Há três correntes de interpretação, com respeito à visão do trono, entre os intérpretes adventistas. O autor analisa todas elas, mostrando finalmente qual das três está mais de acordo com a realidade.

Um dos maiores problemas que se apresentam aos intérpretes modernos do Apocalipse, refere-se à natureza da visão dos capítulos 4 e 5. Como estes dois capítulos são fundamentais para a compreensão do resto do livro, é im-portante compreender bem o seu conteúdo e, em especial, suas dimensões de espaço e tempo.

Entre os intérpretes adventistas, há atual-mente três tendências. Uma delas é a que considera a visão como ocorrendo no primeiro compartimento do santuário celestial e, por conseguinte, revelando a inauguração do santuário celestial, e o começo do ministério “contínuo” de intercessão de Cristo no lugar santo. Segundo esta interpretação, a mesa dos pães da presença, que se encontrava naquele primeiro recinto do santuário, seria um símbolo do trono de Deus.

O problema dessa interpretação, porém, é que não temos nenhuma indicação clara, nem na Bíblia nem no Espírito de Profecia, a respeito da mesa como símbolo do trono de Deus, nem de uma manifestação especial da glória em relação com ela. Se o fato de a mesa encontrar-se do lado norte do santuário tiver que ser relacionado com a linguagem mitológica antiga, também partilhada pelos israelitas, que situava o trono dos deuses ao norte, então a arca no lugar santíssimo deveria ser vinculada ao lu-gar dos demônios, pois esse era o lugar reconhecido deles. Além disso, mesa não é cadeira para alguém sentar-se, e as visões do Apocalipse se fundamentam nas imagens do templo de Salomão, que continha 10 mesas dos pães da proposição e 10 candelabros, mas não dois ou dez altares de incenso, nem duas ou dez arcas (I Crôn. 28:15 e 16; II Crôn. 4:7, 8 e 19).

Uma segunda interpretação bastante representativa, relaciona o trono com o lugar santíssimo, e considera que a cena é uma visão do juízo, semelhante à visão de Daniel 7, e tipologicamente corresponde ao Dia da Expiação. Por último, tem-se espalhado recentemente a idéia de que o templo da visão do trono foi reduzido “arquitetonicamente a um só compartimento”, visto que o candelabro que se encontrava no lugar santo e o trono representado pela arca no lugar santíssimo, são vistos na mesma visão, sem nenhum véu ou porta que os separe. Dessa forma, a visão do trono compreenderia, segundo esse ponto de vista, toda a obra da salvação.

A terceira interpretação, não obstante, pode ser parcialmente aceita pelos que acreditam que a visão se dá no contexto antitípico do Dia da Expiação, pois nesse dia o sumo sacerdote fechava a porta que levava ao exterior, e abria a que se comunicava com o interior, tornando o templo um edifício intimamente ligado entre si. Se for este o caso, então a visão de Apocalipse 4 e 5 revelaria mais especificamente uma cena de juízo equivalente à que era representada por meio de ritos de purificação do Dia da Expiação.

Negativa de um ministério celestial

A negativa de um ministério celestial exercido em dois lugares distintos com portas e véus de separação, apóia-se em duas premissas. A primeira supõe que a visão pode ser posta em relação analógica com Heb. 10:20 e Mat. 27:51, e a suposta noção de eliminação de todo véu ou barreira que intercepte a entrada à presença de Deus no santuário celestial. Em que pese não indicarem estas passagens a eliminação de todo véu ou porta do santuário celestial na época da crucifixão, como se verificará mais adiante, levam elas a se concluir que a única correspondência que resta entre o santuário terrestre e o celestial é a de sua função, e não a de sua divisão em duas partes ou lugares. Participa-se assim, de alguma forma, do problema moderno, tão disseminado, de não poder conciliar a onipresença divina com um lugar geográfico no qual Deus habita.

Com relação a Apocalipse 4 e 5, isto não leva a supor que a visão do trono não determina um lugar definido do santuário celestial no qual Deus esteja confinado. Assim como Deus Se desloca de um lugar para outro, segundo algumas visões do Antigo Testamento, considera-se que a visão do trono nos textos aludidos é múltipla, pois “onde Deus está, aí está o trono”. Em síntese, a visão do trono de Apocalipse revelaria, segundo este conceito, o ministério completo de Cristo desde seu início até o juízo (Apoc. 6:16), e o estabelecimento eterno do trono de Deus entre o Seu povo (Apoc. 22:3). Não uma cena única, definida e localizável em um lugar específico do santuário celestial.

