Estão, porventura, algumas igrejas adventistas do sétimo dia experimentando sucesso em ganhar e manter jovens, desde a infância até a maturidade? Em caso positivo, de que novas estratégias estão elas lançando mão?

A União do Pacífico da Igreja Adventista do Sétimo Dia encarregou o Centro de Ministérios Criativos de estudar essa questão e, na realidade, foram obtidos resultados interessantes. Cinco congregações foram selecionadas para a pesquisa com o aval dos administradores do Campo. Cada uma delas tem uma comprovada eficiência em atrair anualmente e batizar pessoas na faixa dos 20 aos 40 anos. Uma das igrejas adota o estilo conhecido como Celebration, duas são conhecidas por seu conservadorismo, e outras duas são do tipo meio-termo. Todas elas são conhecidas por seu compromisso com a mensagem adventista e têm significativa experiência de crescimento.

Sete chaves evangelísticas emergem como fundamentais em todas as cinco igrejas, revelando-se como estratégias que podem ser implementadas por qualquer congregação adventista.

Operação resgate

Dois de cada cinco membros nessas igrejas (38%) relataram que foi especificamente “esta congregação, ou um dos seus pastores ou membros” que contribuiu fortemente para trazê-los de volta à sua condição de membros ativos. Metade dos jovens disse a mesma coisa.

Dois terços dos conversos batizados nos últimos cinco anos apenas tinham o nome no livro da igreja, sendo inativos. Na verdade, as cinco congregações pesquisadas informaram a existência de apenas cerca de mil ex-membros, ou membros inativos durante os anos recentes, muitos dos quais retornaram com seus respectivos cônjuges não-adventistas. Mais de 37% desses irmãos afirmaram que seus cônjuges tornaram-se adventistas do sétimo dia.

Aceitação e perdão

O estudo mostrou que uma atitude inclusiva e um programa denominacional apelativo tanto para ex-adventistas como para seus cônjuges não-adventistas, são fatores importantes que explicam boa parte do êxito em alcançar e conquistar novas gerações.

Nove entre dez membros demonstraram ao seu pastor grande reconhecimento e apreciação por ter ele manifestado amor, aceitação e atitude perdoadora. Divorciados solitários, novos conversos e pessoas oriundas de famílias com baixo rendimento foram ainda mais propensas a dar uma resposta positiva quando se depararam com essa questão.

Solicitadas a fazer uma avaliação do restante da igreja, nesse contexto, 80% falaram da comunidade como um ambiente altamente inclusivo e receptivo. Muitos comentários positivos e relatos profundamente sensibilizados foram partilhados durante as entrevistas, conduzidas como parte do estudo.

Demonstrar um genuíno senso de inclusão tem-se tornado um valor básico nessas congregações. Interrogada se ali poderia haver uma aceitação mais ampla de diversos estilos de vida, a maioria concordou. Quanto mais antigas as pessoas são como membros da igreja, maior a tendência de favorecer mais aceitação de diferentes modelos de vida.

Correta orientação espiritual

Três de quatro membros descreveram a igreja local como tendo uma forte orientação relacionada à graça. Quase todos, 95%, concordaram que “um correto relacionamento com Jesus Cristo é a chave do crescimento espiritual e da salvação”. Sete entre oito membros indicaram que eles estão “muito seguros” da sua “vida eterna”, um número que contrasta favoravelmente com uma pesquisa realizada em 1981, entre adventistas da América do Norte, na qual apenas 68% expressaram um alto nível de segurança espiritual.

Aproximadamente 30% dos membros reúnem-se regularmente com um pequeno grupo para estudar a Bíblia, orar e desfrutar amizade espiritual. Significativamente mais que os 24% dos membros adventistas que relataram o mesmo comportamento na pesquisa de 1981.

Em certos aspectos, essas igrejas poderiam ser vistas como sendo mais “evangélicas” e menos “sectaristas”, o que certamente causaria algum temor de perda da sua unicidade e identidade denominacionais. Todavia, tal receio pode ser descartado. De acordo com a pesquisa, cinco de cada seis membros, concordam em que “os padrões da Igreja Adventista são importantes para manter e conservar fortes os membros na Igreja”.

Cristianismo prático

As igrejas pesquisadas demonstraram um compromisso com a aplicação prática da compaixão de Cristo em suas respectivas comunidades. Noventa e dois por cento dos membros acreditam que “a compaixão de Cristo é demonstrada na vida dos crentes através do serviço prestado ao pobre e ao doente”. E 93% deles gostariam de ver a Igreja Adventista “fazer mais no sentido de satisfazer as necessidades dos sem-teto, das crianças de rua, das mulheres que sofreram abuso, dos desempregados, e outros que enfrentam situações críticas”.

