Tema apresentado pelo Dr. Fernando Chaij no Concilio Ministerial de Veracrúz, México.
Frente ao movimento moderno denominado “Deus morreu,” existe alguma certeza para a fé?
Cada vez que um pregador protestante, cansado de ver os bancos de sua igreja semi-vazios, quer fazer um verdadeiro impacto sobre o interêsse de seus membros e encher completamente o templo com um auditório pendente de seus lábios, anuncia algum sermão relacionado com o tema do moderno “ateísmo cristão” (valha o contra-senso): “Deus morreu.” Isto é o que ocorre hoje nos Estados Unidos, segundo opinião autorizada. Revista Time, 8 de abril de 1966, pág. 85.
Porque entre os paradoxos desta década singular de contrastes em que vivemos, se destaca o aparecimento de um curioso movimento moderno encabeçado por um grupo limitado de dirigentes religiosos e professores universitários, (os principais são: Tomás J. J. Altizer, professor da Universidade de Emory, Atlanta, EE. UU.; Guilherme H. Hamilton, professor da Faculdade de Teologia Colgate, de Rochester, Nova Iorque e Paulo Van Buren, professor da Universidade de Temple, Filadelfia) que pretendem afirmar a morte de Deus. A seu ver, êles ascenderam a um nível de intelectualidade mais elevado do que o da imensa maioria de seus colegas e correligionários e se jactam de terem chegado, portanto a um grande “descobrimento”: “A morte de Deus.”
Êstes pensadores protestantes pretendem navegar em uma corrente “nova,” mas se esquecem que, apesar de sua arrogância, a negação de Deus é pràticamente tão antiga como a humanidade. Por isso, dez séculos antes de Cristo o salmista escreveu: “Disse o néscio em seu coração: Não há Deus.” (Sal. 14:1). E ao fazê-lo anunciou a tendência ancestral de uma linha ininterrupta de pessoas que caíram vítimas da arrogância intelectual, pois segundo explica o apóstolo Paulo, “inculcando-se por sábios, tornaram-se loucos.” (Rom. 1:22).
Em tempos mais recentes, o filósofo francês Augusto Comte, em meados do século passado, elaborou uma teoria segundo a qual a humanidade como tal teria passado coletivamente por três etapas ou estados sucessivos: o estado teológico ou das ficções, o metafísico ou da abstração filosófica e o científico ou positivo. Segundo êle, à medida que o homem avança do estado religioso para o científico vai se movendo da sua infância para a maturidade intelectual. Kari Marx, criador do determinismo econômico que deu nascimento ao comunismo moderno; Segismund Freud, criador da teoria do inconsciente e da técnica da psicanálise e Frederico Nietzsche, filósofo alemão, navegaram na mesma corrente de ateísmo. Êste último precisamente cunhou a frase: “Deus morreu.” O ramo ateu dos existencialistas modernos — cujos principais representantes são Camus, Sartre e Heidegger — também pretende negar a Deus.
Não faz muito, coube-me assistir uma conferência a respeito. O amplo anfiteatro da Universidade de Stanford, Califórnia, estava repleto de público trinta minutos antes da hora anunciada para o comêço da conferência. As portas tinham sido fechadas e grupos de pessoas descontentes regressavam ou davam voltas pelos jardins em frente ao lugar do encontro, esperando escutar talvez do lado de fora o desenvolvimento do tema por meio de alto-falantes. A apresentação de nossa credencial de jornalista nos evitou, felizmente, a mesma sorte e nos permitiu ocupar, na segunda fila de poltronas, um dos últimos assentos reservados para a imprensa.
O orador não era nada menos que o Dr. João A. T. Robinson, bispo anglicano de Woolvich, Inglaterra, que alcançou um quarto de hora de fugaz celebridade devido a que, apesar de levar o hábito de bispo, teve a ousadia de se unir ao grupo da “nova teologia” que nega a Deus. Escreveu recentemente um livro intitulado Honest to God, que foi um êxito de livraria desde o princípio. E o foi, não pela novidade de seus conceitos nem pela solidez filosófica ou claridade teológica —já que a verdade é o oposto —mas pela circunstância de que o autor expressa idéias próximas ao ateísmo enquanto conserva um cargo episcopal na igreja oficial da Inglaterra.
Sua conferência de uma hora foi lida palavra por palavra. Sòmente assim poderia êle ter acumulado tal pletora de frases trabalhadas para expressar conceitos vagos, vazios e sem sentido. Segundo êle, o homem necessita fazer uma revisão fundamental de sua idéia de Deus. Propôs abandonar completamente o nome de Deus, e negou — como o faz em seu livro, Sua existência como uma realidade objetiva, transcendente, que exista em alguma parte do cosmos.