A negativa de um ministério celestial exercido em dois lugares distintos com portas e véus de separação, apóia-se em duas premissas.

Todavia, o problema de relacionarmos tipologicamente a visão de Apocalipse 4 e 5 com os casos excepcionais de deslocamento de Deus no AT, é que João não descreve nenhum movimento do trono. Por outro lado, as declarações bíblicas que dizem que Deus Se levanta do trono, desloca-Se e depois Se assenta (Núm. 10:35; Sal. 35:2; 44:26; 68:1; 102:13; Zac. 2:13; Dan. 7:9 e 10, etc.), são muito sugestivas. Em Dan. 7, diz-se que neste processo se estabelecem tronos, e sobre um deles Deus Se assenta. As visões de Ellen White também entram nesta perspectiva. Ela não identifica o trono que viu no lugar santo como o do lugar santíssimo, e o carro que transporta a Deus e a Seu Filho ainda é diferente em ambos os tronos.

É propósito deste trabalho ajudar a esclarecer alguns conceitos e problemas de interpretação subjacentes em algumas destas interpretações, realçando especialmente os elementos que entram em jogo na visão, e que permitem situá-la num contexto definido que é o do juízo. Em lugar de isolar a visão do trono do resto das especificações concretas do livro com respeito aos lugares que são abertos dentro do santuário celestial (cf. Apoc. 3:6 e 7; 11:19; 15:5), a fim de passar depois a situá-la em um plano vago e generalizado que não se evidencia no texto, será mantido neste estudo a correspondência que, a nosso ver, é clara e simples nas passagens aludidas, entre o esquema do culto antigo e sua realidade no novo, tanto em suas projeções funcionais como em suas dimensões espaciais.

Sendo que já tratamos em outro trabalho, de maneira minuciosa, dos aspectos referentes ao tempo e espaço do Apocalipse, e da noção de juízo da visão do trono, não tornaremos aqui à consideração minuciosa de muitos aspectos que entram em jogo na apreciação deste assunto, nem aos comentários dos intérpretes modernos a respeito dele. Serão, porém, levadas em consideração, de modo especial, as reações negativas principais que de quando em vez são despertadas, com relação a seu estudo, e sua interpretação como uma cena de juízo.

Convocações especiais de juízo...

É verdade que tanto temas de louvor como algumas das descrições do trono em Apocalipse 4 e 5, podem ser aplicados a mais de uma ocasião, pois a Bíblia revela diversas ocasiões nas quais o concilio celestial se reúne e com diferentes propósitos, e apresenta algumas características que em alguns momentos se assemelham entre si. Contudo, as convocações do concilio celestial no Novo Testamento correspondem a uma projeção profética e tipológica definida, que estava delineada nos ritos do santuário terrestre, e que devia cumprir-se no ministério que Jesus desempenharia no santuário celestial. Em outras palavras, a conquista da cruz comovería todo o Céu, e daria lugar a uma orientação e disposição do santuário celestial que se harmonizaria com as representações do antigo templo, numa ordem de espaço e de tempo correspondente, e numa escala e dimensão muito maiores.

Embora o quadro tipológico que nos vem do Antigo Testamento de um santuário dividido em duas partes e de um ministério definido que se cumpria em cada um deles, seja claro e simples (Heb. 9:6 e 7), algumas descrições que revelam certo deslocamento ocasional da presença de Deus, num contexto teocrático em que Deus figurava como rei e Se manifestava visivelmente através de uma nuvem, têm sido usadas ultimamente para negar que Deus Se afigura confinado a um lugar específico, dentro de um véu ou templo. O fato, porém, de Deus Se deslocar em ocasiões especiais para fora ou para dentro do santuário terrestre, numa manifestação excepcional de Sua glória, não afasta a constatação indiscutível da existência de véus e portas no interior do recinto sagrado.

