No verão de 1980, uma reunião marcante teve lugar em Glacier View, Colorado, para examinar uma tentativa de refutação das colunas mestras da interpretação profética adventista do sétimo dia. Ao findar-se aquele importantíssimo encontro, do qual participaram teólogos adventistas de todo o mundo, muitos dos meus colegas pastores deixaram as fileiras da Igreja. Um deles, amigo íntimo nos tempos de seminário, trouxe uma pilha de livros e me disse: “Desafio você a ler estes livros. Depois quero ver se ainda permanecerá adventista.”
Aceitei o desafio. Enquanto eu examinava aquele material, sentia que algumas questões jamais consideradas antes golpeavam o coração da compreensão histórica adventista sobre as profecias em geral, e particularmente a dos 2300 dias. Decidi estudar esse assunto mais cuidadosamente, e determinei ir onde a verdade me levasse, mesmo que o caminho a percorrer me conduzisse para fora da Igreja Adventista.
Assim, começaram-se longos meses de luta com as Escrituras e de agonia em oração. Porém, eu não estava só. Muitos colegas e outros pastores através do mundo perseveravam em cavar as profundezas da Escritura a fim de testar os alicerces da escatologia adventista. E eu sou muito grato a muitos cuja colaboração me ajudou grandemente; de modo especial à Comissão sobre Daniel e Apocalipse, designada pela Associação Geral para tratar das questões levantadas em Glacier View e em outros lugares. Essa comissão já produziu sete volumes para pesquisas sobre os temas envolvidos na discussão.
Meu testemunho a respeito dos resultados relacionados com os estudos bíblicos nas duas últimas décadas é simples: tenho ficado extremamente feliz ao verificar, cada vez mais claramente, que a interpretação histórica adventista das profecias relacionadas com os últimos dias pode resistir à mais cuidadosa investigação. Ponto por ponto, as objeções e questões em minha mente foram se derretendo como geada sob a luz do sol das Escrituras.
Nunca imaginei, antes de Glacier View, que quase 20 anos depois eu teria o privilégio de lecionar as mesmas verdades proféticas no Seminário Teológico Adventista da Universidade Andrews. Assim como nunca imaginei que muitas dentre as objeções à compreensão adventista sobre a escatologia fossem reaparecer 20 anos depois daquela reunião. Novos livros e material audiovisual têm sido amplamente distribuídos, realçados pela aparição de ex-adventistas que tentam desmantelar a base profética da Igreja. Os argumentos dos anos 80 estão agora reciclados, e as consistentes pesquisas sobre Daniel e Apocalipse, realizadas pelos estudiosos adventistas, são quase totalmente ignoradas pelos oponentes.
A questão básica é a mesma: onde estamos nós em relação à plenitude do tempo, antes do segundo advento de Cristo? Qual é a natureza da interpretação profética? Quão segura é a interpretação adventista de Daniel 8:14? O que dizer a respeito da data estabelecida para o início dos 2300 dias proféticos? Podemos nós ainda manter a nossa posição histórica de interpretação profética, à luz da aparente demora da volta de Cristo? E, finalmente, o que dizem estas profecias a respeito da proximidade do retorno de Jesus?
Um dos ensinamentos proféticos adventistas mais amplamente rejeitados é o de um juízo investigativo, pré-advento, do povo de Deus. Os críticos argumentam que essa doutrina está baseada exclusivamente em um texto – Daniel 8:14 -, e que esse texto tem sido mal-interpretado e deslocado do seu contexto.
No primeiro volume da série produzida pela Comissão sobre Daniel e Apocalipse, um atualmente jubilado diretor do Instituto de Pesquisa Bíblica da Associação Geral examinou pelo menos 28 diferentes passagens do Antigo Testamento, fora do livro de Daniel, todas elas relacionadas com o assunto do juízo.1 Vinte dentre essas passagens fazem referência ao julgamento do povo de Deus e muito claramente envolvem o aspecto investigativo, realizado tanto no santuário celeste como no santuário terrestre.
