Qualquer pregação que não transforme o comportamento dos ouvintes é falha. Mike Bellah diz: “Mais que qualquer outra coisa, esta geração precisa de ensino bíblico. Nossa mente necessita ser renovada com expectativas nascidas não da cultura, mas da Palavra de Deus…. Crentes em potencial necessitam saber que a verdade não é relativa.”1

Michael Green argumenta que a instrução de novos membros através da pregação deve ser mais que proclamação da verdade. Deve fincar raízes no coração e ser vivida no dia-a-dia.

“Nós tentamos fazer isso de várias maneiras. Uma foi planejando cuidadosamente uma seqüência de sermões: algumas vezes tópicos, em outras, seguindo o calendário denominacional, e ainda em outras, pregando sermões expositivos. Tentamos ser sensíveis às necessidades de cada época.

“Com isso em mente, organizamos uma série de nove meses, examinando o significado de sermos uma sociedade alternativa num mundo em decadência. Gastamos um mês analisando cada um dos aspectos desse tema e realizando grupos para discutir e orar sobre a aplicação de cada item. Foram produzidos CDs para cada tópico, além de uma apostila, para que cada membro pudesse ter seu material de estudo.”2

Falando sobre a instrução de novos crentes, Ellen White escreveu aos pregadores adventistas: “Se os que conheciam a verdade e já estavam firmados nela necessitam realmente de que a importância dela lhes seja sempre conservada diante dos olhos e seu espírito despertado por sua repetição, quão importante é que não se negligencie isto também para com os recém-chegados à fé!”3

Confiar apenas no conhecimento – transmitir informações corretas aos novos crentes – pode contribuir para que a igreja seja uma comunidade ainda mais fechada do que parece. Se pensamos que apenas a informação é suficiente para discipular pessoas, estamos em perigo de arrogância espiritual, semelhante à que foi demonstrada pelos coríntios, ao imaginarem que sabedoria superior era igual à espiritualidade superior.

Tenho conhecido muitas pessoas na igreja, dotadas de acurada compreensão teológica, cuja vida não tem refletido a mudança esperada e proposta pelo evangelho. Tais indivíduos necessitam algo mais que acurada teologia. Necessitam não apenas do conhecimento da verdade, mas de um relacionamento pessoal, experimental, com Jesus Cristo – a verdade personificada.

Nossos ouvintes necessitam do conhecimento experimental de Jesus

Roger L. Dudley e Des Cummings dizem: “Se não temos nada mais que provas textuais para nossas crenças distintivas, não ganharemos nossos ouvintes, pois o mundo quer saber que significado e relevância nossa mensagem tem para a vida das pessoas.”4

John R. W. Stott afirma: “Junto à integridade, nossa pregação sobre arrependimento e o senhorio de Cristo requer realismo. Não é suficiente chamar pessoas ao arrependimento em termos vagos, como se a conversão pudesse acontecer em um tipo de vazio místico fora da vida real. Quando João Batista pregou sobre batismo de arrependimento, insistiu para que o povo respondesse produzindo frutos de arrependimento. Sem desviar dessa rota, ele apresentava temas específicos. O rico devia partilhar sua opulência com o necessitado, coletores de impostos deviam substituir a extorsão pela honradez. Soldados jamais deviam usar a força para despojar o povo, mas viver contente com o salário recebido (Lc 3:8, 10-14). Necessitamos falar em termos realistas e concretos as implicações contemporâneas de arrependimento, conversão e o senhorio de Jesus Cristo.”5

Assim, nossa pregação deve transformar crentes em cidadãos que vivem no mundo como “o sal da Terra” e “a luz do mundo”, em constante preparo para o iminente reino de Deus. Esse é o ensino que transforma.

Referências:

  • 1 Mike Bellah, Baby Boom Believers (Wheaton, IL: Tyndale House, 1973), p. 143.
  • 2 Michael Green, Freed to Serve: Training and Equiping for Ministry (Dallas, YX: Word Publishing, 1983), p. 124.
  • 3 Ellen G. White, Evangelismo, p. 334.
  • 4 Roger L. Dudley and Des Cummings Jr., Adventures in Church Growth (Hagersttown, MD: Review and Herald Publishing, 1983), p. 33.
  • 5 John R. W. Sttot, Christian Mission in the Modem World (Downers Grove, IL: InterVarsity Press, 1975), p. 118.