O pastorado de um grande distrito não necessita ser uma experiência esmagadora. Embora seja desafiante, também produz alegrias e recompensas. Se você é pastor de uma igreja ou de muitas, sempre terá o sentimento de que seu distrito ou suas congregações têm mais necessidades do que você é capaz de satisfazer. Sucesso ou fracasso em sua missão depende não de quanto você pode fazer para manter o controle sobre as igrejas, mas de quão bem você pode trabalhar junto com elas, motivando-as e treinando-as para conduzir os fardos e responsabilidades do ministério coletivo.

Os membros devem ser treinados para conduzir suas responsabilidades com um senso de chamado e missão, não como substitutos para seu superatarefado pastor e suas desatendidas congregações. Quando pastor e congregações compreendem isso, pastorear muitas igrejas não é tão difícil.

De alguma forma, pode até ser mais fácil. Freqüentemente os membros de uma só igreja são muito dependentes de seus pastores, e esperam que eles façam muito do trabalho que eles mesmos deveriam fazer, tais como preparar boletins, ou tarefas administrativas que são parte dos deveres dos anciãos e diáconos. Num distrito com muitas igrejas, é fácil guiar os membros a reconhecer o pastor como primariamente um supervisor espiritual, treinador e ganhador de almas, em vez de um tipo que está pronto para fazer qualquer tarefa que apareça.

Durante os seis últimos anos, pastoreei multidistritos. De início, foi muito ajudador o fato de que os membros compreenderam dois grandes princípios: primeiro, ‘‘todo membro da igreja deve se tornar um obreiro ativo – uma pedra viva, espargindo luz no templo de Deus” – Serviço Cristão, pág. 62. Segundo, “aqueles a cujo cargo se encontram os interesses espirituais da igreja devem formular planos e meios pelos quais se dê a todos os seus membros alguma oportunidade de fazer uma parte na obra de Deus” – Idem. pág. 61. Essa não é uma estratégia inteligente para aliviar a vida do pastor, mas um princípio compreensivo que ajudará a prosperidade da igreja. É o modelo de serviço do Novo Testamento (I Cor. 12:4-14; I Tess. 1:1-8; II Tim. 2:2).

Se os pastores fazem tudo sozinhos e comunicam todas as instruções espirituais, estão realmente prestando um desserviço às congregações, impedindo os membros de descobrirem e desenvolverem seus dons espirituais. Estão perpetuando a mística medieval, segundo a qual somente os pastores são espiritualmente qualificados para pregar a Palavra e ministrar ao rebanho. Quando os ministros virem a igreja como um centro de treinamento pa-ra os membros, o lugar no qual os seus dons são colocados em uso, para cresci-mento do reino de Deus, eles terão o fun-damento para compreender como pastorear um multidistrito.

Quero partilhar algumas lições que te-nho aprendido ao pastorear muitas igrejas.

Familiarização

Gaste seus primeiros três ou seis meses de trabalho em um novo distrito familiarizando-se com todos os membros. Se você não fizer isso logo, qualquer planejamento que estabelecer para seu pastorado carecerá do fundamento essencial para o êxito. Aprenda a história básica de cada uma de suas igrejas. Toda congregação tem sua distintiva personalidade incorporada, tal como a comunidade maior à qual ela serve. Seja sensível em relação aos programas e minis-térios que serão efetivos para cada igreja.

Ministério 21

Faça uma aproximação sobre medida, em lugar de uma padronizada. Programas que dão certo em uma igreja podem não funcionar em outra, ou funcionar de maneira errada. Não introduza qualquer mudança apenas por querer colocar sua marca na congregação. Os membros podem interpretar esse gesto como egoísta.

Familiarize-se com os pontos altos e fracos das igrejas. Evite fazer comparações desfavoráveis, em público ou em particular, entre congregações diferentes. Onde for possível, utilize a força de uma congregação para suprir as fraquezas de outra. Por exemplo, você pode ter muitos excelentes pregadores leigos em uma igreja, e noutra não ter nenhum. Até que você treine alguns dessa congregação para pregar, supra a necessidade com pregadores de outras congregações. Isso une as igrejas e promove um senso de irmandade entre elas. Mas não deixe uma congregação menor ou mais fraca sentir-se como o primo pobre o tempo todo. Identifique dons nessa congregação que poderão ser usados em outras frentes.

Planejamento

De início, tenha seus próprios planos para fazer a obra avançar no distrito. Coloque esses planos e aspirações primeiramente diante de seus líderes locais. Seja consultivo, mas reconheça que seus líderes leigos estão, em muitos casos, esperando por sua direção e liderança. Em seu planejamento, leve em conta as percebidas necessidades e habilidades de suas igrejas. Seja receptivo às observações e percepções dos membros, e ensine-os também a planejar. Trabalhe intimamente com as comissões e, com muita oração, procure moldá-las em um grupo afirmativo, unido e positivo.

Não tema alterar e ampliar seus planos à medida que a igreja progride. Não seja megalomaníaco. Seja apenas realista, prático, dependente do Espírito para motivar e liderar suas igrejas.