Há numerosas passagens bíblicas onde o santuário não é especificamente mencionado como o lugar do julgamento, mas onde é indicado o procedimento de Deus no trato com o Seu povo, antes do juízo executivo. Na verdade, a Bíblia revela que o procedimento regular de Deus, em relação à humanidade antes da consumação do fim, é primeiramente dirigir um juízo investigativo, com base nos registros celestiais, a fim de demonstrar a Sua justiça antes de ser pronunciado o veredicto do juízo executivo.
Encontramos Deus agindo dessa maneira desde a entrada do pecado no Éden. Ao procurar Adão e Eva, na viração do dia, depois que eles haviam pecado, Deus iniciou uma verificação legal ou um juízo investigativo, antes de pronunciar a sentença. O erudito protestante liberal Claus Westermann aponta que, depois da queda, Deus realizou um “processo legal”, uma “verificação”, um “processo de juízo”.2 Adão e Eva foram colocados no tribunal, receberam a oportunidade de se explicar e nessa explicação acusaram-se a si mesmos, revelando finalmente sua culpa antes de Deus os declarar culpados.
Entretanto, no coração desse julgamento está a primeira promessa do evangelho (Gên. 3:15). O juízo investigativo de Deus não é para ver quem Ele pode condenar, mas quem Ele pode salvar. Mais que qualquer outra coisa, o julgamento é uma mensagem de graça e misericórdia divinas.
O processo tem continuidade no Gênesis. Deus realiza uma investigação antes de enviar o Dilúvio (Gên. 6:1-13). O mesmo procedimento é descrito na época da construção da torre de Babel (Gên. 11:5-7) e na destruição de Sodoma e Gomorra (Gên. 18:20 e 21). Em cada um desses casos, um julgamento investigativo esteve envolvido, reconhecem muitos eruditos de variadas confissões.3 Deus realiza a investigação, não porque necessite saber alguma coisa, mas para revelar que Ele é absolutamente justo em tudo o que faz. Mas, repetimos, em todos os casos evidencia-se a manifestação da Sua graça, reveladora do Seu desejo de salvar os que estão prestes a ser examinados.
A esse procedimento legal é dado o nome, no Antigo Testamento, de rîb, ou processo de aliança. Consiste em uma investigação divina legal da evidência, antes do pronunciamento da sentença e do julgamento sobre o professo povo da aliança, tal como foi feito no julgamento investigativo sobre o Reino do Norte, conforme descrito por Miquéias, e no período pós-exílico, segundo Malaquias.4 A mesma coisa aconteceu com Israel, nos dias do Novo Testamento (34 a.D.), antes da sua tribulação e juízo executivo.5
Possivelmente o mais dramático e esclarecedor dos exemplos de um juízo investigativo de Deus sobre povo do concerto seja o que aparece nos primeiros capítulos de Ezequiel. João, o vidente de Patmos, faz alusões e referências a Ezequiel I -10, em suas descrições sobre o trato de Deus com o Seu povo nos últimos dias. Ele sugere que os eventos envolvendo o fim do tempo de prova para a monarquia judaica podem ser um tipo do procedimento antitípico da ação de Deus com Seu povo antes da sua provação final. E qual foi o procedimento de Deus nos dias de Ezequiel, nos anos finais da história de Judá, antes que a cortina caísse, antes que o juízo executivo fosse desencadeado? O procedimento foi um juízo investigativo conduzido desde o lugar santíssimo do santuário.6
Ezequiel revela não somente o procedimento divino antes do fim da provação, isto é, um juízo investigativo, mas também o desejo de Deus salvar Seu povo. Repetidas vezes no livro de Ezequiel o Senhor expõe esse desejo: “Por que morreríeis, ó casa de Israel?” (Eze. 18:31): “porque não tenho prazer na morte de ninguém” (v. 32); “…não tenho prazer na morte do perverso, mas em que o perverso se converta do seu caminho, e viva.” (Eze. 33:11).
Alguém também pode ler nas entrelinhas e ver características similares na maneira como Deus deixa o templo, no final do juízo investigativo. Ezequiel 10 e 11 mostra que a carruagem celestial não deixa o lugar simplesmente como chegou. A glória do Senhor pouco a pouco eleva-se de seu lugar de juízo investigativo acima do arco no lugar santíssimo, move-se para o limiar do templo e pára. Então, nessa carruagem, o Senhor move-Se vagarosamente através do pátio e pára novamente à porta oriental do recinto do templo.
