A Bíblia é a infalível revelação da vontade de Deus. Constitui o padrão de caráter, a prova da experiência, o autorizado revelador de doutrinas e o registro fidedigno dos Seus atos na História

Por que razão os cristãos insistem na natureza absoluta da Bíblia? A questão envolve uma avaliação precisa dos parâmetros e pressuposições fundamentais dentro dos quais seus autores escreveram. Com freqüência eles são estabelecidos explicitamente.

Por exemplo, os escritores bíblicos não tentaram provar a existência de Deus. Sem exceção, todos eles assumem que Deus existe. Os profetas garantiam ter um conhecimento real do Deus infinito. Eles estavam absolutamente certos de que Deus falava através deles, quando diziam: “Assim diz o Senhor”.

Fleming Rutledge está correto ao afirmar: “O testemunho da Bíblia é que todos os outros deuses sob o sol são produto da mente humana, exceto o Deus do Antigo e Novo Testamentos. Quer creiamos nisso ou não, devemos admitir que se trata de uma afirmação reverente. Estou convencido de que as Escrituras colocam diante de nós alguma coisa, ou Alguém, que está muito além de tudo aquilo com que a mente humana pode sonhar.”1

Auto-revelação de Deus

Além disso, todos os autores bíblicos crêem que Deus é quem Ele declara ser. Por exemplo, Deus Se diz capaz de predizer o futuro, e que essa é uma marca de Sua divindade: “Apresentai a vossa demanda, diz o Senhor; alegai as vossas razões, diz o Rei de Jacó. Trazei e anunciai-nos as coisas que hão de acontecer; relatai-nos as profecias anteriores, para que atentemos para elas e saibamos se se cumpriram; ou fazei-nos ouvir as coisas futuras. Anunciai-nos as coisas que ainda hão de vir, para que saibamos que sois deuses… Eu sou o Senhor, este é o Meu nome; a Minha glória, pois, não a darei a outrem, nem a Minha honra, às imagens de escultura. Eis que as primeiras predições já se cumpriram, e novas coisas Eu vos anuncio; e, antes que sucedam, Eu vo-las farei ouvir… Ainda antes que houvesse dia, Eu era; e nenhum há que possa livrar alguém das Minhas mãos; agindo Eu, quem o impedirá?” (Isa. 41:21-23; 42:8 e 9; 43:13).

Através dos profetas Deus anunciou as grandes profecias de tempo a respeito da história das nações e também a vinda do Messias. Para alguns, Ele não poderia ser tão preciso, e argumentam que as profecias foram escritas depois da ocorrência dos fatos. Essa atitude ou visão de Deus, tal questionamento de Sua habilidade para predizer e controlar o futuro, não é encontrada em qualquer dos escritos bíblicos.

Ademais, os escritores bíblicos estavam absolutamente certos de que o Deus infinito pode e efetivamente Se comunica com seres humanos finitos. Eles jamais argumentaram que a linguagem humana fosse uma barreira à comunicação de Deus e com Deus. Na verdade, freqüentemente Deus é mencionado como uma Pessoa real falando através do profeta.

As palavras de Elias em I Reis 21:19 e II Reis 9:25 e 26 são mencionadas como uma sentença que “o Senhor pronunciou contra” Nabote. A mensagem de um profeta era sempre considerada equivalente a um discurso direto de Deus. A identificação das palavras de um profeta com as palavras de Deus é tão forte no Antigo Testamento que geralmente lemos de Deus falando através do profeta; e desobedecer à palavra do profeta era o mesmo que desobedecer a Deus.

Em Deuteronômio 18:19, o Senhor fala do profeta vindouro, através de Moisés: “De todo aquele que não ouvir as Minhas palavras, que ele falar em Meu nome, disso lhe pedirei contas.” E quando Saul desobedeceu à ordem de Samuel em Gilgal, Samuel o censurou: “Procedeste nesciamente em não guardar o mandamento que o Senhor, teu Deus, te ordenou… Já agora não subsistirá o teu reino… porquanto não guardaste o que o Senhor te ordenou.” (I Sam. 13:13 e 14)

Discurso direto

Os autores bíblicos também registram incidentes de Deus falando diretamente a seres humanos no Antigo Testamento, incluindo diálogos com Adão e Eva, antes da queda (Gên. 1:28-30; 3:9-19) e com Jó (Jó 38-41). Há também o chamado divino para Abraão (Gên. 12:1-3), a primeira de muitas conversas com o patriarca, o diálogo com Moisés na sarça ardente. O código civil no Pentateuco é registrado como palavras faladas diretamente por Deus a Moisés. A interação com Elias no Monte Horebe (I Reis 19:9-18) é mais um dos muitos diálogos com os profetas.