Delegação

Essencial em toda liderança, delegar responsabilidades é indispensável em um multidistrito pastoral. Não imagine que depois de nomear a comissão já fez seu trabalho e todos os oficiais que foram escolhidos já sabem as responsabilidades que devem desempenhar, dispensando mais orientações. Os membros da igreja necessitam saber os deveres de suas funções, e muitos necessitam de ajuda para aprender a como conduzir tais deveres. Também necessitam ser capacitados e encorajados na realização de suas atividades. Precisam receber uma palavra de reconhecimento quando alcançam êxito, incentivo e ajuda quando as coisas não dão certo.

Eduque e treine seus líderes. Municie-os com recursos e guia para desenvolver suas habilidades. Esteja lado a lado com eles nos seminários de treinamento, e encoraje-os a assistir àqueles que poderão ajudá-los na execução das respectivas tarefas. Informe-se sobre os recursos disponíveis para você e suas igrejas, na sede do Campo.

Leve os anciãos com você para o trabalho de visitação; treine-os para pregar. Convide outros oradores também para suas igrejas. Assim você terá mais tempo para visitar vários lugares, de maneira que conhecerá melhor o seu povo e compreenderá a dinâmica congregacional de suas igrejas. E os membros se alegrarão com sua presença constante.

Assistência espiritual

Além da visitação, use o telefone para manter contato com seus membros. Um telefonema encorajador, sem qualquer propósito expresso de trabalho, será sempre bem-vindo. As pessoas saberão que têm um pastor cuidadoso. Seja especialmente diligente ao visitar os doentes num hospital. Não mostre parcialidade, dando mais atenção a uns que a outros, a menos que você tenha uma ótima e bem-intencionada razão para fazer isso.

Na verdade, os membros em geral compreenderão que você deve dispensar boa parte do tempo aos interessados numa reunião especial, atendendo um idoso de 80 anos, às portas da morte, ao invés de um jovem com 18 anos sem problemas, cheio de vida, ou dando assistência à igreja onde realiza uma campanha evangelística em lu-gar de ficar todo o tempo numa que não está envolvida nesse tipo de trabalho.

Não negligencie as reuniões de oração nas maiores igrejas, e não deixe de prover bons estudos. Eles galvanizam a fé, convence da verdade presente e promove o zelo evangelístico. Faça arranjos para que as reuniões de oração sejam conduzidas em todas as igrejas, sob a liderança dos mais hábeis líderes.

Partilhe as notícias do distrito através de boletins, anúncios, etc. Tenha uma reunião anual do distrito, de caráter social, num lugar agradável, ou alterne entre as igrejas a responsabilidade de promover e sediar esse evento.

Disponibilidade

Evite dar a impressão de que está tão atarefado que seria melhor os membros não o procurarem, exceto em alguma emergência. Distribua seu itinerário a cada igreja e grupo do seu distrito. Especifique em quais dias da semana ou do mês você estará em cada lugar. Visite sistematicamente os membros e treine-os na tarefa missionária. Se possível, facilite as ligações a cobrar ou instale o sistema 0800 em seu escritório, para os membros que moram longe. Faça arranjos para que a igreja assuma essa despesa. De todo modo, é um serviço compensador, pois além de agilizar a resolução de problemas, os membros se sentirão mais assistidos por você.

Responda a todas as mensagens telefônicas, sem demora. Os membros se sentem ofendidos quando suas chamadas não são prontamente respondidas. Interpretam que você fez pouco caso deles ou da questão apresentada.

Cuidado pessoal e familiar

Os negócios da igreja tendem a roubar o tempo que devemos dedicar ao cuidado da nossa própria vida espiritual. Oração, estudo e devoção pessoal podem ser facilmente negligenciados. Esse perigo é ainda mais presente entre os pastores de multidistritos. “Nada é mais necessário em nossos trabalhos do que os resultados práticos da comunhão com Deus. … Eis o que dará ao obreiro um poder que nada mais será capaz de lhe comunicar. Jamais devemos permitir ser privados de tal poder.” – Obreiros Evangélicos, pág. 510.

Permaneça íntimo do Senhor. Conheça a agenda do Espírito. Dessa forma você realizará muito mais, pregará com mais poder e será um conduto de motivação e unificadora graça celestiais.

Reserve uma parte de cada dia para estudar e meditar, além de um dia inteiro da semana dedicado à família. Não esteja tão casado com seu pastorado que viva divorciado da esposa e dos filhos.

Seja positivo. Não viva queixando-se de estar sobrecarregado, mal pago ou desvalorizado – nem à família nem aos membros da igreja. Observações negativas não produzirão resultados positivos. Pelo contrário, serão como um coice: “nosso pastor não está satisfeito aqui; ele nos deixará tão logo surja uma oportunidade.”

A conclusão é simples: quer você pastoreie um distrito grande ou pequeno, está colaborando com Cristo. Seu jugo é suave, e Seu fardo é leve. Ministrar ao lado de Jesus ajuda-nos a encontrar nEle a força de que necessitamos. Podemos até nos cansar e procurar repouso. Mas com uma atitude correta e positiva, nunca nos sentiremos esgotados. ☆

BRIAN D. JONES, Ph.D., pastor das igrejas adventistas de Berkley Springs e Charles Town, Estados Unidos