Nesta parte final da abordagem iniciada na última edição de Ministério, sobre a apostasia, apresentaremos algumas idéias que os departamentos da Igreja podem colocar em prática, com o objetivo de proteger os membros contra esse inquietante problema.

Escola Sabatina

Assim como dizemos ser o batistério a porta de entrada de uma congregação, a Escola Sabatina é a sala onde os membros permanecem unidos e se alimentam, com vistas ao crescimento na experiência cristã. E se queremos realmente fechar a porta dos fundos, é necessário que esse departamento coloque em prática algumas normas.

Programas atraentes. Uma das coisas que conspiram contra a integração de novos membros na Escola Sabatina é a rotina. A programação sempre repetida, com as mesmas coisas, torna-se monótona. E quando os horários não são respeitados, pior ainda. Caso não haja esmero, criatividade e preparo com antecedência de cada programa, as pessoas acabam perdendo o interesse

Lição da Escola Sabatina. Eis aqui uma ferramenta indispensável para o estudo sistemático da Bíblia. Cada membro da Escola Sabatina deve ser estimulado a ter sua Lição e estudá-la diariamente. Talvez, inicialmente, seja necessário que um irmão experiente estude junto com o novo aluno, até que este aprenda o método e firme o hábito de estudar.

Inclusão em uma unidade. Cada membro da igreja deve ser membro da Escola Sabatina. O ideal é que já esteja matriculado em uma unidade pelo menos um mês antes do batismo.

Professores capazes. O novo irmão deve ser colocado numa classe cujo professor se identifique com ele. As ilustrações da vida de tal professor serão mais facilmente aplicáveis às experiências do aluno, além de haver maior chance de se tornarem amigos. Um plano semestral de formação e aperfeiçoamento de professores, permitirá à Escola Sabatina satisfazer essas necessidades dos novos membros, e atualizará a didática do ensino.

Confraternização. Os momentos de confraternização e testemunho, antes do estudo da Lição, facilitam a interação entre os membros da unidade. Essa prática também favorece a aplicação das verdades bíblicas ao dia-a-dia das pessoas. Mas, à parte disso, a Escola Sabatina deve incentivar e promover a realização de encontros sociais em cada unidade. Pode ser um almoço, uma excursão, comemorações de aniversários, etc.

Pequenas classes. O método de trabalhar com pequenos grupos, além de ser considerado atualmente o melhor e que produz resultados mais compensadores, é bíblico e amplamente recomendado nos escritos de Ellen G. White. Para que possamos atender às necessidades individuais de forma adequada, as unidades não deveriam ter mais de dez alunos, o que também facilitará a participação e o espírito de companheirismo.

Alunos faltosos. Quando uma pessoa se ausenta da Escola Sabatina, seguramente é devido a algum problema; e isso requer apoio imediato do grupo. No mesmo dia, deve ser designado alguém para fazer a visita. E que ela seja feita ainda no sábado. Pode tratar-se de uma dificuldade que nem sempre será possível reverter. Prestar assistência imediata ao aluno recém-convertido, ajuda a evitar o agravamento do problema qualquer que ele seja, fazendo-o sentir-se amado. Ele sempre verá que a igreja está ao seu lado, interessada em seu bem-estar e disposta a apoiá-lo na solução das dificuldades.

Ação Missionária

No livro Serviço Cristão, página 8, lemos: “É plano do Céu que os que receberam a luz a comuniquem aos que se acham em trevas.” E, na página 9, é dito que “todo verdadeiro discípulo nasce no reino de Deus como missionário”. Isso nos conduz à responsabilidade de encaminhar pessoas a Cristo, e prepará-las a fim de que se tornem missionárias. À medida que uma pessoa vai captando o plano da salvação, deve compartilhá-lo com familiares, amigos e vizinhos.

É um grande erro deixar um membro recém-batizado à margem das atividades missionárias. Ele necessita ser ocupado o quanto antes nas coisas relacionadas com a pregação. Uma forma positiva de evitar que ele se sinta sozinho, triste, isolado e desanimado é promover atividades que ocupem o seu tempo, dando-lhe alegria e satisfação.

Entretanto, é preciso que a pessoa seja ensinada a fazer o trabalho, de acordo com os dons que possui. Cada indivíduo tem seu ambiente familiar e social onde vive e pode testemunhar, e habilidades que podem ser usadas nessa tarefa. Inicialmente devemos ensinar os novos membros a fazer coisas simples, em cujo desempenho se sintam úteis e realizados. Mas também devem ser ensinados a trabalhar coletivamente, pois aí o temor e a ansiedade diminuem sensivelmente. Ademais, podem aprender com pessoas de maior experiência.

