Sôbre êste fato há abundância de testemunho escritural.
Os escritos de Ellen G. White acham-se inteiramente em harmonia com os textos bíblicos a respeito do assunto.
O Filho de Deus suportou a ira de Deus contra o pecado. Todos os pecados acumulados do mundo foram lançados sôbre o Portador do pecado, Aquêle que era inocente, Aquêle que unicamente podia ser a propiciação pelo pecado, porque Êle próprio fora obediente. Êle era um com Deus. Sôbre Êle não havia sequer uma mancha de corrução.” — Signs of the Times, 9 de dezembro de 1897. (Grifos acrescentados.)
Como um conosco, cumpria-Lhe suportar o fardo de nossa culpa e aflição. O Inocente devia sentir a vergonha do pecado. O amigo da paz tinha que habitar entre a luta, a verdade com a mentira, a pureza com a vileza. Todo pecado, tôda discórdia, tôda contaminadora concupiscência trazida pela transgressão, Lhe era uma tortura para o espírito. . .. Sôbre Aquêle que abrira mão de Sua glória, e aceitara a fraqueza da humanidade, devia repousar a redenção do mundo.” — O Desejado de Tôdas as Nações, pág. 77. (Grifos supridos.)
O pêso dos pecados do mundo esmagava-Lhe a alma, e Seu semblante expressou angústia indescritível, uma aflição tão profunda que o homem caído jamais concebera. Sentira a torrente arrazadora da desgraça que inundara o mundo. Compreendera a fôrça do apetite acariciado e paixões não santificadas que dominavam o mundo.” — The Review and Herald, 4 de agôsto de 1874.
Justiça completa se fizera na expiação. Em lugar do pecador, o imaculado Filho de Deus recebera a penalidade, e o pecador está livre ao receber a Cristo e apegar-se a Êle como seu Salvador pessoal. Embora culpado, é considerado inocente. Cristo cumpriu tôdas as reivindicações exigidas pela justiça.” — The Youth’s lnstructor, de 25 de abril de 1901. (Grifos supridos.)
Sem culpa, suportou Êle a punição da culpa. Inocente, contudo Se ofereceu como substituto do transgressor. A culpa de cada pecado veio como impacto sôbre a divina alma do Redentor do mundo.” — Signs of the Times, 5 de dezembro de 1892. (Itálicos supridos.)
Tudo isso suportou Êle vicàriamente. Tomou sôbre Sua alma inocente e levou na cruz cruel.
Há outro aspecto desta questão que necessita ser realçado, e é o fato de Jesus não apenas ser portador das “iniqüidades de todos nós”; Êle tomou e levou alguma coisa mais, alguma coisa, contudo, intimamente relacionada com nossos pecados.
“Verdadeiramente Êle tomou sôbre Si as nossas enfermidades” (Isa. 53:4). “Homens de dôres, e experimentado nos trabalhos” (versículo 3).
Assim S. Mateus se refere a esta passagem: “Êle tomou as nossas enfermidades, e levou as nossas doenças.” (S. Mat. 8:17.)
A versão de Weymouth assim reza: “Êle tomou sôbre Si nossas fraquezas, e levou o fardo de nos-sas doenças.”
Uma outra tradução inglêsa, a Twentieth Century diz: “Êle tomou nossas enfermidades sôbre Si, e levou a carga das nossas doenças.”
Enquanto Êle levava (grego phero, versão dos LXXX) nossas iniqüidades, também levava (grego anaphero) nossas debilidades.
Observemos, contudo, mais adiante, o que está implicado nisto. Notemos as palavras empregadas para expressar o pensamento, tanto em Isaías 53 como em S. Mateus 8. Êle levou nossas dores, nossos sofrimentos, nossas enfermidades ou moléstias. As palavras originais também se traduzem por moléstias, fraquezas, debilidade.
Sôbre isto notemos o seguinte nos escritos de
Êle estêve sujeito às enfermidades e fraquezas que cercam o homem “para que se cumprisse o que foi dito pelo profeta Isaías, dizendo, Êle tomou nossas enfermidades, e levou nossas moléstias.” Êle foi tocado pelo sentimento de nossas enfermidades, e em todos os pontos foi tentado como o somos. E contudo Êle “não conheceu pecado.” Era o Cordeiro “sem culpa e sem mancha” . . . Não devemos ter dúvidas quanto à perfeita impecaminosidade da natureza humana de Cristo.” — Signs of the Times, 9 de junho de 1898. (Itálicos supridos.)