Embora se pudesse escrever um livro inteiro sôbre êste movimento que o ateísmo maneja como seu lema fundamental e embora possa se falar extensamente acêrca de suas principais figuras, não acreditamos que mereça que se lhes dedique aqui mais que esta mera menção, somente para colocar o rótulo que identifique a êsses pensadores.
Em troca, para ser construtivos, queremos responder a duas perguntas básicas: 1) Existe algum fundamento sólido para edificar uma certeza a respeito da existência de Deus e da fé cristã? 2) Que sentido tem êste surgimento moderno do ateísmo, aparecido esta vez no seio de algumas das próprias instituições máximas que pretendem ensinar o cristianismo?
A Certeza Científica da Existência de Deus
Nesta era de conquistas científicas alguns pretenderam não aceitar outra coisa que aquilo cuja existência pudesse ser demonstrada por provas empíricas realizadas no laboratório. E portanto exigiram uma prova da existência de Deus. Mas ao fazê-lo adotaram a atitude mais anticientífica que se possa conceber.
Não se pode comprovar empiricamente a existência de Deus, assim como não se pode demonstrar no laboratório a existência do amor nem a da angústia. A estas grandes categorias imateriais, que escapam à experimentação científica, não se pode aplicar o método empírico que permite observar, medir, pesar, tocar, projetar sôbre a tela etc.
Mas Deus tampouco necessita ser demonstrado ou provado. Sua existência é um axioma: é uma verdade evidente e necessária que não exige demonstração. Não podemos provar a infinidade do espaço, mas sabemos que o espaço é infinito porque se trata de uma evidência que se impõe à nossa razão.
Além disso, guiados pela lógica mais elementar, teríamos que cair forçosamente no absurdo, se, por exemplo, ao observar um imenso e complicado edifício de apartamentos, tirássemos a conclusão de que nenhuma mente nem nenhuma mão intervieram na obra, mas que a casualidade reuniu os materiais, os tijolos, o cimento, o ferro etc., nas exatas dimensões e proporções que os engenheiros e arquitetos demoram dias em desenhar e calcular e que também, pela mesma casualidade, êsses materiais se foram colocando em seus respectivos lugares e se formaram assim os quartos, os banheiros, as escadas, os elevadores, os fios elétricos, a instalação de aquecimento e refrigeração, os azulejos e os mil elementos decorativos que entram na construção de uma casa.
Da mesma forma, teríamos que incorrer em um absurdo, sòmente que mil vêzes maior, se quiséssemos afirmar que, tanto as maravilhas do macrocosmo, o imensamente grande — onde se abisma o espírito e a mente se reduz a nada — como as do microcosmo — a célula e o átomo — que revelam um indiscutível propósito, um desenho, uma combinação de leis admiráveis e um desdobramento de fôrças infinitas, chegaram à existência porque sim, sem a intervenção de um Criador. Com o mesmo raciocínio, a Ilíada poderia ter sido escrita pelo acaso com a cauda de um porco.
Essa é a causa pela qual não existe povo algum na Terra, por primitivo ou incivilizado que seja, que não tenha algum conceito de Deus. Pode existir povo sem arte, sem indústria, sem agricultura, sem arquitetura, sem vestuário, mas não existe povo sem religião.
Porque além da evidência íntima que cada ser humano tem de Deus, existe um extraordinário desdobramento de realidades externas que sustentam esta convicção e fazem com que o senso comum, do qual cada um de nós está dotado, aceite a existência de um Criador como algo que está fora de tôda discussão. “Os céus proclamam a glória de Deus — afirma a Palavra inspirada — e o firmamento anuncia a obra de Suas mãos.” (Sal. 19:1).
As magnitudes estelares causam vertigens. As distâncias são abismais. Não cabem em nossa concepção. O Sol é 1.500.000 vêzes maior que a Terra. E entretanto, é uma das menores estrêlas do firmamento. A Terra, o Sol e todos os seus planêtas, constituem apenas um grão de areia na Via Láctea, ou seja, o gigantesco conjunto estelar do qual formamos parte e que é uma galáxia. Mas esta galáxia é uma entre milhares de outras galáxias que povoam os espaços infinitos de Deus. Viajando à velocidade da luz, ou seja a 300.000 quilômetros por segundo, se demora quatro anos para chegar à estrêla mais próxima do nosso planêta. Continuando à mesma velocidade, milhões de estrêlas não poderiam ser alcançadas em tôda a vida de um homem, nem em várias gerações sucessivas.
