Para darmos início à campanha metropolitana de 26 de julho, nossa tenda foi levantada num setor do bairro que realmente apresentava todo um desafio. Estávamos rodeados de belas residências que indicavam a sólida posição econômica de seus moradores. Como era de se esperar, o Seminário Revelações do Apocalipse despertou, desde a primeira noite, o interesse dos vizinhos, que vieram em peso ouvir os temas.
Durante cinco semanas, tudo correu bem. À medida que os dias se passavam, o grupo de frequentadores ia-se estabilizando. A sexta semana, porém, por suas alternativas, foi de todo inesquecível.
Tratores começaram a remoção de terra em um terreno que ficava ao lado da tenda. Por um erro involuntário, autoridades municipais deram-nos permissão para ocupar um terreno de propriedade particular. Em várias oportunidades, diretores da cooperativa dona do terreno vieram pedir que retirássemos a tenda, para que pudessem continuar os trabalhos que durante anos estiveram pretendendo realizar. Todo esforço feito no sentido de continuarmos ali estava sendo inútil, e para evitar aborrecimentos que pudessem prejudicar a imagem da Igreja, resolvemos, numa quarta-feira à noite, sair do local.
A partir daí, começamos a correr contra o relógio, procurando um plano de ação que não prejudicasse o Seminário. Entre quinta e sexta-feira, fizemos arranjos com a empresa de eletricidade, mandamos imprimir novos convites, fazer uma nova faixa, além de mandar nivelar um terreno adquirido a oito quadras do anterior. No sábado, organizamos um batismo. Pela graça de Deus, batizaram-se as primeiras quatorze almas, como resultado da primeira etapa, ainda sem terminar.
Desarmar e tornar a armar a tenda exigiría, se não houvesse nenhum contratempo, dois dias de intenso trabalho, e um grande número de pessoas. Além disso, ao considerarmos outros pormenores, verificamos que aquela não seria a solução desejada.
No sábado, dia 5 de setembro, às 20 horas, foram convocados à tenda irmãos do distrito e os participantes do Seminário. Iniciou-se o transporte dos móveis, do equipamento, da cerca de proteção externa, das plantas ornamentais, e também o sanitário. Terminada essa parte, tivemos brincadeiras sociais e foram servidas bebidas quentes, para aplacar o frio intenso.
O TRANSPORTE DA TENDA
Por volta das 23 horas, homens, mulheres e crianças rodearam a tenda e, segurando-a pelas partes inferiores, ao ser dada ordem, ergueram-na e começaram a andar.
Com capacidade para mais de 170 pessoas, a tenda começou sua peregrinação de oito quadras. Foi tirada de um terreno elevado, depois conduzida por uma rua de acentuado declive, até chegar à avenida que nos levaria ao terreno. Com luzes intermitentes, na frente e atrás automóveis cortavam o trânsito à medida que íamos avançando. Apesar disso, alguns motoristas impacientes conseguiam infiltrar-se, mas tinham que retirar-se rapidamente, ao verem que “aquilo” que estava na frente não parava.
Os vizinhos saíam às ruas’, outros à janela; às vezes era preciso impedir a ajuda espontânea de corteses ébrios noturnos. As árvores e os postes de iluminação eram os obstáculos mais difíceis de vencer, mas a estrutura da tenda suportou muito bem.
ESPETÁCULO IMPRESSIONANTE
De longe, o espetáculo era impressionante. De cor amarela e verde, a tenda brilhava ao ser iluminada pelos faróis dos automóveis. A distância que a separava do solo estava cheia de dezenas de pernas humanas, que andavam com passo firme.
A última parada para descansar ocorreu num cruzamento, a vinte metros do novo terreno. Os vizinhos dos prédios próximos observavam-nos das suas sacadas.
Depois de fazer manobras para estacionar como se fosse um carro, a tenda foi colocada no seu lugar, e um grito de júbilo inundou a aprazível e silenciosa noite.
Os objetos foram colocados mais ou menos em seus devidos lugares e, depois de cantarmos um hino de louvor a Deus, fizemos uma oração de agradecimento, indo cada um para sua casa. No domingo de manhã continuaram os trabalhos para que tudo ficasse como se nada houvesse acontecido.
Um irmão da igreja que não ficara sabendo da mudança da tenda na noite anterior, foi até o seu antigo local. Não a encontrando ali, perguntou a uma vizinha pelo seu novo endereço. “Vi ontem a tenda seguir por aquela rua, mas não sei para onde”, respondeu a senhora.
O REINÍCIO DAS ATIVIDADES
Reiniciamos as conferências em dois turnos: o primeiro para os alunos antigos, e o segundo com uma nova série do Seminário Revelações do Apocalipse, verificando com alegria que o Senhor fez com que a tenda se enchesse, duplicando a assistência de seis semanas atrás.
Quando parecia que todas as portas se estavam fechando, adquiriram novo significado aquelas palavras inspiradas: “Surgirão dificuldades que provarão vossa fé e paciência. Enfrentai-as corajosamente. Olhai o lado luminoso. Se a obra for dificultada, certificai-vos de que isso não esteja acontecendo por falta da vossa parte, e depois avançai, regozijando-vos no Senhor”. — Testimonies, vol. 7, pág. 244.
Os maiores perigos para a evangelização moderna não estão nos obstáculos que nos surgem ao longo do caminho, mas em nos esquecermos de que ao nosso lado está Alguém que não conhece derrotas evangelísticas.
ROBERTO PINTO, Distrital do Setor Norte de Quito, Equador