“Compreendi que, no fim do período dos 1.260 anos, em 1798, Deus suscitaria um povo em claro contraste às igrejas caídas de Babilônia”

Nasci e cresci nos Estados Unidos. Até onde minha lembrança alcança, eu era ateu. A ciência era meu deus. A busca pelo conhecimento era minha paixão. Tudo isso começou a mudar, entretanto, em um dia de verão, quando alguém me deu o livro O Grande Conflito, de Ellen G. White. Comecei a ler o capítulo intitulado “A origem do mal” e, pela primeira vez, o cristianismo me pareceu ter sentido. Antes que o verão passasse, eu já havia aceitado Jesus Cristo como meu Salvador e fui batizado na Igreja Adventista do Sétimo Dia.

Antes de eu ter lido O Grande Conflito e compreender as profecias de Daniel e Apocalipse, a Bíblia não me parecia real. Meus amigos cristãos, no tempo do Ensino Médio, me falavam: “Jesus levou seus pecados e morreu na cruz por você. Você não deseja aceitá-Lo como Salvador e ir para o Céu? Do contrário, você irá para o inferno!”

Então, eu ouvia a respeito de Jesus, Céu e inferno, mas tudo aquilo era para mim uma linguagem estranha. Nada tinha sentido. Uma vez que aprendi a verdade tal qual é em Jesus, não apenas ela fez sentido, mas minha vida nunca mais foi a mesma. Compreendi que Deus suscitou o movimento adventista em um tempo especial para um propósito especial na história da Terra: dar ao mundo uma mensagem profética e proclamar a breve vinda de Cristo. Sou feliz, nos sentidos espiritual, intelectual, emocional e social, por ser um adventista do sétimo dia.

Estabelecida para durar

Do pequeno e insignificante começo na metade do século 19, o movimento adventista cresceu e se tornou uma igreja com cerca de vinte milhões de membros em mais de duzentos países. E continuamos crescendo. Esses fatos são surpreendentes quando os comparamos com outro produto do movimento milerita, a Igreja Cristã Adventista, que tem 125.600 membros em 35 países.1

Por que a Igreja Adventista do Sétimo Dia tem sido tão bem-sucedida? Não é simplesmente pelo fato de que, em relação às outras denominações evangélicas, tenhamos mais compreensão da verdade. A vasta maioria das nossas doutrinas é compartilhada com outras denominações cristãs. Os batistas do sétimo dia, por exemplo, descobriram o sábado bíblico no início dos anos 1600, mas o número deles atinge 50 mil em 22 países.

Ao buscarmos compreender a razão do êxito da Igreja Adventista, pode ser valioso analisar o best-seller intitulado Built to Last: Successful Habits of Visionary Companies [Feito para Durar: Hábitos de Sucesso de Empresas Visionárias], escrito por Jim Collins e Jerry Porras. Nesse livro, eles descrevem empresas que foram “feitas para durar”. Os autores pesquisaram 18 empresas, como Boeing, Sony e American Express, e as compararam com suas rivais, a fim de encontrar “o que verdadeiramente torna excepcionais essas empresas”.2 Centralização em valores, adaptação a mudanças, sem jamais abandonar seus fundamentos, e estabelecer “alvos audaciosos, grandes”, são algumas das qualidades que as têm habilitado a persistir e prosperar.

Embora não sejamos uma empresa, a Igreja Adventista do Sétimo Dia, como povo, foi estabelecida para durar muito mais que quaisquer empresas que Collins e Jerry pudessem descrever, porque o movimento adventista foi suscitado por Deus. O movimento adventista surgiu para durar não apenas por gerações, mas pela eternidade! Surgiu para durar através do último grande conflito!

A fim de nos ajudar e melhor nos lembrar, vamos analisar cada fundamento sobre o qual a Igreja Adventista foi estabelecida:

1) Fé alicerçada na Bíblia; somos guiados pela Bíblia, a Palavra que permanece para sempre (Is 40:8).