Mas mesmo descendo dessas alturas insondáveis e nos limitando ao que nos é mais acessível, observamos da mesma forma a mão do podes infinito de Deus: A vida com tôdas suas manifestações maravilhosas. A flora multiforme e majestosa que cobre os bosques, o tapete de esmeralda que veste os campos, a escala multicor de florzinhas silvestres que cinzelam a verde relva dos prados cheios de sonhos. Tudo fala de Deus e de seu amor. Mesmo a vida em sua expressão mais simples, a célula, a ameba, proclama a obra de Deus.
Mas quando observamos o homem, a coroa da criação, o ser feito à imagem do Ser infinito e estudamos as estruturas complicadíssimas de seus órgãos e aparelhos, a sinergia ou combinação admirável de suas funções e sobretudo o mecanismo extraordinário do sistema nervoso e o cérebro, sede da consciência, da razão, das emoções e da inteligência inventiva, ficamos esmagados pela evidência incontrovertível de que tudo tudo isto responde à obra prodigiosa de Deus e aceitamos com reverência e gratidão as primeiras palavras do Gênesis, base de tôda a Bíblia: “No princípio criou Deus.” (Gên. 1:1.)
A Origem do Ateísmo
Por que, então, existe ateísmo neste mundo? Por que sempre existiu? Ninguém nasce ateu. O ateu se faz. E se faz depois de um processo deliberado em que a vontade humana intervém de forma preponderante. O apóstolo São Paulo, um grande homem de Deus e ao mesmo tempo uma pessoa culta, um grande filósofo, analisa êste processo. “Porque os atributos invisíveis de Deus —explica o apóstolo — o Seu eterno poder como também a Sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas. Tais homens são por isso indesculpáveis.” (Rom. 1:20.) As maravilhas da Natureza são uma evidência esmagadora da existência, do poder, da divindade e do amor de Deus, de maneira que os homens “são indesculpáveis” para não crer nÊle.
Mas o que acontece com alguns? Sigamos a explicação do apóstolo: “Tendo conhecimento de Deus não O glorificaram como Deus, nem Lhe deram graças, antes se tornaram nulos em seus próprios raciocínios, obscurecendo-se-lhes o coração insensato. Inculcando-se por sábios, tornaram-se loucos.” (Idem, 1:21 e 22.) Quer dizer que, tendo à sua disposição tôda a evidência interna e externa e carecendo por completo de desculpas, preferiram negar voluntàriamente o que sabiam ser verdade e no afã de parecerem mais sábios do que os demais começaram a usar raciocínios filosóficos vazios e sofismas sutis para negar a Deus. Desta forma se envaideceram em uma atitude pseudocientífica. Então a luz natural de Deus, “a verdadeira luz que ilumina a todo homem” (S. João 1:9) se apagou e chegaram a crer no êrro como se fôsse verdade: “obscurecendo-se-lhes o coração insensato.” “Inculcando-se por sábios, “tornaram-se loucos” ou ignorantes.
E isto pode acontecer também com professores universitários e até com ministros religiosos e bispos que ostentam títulos doutorais. Pois quando o homem se afasta deliberadamente de Deus e de Sua revelação e se encerra em uma tôrre de falsa intelectualidade, o Senhor o abandona e a luz divina se apaga em sua alma.
É verdade que em muitos casos o ateísmo pode resultar numa reação daqueles que não conheceram nada mais além de um cristianismo distorcionado e divorciado da Palavra de Deus e até da lógica e da justiça. À formação atéia também pode responder uma educação materialista proporcionada desde os primeiros anos, à leitura de livros ou à influência de amigos ateus. Mas sempre o processo comporta matar o sentido de Deus que o homem tem implantado no íntimo de seu ser de forma inata e apagar a luz divina na alma.
A corrente moderna de teólogos revolucionários pretende que nesta era espacial se necessita fazer uma revisão do conceito da Divindade. O bispo episcopal americano James A. Pike, por exemplo, acredita que é indispensável modernizar a religião cristã, para colocá-la à altura dos fantásticos progressos da ciência e com o nôvo código de moral que impera em nosso mundo moderno. Portanto, desprezaram a doutrina bíblica da Trindade, o nascimento virginal de Cristo e a encarnação do divino Filho de Deus. E até rebate a realidade de Deus e a eficácia da oração. (Revista Look, 22 de fevereiro de 1966. S. Francisco, Chronicle, 12 de outubro de 1964.) E junto com esta desastrosa modernização teológica, vai também uma revolução de tipo ético. “Os muçulmanos — afirma êle — oferecem um só Deus e três mulheres. Nós oferecemos três Deuses (isto é uma deformação do ensino bíblico) e uma só esposa.”