Os profetas do Antigo Testamento são apresentados como mensageiros enviados por Deus para falar Suas palavras. O repetido uso da fórmula introdutória — “E veio a mim a palavra do Senhor” — ou seu equivalente, usada milhares de vezes, confirma a plena autoridade da mensagem profética. Na verdade, uma característica distinta do verdadeiro profeta é que ele não fala meramente suas próprias palavras.

Através do Antigo Testamento, o ponto em destaque é que o discurso profético vem de Deus. O Senhor disse a Moisés: “Eu serei com a tua boca e te ensinarei o que hás de falar” (Êxo. 4:12); a Jeremias e Ezequiel: “Eis que ponho na tua boca as Minhas palavras” (Jer. 1:9); “Mas tu lhes dirás as Minhas palavras…” (Ezeq. 2:7). As pessoas que se recusavam ouvir um profeta eram consideradas como recusando-se ouvir as “palavras do Senhor que falou” através do profeta.

Tão extensiva evidência sugere que os profetas bíblicos experimentaram alguma coisa muito mais que um “encontro divino”, que simplesmente implantava em seu coração uma convicção mística ou admiração por Deus. Deus nem sempre encontra os seres humanos com sentimentos gloriosos, mas também com informação real (Deut. 29:29). É impressionante que uma Pessoa da Triunidade divina é conhecida como o Verbo.

A palavra escrita

Intimamente relacionadas com a fala direta de Deus há indicações de profetas escrevendo Suas palavras, que são tidas como plenamente autorizadas. Uns poucos exemplos podem sensibilizar-nos para essa realidade crucial: “Então, disse o Senhor a Moisés: Escreve isto para memória num livro…”; “Moisés escreveu todas as palavras do Senhor” (Êxo. 17:14; 24:4); “Tendo Moisés acabado de escrever, integralmente, as palavras desta lei num livro” (Deut. 31:24); “Josué escreveu estas palavras no livro da lei de Deus” (Jos. 24:26); “Declarou Samuel ao povo o direito do reino, escreveu-o num livro e o pôs perante o Senhor” (I Sam. 10:25).

Assim, mesmo o processo de registro é movido ou impelido pelo Espírito Santo (II Ped. 1:21). A comunicação escrita também possui autoridade divina, como Moisés testemunhou: “Nada acrescentareis à palavra que vos mando, nem diminuireis dela, para que guardeis os mandamentos do Senhor, vosso Deus, que eu vos mando” (Deut. 4:2)

A natureza da revelação de Deus é diversa. Junto com o método de falar diretamente com os seres humanos, Deus também empregou outros meios sobrenaturais: anjos (Daniel), teofania (Isaías, Daniel, Ezequiel, Moisés, Paulo, João), sonhos (José, Faraó, Nabucodonosor), escrituras sobrenaturais (Êxo. 31:18; Dan. 5:5), uma voz do Céu (Êxo. 19:9; Mat. 3:17; II Ped. 1:17).

Atividade divina

Embora envolva a escolha de humanos, a revelação divina nunca é controlada pelo homem. Não é uma conquista humana, mas primariamente uma atividade divina. O que encontramos nas Escrituras não é uma coleção de intuições penetrantes da divindade, nem uma descoberta de profundas percepções humanas.

Os dois Testamentos confirmam que a verdade de Deus não é o produto final de uma diligente busca humana pelo divino, ou os melhores pensamentos de alguém sobre temas elevados. Ela vem por iniciativa exclusiva de Deus à medida que Ele Se descobre à humanidade. Não somos ensinados que um profeta fala a respeito de Deus. Ao contrário, Deus fala de Si mesmo através dos Seus profetas, e a linguagem humana é considerada capaz de transmitir a comunicação divina. Todos os escritores bíblicos insistem que Deus tomou-Se conhecido, bem como os Seus atos.

