O tradutor não precisa ser um interruptor. Eis seis princípios que ajudarão tanto ao pregador como ao tradutor. 

comunicação moderna transformou o mundo numa vila global. Muitos de nossos pastores e evangelistas muitas vezes se encontram diante de nossos auditórios, tendo que enfrentar as barreiras lingüísticas, nacionais e culturais, as quais exigem comunicação através de intérpretes.

Em qualquer situação, a comunicação é um processo difícil, mas falar por meio de um intérprete é ainda mais desafiadora. Como melhorar a situação para as três partes — o pregador, o intérprete e o auditório — bem como para a própria mensagem? Com a experiência que tenho, tanto de pregador como de intérprete, sugiro os seis princípios seguintes ao usarem intérpretes.

  • 1. Entrem em entendimento antes, com o intérprete. Muitas vezes o pregador e o intérprete não fizeram nenhuma combinação antecipada. Antes de irem para o púlpito, devem eles saber um pouco um do outro. Mesmo uma conversa rápida, dá ao intérprete uma idéia antecipada das palavras que o pregador costuma usar — pronúncia, acentuação, vocabulário. Os pregadores deveriam informar os seus tradutores de alguns termos especiais que eles podem estar usando — tais como palavras técnicas, estatísticas ou quaisquer formações lingüísticas fora do comum. Os tradutores estarão assim preparados para realizar o seu trabalho com confiança.
  • 2. Surpreenda o auditório, não o intérprete. Uma pregação interessante muitas vezes encerra surpresas. Estas, porém, devem ser reservadas para o auditório. Se o intérprete não estiver totalmente seguro do que você quer dizer por meio de uma história, de um fato ou de um gracejo ele terá dificuldade em transmitir sua expressão e significado para o auditório. Para estar certo de que o intérprete não omite sua intenção, fale antes com ele sobre a parte difícil. Se tiver um sermão escrito ou na forma de esboço, dê uma cópia ao intérprete. Converse com o intérprete sobre algumas anotações ou expressões que o auditório talvez ache difíceis ou agressivas.
  • 3. Não corra na frente do tradutor. Os tradutores precisam ter o tempo necessário. Em algumas línguas a tradução é fácil; em outras, certas palavras e expressões exigem explicação. Felizmente, os intérpretes deixam de lado as repetições e muitas vezes não necessitam das longas pausas que os pregadores costumam fazer. Em geral a tradução requer três quartos do tempo do pregador.

Uma vez que tanto pregadores como intérpretes ajam sob alguma premência ou excitação, os primeiros têm a tendência de começar a sentença seguinte antes que o tradutor termine a anterior. Quando isso acontece, o auditório não apanha toda a mensagem e o intérprete fica frustrado. Dessa maneira, não corra. Deixe que o tradutor disponha do tempo necessário.

  • 4. Fale natural e claramente. A interpretação não exige necessariamente que os pregadores alterem sua maneira normal de falar. Uma enunciação bastante vagarosa pode parecer teatral, e muito rápida pode tornar-se difícil para o tradutor. Fale num bom ritmo e numa velocidade normal. Se normalmente você faz uso de sentenças curtas com apenas algumas palavras de cada vez, a apresentação pode tornar-se irritante para os ouvintes, e mais difícil a tradução — principalmente com a transição e coesão.

As diferenças na estrutura da linguagem influem também na fluência da tradução; às vezes é mais fácil traduzir todas as sentenças do que cláusulas curtas. O ritmo ideal no sermão traduzido é duas ou três sentenças de uma vez.

Esqueça a eloqüência natural de sua língua. Você pode pregar um sermão no inglês shakespeareano majestático, mas isso nada significa para o seu auditório que não é inglês. O tradutor deve transportar sua mensagem para a linguagem comum do auditório, deixando de lado todos os seus recursos verbais. Portanto, evite poesia, ou mesmo a prosa elevada quando a eloqüência e a fluência do original permite fácil tradução. A mesma coisa se dá com o uso de palavras, idiomas e outras variantes gramaticais que ficam bem em uma língua, mas não podem ser relacionadas em outra. Quanto mais simples a linguagem, tanto mais fácil a tradução.

  • 5. Use ilustrações que revelem bom gosto. As ilustrações abrilhantam o sermão e tornam alerta o auditório, mas os pregadores que estão sendo traduzidos devem escolhê-las cuidadosamente. É sua história cultura específica ou universal? É necessária para levar ao ponto? Está o auditório suficientemente inteirado da base exigida para entender a ilustração? Ajudará ela a conquistar o coração do auditório?

Quando em visita a um país estrangeiro, Billy Graham muitas vezes usa ilustrações da história ou cultura daquela nação — às vezes estimadas daquelas pessoas — e conquista imediatamente o seu auditório. Deleitarão ou ofenderão suas ilustrações, parte do seu auditório? Seja cuidadoso de modo especial com as histórias de guerra — alguns no auditório podem ter estado do lado oposto da guerra.

  • 6. Acima de tudo, represente o reino do Céu. Ellen White advertiu certa vez os pastores contra fazerem declarações políticas.1 Os pastores que visitam outros países deveriam levar a sério este conselho e guardar-se de fazer declarações que apóiem ou ataquem alguma ideologia política. Tais pronunciamentos, mesmo quando verdadeiros, podem ofender, e trazer problemas para a igreja. A melhor conduta é ser um cidadão do reino do Céu.

Conquanto seja verdade que não pode-mos livrar-nos de nossas raízes nacionais e culturais, somos primeiramente embaixadores de Deus, ministros do evangelho. Por isso, a mensagem que anunciamos, de modo especial numa terra e língua estrangeiras, não deve comunicar qualquer tendência ou preconceito.

A linguagem universal do amor é o veículo apropriado para transmitir o conhecimento salvador de Jesus Cristo.