2) Compreensão das profecias, conforme preditas por Daniel (Dn 8:8-10; Ap 10).

3) Informação privilegiada – o grande conflito e como teve início (Ap 11:19; 12).

4) Lei e evangelho, perfeitamente harmonizados pelo antitípico dia da expiação (Ap 14:6-12).

5) Tempo certo – o adventismo surgiu no tempo exato, conforme especificado na profecia (Ap 12:17).

Fundamento bíblico

“A Palavra de Deus é o alicerce sobre o qual têm de se erguer nossas esperanças do Céu.”3

Tão logo eu descobri que a Bíblia se constitui a Palavra inspirada de Deus, concluí que a coisa mais importante a fazer era compreender esse livro. Embora ele tenha sido escrito por diferentes autores em um período de 1.500 anos, encontrei não apenas sabedoria divina, mas relatos históricos e sobre a criação, inigualáveis em sua qualidade e elegância. Também descobri que a Igreja Adventista do Sétimo Dia tem uma missão semelhante à de João Batista, fundamentada em Isaías 40. É interessante notar que a passagem focaliza mais a segunda vinda do que a primeira (ver Is 40:3-5, 9, 10).

Essa passagem também enfatiza a prioridade das Escrituras sobre as ideias humanas que são semelhantes à relva: “A relva murcha, e as flores caem, mas a Palavra de nosso Deus permanece para sempre” (Is 40:8). Na mesma linha de pensamento, as palavras de Ellen G. White repetem: “Deus terá sobre a Terra um povo que mantenha a Bíblia, e a Bíblia só, como norma de todas as doutrinas e base de todas as reformas. As opiniões de homens ilustres, as deduções da ciência, os credos ou decisões dos concílios eclesiásticos, tão numerosos e discordantes como são as igrejas que representam, a voz da maioria – nenhuma destas coisas, nem todas em conjunto, deveriam ser consideradas prova em favor ou contra qualquer ponto de fé religiosa. Antes de aceitar qualquer doutrina ou preceito, devemos pedir em seu apoio um claro ‘Assim diz o Senhor’.”4

Compreensão profética

Temos uma compreensão das profecias relacionadas ao fim dos tempos, de acordo com o que foi predito por Daniel.

Daniel 12:8-10 menciona um povo que, no fim do tempo, compreende claramente as coisas que nem ele mesmo entendeu. Apocalipse 10 descreve esse tempo em termos de um pequeno livro, fechado e selado, como tendo sido aberto. Deus suscitou o adventismo em um tempo especial para um propósito especial no fim da história desta Terra. Não somos uma igreja a mais. Fomos suscitados por Deus para advertir as pessoas contra o recebimento da marca da besta. Nos meus tempos de juventude, eu ficava surpreso de que outras igrejas parecessem incapazes de explicar o significado dessa marca.

A visão historicista de interpretação profética leva logicamente ao adventismo do sétimo dia, o que pode ser uma razão pela qual os protestantes consideram que muitas predições apocalípticas foram cumpridas no passado (preterismo) ou ainda serão cumpridas no futuro (futurismo). Para muitos protestantes, a reunificação com Roma é vista como sendo mais e mais atrativa. Por outro lado, lamentavelmente, alguns adventistas parecem ter começado a avaliar a unidade com outros cristãos mais significativamente do que proclamar a mensagem para este tempo.

Trinta e seis anos atrás, muitas coisas a respeito das quais eu li em O Grande Conflito pareciam impossíveis de acontecer. Tive que aceitá-las pela fé. Agora tudo mudou! Naquele tempo, eu não podia imaginar como os Estados Unidos, descritos em Apocalipse 13 com aparência de cordeiro, poderiam vir a falar como dragão. A separação entre Igreja e Estado era clara. Religião e política permaneciam diplomaticamente à parte. Além disso, vigilância de cada movimento das pessoas, poderia existir em regimes totalitaristas, mas nunca podia acontecer nos Estados Unidos.