Os apóstolos do Novo Testamento escreveram com a mesma absoluta autoridade dos profetas do Antigo Testamento, enfatizando que falavam pelo Espírito Santo (I Ped. 1:10-12), a quem creditavam o conteúdo dos seus ensinos (I Cor. 2:12 e 13). É significativo que o mesmo Paulo, que apela aos crentes no sentido de trabalharem juntos, freqüentemente usa uma linguagem dura para defender a verdade absoluta do evangelho que ele pregava (Gál. 1:6-9). De fato, o ensino apostólico era muito diretivo, dando ordens com a mais forte autoridade (I Tess. 4:1 e 2; II Tess. 3:6 e 12).

Os profetas e apóstolos não descrevem como reconheceram a palavra de Deus tão logo a receberam, mas é claro que eles estavam certos de que Deus lhes falava. Mesmo quando o Senhor falou de maneira que eles não entenderam completamente, ou quando a mensagem não era humanamente agradável, eles jamais questionaram sua origem divina.

A Bíblia, no entanto, não foi ditada verbalmente por Deus. Mensageiros humanos foram divinamente guiados na escolha de palavras aptas para expressar a revelação divina, e assim as palavras proféticas são chamadas Palavra de Deus. A individualidade de cada escritor é evidente, todavia os elementos divino e humano são virtualmente inseparáveis.

Ellen White oferece uma intrigante percepção: “Mas a Escritura Sagrada, com suas divinas verdades, expressas em uma linguagem de homens, apresenta uma união do divino com o humano. União semelhante existiu na natureza de Cristo que era o Filho de Deus e o Filho do homem. Assim, é verdade com relação à Escritura, como o foi em relação a Cristo, que ‘o Verbo Se fez carne e habitou entre nós’.” (João 1:14).2

Continuidade e unidade

As muitas citações do Antigo Testamento no Novo indicam que os primeiros escritos eram considerados pelos escritores do Novo Testamento uma revelação divina. Uns poucos dentre centenas de exemplos incluem: as palavras de Isaías (Isa. 7:14) citadas como “o que fora dito pelo Senhor por intermédio do profeta” (Mat. 1:21). Jesus citou Gênesis 2:24 como palavras ditas por Deus (Mat. 19:5). Também falou de “toda palavra que sai da boca de Deus” (Mat. 4:4). Palavras das Escrituras são atribuídas ao Espírito Santo. Citando “o que foi dito por intermédio do profeta Joel” (Joel 2:28-32), Pedro insere a expressão “diz o Senhor”, atribuindo a Deus as palavras do profeta (Atos 2:16 e 17).

Isaías 9:6 foi citado por Paulo e Barnabé como algo que “o Senhor ordenou”, argumentando que uma profecia do Antigo Testamento também colocava obrigação moral sobre eles. Paulo re-feriu-se ao que o Espírito Santo disse através do profeta Isaías (Atos 28:25). Também citou o discurso de Deus em Êxodo 9:16 como o que a “escritura diz a Faraó” (Rom. 9:17), indicando uma equivalência entre o que a Escritura do Antigo Testamento diz e o que Deus diz.

Tal como foi visto no Antigo Testamento, os escritores do Novo também sabiam que era possível Deus falar diretamente ao povo numa linguagem humana. Isso é evidenciado pelo relato do batismo de Jesus (Mat. 3:17; Mar. 1:11; Luc. 3:22); a Transfiguração (Mat. 17:5;

Mar. 9:7; Luc. 9:35); II Ped. 1:17 e 18); na conversão de Saulo (Atos 9:4); nas instruções dadas a Ananias (Atos 9:11-16); na visão de Pedro (Atos 10:13); a Paulo em suas viagens (Atos 18:9 e 10); e na revelação a João (Apoc. 1:11-3:22).

Jesus e o Antigo Testamento

O próprio Cristo enfatizou ter recebido a palavra de Deus. Por exemplo: “…o Pai, que Me enviou, esse Me tem prescrito o que dizer e o que anunciar” (João 12:49). Paulo diz ter recebido a revelação de Deus: “Se alguém se considera profeta ou espiritual, reconheça ser mandamento do Senhor o que vos escrevo” (I Cor. 14:37).