Por outro lado, os hebreus não criam que Deus precisasse deslocar-Se para poder ser onipresente (I Reis 8:26; II Crôn. 2:6; Jer. 23:24; Atos 7:49; 17:24). Deus habita nos Céus, mas ao mesmo tempo é onipresente por meio do Espírito Santo (Sal. 139:7-12, etc.). Do lugar santíssimo, Deus via e ouvia o que se dizia no exterior (Núm. 11:1; 12:2; 14:27 e 28). A mesma coisa se diz com respeito ao santuário celestial (Sal. 11:4 e 5; 33:13,14 e 18; 53:2; II Crôn. 28:9; II Reis 19:22 e 28; Jer. 51:9; João 1:2; Apoc. 18:5, etc.). Em outras palavras, a nuvem, o monte e o santuário em si, serviam-Lhe de corpo ou vestido para cobrir-Se, e não como um impedimento ou entrave para manter um controle ou contato permanente com todas as obras de Suas mãos; tampouco para concluir que pelo fato de habitar em um lugar situável geograficamente, estivesse confinado ou recluso em seu interior como se fora em uma prisão. Sugerem por acaso os autores modernos, que para ser onipresente Deus tenha que viver ao ar livre?

Os hebreus não criam que Deus precisasse deslocar-Se de um lugar para outro para poder ser onipresente.

As ocasiões nas quais a glória de Deus se manifestava, e os dois compartimentos terrestres, estavam ligados entre si; eram a inauguração do santuário (Êxo. 29:43 e 44; 40:9,34 e 35; Lev. 9:23; II Crôn. 7:1 e 2; Ezeq. 43:1-5) e sua purificação final no Dia da Expiação (Lev. 16:2, 12, 13 e 17). Outras ocasiões nas quais a coluna de nuvem se manifestava de uma maneira especial no exterior, eram esporádicas e não estavam programadas pelo calendário típico do culto. Tais manifestações tinham que ver com uma obra de juízo que não precisava necessariamente pospor-se ao juízo final como o que se prefigurava no Dia da Expiação (Lev. 23:29 e 30), pois o governo de Israel era teocrático. Esses julgamentos tipificavam o castigo final que viria sobre os rebeldes no fim do mundo, quando terminar a obra de expiação no santuário celestial, e Deus descer à Terra, à vista de todos os homens (Mat. 16:27; 24:30; 25:31 e 32; Apoc. 6:15-17; 15:8, etc.; ver Isa. 66:15,16 e 24; Apoc. 20:9 e 10).

Em harmonia com esta projeção tipológica das revelações de Deus no culto antigo, no Novo Testamento aparecem duas ocasiões significativas, nas quais o concilio celestial é convocado, e em que a porta que leva ao lugar santíssimo também se abre. São elas a inauguração do santuário celestial com a coroação do Filho como sumo sacerdote do santuário (Heb. 1 e 2; Efés. 1:20-22; Filip. 2:9-11; Apoc. 3:21; 12:10), e sua purificação final no juízo, que vindica o caráter de Deus, de Seu Filho e de Seu povo para sempre (Dan. 7:9, 10, 12-14, 22, 26 e 27; Rom. 14:10; II Cor. 5:10; Heb. 12:22-24; Apoc. 4 e 5; 11:15-19; João 5:22 e 23, etc.). Uma terceira convocação se dá para julgar os que não se encontram no livro da vida durante o milênio, e para dar a paga final que mereceram suas obras, o que era tipificado na destruição dos rebeldes quando a glória de Deus se manifestava fora do templo (Apoc. 20:4 e 5; Isa. 24:22; Apoc. 7:9-12; 22:3-5; ver Lev. 23:29 e 30). Em todas essas ocasiões, a coroação do Filho ocupa um lugar saliente.

Uma vez que a dignidade do Cordeiro e a dAquele que está assentado no trono possuem um valor permanente desde que Jesus morreu na cruz, é natural que o mesmo cântico seja entoado em mais de uma oportunidade. Daí, não poderem alguns dos textos citados acima ser muito excludentes (Efés. 1:20-22; Filip. 2:9-11). Na coroação inicial de Jesus já está incluída virtualmente Sua obra e coroação finais, da mesma maneira que em Sua exclamação na cruz “está consumado”, pode-se ler potencialmente a consumação de Sua obra final de redenção.

