será” pode ser fàcilmente confundido com “morrerá”. Havendo isso sido feito, o passo seguinte seria omitir da última coluna “que morre”, já escrito, e evitar uma antítese. Em resultado, o texto foi deixado com um pensamento confuso. Essas correções, tal como aparecem na Siro-Hexaplos fazem o versículo concordar de maneira correta com o contexto e esclarece, o significado. Traduzido da Siro-Hexaplos, o versículo literalmente reza:
“Nem haverá quem morra na sua juventude, nem velho que não cumpra os seus dias; porque um filho de cem anos será uma criança, mas o pecador que morrer, filho de cem anos, será amaldiçoado”. Com isto, a nossa atual Septuaginta concorda na parte essencial, e nós teríamos desejado que o manuscrito de Isaías do Mar Morto, que, segundo os peritos, data do ano 100 A.C., houvesse corrigido êsse texto. Entretanto, o Velho Testamento original da Septuaginta foi traduzido aproximadamente entre os anos 285 e 100 A.C., e Isaías, não foi, por certo, o último livro a ser traduzido. Sem dúvida andaríamos acertados ao fixarmos o ano 200 A.C., como data provável da tradução de Isaías para o grego. Em todo caso, poderia ter sido traduzido de texto anterior à data do manuscrito de Isaías, do Mar Morto. Além disso, sabemos que Orígenes teve acesso à Septuaginta do seu tempo, bem como a alguns textos hebraicos mais antigos. Se o texto dos Hexaplos não houvesse aparecido no hebraico a que êle teve acesso, deve terem sido os manuscritos da Septuaginta de que dispôs, cuja fonte era evidentemente mais antiga do que os pergaminhos do Mar Morto, ou outros, cuja origem é anteiror à em que o escriba cometeu o êrro que tornou ininteligível êsse passo.
Assim, o texto Siro-Hexaplos, traduzido diretamente da coluna dos Hexaplos, de Orígenes, pode ter uma autoridade mais antiga do que o texto dos pergaminhos de Isaías, e, com essa base, êsse texto seria digno de consideração. Pelo menos tem algum apoio em manuscritos antigos, e a circunstância de concordar com o contexto, é um grande pêso em seu favor e em favor destas conclusões.
Conforto Para os que Têm Muitas Cargas
MARGARET REEVES
(Instrutora Bíblica, Associação de Manitoba —Sas-katchewan)
[Nota da Redação. — Êstes tempos difíceis apresentam para o instrutor bíblico problemas que exigem o toque pastoral simpatizante, bem como capacidade de ensino doutrinário. Para que a men-sagem seja aceita, os fardos e preocupações precisam ser suavisados. A Sra. Reeves, espôsa de Clifford A. Reeves, é instrutora bíblica competente e devota muito tempo à profissão. Seu esbôço bíblico tanto é edificante quanto oportuno. — L. C. K.]
“Levai as cargas uns dos outros” (Gál. 6:2).
- A. Cargas de aflição.
- 1. Deus Se compadece como um pai (Sal. 103: 13-18).
- 2. Conforto na esperança da ressurreição (I Tess. 4:13-18).
- 3. O próprio Deus removerá todo traço de tris-teza (Apoc. 21:4).
- B. Fardos de doença e infortúnio.
- 1. Esperança para os cegos, mudos e inválidos (Isa. 35:5 e 6).
- 2. O Criador do Universo conhece cada pormenor da nossa vida (Isa. 40:28-31).
- a. Até a morte dum passarinho é notada (S. Luc. 12:6).
- b. Nossos cabelos são contados (S. Luc. 12: 7).
- c. Conhecido é o lugar onde moramos (Sal. 87:4-6).
- d. Conhecidos são até a rua em que moramos, e o que fazemos (Atos 9:11).
- II. O ASPECTO INTERNO
Cada qual levará a sua própria carga (Gál. 6: 5).
O propósito e o valor das provações.
- 1. As provações são necessárias para aperfeiçoar-nos (Jó 23:10; I S. Ped. 5:10).
- 2. O Senhor castiga a quem ama (Heb. 12:6).
- 3. A privação traz resultado precioso (Heb. 12: 10; II Cor. 4:17).
- 4. As provações são permitidas para que possamos confortar outros (II Cor. 1:4).
- 5. A graça divina é suficiente para cada prova (II Cor. 12:9).
- III. O ASPECTO ELEVADO
“Lança o teu cuidado sôbre o Senhor” (Sal. 55: 22).
- 1. Lança tuas cargas de ansiedade sôbre Deus (Fil. 4:6; Sal. 46).
- 2. Lança tua carga de pecado sôbre Deus (Sal. 38:4, 15 e 18).
- 3. A relação do crente para com Deus, nas tri-bulações.
- a. Devemos amá-Lo; então tôdas as coisas cooperam para o bem (Rom. 8:28).
- b. Precisamos submeter-nos humildemente à Sua vontade (S. Luc. 22:42).
- c. Devemos confiar em Deus quando não pudermos compreender a Sua guia (Jó 13: 15; Sal. 37:5).
- 4. A bendita providência do Divino Sofredor (I S. Ped. 5:7).
Decisão em Prol de Cristo, Agora
THELMA A. SMITH
(Instrutora Bíblica, União das Ilhas do Sul da China)
TEXTO: “Até quando coxeareis?” (I Reis 18: 21).
- I. O PROBLEMA DUMA LUTA
- 1. “O homem de coração dobre é inconstante” (S. Tia. 1:8).
- 2. “Ninguém pode servir a dois senhores” (S. Mat. 6:24).
- II. A RESPONSABILIDADE DE POSSUIR A LUZ
- 1. A vereda dos justos é como a luz (Prov. 4: 18).
- 2. A luz rejeitada transforma-se em trevas (S. João 12:35 e 36).
- 3. Esperamos a luz, mas andamos em trevas (Isa. 59:9).
- 4. A luz rejeitada abre o caminho para o engano (S. João 3:19-21; II Tess. 2:10-12).
- III. A IMPORTÂNCIA DA PRONTA OBEDIÊNCIA
- 1. Se pecamos voluntariamente, não há mais sacrifício (Heb. 10:26 e 27)
- 2. A desobediência torna a oração uma abomina-ção (Prov. 28:9).
- IV. A ACEITAÇÃO DA VERDADE PRESENTE
- 1. ‘‘Consagrai-vos hoje ao Senhor” (Êxo. 32:29).
- 2. “Convertei-vos agora” (Jer. 25:5).
- 3. “Se voltares, ó Israel…” (Jer. 4:1).
- 4. “Ouvi.. .hoje a Sua voz” (Heb. 3:7, 8 e 13).
- V. A INCERTEZA DO FUTURO
- 1. Não sabemos o que acontecerá amanhã (S. Tia. 4:13-17).
- 2. Os mortos não têm esperança na verdade (Isa. 38:18).
- 3. “Buscai ao Senhor enquanto Se pode achar” (Isa. 55:6).
- VI. APÊLO: “Escolhei hoje” (Jos. 24:15).
Os Três Aparecimentos de Cristo
(Hebreus 9:24-28)
1. Apareceu uma vez (V. 26) — Propiciação.
2. Aparece agora (V. 24) — A Intercessão.
3. Aparecerá (V. 28) — Advento.
John Ritchie, em 500 Bible Subjects