Aliás, a idéia de trabalhar em dupla foi considerada, pelo Senhor, o melhor método para © trabalho missionário. “Nenhum foi mandado sozinho, mas irmão em companhia de irmão, amigo ao lado de amigo. Assim se poderiam auxiliar e animar mutuamente… Teria muito mais êxito a obra evangélica em nossos dias, fosse esse exemplo mais estritamente seguido”, diz Ellen White, no livro Serviço Cristão, páginas 127 e 128.

A diretoria de Ministério Pessoal deve organizar constantemente cursos e seminários de treinamento, para que as pessoas aprendam diferentes métodos de partilhar a fé, e descubram seus talentos. Outro fator indispensável é a existência de materiais variados e disponíveis para o trabalho. Os novos membros são muito animados, impulsionados pelo “primeiro amor”, e devem ter à mão folhetos, revistas, livros, fitas de vídeo, Bíblias e jogos de estudos bíblicos.

Algo de que não devemos esquecer, ao preparar os novos irmãos para a ação missionária, é a natureza cristocêntrica do testemunho. Esta é a maneira mais adequada de partilhar a fé: mostrar os benefícios que Cristo trouxe à vida pessoal, o conhecimento do que Ele pode fazer por toda pessoa e, finalmente, o novo e positivo estilo de vida de quem O aceita.

Departamento de Jovens

A juventude é o tesouro mais apreciado do mundo em que vivemos e, através dela, estão apontados os grandes interesses que dirigem a vida. Por tudo o que representam, Satanás tem um especial interesse nos jovens da igreja e de fora dela. Por essa razão devemos estar empenhados em salvá-los.

Segundo a Sociologia, cada 30 anos é uma nova geração. Isso significa que os que têm de zero a 30 anos são a geração presente; daí até os 60 anos, está a geração passada. Os de 60 até 90 formam a geração ultrapassada. O presente da igreja são os jovens; e os que estamos acima dessa faixa etária somos o fundamento e apoio para sustentá-los. A artilharia do inimigo está fortemente arregimentada, e seu claro objetivo é afastar a juventude do caminho de Jesus Cristo. Por isso, a metodologia usada para a sua defesa precisa ser atualizada e grandemente reforçada.

As idéias que compartilho em relação ao trabalho com a juventude talvez não sejam as mais tradicionais; porém, estão focalizadas nas atividades necessárias para atender à realidade vivida pelos jovens hoje. Muitas vezes nós os criticamos por fazerem coisas que consideramos anormais. Mas criticar não é a solução. Precisamos estabelecer um projeto dentro da igreja para impedi-los de ir em busca do que é impróprio lá fora. Quando a igreja lhes provê satisfação para as necessidades espirituais, intelectuais, sociais e físicas, eles serão mais felizes e a integração será espontânea e natural.

Há duas características que considero normais, nos jovens, entre muitas outras que têm de ser consideradas pelos adultos: primeira, os jovens são dinâmicos, desejam coisas fora da rotina. Segunda, eles apreciam emoções fortes, aventura; gostam de fazer coisas que tenham um certo grau de periculosidade e sacrifício.

Quando pensamos no Encontro Jovem de sábado à tarde, essa programação precisa ser elaborada dentro da mentalidade jovem. Os temas e a dinâmica precisam ser atuais, sugeridos pelos próprios jovens e, na medida do possível, apresentado por eles. Pode ser que, ocasionalmente, um adulto seja convidado a apresentar um tema especial: mas a participação jovem nunca deve ser omitida. O Encontro Jovem tem de ser dinâmico de modo a cativar a atenção dos seus destinatários. Deve ser dirigido por jovens, ou seja, até os 30 anos. Irmãos com idade superior a essa podem atuar como conselheiros.

“Temos hoje em dia um exército de jovens que podem fazer muito, se devidamente dirigidos e animados.” – Serviço Cristão, pág. 30.

De que maneira podemos cumprir o princípio de treinamento, integração e envolvimento dos jovens, implícito nessa afirmação? Para mim, uma das maneiras é o clube de desbravadores. Bem dirigido e orientado, com mentalidade da geração que forma esse agrupamento, é um excelente fator para manter a juventude comprometida com Cristo e Sua Igreja. Instrução, disciplina, aventura e emoções fortes, entre outras coisas, são marca registrada de um clube de desbravador.

Há também os retiros e excursões espirituais e educativos. Nessas ocasiões deve haver atividades onde todos participem. Os temas espirituais devem ser práticos, com sugestões úteis para o dia-a-dia. Retiros e excursões devem ser planejados com antecedência, para que todos tenham oportunidade de fazer os necessários ajustes para participação.

Pessoalmente, considero as atividades recreativas de sábado à noite a reunião evangelística mais importante da igreja. Têm como objetivo manter salva a nossa juventude. O sábado à noite é uma ocasião muito especial na qual a igreja deve investir com muito carinho e interesse. Está em jogo a salvação dos nossos jovens.