A mente dos autores do Novo Testamento estava saturada com o Antigo Testamento. Eles faziam constantes referências a essa porção das Escrituras e a citavam como apoio a seus argumentos teológicos. Os quatro evangelhos tomam óbvio que Jesus Cristo submeteu-Se sem reservas ao Antigo Testamento e confirmou sua absoluta autoridade diante de outras pessoas. Em Seus ensinamentos e ética ele era funda-mental. As profecias do Antigo Testa-mento estavam intimamente relacionadas com a Sua vida, ao mesmo tempo em que Ele freqüentemente declarava que tudo devia ser cumprido tal como foi escrito. Jesus censurou os teólogos judeus de Seu tempo não por estudar o Antigo Testamento, mas por permitirem que as tradições humanas toldassem e até falsificassem a palavra escrita de Deus (Mar. 7:1-13).

Cristo esperava que outras pessoas aceitassem o Antigo Testamento como fonte autorizada. Muitas vezes ele inquiria: “Não lestes o que fez Davi… não lestes na lei…?” (Mat. 12:3-5). Quando foi questionado sobre o assunto do divórcio, Ele respondeu: “Não tendes lido…?” (Mat. 19:4). Certa feita, quando Sua autoridade foi questionada, Ele contou uma parábola, concluindo-a com essas palavras: “Ainda não lestes esta Escritura…?” (Mar. 12:10).

Ao responder à pergunta de um doutor da lei sobre salvação, o Mestre falou: “Que está escrito na lei? Como interpretas?” (Luc. 10:26). O doutor da lei respondeu-Lhe com uma citação direta dos dez mandamentos, ao que Jesus lhe disse: “Respondeste corretamente”. Ainda em resposta a outra pergunta dos saduceus, a respeito do casamento no Céu, Jesus disse: “Errais, não conhecendo as Escrituras… não tendes lido o que Deus vos declarou…?” (Mat. 22:29-31).

O fariseu Nicodemos foi ao encontro de Jesus, durante certa noite. Enquanto falava de Sua missão, Jesus questionou Nicodemos : “Tu és mestre em Israel e não compreendes estas coisas?” (João 3:10). Quando questionado a respeito dos eventos dos últimos dias, no Monte das Oliveiras, Jesus instou Seus interlocutores a que lessem o livro de Daniel para que compreendessem o assunto (Mat. 24:15).

Realidade histórica e fatual

O apóstolo Paulo refere-se intensamente ao Antigo Testamento e enfatiza sua autoridade. Por exemplo, em sua carta aos cristãos romanos, ele constrói um poderoso argumento, mostrando que o fundamento do evangelho deve ser encontrado no Antigo Testamento. E, nesse processo, o apóstolo demonstra o supremo princípio de ouvir o que as Escrituras dizem a respeito de si mesmas.

Além disso, embora hoje algumas pessoas argumentem que a veracidade da Bíblia não inclui necessariamente os detalhes históricos, nós encontramos Jesus e os autores do Novo Testamento aceitando a historicidade do Antigo. Na verdade, os escritores do Novo Testamento confiam nas narrativas históricas do Antigo Testamento para apoiar a certeza das futuras ações de Deus.

Grudem revela muita percepção quando declara: “Talvez ainda não tenha sido suficientemente enfatizado que em nenhum lugar do Antigo ou do Novo Testamento, nenhum escritor apresenta o menor sinal de desconfiança ou desconsideração para com alguma parte da Escritura. Centenas de textos encorajam as pessoas a confiarem completamente nas Escrituras; mas nenhum texto anima qualquer dúvida ou a menor desconfiança nelas.”3

A qualidade estética da Escritura é uma parte integral de sua natureza. O toque primoroso da antiga poesia hebraica tem sido muito louvado. No último quarto de século, a qualidade literária das narrativas bíblicas finalmente tem sido reconhecida. Aceita-se agora que tais narrativas não foram histórias escritas primariamente para crianças, mas são afirmações teológicas soberbas, enunciadas dentro de uma expressão literária distintiva. Deus utiliza valores estéticos para intensificar Sua revelação, e ainda como uma parte dela.

Interpretação e compreensão

Para alguns leitores, a Bíblia parece uma coleção enigmática de materiais sem relação mútua: narrativas, poesias, códigos legais, sermões, cartas, profecias, parábolas, editos reais, histórias e genealogias. Com tudo isso junto como que num envelope, a pergunta que alguém pode suscitar é: “Como todas essas coisas podem fazer sentido?” A questão da interpretação (hermenêutica) é um tópico de estudos teológicos contínuos. E a própria Escritura estabelece que ela pode ser lida e interpretada erroneamente. Muitos dos autores bíblicos, e o próprio Cristo, advertiram contra os falsos mestres e seus ensinos.