Não importa quais sejam as honras, os títulos universitários ou os cargos hierárquicos de que um indivíduo esteja investido, nenhum ser humano pode arrogar-se a sabedoria ou a autoridade de teorizar acêrca de Deus ou de colocar as bases de um nôvo cristianismo que satisfaça os gostos desviados, os hábitos licenciosos e o afã de novidade de um mundo que se chama científico e moderno. Nem a ciência nem o mundo podem ser critério para a religião.
Existe uma só base autêntica da verdadeira doutrina de Cristo. Existe uma só voz autorizada que pode nos explicar a natureza e as dimensões de Deus. É a revelação, a Palavra inspirada, a Bíblia, na qual o Criador do espaço e de suas maravilhas, o formador do átomo e de seus mistérios, nos apresenta de maneira clara, simples, consoladora, a realidade com respeito a Si mesmo. Essa Palavra é a única fonte de onde brota pura a água refrescante que mata a sêde da alma, que satisfaz a ânsia de infinito, que converte em um fato o anelo de felicidade e de imortalidade.
A natureza de Deus escapa à investigação científica, filosófica e histórica. Não pode ser “descoberta” pelo empirismo nem pelo racionalismo. Necessita ser conhecida por revelação.
Enquanto a “teologia,” a filosofia e a “falsamente chamada ciência” acumulam palavras vãs que lisonjeiam o gôsto do coração irregenerado e presunçoso do homem, a revelação traça com linhas definidas e belas a imagem majestosa de Deus. Apresenta-O não sòmente como uma realidade objetiva e autêntica, mas como um ser pessoal (Êxo. 3:1-6), infinito (I Reis 8:27), todo-poderoso (S. Luc. 1:37), espiritual (S. João 4:24), onipresente (Sal. 139:7-12), criador de tudo quanto existe (Gên. 1:1; Sal. 33:6 e 9) e profundamente interessado no bem-estar dos sêres feitos à Sua imagem e semelhança (S. João 3:16; I S. João 4:8; II S. Ped. 3:9; Oséias 11:4).
Neste quadro maravilhoso que por inspiração divina nos pintam os autores da Bíblia — e que é a única imagem autorizada e fidedigna de Deus —vemos o nosso Pai Celestial, cheio de misericórdia, de benignidade, que formulou um plano sábio e realizável para nossa felicidade neste mundo e no mundo do futuro, um Pai que “amou … ao mundo de tal maneira, que deu o Seu Filho unigênito, para que todo o que nÊle crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” (S. João 3:16.)
O Cúmulo da Evidência
Poderia se enumerar uma série de fatos objetivos e indubitáveis como evidência da existência de Deus — um Deus pessoal, cheio de sabedoria e amor — as maravilhas da criação, as leis da Natureza, o cumprimento histórico das profecias bíblicas etc.
Entretanto, a evidência máxima é de ordem interna e tem que ver com nossa própria relação individual com Deus e com Cristo Seu Filho. A direção da divina Providência em nossa vida cotidiana, a manifestação de Seu amor em Seu terno cuidado por nós, as orações respondidas, a paz que é resultado do perdão do pecado, o poder divino que transforma nosso caráter e nos dá a vitória sôbre nossas debilidades e fraquezas, proporcionam uma certeza absoluta que ninguém nos pode tirar, embora caiam os céus. Não foi sem motivo que o apóstolo disse: “Sei em quem tenho crido, e estou certo de que Êle é poderoso para guardar o meu depósito até aquêle dia.” (II Tim. 1:12.) Desta forma, a certeza da fé cristã se torna absoluta e completa. Oferece paz ao coração e confiança no poder divino. Proporciona tranqüilidade e bem-estar na vida.
O Maior Absurdo Teológico e Seu Significado
Ninguém se admira de que um Comte, um Marx, um Nietzsche ou um Freud se vangloriem do ateísmo. Mas resulta o mais descarado de todos os absurdos que um grupo de teólogos pretendam conservar a Cristo e o nome de cristãos enquanto negam a Deus.
Por que é que pessoas de aparente hierarquia intelectual, que ocupam altas posições eclesiásticas ou que na qualidade de professores universitários pretendem ser os condutores da juventude estudiosa, renegaram de Deus ou pretenderam deformar sua figura sublime com elucubrações insensatas?