O encontro social do sábado à noite precisa ser muito variado, como forma de atender a todas as preferências, envolvendo o máximo de jovens. Como nem todos gostam de jogar vôlei, ou basquete, é preciso haver diversas opções recreativas. Além dos esportes, podem ser programadas outras atividades como vídeos, jogos de mesa e salão, apresentações musicais e artísticas, lanche, amigo secreto, brincadeiras, etc.

Entretanto, antes e acima de tudo isso, os jovens precisam de um pastor amigo, que se identifique com eles, que seja coerente, amoroso e firme nos princípios. Alguém que, por preceito e exemplo, os conduza a Cristo.

Assistência Social

O Serviço de Assistência Social é uma das grandes bênçãos que a Igreja possui, não apenas por atender aos desfavorecidos, mas pela oportunidade que oferece àquelas pessoas que têm o dom de servir. Nesse sentido, Jesus é nosso grande modelo, e Seu método de trabalho é o que nos oferece a maior possibilidade de êxito no trabalho: “Os seguidores de Cristo devem trabalhar como Ele o fez. Cumpre-nos alimentar os famintos, vestir os nus e confortar os doentes e aflitos… Todos os Seus dons devem ser usados para abençoar a humanidade, para aliviar o sofredor e o necessitado.” – Serviço Cristão, págs. 186 e 187.

Quando uma pessoa aceita a Cristo, opera-se uma mudança muito significativa em sua vida. Surgem coisas que estavam escondidas em seu coração: sua visão da vida e das pessoas que a rodeiam é transformada: seu interesse pela necessidades do semelhante é despertado. É aqui que a Assistência Social apresenta-se como opção, firmando o novo crente em sua relação com Cristo e com a Igreja, pela participação em tarefas comunitárias que lhe apraz desempenhar, de acordo com os dons que possui.

Os novos conversos podem se envolver em campanhas de arrecadação e distribuição de alimentos, roupas e remédios: podem fazer companhia a idosos e enfermos. Envolvidos em atividades sociais, eles sentem estar fazendo o que Jesus fazia: e que a pregação não é apenas teoria, mas uma experiência palpável e emocionante que pode ser vivida por eles. É através disso que os corações serão abertos à entrada de Cristo: “Precisam ser primeiramente atendidas as suas necessidades materiais. Precisam ser alimentados, limpos e vestidos decentemente. Ao verem a prova de vosso amor desinteressado, ser-lhes-á mais fácil crerem no amor de Cristo.” –Idem, pág. 190.

Mas existem outras opções de envolvimento social: os cursos de costura, culinária, higiene e puericultura, prevenção contra as drogas, tabagismo e alcoolismo, entre outros que promovem o bem-estar e melhoram o estilo de vida do indivíduo, da família e da sociedade.

Publicações

A Igreja Adventista é o que é em virtude da visão que Deus concedeu aos pioneiros sobre a importância da obra de publicações. Por isso, uma das coisas que o novo converso precisa aprender cedo é usar a vasta literatura para crescimento pessoal e também para testemunho. Nem sempre temos consciência de quanto um adventista tem de ler para manter-se bem-informado e alimentado espiritualmente. Mas sugerimos o seguinte “cardápio”:

• Leitura mínima diária: porção da Bíblia, Lição da Escola Sabatina e Meditação Matinal.

• Leitura mínima mensal: Revista Adventista e Vida e Saúde.

• Leitura do material produzido pelos Departamentos de Jovens Adventistas, Ministério da Mulher, Ministério da Criança, Associação Ministerial (anciãos), Afam (esposas de pastores), Escola Sabatina, Mordomia Cristã, Testemunho Pessoal, etc.

• Leitura dos livros de Ellen G. White.

• Leitura dos livros denominacionais produzidos pelas editoras adventistas.

O hábito da leitura é uma coisa que as pessoas em geral estão perdendo, mas que o Departamento de Publicações pode reverter. Do livro Serviço Cristão, página 145, extraímos a seguinte afirmação: “As revistas e os livros são o meio de que o Senhor Se serve para manter a mensagem para este tempo continuamente perante o povo. Esclarecendo e confirmando almas na verdade, as publicações farão uma obra incomparavelmente maior do que a que pode ser feita pelo ministério da palavra unicamente.”

Finalizamos lembrando as palavras de Jesus Cristo: “Quem não é por Mim é contra Mim; e quem comigo não ajunta, espalha” (Mat. 12:30). Somos chamados a recolher pessoas para o reino celestial. E isso não significa apenas trazê-las ao seio da igreja, mas firmá-las em Cristo Jesus. Há muitas coisas que podemos fazer para tornar real e compensadora essa experiência. Podemos, além do conhecimento doutrinário, prover aos novos irmãos o ambiente amoroso e fraterno de que necessitam para permanecer cheios de alegria e felicidade em Jesus. ☆

RENÊ SAND, diretor associado de Ministério Pessoal e Escola Sabatina da Divisão Sul-Americana da IASD

Nossa missão não é apenas levar pessoas ao batismo. Devemos firmá-las em Jesus.