Os novos conversos são ainda mais propensos a concordar com essa opinião. Na realidade, 59% dos membros estão engajados em serviços voluntários à comunidade, quando o normal entre os adventistas da América do Norte é 41% de engajamento.

Perspectiva progressiva

As congregações que foram objeto do estudo em consideração demonstraram possuir uma perspectiva progressiva. Isso contribui para solidificar os valores inclusivos e compassivos presentes nessas igrejas.

Quase todos os membros, 94%, acreditam que o racismo é “anticristão e imoral”. Quatro em cada cinco membros desejam que a Igreja promova mais a mordomia ambiental. Três em cada cinco dizem que “é preciso fazer muito mais para promover oportunidades iguais” extensivas às mulheres e às minorias étnicas. Nove entre dez membros acreditam que esposos e esposas poderiam partilhar responsabilidades profissionais, domésticas e educacionais dos filhos.

Cinqüenta e quatro por cento discordam da visão mais tradicional de diferença genérica nos papéis da família. Outrossim 58% concordam que é bom para a mulher ter um trabalho fora do lar.

Evangelismo da amizade

Embora não desprezem o evangelismo público, muitos membros entendem que os métodos não tradicionais de abordagem de pessoas para a igreja, como a construção de relacionamento com não-adventistas, são extremamente produtivos. O método de evangelismo mais efetivo é o “evangelismo da amizade”, dizem 77% dos membros. Em segundo lugar aparecem os pequenos grupos, apontados por 63% das respostas. O terceiro método é o serviço comunitário, mencionado por 58% dos entrevistados.

Outros métodos efetivos de ganhar almas apontados na pesquisa são a recreação (55%), ministério jovem (49%) e ministério infantil (47%). Os jovens mostraram maior tendência para essas indicações que os idosos. Apenas um terço dos membros considerou estratégias evangelísticas como seminários, classes bíblicas e reuniões públicas, como métodos inovadores e efetivos. Cursos bíblicos em vídeo foram apontados como fundamental nas conquistas evangelísticas por 21 % dos conversos, entre os quais se encontravam minorias étnicas e membros idosos.

Não-alcançados

Da pesquisa feita, um perfil inteiramente novo de crescimento evangelístico da Igreja parece estar emergindo. Os membros mostraram-se muito propensos a sentir que suas congregações estão direcionadas à missão da Igreja. Elas estão alcançando grupos que foram largamente negligenciados pelas estratégias convencionais. Isso inclui não apenas as novas gerações, mas indivíduos que possuem um antecedente mais secularista.

Wade Clark Roof, em seu livro A Generation of Seekers (Uma Geração de Pesquisadores), identificou uma tendência entre a geração jovem adulta de não-crentes, de retornar à Igreja depois de uma infância permissiva, adoção de valores e estilo de vida liberais, e crises pessoais que evidentemente lhes suscitaram uma reavaliação de seu comportamento e suas crenças.

As igrejas adventistas envolvidas na pesquisa em apreço estão ganhando tipos semelhantes de pessoas. Isso é especialmente verdade entre indivíduos nascidos em família adventista que abandonaram a fé e depois retornaram. Uma significativa diferença entre esses adventistas que retornaram e aqueles pesquisados por Roof é que a maioria dos adventistas afirmou ter recebido uma educação rígida, enquanto o grupo de Roof identificou sua educação como mais permissiva. Apenas um em cada cinco adventistas pesquisados relatou ter vivido uma infância permissiva. Talvez seja aqui onde a experiência adventista difere da cultura que rodeia as novas gerações.

Aplicação

O estudo demonstra que uma congregação adventista pode ser parte da denominação e ter sucesso com meios de abordagem inovadores, que alcancem os não-crentes em ambientes culturais e sociais específicos, que não respondem aos métodos tradicionais. Um plano efetivo de evangelismo dessas classes deveria levar em conta o pensamento dominante entre elas, a fim de que alguém não se encontre pregando no deserto.

O Centro de Ministérios Criativos tem identificado cerca de 400 igrejas na Divisão Norte-Americana que estão buscando com êxito novas gerações de pessoas, além de membros apostatados e inativos, desenvolvendo métodos não tradicionais de evangelização. Informações e orientações nesse sentido podem ser obtidas através do telefone 800-272-4664.

Inovação saudável, positiva, é sempre bem-vinda na Igreja Adventista do Sétimo Dia. Ela representa uma esperança para o futuro de nossa missão num mundo onde cresce o sentimento pós-denominacionalista.

MONTE SAHLIN, Vice-presidente para Ministérios Criativos na União Columbia, Maryland, Estados Unidos