Daí, lentamente ascende em Seu trono e cruza o Vale de Cedron, parando de novo, pela última vez – agora sobre o Monte das Oliveiras, exatamente onde o Filho do homem seis séculos mais tarde choraria sobre Jerusalém. É como se o Senhor não quisesse terminar o juízo investigativo: como se Ele estivesse esperando pessoas se arrependerem, voltarem-se para Ele e viver.
O que todos esses modelos ilustrativos do procedimento divino no julgamento têm a ver com a plenitude do tempo, antes do segundo advento de Cristo? Eu creio que o primeiro profeta da História a descrever explicitamente o segundo advento ilumina esse ponto. Enoque, que viveu na sétima geração depois de Adão, profetizou a respeito da parousia: “… Eis que veio o Senhor entre Suas santas miríades, para exercer juízo contra todos…” Judas 14 e 15).
A segunda vinda de Cristo é claramente uma ocasião de juízo executivo cósmico.7 Se Deus está agindo de maneira coerente no fim do tempo tal como tem feito através da História, o juízo executivo no segundo advento também será imediatamente precedido pela fase investigativa. Dessa maneira, se pudermos conhecer quando essa fase investigativa cósmica tem seu início, poderemos ter um claro sinal de que estamos perto do juízo executivo da segunda vinda de Jesus.
Na realidade, tal como os juízos executivos de Deus através da História foram regularmente precedidos por uma fase investigativa, Daniel revela que a mesma coisa acontece no fim da história terrestre. O livro de Daniel não apenas indica a existência de um juízo investigativo pré-advento cósmico, como também revela quando esse julgamento teria seu início. O capítulo sete mostra claramente que essa fase do juízo, em favor dos santos, precede o juízo executivo sobre a ponta pequena8 e a recepção do reino por parte de Cristo.9 E o capítulo paralelo, Daniel 8, indica quando esse grande Dia de Expiação, ou de purificação do santuário, começaria: depois de 2300 “tardes e manhãs”.
A interpretação historicista adventista simplesmente constrói sobre o fundamento da Igreja primitiva e da Reforma. A visão historicista da profecia foi a visão dos reformadores, embora hoje a maioria das principais denominações, exceto os adventistas do sétimo dia, tenha abandonado essa posição em favor dos sistemas Contra-Reforma.11
Entretanto, somente a visão historicista faz justiça a todo o livro de Daniel. Os preteristas talvez digam que a profecia falhou, e os futuristas talvez inventem alguma falha onde nenhuma falha existe. Mas os historicistas podem confiar na marcha da profecia que se move desde os dias proféticos até o escaton.12
O princípio dia-ano é crucial na interpretação historicista. Esse princípio também foi amplamente captado pelos teólogos reformadores. Os adventistas tradicionalmente têm apoiado o princípio dia-ano em Ezequiel 4:6 e Números 14:34. Apenas dois textos, e ambos fora do livro de Daniel. Um pouco cético em relação a essa abordagem, mesmo antes de Glacier View, lembro-me da euforia que me possuiu enquanto eu estudava os volumes sobre Daniel e Apocalipse,13 que mostram não apenas duas ou três evidências, mas 23 diferentes razões bíblicas que validam a aplicação do princípio dia-ano às profecias de Daniel e Apocalipse. E a maioria dessas evidências é encontrada fora do livro de Daniel.
Também alegro-me na evidência confirmatória para as datas relacionadas com a profecia dos 2300 dias e as 70 semanas (Daniel 9). Deus preservou manuscritos cruciais sepultados por mais de dois mil anos numa pequena ilha no meio do Rio Nilo. A descoberta e tradução desses documentos ajudaram a confirmar que a data do primeiro decreto de Artaxerxes foi 457 a.C., como os adventistas ensinam, e não 458.14
Outras fontes bíblicas e extrabíblicas acessíveis a qualquer pesquisador fornecem evidências que mostram a razão pela qual esse decreto, e não outro, marcou o início das 70 semanas e dos 2300 dias.15
Não menos excitante é a confirmação do final do período dos 2300 dias-anos, em 22 de outubro de 1844. Tenho ouvido dizer que os pioneiros adventistas eram simples e iletrados, sem sofisticação intelectual para fazer investigações bíblicas merecedoras de crédito. Embora a maioria desses pioneiros não tivesse a vantagem de ter recebido elevada educação teológica, e certamente não possuísse toda luz, em meus estudos de mais de mil páginas de artigos de pioneiros relacionados com a interpretação da profecia dos 2300 dias,16 fico maravilhado pela maneira como Deus guiou aqueles humildes filhos Seus a tão profundas e confiáveis conclusões.