Dessa forma, o preço pago pela redenção, o sangue de Cristo, não é exclusivo ao ato inaugural que coroa a Cristo no Céu, mas diz respeito a todas as épocas (Heb. 1:6; cf. vers. 3; 2:9 e 10; Filip. 2:9-11; Apoc. 1:5 e 6). O sangue de Jesus foi, é e será por toda a eternidade, o te-ma central do louvor e adoração de toda a criação (Heb. 13:20: o “sangue do concerto eterno”; Apoc. 7:14; 22:14, etc.). E é em e por Seu sangue que os remidos são julgados (Apoc. 5:9). Para que quando o original selado do livro da vi-da se abrir, os remidos já estejam limpos de todo pecado, razão pela qual a lei não os condena (Apoc. 6:16; cf. 7:14; I Tim. 1:9-11). Embora a identificação de Jesus com o Cordeiro, este-ja às vezes associada com a Páscoa, aparece relacionada com Sua segunda vinda e o juízo no tempo do fim (Apoc. 6:16). Deve-se isto ao fato de que é justamente Seu sacrifício que O qualifica como digno de julgar o Seu povo e o mundo, e receber o poder para sempre (ver também Apoc. 7:10-12; 14:1 e 4; 19:7; 21:9 e 23; 22:3).

Há certas particularidades na própria cena do trono, revelada a João em Apocalipse 4 e 5, que apresentam um contexto bem definido de juízo.

Apesar dos fatos, há certas particularidades na própria cena do trono, revelada a João em Apocalipse 4 e 5, que apresentam um contexto bem definido de juízo, que não pode ser generalizado, nem estendido a todas as convocações do concilio celestial. Por exemplo, o momento em que o Cordeiro toma o livro selado, não pode referir-se ao ato inaugural e ao ato de vindicação final do dia de juízo ao mesmo tempo. Levando em consideração estes aspectos que às vezes confundem os autores, será conveniente pesar cuidadosamente as evidências que permitam delimitar o momento exato do qual se fala em Apocalipse 4 e 5, e sua relação com as outras visões do mesmo juízo.

Relação de textos de Apocalipse e Daniel

Talvez seja bom começar deixando claro que, apesar de o Antigo Testamento descrever muitas cenas de juízo, nenhuma apresenta o Filho do homem diante do Ancião de dias como em Dan. 7:13 e 14 e em Apocalipse 5 (cf. verso 7); ver também Mat. 10:32 e 33; Luc. 12:8 e 9; II Tim. 2:12; Apoc. 3:5. Em ambos os casos, o propósito do juízo é vindicar os santos, e o caráter do Pai e do Filho pela obra da redenção (Apoc. 5:9-14). Com esse fim, revelado em sombras, foram estabelecidos os ritos do Dia da Expiação. Como resultado do juízo, o Filho do homem ou o Cordeiro, recebe poder e domínio, honra e louvor “pelos séculos dos séculos” (Dan. 7:14; Apoc. 5:12 e 13). Recepção semelhante têm os santos redimidos (Dan. 7:18 e 27; Apoc. 5:10; 20:4 e 6; 22:5). Cumprem-se assim as promessas de Jesus à sétima igreja, de sentarem-se os vencedores com Ele em Seu trono (Apoc. 3:21; cf. 2:26 e 27).

Ao passo que essas promessas são feitas por Jesus para depois de Sua entronização inicial (Apoc. 3:21; cf. Heb. 1), o recebimento de todo o domínio e poder do Filho em Apocalipse 4 e 5 refere-se especificamente às coisas “que depois destas devem acontecer” (Apoc. 4:1; cf. Heb. 1:13; 10:12 e 13). Em Daniel, esta posse do reino do Filho do homem é descrita de maneira superficial. Indica-se primeiro que são postos tronos e que o Ancião de dias Se assenta num deles, e, em seguida, é descrito o aparecimento do Filho do homem. Em Apocalipse 4, vêem-se os tronos dos anciãos já estabelecidos, e Deus sentado em Seu trono. Em seguida, faz-se referência, no capítulo seguinte, ao aparecimento do Cordeiro e ao início do juízo. O Cordeiro recebe o livro selado, que não deverá abrir antes dos capítulos 6 a 11. Por isso, não se salienta Sua justiça, como é feito mais tarde no mesmo livro, uma vez que Seus juízos são manifestos (Apoc. 15:3 e 4; 16:5-7; 19:1 e 2, etc.).