Quão longe chegamos em tão pouco tempo! Agora, sob o argumento do interesse da segurança nacional, os Estados Unidos estão prontos a usar todos os meios, mesmo à custa de seus próprios ideais e princípios, para espionar seus cidadãos. Três décadas atrás, eu não podia imaginar o grau em que tantos protestantes hoje se mostram dispostos a abandonar suas crenças fundamentadas na Bíblia.

Informação privilegiada

Temos uma extraordinária fonte de informação privilegiada, por meio de nossa compreensão do grande conflito.

Ao ler O Grande Conflito, descobri que o mal foi um intruso no Universo de Deus, embora isso não fosse surpresa para Ele. Ao contrário, a possibilidade de pecado era o risco que o Deus de amor estava disposto a correr, a fim de que pudesse haver verdadeira liberdade. Entendi que Deus não obriga ninguém a ser salvo – mas também que ele não espera para sempre! As profecias da Bíblia foram seladas somente até o “tempo do fim”, e nos mostram onde estamos na história da Terra. A profecia de Daniel 9 imprimiu em mim a integridade da Bíblia com sua acurada descrição dos eventos históricos centenas de anos à frente e seu cumprimento no tempo exato. Especialmente impressiva para mim foi a profecia dos 2.300 dias proféticos, apontando para a purificação do santuário celestial em 1844.

Apocalipse 11:19 aponta para este tempo: “Então foi aberto o santuário de Deus nos Céus, e ali foi vista a arca da Sua aliança.” Isso é informação privilegiada! Temos uma visão do interior do santuário no templo celestial e da arca do concerto. Esse verso marca uma virada significativa no livro de Apocalipse.5 Assinala o início da dramática obra de Deus perto do fim da história terrestre. Introduz o grande conflito entre Cristo e Satanás e o impacto devastador dos ataques satânicos, quando o verdadeiro povo de Deus esteve na obscuridade, enquanto uma forma apostatada de cristianismo manteve as rédeas do poder. Compreendi que as atrocidades da história cristã não eram atribuíveis a Deus e que, no fim do período dos 1.260 anos, em 1798, um povo remanescente seria suscitado por Ele como um claro contraste às igrejas caídas de Babilônia.

Lei e evangelho

Proclamamos a mensagem do evangelho para o tempo do fim, a qual harmoniza perfeitamente lei e evangelho, justiça e misericórdia.

A primeira mensagem angélica, encontrada em Apocalipse 14:6, 7, proclama o “evangelho eterno” em termos da “hora do Seu juízo [de Deus]”. Esse não é um novo evangelho, porque é chamado de “evangelho eterno”. Mas, à semelhança do “novo” concerto sobre o qual o evangelho é fundamentado, há alguma coisa nova. Esse novo elemento é urgência porque, como diz o anjo de Apocalipse 10:6, “não haverá mais demora!”. O fim está próximo.

Essa declaração, ligada à proclamação do capítulo 14, anuncia que a hora do juízo de Deus é chegada. Muitos cristãos pensam no dia do juízo como o dia da vinda de Jesus. De fato, essa também foi a compreensão dos adventistas mileritas, até que eles descobriram a chave que abriu o mistério de Daniel 8:14. Por meio da compreensão da obra de Cristo no santuário celestial como nosso Sumo Sacerdote, eles entenderam um fato importante. Considerando que Jesus afirmou que, em Sua vinda, Sua recompensa será dada “a cada um segundo as suas obras” (Ap 22:12), o Juízo deve preceder esse evento.

Além disso, os adventistas entenderam que o julgamento celestial era simbolizado pela purificação do santuário no ministério do santuário terrestre, no Dia da Expiação. Esse era o único dia no calendário religioso em que todo israelita devia participar. Ignorar esse dia era impensável, porque isso significava ser eliminado de Israel, excluído do povo de Deus. Esse era também o único dia do ano observado à semelhança do sábado semanal. Havia sábados cerimoniais, que significavam dias festivos, feriados. O Dia da Expiação, entretanto, era o único dia que devia ser observado como o sétimo dia da semana, em total repouso. Nenhuma obra era feita. Não é coincidência que, no dia antitípico da expiação ocorrendo agora, o sábado do sétimo dia tenha mais importância do que nunca.