Primeiro, porque quiseram buscar originalidade e celebridade. Anelaram ser admirados como sábios inovadores. Para isso, rechaçaram a evidência da realidade de Deus, “se tomaram nulos em seus próprios raciocínios, obscurecendo-se-lhes o coração insensato — assim o explica São Paulo. — Inculcando-se por sábios, tornaram-se loucos.” (Rom. 1:21 e 22.) E segundo, porque nunca desfrutaram de uma autêntica experiência vital de relação pessoal com Deus. Nunca O conheceram cara a cara, intimamente. E ao carecer dêsse conhecimento da primeira mão, experimental, desconheceram a mais linda, significativa e transcendental realidade da vida, visto que dela depende nossa felicidade presente e nossa salvação eterna. “E a vida eterna é esta — explicou o apóstolo São João: que Te conheçam a Ti, o único Deus verdadeiro e a Jesus Cristo, a quem enviaste.” (S. João 17:3.) O domínio das verdades da ciência, assim como dos fatos da Natureza e da História pode resultar fascinante. Mas o conhecimento pessoal de Deus e de Cristo é “a ciência das ciências,” porque proporciona nada menos que vida eterna.
Por outro lado, a corrente de “ateísmo cristão,” a absurda “nova teologia” ou o movimento de “Deus morreu” que sacode o cambaleante edifício de algumas igrejas populares e que concita o interêsse enfermiço de multidões de homens e de mulheres que nunca conheceram por experiência direta a Deus como um Pai nem a Cristo como seu Salvador e melhor amigo, não é senão um sintoma alarmante dos tempos.
Foi São Paulo que, ao falar dos “últimos dias,” a etapa final de nossa civilização, quando Deus interviria poderosamente nos destinos dêste planêta e Cristo viria por segunda vez como Rei e Senhor, disse: “Sabe, porém, isto: Nos últimos dias sobrevirão tempos difíceis; pois os homens serão . . . enfatuados, antes amigos dos prazeres que amigos de Deus, tendo forma’ de piedade, negando-lhe, entretanto, o poder.” (II Tim. 3:1-5.)
Unindo esta predição paulina à reflexão profética de Cristo que já mencionamos em outro artigo “quando vier o Filho do homem, achará porventura fé na Terra?” (S. Luc. 18:8.), chegamos à clara conclusão de que nossa época se caracterizaria por um notável contraste entre o aumento de uma pretendida religiosidade, ou seja a “forma de piedade” e a escassez do poder ou eficácia da religião na vida dos cristãos; entre o acréscimo estatístico da afiliação religiosa e a diminuição da “fé” verdadeira.
E a fé consiste em aceitar sem deformações ou desnaturalizações ao Deus da Bíblia como nosso Pai e a Seu Filho Jesus Cristo como nosso Salvador; em aceitar Sua Palavra inspirada como a revelação de Sua vontade, Sua lei como a norma moral de nossa vida e Seu Evangelho como Seu maravilhoso plano salvador e restaurador.
Sim, o Deus que necessitamos para esta era espacial não é outro que o Deus que fêz o espaço infinito com suas maravilhas, o átomo com seus mistérios, a célula com seu dinamismo vital. E é o Deus real e pessoal da Bíblia, com quem podemos manter uma relação individual, o único que dá sentido à vida. E é o que logo há de intervir no mundo para apagar a mancha do pecado e estabelecer Seu reino de amor.
Sòmente em Deus e Sua Palavra, em Deus e Seu poder, em Deus e Seu Filho Jesus Cristo, o homem pode satisfazer suas mais profundas inquietudes, resolver seus maiores problemas e encontrar a verdadeira plenitude da vida. Cada qual tem o privilégio de cultivar sua relação pessoal com Êle, aceitar os princípios de Seu Evangelho, obedecer Seus preceitos e desfrutar da satisfação mais autêntica que êste mundo possa proporcionar.
Finalmente, esta negação da fé por parte de um grupo de dirigentes religiosos e o interêsse que êste tema desperta nas multidões, não é nada mais do que os sinais dramáticos do iminente regresso de Cristo. O próprio Senhor Jesus profetizou: “Quando vier o Filho do homem, achará porventura fé na Terra?” (S. Luc. 18:8.)
A hora que o mundo vive se reveste de tremenda gravidade e nos anuncia os albores do dia feliz em que terminará a impiedade, a injustiça, a dúvida, o temor e a morte. É a hora de firmar nossa certeza para não resvalar pelo declive da incredulidade. É a hora de consolidar nossa experiência pessoal com Deus como nosso Pai e com Cristo como nosso amigo e Salvador.