Trinta a quarenta minutos de exercícios aeróbicos pelo menos três vezes por semana, podem proporcionar boa forma Psicossomática (psíquico-física), além de somar um quarto ou mais à vida útil. Em contrapartida, a negligência desta salutar prática é a causa principal da incidência cada vez maior de enfermidades do coração, estresse (esgotamento) e outros males, os quais têm ceifado precocemente preciosas vidas. A prática de exercícios é privilégio extensivo a todas as pessoas, sem discriminação, de sexo, raça ou idade.

“Prevenir é melhor do que remediar”, diz o adágio. Seguindo esta mesma linha de pensamento, declarou um empresário da Califórnia, USA: “Para mim os exercícios representam um seguro de vida; honestamente, não tenho tempo nem dinheiro para ficar doente”.1

Apóstolo da Aptidão Física. O eminente Dr. Kenneth H. Cooper, 56, é considerado o “apóstolo da aptidão física” deste século. É formado pela faculdade de Medicina da Universidade de Oklahoma e mestre em saúde pública pela faculdade de Saúde Pública de Harward, USA. Foi fisiologista da Força Aérea norte-americana, diretor do Laboratório Aéro-espacial do Texas e, atualmente, é diretor do centro Aeróbico de Dalas.2

Por meio de seus livros, cursos e conferências, tem salvado a milhões de vidas sedentárias em todo o mundo. Seus métodos de capacitação física foram fator decisivo na vitória do tricampeonato mundial de futebol dos brasileiros, no México, e 1970.3

Exercícios Aeróbicos. Referem-se à modalidade de exercícios que estimulam as atividades do coração e dos pulmões durante um período de tempo suficientemente longo, de forma a produzir modificações benéficas no organismo. Estão assim classificados: Esquiar, natação, correr, ciclismo, caminhada, dança aeróbica, corrida estacionária e saltitar. Oferecem variada seleção de exercícios e incluem muitos dos mais populares esportes. Todos, entretanto, têm um ponto em comum: fazem com que o praticante se exercite mais arduamente; os aeróbicos exigem maior quantidade de oxigênio. E esta é a idéia fundamental. Isto é o que os transforma em exercícios aeróbicos.4

Benefícios dos Aeróbicos. A prática de exercícios aeróbicos na vida jovem — até os 30 anos — proporciona capacitação física básica. Dos 31 em diante, assegura ao praticante bem-estar e rejuvenescimento. É o único plano de saúde eficaz que dispensa dinheiro, hospital e medicamentos. Exige apenas uma boa dose de crença, aliada a uma porção de perseverança no plano.

Dentre os muitos benefícios, o Dr. Cooper mostra quatro basilares: 1) Reforça os músculos da respiração e tende a reduzir a resistência ao fluxo do ar, facilitando a rapidez deste ao entrar nos pulmões e deles sai; 2) melhora a eficiência do bombeamento do coração, permitindo que maior quantidade de sangue seja bombeada a cada batida do músculo cardíaco. Isto proporciona farta e mais rápida distribuição do oxigênio, sustentáculo da vida, circulando do coração para os pulmões e, finalmente, alcançando todas as partes do corpo; 3) tonifica os músculos de todo o corpo e, por conseguinte, melhora a circulação de um modo geral. Em certas ocasiões, fará baixar a pressão do sangue, reduzindo assim o trabalho do coração; e 4) causa considerável aumento geral do volume de sangue em circulação através de todos os vasos sanguíneos, e aumenta o número de células (glóbulos) vermelhos do sangue, bem como a quantidade de hemoglobina, fazendo com que o sangue se torne mais eficaz em sua tarefa de transportar o oxigênio.5

Estudos recentes, realizados com 17 mil homens de idades entre 35 e 84 anos, nas Universidades de Harward e Stanford, USA, confirmaram os benefícios do jogging. De acordo com o Dr. Ralph Paffendarger, coordenador das pesquisas, as principais revelações do trabalho são: 1) Existe uma íntima relação entre o nível de atividade física e a longevidade; 2) as doenças cardíacas fatais parecem ser duas vezes mais comuns em pessoas de vida sedentária.6

Billy Graham salva seu ministério. Curtis Mitchell, um dos editores da revista popular Science Monthly, comenta como o evangelista Billy Graham se safou de um perigoso estresse, por meio de exercícios aeróbicos, especificamente corrida.

A exemplo de outros intelectuais de intensa vida sedentária, Billy era refratário a exercícios. Mas em 1964, em sua cruzada evangelística de Boston, USA, começou a sentir um cansaço além do habitual. Foi aí que ele procurou uma clínica, e pôde saber com espanto de sua péssima situação. Es-tava à beira de um terrível esgotamento: muita tensão, excessiva gordura e o sistema cardiovascular acusando muitos sinais de perigo. E, em conseqüência, estava em perigo o seu profícuo ministério.

Ato contínuo, o evangelista foi conduzido ao famoso fisiologista, Dr. Thomas Kirk Cureton Jr., diretor do Laboratório de Pesquisas de aptidão Física da Universidade de llinois, USA, o qual lhe receitou o imediato início dos exercícios.

Meses depois, totalmente em forma, nu-ma véspera de Ano Novo, pregando para 7.000 jovens na cidade de Urbano, Estados Unidos, declarou: “Pratico corrida cada dia da semana. Durante toda a minha vida, tive que descansar à tarde, mas agora posso trabalhar o dia inteiro sem sentir cansaço… O corpo é uma árvore’’, declarou aos ouvintes, “quando cai o tronco, tudo está perdido.’’