Êle era imune à corrução, estranho ao pecado; contudo orou, e não raro com forte brado e lágrimas. Orou pelos discípulos e por Si mesmo, e dessa forma identificou-Se com nossas necessidades, nossas fraquezas e imperfeições, tão comuns na humanidade. Foi poderoso suplicante, não possuindo as paixões de nossa natureza humana e caída, sujeito às mesmas enfermidades, tentado em tudo como o somos, Jesus suportou agonia que requeria ajuda e amparo de Seu Pai. — Test. for the Church, Vol. 2, pág. 508. (Grifos supridos.)
Êle é um irmão em nossas enfermidades, mas não em possuir as mesmas paixões. Como Aquêle que é sem pe-cado, Sua natureza repugna o mal. Suportou lutas e tortura de alma num mundo de pecado. Para a Sua humanidade a oração tornou-se necessidade e privilégio. Solicitou todo forte amparo e confôrto que Seu Pai estava pronto a comunicar-Lhe, a Êle que, para o benefício do homem, havia deixado os júbilos do Céu e escolhido Seu lar num mundo ingrato e frio. — Idem, pág. 202. (Grifos acrescentados.)
Tanto do registo de Isaías como do de S. Mateus, dificilmente se pode interpretar que Jesus estivesse doente ou que experimentasse as fragilidades de que a raça caída é herdeira. Mas Êle levou tudo isto. Não se daria que Êle levasse isto também vicàriamente, da mesma forma como levou os pecados de todo o mundo?
Estas fraquezas, fragilidades, enfermidades, deficiências são coisas que nós, devido nossa natureza pecaminosa e caída, temos de levar. A nós elas são naturais e inerentes, porém quando Êle as levou, não as tomou como alguma coisa que Lhe era inata, mas levou-as como nosso substituto. Observamos de novo que Cristo levou tudo isto vicàriamente, da mesma forma como vicàriamente levou as iniqüidades de todos nós.
É neste sentido que todos devemos entender os escritos de Ellen G. White ao referir-se, de quando em quando, à natureza humana pecaminosa, caída e arruinada. Lemos que Jesus tomou “nossa natureza” (O Desejado de Tôdas as Nações, pág. 17); Êle “tomou sôbre Si a natureza humana” (The SDA Bible Commentary, Vol. 5, pág. 1128); Êle “tomou a natureza do homem” (Medicai Ministry, pág. 181); Êle tomou “nossa natureza caída” (Special lnstruction Relating to the Review and Herald Office, pág. 13, de 26 de maio de 1896): Êle tomou “a natureza do homem em sua condição caída” (Signs of the Times, 9 de junho de 1898).
Tôdas estas declarações são convincentes e taxativas, mas certamente nenhuma tem em mira dar sentido àquelas que circulam em contrário ao que a mesma escritora apresentou em outros lugares de suas obras. Notemos o contexto em que são empregadas estas expressões.
Êle tomou “a natureza do homem mas não a sua pecaminosidade.” — Signs of the Times, 29 de maio de 1901.
Êle tomou “a natureza do homem em sua condição caída, mas Cristo, de maneira nenhuma participou de seus pecados.” — The SDA Bible Commentary, Vol. 5, pág. 1131.
“Êle é um irmão em. nossas enfermidades, mas não em possuir as mesmas paixões.” — Test, for the Church, Vol. 2, pág. 202.
Em “identificar-Se com nossas necessidades, fraquezas e imperfeições . . . Êle foi poderoso suplicante, não possuindo as paixões de nossa natureza humana e caída.” — Test, for the Church, Vol. 2, págs. 508 e 509. (Grifos supridos.)
“Não devemos ter dúvidas quanto à perfeita impecaminosidade da natureza humana de Cristo.” — The SDA Bible Commentary, Vol. 5, pág. 1131. (Itálicos supridos.)
O Filho de Deus “tornou-Se como um de nós, excepto no pecado.” — The Youth lnstructor, 20 de outubro de 1886. (Grifos acrescentados.)
“Não havia nÊle a menor mancha de corrução.” — Signs of the Times, 9 de dezembro de 1897. (Grifos acrescentados.)