Quando falamos em cumprir a missão, é comum imaginar pastores ou pioneiros que viajam para terras distantes a fim de anunciar o evangelho. Embora isso seja, sem dúvida, uma parte essencial dessa obra, as Escrituras revelam uma perspectiva muito mais ampla. Um dos exemplos mais evidentes é o estabelecimento da Grande Comissão pelo próprio Cristo.
Haviam se passado cerca de 40 dias desde a ressurreição, período em que Jesus Se dedicou a transmitir Suas últimas instruções, por meio do Espírito Santo, aos apóstolos que havia escolhido (At 1:2, 3). No entanto, a ordem mais importante não foi dirigida apenas a eles. Antes de Sua morte na cruz, Jesus havia convocado uma reunião geral de Seus seguidores na Galileia. No domingo da ressurreição, o anjo recordou esse compromisso às fiéis seguidoras (Mt 26:32; Mt 28:7, 10, 16).
No dia marcado, cerca de 500 crentes se reuniram nesse lugar (1Co 15:6). Foi nessa ocasião que a Grande Comissão, registrada em Mateus 28:19 e 20, foi proclamada publicamente por Jesus (Mt 28:16) (ver também Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações [CPB, 2021], p. 656, 657). Ellen White afirma que a ordem de pregar o evangelho, fazer discípulos e batizar não foi dada apenas aos apóstolos, mas confiada a “homens e mulheres que tinham aprendido a amar seu Senhor e que decidiram seguir Seu exemplo de serviço abnegado. A esses humildes, assim como aos discípulos que haviam estado com o Salvador durante Seu ministério terrestre, fora confiada a preciosa missão. Deveriam levar ao mundo as alegres novas da salvação por meio de Cristo” (Atos dos Apóstolos [CPB, 2021], p. 67).
Ao dar a Grande Comissão a todos os que ali estavam reunidos, Jesus também incluiu os crentes de todas as épocas, pois “todos os que recebem a vida de Cristo são mandados a trabalhar pela salvação de seus semelhantes. Para essa obra, foi estabelecida a igreja; e todos os que tomam sobre si seus sagrados votos se comprometem a ser colaboradores de Cristo” (O Desejado de Todas as Nações, p. 660).
O apóstolo Pedro reforça essa compreensão da igreja ao descrever os crentes como “geração eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamar as virtudes Daquele que os chamou das trevas para a Sua maravilhosa luz” (1Pe 2:9). Note que ele usa imagens de exclusividade do Antigo Testamento e as aplica a todos os seguidores de Cristo. “Geração eleita” evoca uma linhagem familiar específica; o “sacerdócio” era restrito a uma única tribo; e a expressão “nação santa” costumava designar apenas o povo de Israel, em contraste com as demais nações. Agora, porém, todos os que creem – “judeus ou gregos, escravos ou livres, homens ou mulheres” (Gl 3:28), bem como crianças, adolescentes, jovens e adultos – pertencem à família de Cristo, são feitos sacerdotes de Deus e constituem Seu povo santo. Foram “adquiridos”, isto é, resgatados pelo sangue de Jesus, para proclamar ao mundo as boas-novas do evangelho.
Portanto, quando você ouvir em sua igreja o lema “Todo Membro Envolvido”, não pense que se trata de uma tarefa para poucos ou de um plano distante da realidade. Pelo contrário, faça dele algo pessoal. Como parte do corpo de Cristo, resgatado do pecado pelo Seu sacrifício, assuma esse chamado como seu.
Você considera a Grande Comissão uma tarefa inalcançável? Lembre-se do que Jesus disse: “Toda autoridade Me foi dada no Céu e na Terra. […] E eis que estou com vocês todos os dias até o fim dos tempos” (Mt 28:18, 20). Você não está sozinho – Jesus o acompanhará e o fortalecerá com Seu poder!
Eric Richter, Editor da Ministério, edição da Aces