A data de 22 de outubro de 1844 é um caso à parte. Eruditos detratores do ensinamento adventista do sétimo dia argumentam que os pioneiros do adventismo escolheram uma data do Yom Kippur (Dia de Expiação) judaico, proposta por uma obscura seita do judaísmo, os caraítas, ao invés de tomar a data aceita pelas principais tradições rabínicas, que em 1844 aconteceu um mês antes de 22 de outubro. A verdade é que essa mudança somente prova quão estudiosos eram os pioneiros. Eles descobriram que o método rabínico de calcular o início de anos religiosos era baseado sobre fórmulas cíclicas estáveis por adicionar um 12° mês a mais, a fim de alinhar o calendário lunar com o calendário solar.
O procedimento está ligado ao equinócio de primavera, não à estipulação da colheita judaica lunar de cevada, dada nas Escrituras, que estabelece as datas festivas um mês mais cedo. Apenas os caraítas, que rejeitavam todas as tradições rabínicas e aceitavam somente as Escrituras, ainda preservaram em 1844 o método bíblico de cálculo daquelas datas. Foi assim que chegaram a 22 de outubro, como a data correta para o Dia da Expiação.17
É interessante também notar que a maioria dos caraítas fora da Palestina tinham rejeitado o método bíblico de cálculo e que, logo depois de 1844, mesmo caraítas residentes na Palestina cessaram de usar esse método. Eu estou muito grato a Deus porque Ele guardou um remanescente fiel ao modo bíblico, pelo menos até 1844. Graças a Deus por Ele ter conduzido nossos pioneiros no fundamento sólido das Escrituras em lugar da tradição.
Também é muito interessante notar que, nos últimos anos, os caraítas em Israel voltaram a calcular o começo do ano pelo método bíblico, adicionando um novo 12° mês quando necessário, de modo que a cevada seja colhida por ocasião da Páscoa. Isso é tão verdadeiro que o começo do último ano judaico (1999-2000) apresentou uma situação quase idêntica à de 1843-1844, e de acordo com a primeira investigação caraíta, foi necessário adicionar um mês, ao contrário do procedimento tradicional rabínico. Dessa maneira, o Dia da Expiação no ano passado, figurou segundo a maneira bíblica de contagem, ou seja, aconteceu durante a última parte de outubro, ao invés de setembro, tal como aconteceu em 1844.18 Essa é a corroboração contemporânea para a correção dos cálculos feitos pelos pioneiros adventistas sobre o Dia da Expiação em 1844.
Para quem porventura ainda esteja em dúvida quanto à maneira caraíta de calcular o calendário, quero dizer que também estou feliz porque Deus recentemente providenciou mais um testemunho de confirmação do 22 de outubro de 1844. Pelo estudo da astronomia babilônica e da matemática, agora é possível chegar à data precisa do Dia de Expiação em 457 a.C. e, através de cálculos matemáticos, estabelecer o equivalente para essa data em 1844. Esse estudo foi realizado recentemente, por William Shea, e demonstra por cálculos astronômicos e matemáticos, independentes do calendário caraíta, que 22 de outubro é a data correta para o Dia da Expiação em 1844.19 Temos um firme e seguro fundamento para a nossa fé.
A interpretação adventista para essa data indicada no texto de Daniel 8:14 é sólida, e assim é a interpretação para o seu significado. Não temos espaço para uma exegese detalhada,20 mas noto aqui que a palavra traduzida como “purificado” em Daniel 8:14 é nidaq, que pode ter pelo menos os seguintes sentidos: “estabelecer justiça/restaurar”; “limpar/purificar”;’e “vindicar”.
