Jesus havia passado bastante tempo ensinando e capacitando Seus doze discípulos. Juntos, eles haviam percorrido diferentes lugares, enquanto Ele pregava, ensinava e curava os enfermos. Mas agora era tempo de passar para o próximo nível: os discípulos deveriam pregar, ensinar e curar por si mesmos. Por esse motivo, Jesus “chamou os doze e passou a enviá-los de dois em dois” (Mc 6:7).

Os discípulos tiveram muito êxito em sua missão. Eles saíram e “pregaram ao povo que se arrependesse. Expulsavam muitos demônios e curavam numerosos enfermos, ungindo-os com óleo” (v. 12 e 13). Após concluírem o evangelismo, voltaram para onde Jesus estava, mas não foram sozinhos: uma “grande multidão” os seguia para conhecer o Mestre de Nazaré (v. 34). “Muitos correram para lá, a pé, de todas as cidades” e eram tantos “os que iam e vinham” que Jesus e Seus discípulos “não tinham tempo nem para comer (v. 33 e 31).

O que fazer em uma situação dessas? Provavelmente, qualquer evangelista pensasse que seria o momento ideal para ganhar o interesse das pessoas e convertê-las para o reino de Deus. No entanto, a reação de Jesus foi diferente. Ele reuniu Seus discípulos e disse-lhes: “Venham repousar um pouco, à parte, num lugar deserto” (v. 31). Naquele momento de atividade intensa e com muita gente para atender, Jesus priorizou a saúde e o descanso. Cristo viu que “eles haviam posto todo o coração no trabalho em favor do povo, e isso estava esgotando as energias físicas e mentais deles. Precisavam descansar” (Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações [CPB, 2021], p. 283).

Que tipo de experiências tiveram os discípulos ao cumprir a missão que Jesus lhes havia confiado? Eles “passaram pela prova da luta e enfrentaram oposição em suas várias formas. Até então, haviam consultado a Cristo em tudo; no entanto, ficaram sozinhos por algum tempo e, muitas vezes, preocupados quanto ao que deviam fazer. Tinham recebido bastante incentivo em sua obra, pois Cristo não os enviara sem Seu Espírito, e realizavam muitos milagres pela fé Nele. Mas agora precisavam se alimentar do Pão da Vida. Precisavam se retirar para um lugar solitário, onde pudessem estar em comunhão com Jesus e receber instruções quanto à sua obra futura” (Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações [CPB, 2021], p. 282, 283).

Os discípulos haviam trabalhado fielmente para cumprir a missão. Como em todo ministério, passaram por altos e baixos. Tiveram momentos de “estímulo em seu trabalho”: viram corações convertidos, corpos curados e almas libertas pelo poder de Deus. Mas também enfrentaram conflitos, oposição e, em certas ocasiões, tinham estado muito angustiados quanto ao que fazer. Seu esforço altruísta havia produzido muito fruto, mas também os havia esgotado física e mentalmente. Portanto, Jesus os levou para um lugar em que pudessem descansar.

Da mesma forma, o ministério atualmente passa por altos e baixos. O serviço abnegado produz frutos, mas também esgota a saúde física e mental dos obreiros. Nessa situação, precisamos saber que “Cristo é cheio de ternura e compaixão para com todos os que estão em Seu serviço. Queria mostrar aos discípulos que Deus não exige sacrifício, mas misericórdia” (Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações [CPB, 2021], p. 283). Se hoje você se encontra em uma situação de estresse, ansiedade ou Síndrome de Burnout, escute o chamado de Jesus: “Venha repousar um pouco, à parte, num lugar deserto, e descanse em Mim.” 

Eric Richter, editor associado da revista Ministério, edição em espanhol