ELLEN G. WHITE
“A fé é a condição sob a qual Deus houve por bem prometer perdão aos pecadores; não que exista na fé qualquer virtude pela qual se mereça a salvação, mas porque a fé pode prevalecer-se dos méritos de Cristo, o remédio provido para o pecado.”
“Veio Jesus para a Galiléia, pregando o Evangelho do reino de Deus, e dizendo: O tempo está cumprido, e o reino de Deus está próximo. Arrependei-vos e crede no Evangelho.” S. Mar. 1:14 e 15.
O arrependimento associa-se à fé, e o evangelho insta em que é necessário para a salvação. Paulo pregou o arrependimento. Diz ele: “Nada que útil seja, deixei de vos anunciar, e ensinar publicamente e pelas casas, testificando, tanto aos judeus como aos gregos, a conversão a Deus e a fé em nosso Senhor Jesus Cristo.” Atos 20:20 e 21. Sem arrependimento não há salvação. Nenhum pecador impenitente pode crer com o coração para a justiça. [Rom. 10:10.] O arrependimento é por Paulo descrito como uma piedosa tristeza pelo pecado, o qual “opera arrependimento para a salvação, da qual ninguém se arrepende”. II Cor. 7:10. Este arrependimento não tem em si coisa alguma da natureza do mérito, mas prepara o coração para a aceitação de Cristo como único Salvador, única esperança do pecador perdido.
Ao considerar o pecador a lei, sua culpa se lhe torna clara, e lhe impressiona a consciência, e ele é condenado. Seu único conforto e esperança encontra-os em olhar à cruz do Calvário. Ao aventurar-se a crer nas promessas, tomando a Deus em Sua palavra, vêm-lhe à alma alívio e paz. Clama: “Senhor, Tu prometeste salvar a todos que se achegam a Ti em nome de Teu Filho. Sou uma alma perdida, desajudada e sem esperança. Senhor, salva-me, ou pereço!” Sua fé se apodera de Cristo, e ele é justificado diante de Deus.
Mas, embora Deus possa ser justo e ao mesmo tempo justificar o pecador, pelos méritos de Cristo, homem algum pode cobrir sua alma com as vestes da justiça de Cristo, enquanto comete pecados conhecidos, ou negligencia conhecidos deveres. Deus requer a completa entrega do coração, antes que possa ter lugar a justificação; e para que o homem conserve essa justiça, tem de haver obediência contínua, mediante ativa e viva fé que opera por amor e purifica a alma.
Tiago escreve acerca de Abraão e diz: “Porventura o nosso pai Abraão não foi justificado pelas obras, quando ofereceu sobre o altar o seu filho Isaque? Bem vês que a fé cooperou com as suas obras, e que pelas obras a fé foi aperfeiçoada. E cumpriu-se a Escritura, que diz: E creu Abrãao em Deus, e foi-lhe isso imputado como justiça, e foi chamado o amigo de Deus. Vedes então que o homem é justificado pelas obras, e não somente pela fé.” S. Tiago 2:21 -24. A fim de que o homem seja justificado pela fé, esta tem de chegar ao ponto em que controle as afeições e impulsos do coração; e é pela obediência que a própria fé se aperfeiçoa.
Fé, Condição da Promessa
Sem a graça de Cristo, acha-se o pecador em estado desesperador; coisa alguma pode ser feita em seu favor; mas pela graça divina é comunicado ao homem poder sobrenatural, que opera em seu espírito, coração e caráter. É pela comunicação da graça de Cristo que se discerne o pecado em sua natureza odioso, sendo afinal expulso do templo da alma. É pela graça que somos levados em comunhão com Cristo, para com Ele sermos associados na obra da salvação. A fé é a condição sob a qual Deus houve por bem prometer perdão aos pecadores; não que exista na fé qualquer virtude pela qual se mereça a salvação, mas porque a fé pode prevalecer-se dos méritos de Cristo, o remédio provido para o pecado. A fé pode apresentar a perfeita obediência de Cristo em lugar da transgressão e rebeldia do pecador. Quando o pecador crê que Cristo é seu Salvador, então, de acordo com as Suas promessas infalíveis, Deus lhe perdoa o pecado e o justifica livremente. A alma arrependida reconhece que sua justificação vem porque Cristo, como seu substituto e penhor, morreu por ele, e é sua expiação e justiça.
“Creu Abraão a Deus, e isso lhe foi imputado como justiça. Ora àquele que faz qualquer obra não lhe é imputado o galardão segundo a graça, mas segundo a dívida. Mas àquele que não pratica, mas crê nAquele que justifica o ímpio, a sua fé lhe é imputada como justiça.” Rom. 4:3-5. Justiça é obediência à lei. A lei requer justiça, e esta o pecador deve à lei; mas é ele incapaz de a apresentar. A única maneira em que pode alcançar a justiça é pela fé. Pela fé pode ele apresentar a Deus os méritos de Cristo, e o Senhor lança a obediência de Seu Filho a crédito do pecador. A justiça de Cristo é aceita em lugar do fracasso do homem, e Deus recebe, perdoa, justifica a alma arrependida e crente, trata-a como se fosse justa, e ama-a tal qual ama Seu Filho. Assim é que a fé é imputada como justiça; e a alma perdoada avança de graça em graça, de uma luz para luz maior. Pode dizer, alegremente: “Não pelas obras de justiça que houvéssemos feito, mas segundo a Sua misericórdia, nos salvou pela lavagem da regeneração e da renovação do Espírito Santo, que abundantemente Ele derramou sobre nós por Jesus Cristo nosso Salvador; para que, sendo justificados pela Sua Graça, sejamos feitos herdeiros segundo a esperança da vida eterna.” Tito 3:5-7.
Mais: Está escrito: “Mas, a todos quantos O receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus; aos que creem no Seu nome; os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do varão, mas de Deus.” S. João 1:12 e 13. Disse Jesus: “Aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus.” S. João 3:5. Não é baixa a norma que nos é posta em frente, pois devemos tornar-nos filhos de Deus. Devemos ser salvos como indivíduos; e no dia da prova seremos capazes de discernir entre aquele que serve a Deus e o que O não serve. Somos salvos como crentes individuais no Senhor Jesus Cristo.
Muitos estão a perder o caminho certo, por pensarem que têm de alçar-se ao Céu; que têm de fazer algo para merecer o favor de Deus. Procuram tornar-se melhores por seus próprios esforços, desajudados. Isso jamais conseguirão realizar. Cristo abriu caminho morrendo como nosso sacrifício, vivendo como nosso exemplo, tornando-Se nosso grande sumo sacerdote. Diz Ele: “Eu sou o caminho, e a verdade e a vida.” S. João 14:6. Se por qualquer esforço nosso pudéssemos subir um único degrau na escada, as palavras de Cristo não seriam verdadeiras. Mas quando aceitamos a Cristo, as boas obras apare
cerão, como frutífera prova de que nos achamos no caminho da vida, que Cristo é nosso caminho, e que estamos palmilhando a vereda certa, que conduz ao Céu.
Ele Se Torna Nossa Justiça
Cristo olha ao espírito com que fazemos as coisas, e quando nos vê levando nossa carga com fé, Sua santidade perfeita faz expiação por nossas faltas. Quando fazemos o melhor possível, Ele Se torna nossa justiça. Requer todo raio de luz que Deus nos envia, o tornar-nos a luz do mundo.