Jesus mesmo providenciou o componente-chave na compreensão e interpretação da Escritura. Contrariamente ao engano dos líderes religiosos do Seu tempo que pareciam ver a letra da Escritura como tendo algum poder doador de vida em si mesma, Jesus expôs a idéia revolucionária de que deveriam abordá-la com a compreensão de que os sagrados escritos testificam dEle mesmo, e da vida através dEle (João 5:39 e 40).

O apóstolo Paulo testemunha que quando Jesus é visto nas Escrituras, um véu é removido dos olhos do pesquisador (II Cor. 3:14-16). Os dois discípulos que viajavam a Emaús também tiveram uma experiência de correta compreensão das Escrituras. O Senhor ressuscitado interpretou cristologicamente o Antigo Testamento para eles, provocando-lhes ardor no coração (Luc. 24:32).

Os cristãos contemporâneos, assim como os dois discípulos no caminho a Emaús, lêem as Escrituras. Eles também sabem da morte e ressurreição de Jesus Cristo. Entretanto, alguns ainda têm de ser persuadidos a aceitar a natureza cristocêntrica das Escrituras, apre-sentada pelo Senhor àqueles dois discípulos. Ver a Cristo na Bíblia, com os olhos do coração, é ter a chave para interpretá-la corretamente e assim compreender seu verdadeiro propósito.

O valor da Bíblia

Algumas pessoas assumem a posição de que diferentes porções das Escrituras são de valor e autoridade questionáveis. Porém, ao contestar esse pensamento, nenhum escritor referiu-se à questão de modo mais claro que Ellen White: “Que homem há que se atreva a tomar a Bíblia e dizer que esta parte é inspirada e aquela outra não é? Preferiría que me arrancassem ambos os braços antes que eu fizesse uma declaração ou estabelecesse meu juízo sobre a Pa-lavra de Deus, quanto ao que é inspira-do e o que não é… Nunca permitais que um homem mortal julgue a Palavra de Deus ou dite quanto dela é inspirado e quanto não é inspirado, ou que esta porção é mais inspirada que algumas outras porções. Deus o adverte que se retire desse terreno. Deus não lhe deu tal obra para fazer. … Exortamo-vos a que tomeis vossa Bíblia, porém não ponhais uma mão sacrílega sobre ela, dizendo: ‘Isto não é inspirado’, simplesmente por que algum outro o disse. Nem um jota nem um til jamais deve ser tirado da Palavra.”4

Deus expressa o mesmo sentimento: “Assim diz o Senhor: O Céu é o Meu trono, e a Terra o estrado dos Meus pés; que casa Me edificareis vós? E qual é o lugar do Meu repouso? Porque a Minha mão fez todas estas coisas, e todas vieram a existir, diz o Senhor, mas o homem para quem olharei é este: o aflito e abatido de espírito e que treme da Minha Palavra” (Isa. 66:1 e 2).

A doutrina cristã da Escritura é sobre mais que um livro. Através dos seus autores, encontramos um Deus que anseia por Seus filhos, que está empenhado em comunicar Seu amor por eles e que os ama com um amor superior àquele com que amou Sua própria vida. Fleming Rutledge expressa seus sentimentos a respeito disso: “Toda vez que eu penso estar perdendo a fé, o relato bíblico me prende novamente com seu poder vital. Nenhum outro documento religioso possui tal poder. Estou convencido, a despeito de muitos argumentos contrários, de que Deus realmente habita nesse texto. Como Jó, também posso dizer: ‘Eu Te conhecia só de ouvir, mas agora os meus olhos Te vêem. Por isso, me abomino e me arrependo no pó e na cinza’” (42:5 e 6).5                     

Referências:

  • 1 Fleming Rutledge, Help My Unbelief (Grand Rapids: Eerdmans, 2000), pág. 25.
  • 2 Ellen G. White, O Grande Conflito (Nampa, Idaho: Pacific Press Publishing Association, 1911), pág. 8.
  • 3 Wayne A. Grudem, Scripture and Truth (Grand Rapids: Baker Books, 1992), pág. 31.
  • 4 Ellen G. White, The Seventh-day Adventist Bible Commentary (Washington D.C.: Review and Herald Publishing Association, 1957), vol. 7, págs. 919 e 920.
  • 5 Fleming Rutledge, Op. Cit., pág. 25.