Tal variação de significados provê a solução a três problemas estabelecidos no verso anterior (Dan. 8:13): a remoção do contínuo ministério no santuário, a “transgressão assoladora” e o pisoteamento do santuário. O ministério mediatório contínuo de Cristo precisa ser justificado e restaurado; a transgressão no santuário necessita ser limpa: e o pisoteamento do santuário e do exército de Deus, causador da difamação ao Seu caráter, clama por vindicação de Deus e Seu povo. Há palavras separadas, em hebraico para cada uma dessas idéias; mas somente uma palavra hebraica pode simultaneamente envolver as três: a palavra nidaq. Aqui está a mensagem integral de um juízo investigativo encapsulada numa palavra.
A doutrina de um juízo investigativo cósmico antes do segundo advento de Cristo é o tema de muitas outras passagens bíblicas fora do livro de Daniel21 incluindo o “evangelho eterno” da primeira mensagem angélica, em Apoc. 14:6, o que diz: “vinda é a hora do Seu juízo.” Ele já veio!
Embora seja uma ocasião terrível para aqueles que negligenciaram e rejeitaram as provisões feitas para sua salvação, para os que estão em Cristo, o juízo investigativo é razão para regozijo. É a revelação dos santos de Deus para o Universo; não coloca a salvação do povo de Deus em risco.
Desde 1844, os santos de Deus podem alegremente proclamar: “Enfim, nossa causa está sendo vindicada!” Desde a morte de Abel, o sangue dos mártires tem clamado: “Até quando, ó Soberano Senhor, santo e verdadeiro, não julgas, nem vingas o nosso sangue dos que habitam sobre a Terra?” (Apoc. 6:10). No primeiro século, “vindo, porém, a plenitude do tempo, Deus enviou Seu Filho…” (Gál. 4:4). para realizar Sua obra redentora sobre a Terra. Da mesma forma, nos últimos dias, ao chegar a plenitude do tempo,22 veio o “Ancião de dias” para fazer Seu trabalho de juízo investigativo e então receber o reino (Dan. 7:9-14). Essa obra já começou. O Yom Kippur já chegou. Satanás finalmente será silenciado; a verdade vindicará Deus e Seu povo.
O fato de que o julgamento final já começou é o mais inegável sinal da proximidade do segundo advento. O Dia do Senhor é vindo, e foi anunciado na Terra por sinais cósmicos – um grande terremoto, o escurecimento do Sol e da Lua, a queda das estrelas, justamente como os profetas bíblicos e o próprio Jesus predisseram (Joel 2:30 e 31; Isa. 13:9 e 10; 34:4; Mat. 24:29; Mar. 13:24 e 25; Luc. 21:24 e 25) 23
Mas, alguém pode replicar: “1844 já passou faz muito tempo! A fase investigativa do juízo não estaria muito demorada para Deus?” Não, não está. A evidência inspirada é clara no sentido de que Ele poderia ter vindo em poucos anos, após 1844, se o Seu povo tivesse sido fiel à missão de pregar a mensagem dos três anjos ao mundo. Todo o mundo poderia ser advertido e Cristo poderia ter voltado.24
Muitos são tentados ao desencorajamento por tão aparentemente longa demora. Mas cada dia dessa “demora” é revelador do Seu grande amor por este mundo, não desejando que ninguém pereça. No antítipo do microcósmico juízo investigativo de Israel, como demonstrado por Ezequiel e seis séculos depois pelos escritores dos evangelhos. Cristo está agora, parado sobre o Monte das Oliveiras, com lágrimas nos olhos, resistindo em não terminar o tempo de prova para Seu povo, até que alguém mais queira converter-se e viver (Eze. 18:32). Ele espera para reunir Seus filhos como a mamãe galinha reúne seus pintinhos (Mat. 23:37). Ele não negligenciou Suas promessas, mas é demasiado paciente, não querendo que qualquer de nós pereça (II Ped. 3:9).