Em Apocalipse 1:19, diz-se em relação com a primeira visão: “Escreve as coisas que tens visto, e as que são, e as que depois destas hão de acontecer”. A mensagem que João dirige às igrejas evoca a visão que teve do Filho do homem no lugar santo (Apoc. 1:10-18) e outras coisas que já haviam acontecido (Apoc. 2:2-4, etc.), situações presentes (Apoc. 2:14 e 15, etc.), e o juízo final (Apoc. 3:5, etc.). A visão do juízo, em Apocalipse 4 e 5, diz respeito mais especificamente “às coisas que depois destas devem acontecer”, isto é, ao juízo e suas eternas conseqüências. Com efeito, não se vê, em Apocalipse 4 e 5, o Filho do homem nem sentado nem Se assentando no trono, como em uma sessão (Heb. 1:3), mas de pé, o que revela que a cena apresentada é posterior à primeira, em que é apre-sentada como um fato já acontecido Sua entronização com o Pai em Seu trono, e O descreve entre os candelabros (Apoc. 1-3). Sendo que João é transportado a esses acontecimentos finais, é-lhe dito tanto no começo do livro como no fim, que o Apocalipse é dado especialmente para revelar “as coisas que brevemente devem acontecer” (Apoc. 1:1; 22:6).

É verdade que aparecem algumas diferenças entre Daniel 7 e Apocalipse 5, mas essas diferenças não são contraditórias e, sim, complementares. É bom lembrar que os profetas não vêem tudo o que acontece no templo, mas só o que Deus quer destacar para revelar algo especial em determinada circunstância. Por exemplo, certos elementos complementares aparecem também entre Daniel 7 e Apocalipse 11:15-19; os quais, por sua vez, permitem observar uma dimensão maior desta obra de juízo.

Os profetas não vêem tudo o que acontece no templo, mas só o que Deus quer destacar para revelar algo especial.

Em outras palavras, se pelo fato de em Apocalipse 5 figurarem 24 anciãos — algo não especificado na visão de Daniel — e ser descrita a abertura de um livro apenas em lugar de vá-rios — não somos autorizados a ligar a visão de Apocalipse 4 e 5 com a de Daniel 7, também não estamos autorizados a vincular a visão de Apoc. 11:15-19 com a de Daniel 7, pois também ali aparecem os 24 anciãos, e não é menciona-da a abertura de nenhum livro. Ainda mais, especifica-se que é aberto o lugar santíssimo, que não se havia especificado em Daniel 7. E, se quisermos ir adiante com esse critério, deveriamos relacionar a visão de Daniel 7 exclusivamente com a visão milenial; porque é a única visão em Apocalipse que fala da abertura de vários livros. E isto, apesar de aparecerem mui-tos elementos estranhos à visão de Daniel 7.

Na visão de Daniel 7 e na da sétima trombeta de Apocalipse 11, o juízo ocorre após o período de grande tribulação dos 1.260 dias (Dan. 7:25; Apoc. 11:2,3 e 7). Nesse contexto, a linguagem usada para o testemunho das duas testemunhas — o Antigo e o Novo Testamento — que personificam os seguidores de Jesus (cf. Deut. 30:14) durante a grande tribulação, e a visão do juízo em Apocalipse 4 e 5, é muito significativa. Durante o período dos 1.260 dias ou anos, o testemunho das duas testemunhas, que deve ser considerado no tribunal, acha-se vinculado com os dois candelabros no lugar santo (Apoc. 11:4). Ao terminarem, porém, aquele período, ouvem a voz de Jesus, que lhes diz: “Subi cá” (anábate hóde = Apoc. 11:12), e que tem que ver com a mensagem que o Filho de Deus dá ao Seu remanescente que tem o testemunho das duas testemunhas, e por meio de Seu remanescente em toda a Terra (Apoc. 14:6 e 7; cf. 6:16), relativa à obra final de juízo que o Filho do homem realiza no lugar santíssimo (Apoc. 11:15-19; cf. 14:6 e 7). Convite semelhante: “sobe cá” (anába hóde = Apoc. 4:1), recebeu João da mesma voz que com ele falava (cf. 1:12), em relação com as coisas que iriam acontecer no lugar santíssimo, no meio do trono rodeado de querubins (Apoc. 5:6), “depois” daqueles que viu no lugar santo entre os candelabros (Apocalipse 1-3). É justamente aí que o grande original do livro do concerto ou da herança vai ser desenrolado (cf. Jer. 32:11), para autenticar o testemunho das duas testemunhas que os seguidores de Jesus deram, e que fora ultrajado pelo mundo (Apoc. 6:9; 12:17; cf. 1:2 e 9).

Nota da Redação: As referências bibliográficas deste artigo, se publicadas, ocupariam mais espaço do que o próprio artigo em si. Por essa razão, preferimos omiti-las, podendo franqueá-las aos que mostrarem interesse por conhecê-las.