Talvez surpreendente para alguns seja o fato de que, embora o evangelho do fim do tempo esteja conectado com o Juízo, o evangelho ainda se constitui as boas-novas, porque Jesus em breve virá! Porque Ele está vindo para trazer justiça, endireitar todos os erros e recompensar Seu povo fiel. O evangelho é boa-nova porque pecado e pecadores não mais existirão, não mais haverá sofrimento, tentação nem dor. Até mesmo o tempo de prova é uma boa-nova. Por quê? Porque somos informados de que, como resultado do Juízo, nossos pecados serão “levados para longe, na terra do esquecimento” e não seremos capazes de “trazê-los à lembrança”.6 Que melhores novas poderíamos receber?

Passada a crise final, João viu um povo: “Aqui está a perseverança dos santos que obedecem aos mandamentos de Deus e permanecem fiéis a Jesus” (Ap 14:12). Isto é o que faz a mensagem do terceiro anjo: essa mensagem continua como mensagem de boas-novas, uma mensagem de esperança e de fé, a fim de preparar um povo para a vinda do Senhor.

No tempo certo

O adventismo surgiu no tempo predito.

A Igreja Adventista do Sétimo Dia é um movimento profético, mais especificamente, do tempo da profecia. Foi através da compreensão da profecia dos 2.300 dias/anos que viemos à existência. Como povo, surgimos no cenário do mundo no tempo predito na profecia bíblica. O remanescente do tempo do fim devia surgir depois do período dos 1.260 dias/anos de apostasia cristã predito em Daniel 7:25 e terminado em 1798. Esse período é mencionado duas vezes em Apocalipse 12, no espaço de nove versos (6 – 14). Então, surge o remanescente do tempo do fim (Ap 12:17). A visão na qual João viu a arca no lugar santo do santuário celestial destaca a centralidade da lei para o fim dos tempos, ao identificar o remanescente como os “que obedecem aos mandamentos de Deus e têm o testemunho de Jesus” (Ap 12:17, ARA).

Que o tempo designado para o surgimento do remanescente havia chegado foi confirmado por Deus por meio de sinais nos céus (Mt 24:29; Ap 6:12, 13). Aparentemente por desígnio, esses sinais foram vistos em muitas partes do mundo no qual Deus estava chamando à existência um povo especial para uma missão especial.

Diante de tudo isso, podemos ver que Deus levantou a Igreja Adventista do Sétimo Dia por uma razão. As profecias de Daniel e Apocalipse formam o impactante quadro de um Deus no controle da História. Um quadro revelador de que Ele suscitou um remanescente para cumprir Sua missão na Terra. Que Ele nos conceda graça a fim de que aceitemos humildemente e cumpramos essa tarefa humanamente impossível! 

Referências:

  • 1 Wikipedia, acessado em 20/04/2014, en.wikipedia.org/wiki/Advent_Christian_Church.
  • 2 Jim Collins and Jerry I. Porras, Built to Last: Successful Habits of Visionary Companies (Nova York: Harper, 1994).
  • 3 Ellen G. White, Nos Lugares Celestiais [MM 1968], p. 106.
  • 4 ________________ , O Grande Conflito, p. 595.
  • 5 Ver Kenneth A. Strand, Symposium on Revelation: Introductory and Exegetical Studies, ed. Frank B. Holbrook (Silver Spring, MD: Biblical Research Institute, 1992), v. 6, p. 57, 58.
  • 6 Ellen G. White, Spirit of Prophecy (Battle Creek, MI: Seventh-day Adventist Pub. Assn., 1869 facsimile), p. 124.