Já é passado um longo tempo desde Glacier View. Muitas boas pessoas deixaram nossas fileiras desde então. Ao mesmo tempo outros muitos bons irmãos permaneceram conosco, convencidos pelo claro testemunho das Escrituras de que nossa mensagem é justamente o que temos ensinado: a verdade presente. Sem dúvida, mais desafios virão, e outras boas pessoas nos deixarão. Indubitavelmente, outros bons indivíduos estudarão a Bíblia e, convencidos da poderosa evidência revelada na Palavra, permanecerão fiéis a essas verdades, e ao Senhor que graciosamente nos deu essa mensagem para ser proclamada a um mundo agonizante. ☆
RICHARDSON M. DAVIDSON, Ph.D., professor de Interpretação do Antigo Testamento na Universidade
Andrews, Estados Unidos
Referências:
1 William H. Shea. Selected Studies on Prophetic Interpretation. Série Daniel e Apocalipse, vol. I. (Washington. D.C.: Instituto de pesquisa Bíblica. 1982). págs. 1-24.
2 Claus Westermann. Creation. (Londres: SPCK, 1974). pág. 96.
3 T. F. Mafico. Journal of Theology for Southern África 42. 983, pág. 13.
4 James Limburg. ‘”The Root’ [rib] and the Prophetic Lawsuit Speeches”JBL 88. 1969. págs. 291-304.
5 William H. Shea. The Seven Weeks. Leviticus. and the Nature of Prophecy. Série Daniel e Apocalipse, vol. 3. 1986. págs. 80-82.
6 William H. Shea. The Sanctuary and the Atonement: Biblical. Historical and Theological Studies, editores Amold Wallenkampf e W. Richard Lasher, (Washington, D.C.: Review and Herald, 1981), págs. 283-291.
7 Deus executa o juízo em Sua segunda vinda por desmantelar a confederação da falsa trindade, colocando assim um fim ao sistema da ponta pequena ou Babilônia: por restaurar a justiça, e por destruir o mal. Então acontecerá o juízo vindicativo durante o Milênio, sequido pelo juízo executivo, no qual o império do mal com Satanás e seus anjos recebem a punição de acordo com suas obras.
8 A identificação da ponta pequena de Daniel, o anticristo e a Babilônia do Novo Testamento, com o sistema papal é outro ponto no qual a interpretação adventista encontra quase unanimidade entre eruditos reformadores.
9 William H. Shea. Selected Studies, págs. 94-131.
10 Gerhard Hasel. Symposium on Daniel, editor Frank Holbrook. (Washington. DC: Review and Herald. 1986). págs. 378-461.
11 LeRoy Froom, The Prophetic Faith of Our Fathers. (Washington DC: Review and Herald. 1946-1954).
12 Gerhard Hasel, Seventy Weeks, págs. 3-36.
13 William H. Shea, Selected Studies, págs. 56-93.
14 Siegfried Horn e Lynn Wood. Chronology of Ezra. resumo em Seventh-day Adventist Biblie Commentary, vol. 3, págs. 100-104.
15 Arthur J. Ferch, Seventy Weeks, págs. 64-74.
16 Paul A. Gordon, Pioneer Articles on Sanctuary. (Was-hington D.C.: Review and Herald, 1983).
17 LeRoy Froom. Op. Cit., vol 2. págs. 196-199 e vol. 4. págs. 792-797.
18 Ver karaite@netvision.il
19 William Shea. Selected Studies, págs. 132-137.
20 Gerhard Hasel, Symposium on Daniel, págs. 378-461.
21 Lev. 16; 23:28-32; Mal. 3:1-5: Mat. 22; 25:1-13: Heb. 10:25-31; Apoc. 11:1-3. 18, 19; 14:6.
22 Note que o próprio Jesus alude ao conceito de plenitude do tempo a respeito do tempo do fim. Ele explicitamente referiu-Se aos tempos de Dan. 7:25 em Seu discurso no Monte das Oliveiras (Luc. 21:14).
23 G. A. Eiby, Earthquarkes, (Nova York: Van Nostrand Reinhold. 1980). cap. 11.
24 Ellen G. White. Evangelismo, págs. 695 e 696.
Mais que qualquer outra coisa, o juízo pré-advento é uma demonstração de graça e misericórdia divinas.
Todos os juízos executivos de Deus, através da História, foram precedidos por uma fase investigativa. Assim será nos últimos dias.