A experiência de muitos obreiros, em todas as áreas, é a mesma do Pastor Billy Graham em 1964. Por que não fazer uso da mesma receita do Dr. Cureton? Vale tanto e custa tão pouco!

CAPACIDADE DO CORAÇÃO

No mundo biológico, o movimento é vida; a inatividade, morte.7 Os antigos gregos talvez tivessem razão, quando afirmavam que o coração é o centro da vida. Num ser humano, em condições normais, o coração bate em média 72 vezes por minuto. Sua contração ao bombear o sangue é rápida e explosiva, e leva cerca de um décimo de segundo. A média de sangue impelido na artéria em cada batida é mais ou menos 85g, podendo chegar a 180g.

Durante o repouso, sem caminhar ou sentado à mesa do escritório, o coração bombeia perto de cinco litros de sangue por minuto. Numa caminhada acelerada, chega a 7,7 litros; numa corrida regular, pode produzir boa quantidade de oxigênio, capaz de levar sangue a todo o corpo em tempo recorde. Isto equivale a policiar cada palmo de chão da fronteira nacional, para evitar a invasão de inimigos da pátria. Um atleta profissional pode conseguir até 35 litros por minuto.8 9 3 4 5 6 7 10

A educadora e profetisa, Ellen G. White, comenta: “Para termos boa saúde, é ne-cessário que tenhamos bom sangue, pois este é a corrente da vida. Ele repara os desgastes e nutre o corpo…. A cada pulsação do coração, o sangue deve fazer rápida e facilmente, seu caminho a todas as partes do corpo.’’11

Na lista dos remédios naturais sugeridos por Deus para o bem-estar geral do homem, o exercício físico está presente. “Ar puro, luz solar, abstinência, repouso, exercício, regime alimentar conveniente, uso de água e confiança no poder de Deus.’’12

TESTE DE ESFORÇO PARA COMEÇAR

O maratonista iniciante não deve começar a prática de aeróbicos sem antes submeter-se a um bom exame médico. Nin-guém que se prapara para empreender uma viagem de carro, fá-lo sem primeiro levar o veículo ao mecânico, para uma revisão ge-ral. O médico ou fisiologista vai incluir no exame um teste de esforço que visa os seguintes objetivos: 1) Dar motivação ao exercício; 2) dar ao médico informação so-bre o seu nível de condicionamento; 3) estabelecer referências para o futuro; 4) aju-dar a determinar se você tem deficiência cardíaca; e 5) prever a sobrevivência ou problemas cardíacos adicionais após um ataque cardíaco.13

A morte de Jim Fixx. Fixx, o “guru” dos exercícios aeróbicos até 1984, emergiu no cenário nacional (E.U,) e internacional em outubro de 1977, com o incrível best-seller “Guia Completo de Corrida’’. Mas no fatídico dia 20 de julho de 1984, em Hardwick, Vermont, na estrada 15, morreu quando chegava de sua maratona de 16km. O mundo foi tomado de surpresa pelo lamentável acontecimento. A imprensa mundial publicou em grandes manchetes o golpe mortal do desporto aeróbico na prática de então. Estava implantada a síndrome de Jim Fixx.

Inconformado com a perda do amigo pessoal e o esfriamento do aerobismo como conseqüência, o Dr. Cooper lançou-se a uma acurada pesquisa sobre as razões da morte de Fixx. O resultado foi o seu mais recente livro “Correndo Sem Medo’’, cujo lançamento no Brasil aconteceu no dia 7 de maio de 1987, no Rio de Janeiro.

Causa-mortis. 1) Fixx pertencia a uma família com problemas cardíacos. Ele sabia disto. Seu pai falecera aos 43 anos, vítima do mesmo mal; 2) crendo na invulnerabilidade, excedia à sua capacidade de esforços; 3) no dia da morte, correu cansado e com fome, porque havia viajado 7 horas dirigindo o carro da família, num cálido dia de verão, de Cabo Cod até Hardwick; 4) tinha o coração dilatado; 5) era diabético; 6) sendo obeso, perdeu bruscamente mais de 30 quilos. Demonstrava intemperança no comer, beber e mesmo na prática do jogging; 7) a causa maior: sempre se recusou a submeter-se a acompanhamento médico.

Dependendo das condições cardíacas pessoais e hereditárias, jamais um check-up com teste de esforço recomendaria a Jim Fixx o intenso programa aeróbico a que se lançou. Corria de 95 a 110km por sema-na. Segundo cálculos de Cooper, Fixx teria acumulado cerca de 60 mil km durante sua carreira.14

  • 1. O Método de Cooper, pág. 18, Kenneth H. Cooper, Edi- tora Edibolso.
  • 2. Folha de S. Paulo, pág. A31 — 7 de maio de 1987.
  • 3. Aptidão Física em Qualquer Idade, pág. 6, Kenneth H.
  • Cooper, Biblioteca do Exército, São Paulo.
  • 4. Capacidade Aeróbica, pág. 9, Kenneth H. Cooper —
  • Forum Editora, Rio de Janeiro.
  • 5. Idem, pág. 10.
  • 6. Viva a Vida com Saúde, pág. 62 — Editora Abril, No­vembro de 1984, São Paulo.
  • 7. Evangelismo de La Salud, págs. 55 e 56, Daniel Belve­dere, Brasília, 1985.
  • 8. Ciência do Bom Viver, pág. 271 — Ellen G. White, CPB. 9. Idem, pág. 27.
  • 10. Correndo Sem Medo, págs. 138 e 155, Kenneth H. Cooper, Gráfica Luz Ltda., Rio de Janeiro, 1987.
  • 11. Idem, págs. 13 e 25. 12. Idem, págs. 47 a 50.