Uma Razão Histórica
João de Médicis, filho do famoso duque Lourenço de Médicis (protetor das artes e das letras), foi eleito papa em 1513. Ordenou durante seu pontificado a pregação e venda das indulgências. Queria, por essa maneira, reunir fundos para levar a cabo suas grandes obras artísticas em Roma.
João Tetzel, dominicano alemão, obteve deplorável celebridade como propulsor da venda dessas indulgências em seu país natal. Tal foi a origem imediata da Reforma, visto haver indignado a Martinho Lutero o comércio que se estava fazendo com supostas bênçãos espirituais.
Uma vez que na venda das indulgências ocupa lugar destacado a doutrina do purgatório, era natural que essa passagem do segundo livro dos Macabeus que estudamos adquirisse importância para apoiar a eficácia de fazer sufrágios pelos mortos. Por sua vez, essa passagem implicava na aceitação de todo o livro que a contém. Êsse livro não poderia ser aceito sem os outros que se encontram na Vulgata, se bem que, no que respeita ao Velho Testamento, houvesse discrepância com o legítimo canôn judaico.
Não podemos afirmar que fôsse esta a única razão, ou pelo menos a razão básica, para dar valor de livros inspirados aos apócrifos. Não obstante, bem poderia haver sido assim.
Qualquer que haja sido a razão ou razões para a inclusão dos ditos livros, o fato é que êles significam a presença de elementos estranhos em meio da coleção inspirada.
Testemunho Importante
O historiador judaico Flávio Josefo, do primeiro século de nossa era, deixou-nos êste notável testemunho quanto aos livros do Velho Testamento que são realmente reconhecidos como inspirados. Diz-nos êle: “Nós não possuímos milhares de livros discordantes e contraditórios, mas apenas 22, (3) que abrangem as informações de todo o tempo [a narração do ocorrido da criação em diante], e com justiça cridos como divinos. Dêles, cinco são livros que foram escritos por Moisés, os quais incluem a lei e as tradições da humanidade até sua morte, um período de mais de 3.000 anos. Da morte de Moisés até ao reinado de Artaxerxes, sucessor de Xerxes, rei da Pérsia, os profetas que se seguiram a Moisés narram os acontecimentos de seu tempo em treze livros. Os quatro livros restantes consistem cm hinos a Deus, e em máximas, normas de conduta para o homem.
“De Artaxerxes a nossos dias, têm-se escrito vários livros, mas não têm sido reconhecidos como dignos da confiança concedida aos que os precederam, porquanto foi interrompida a sucessão de profetas. Tal é a prova do respeito que temos por nossas ‘Escrituras,’ que apesar do longo intervalo que nos separa do tempo em que se completaram e terminaram, ninguém se atreveu a acrescentar ou tirar ou mudar uma sílaba; todos os judeus, desde o dia de seu nascimento, como impulsionados por um instinto, consideram as Escrituras como os oráculos do próprio Deus a cujo ensino devem ser fiéis e pelo qual dão, se preciso fôra, a própria vida.” (Contra Apion, cap. 1, parág. 1.)
Esta importante prova é uma comprovação mais, que exclui do Antigo Testamento os outros livros não reconhecidos pelos judeus, depositários da verdade divina.
O que Ensina um Tradutor Católico da Bíblia
O sacerdote espanhol Serafim de Ausejo, é um escriturista contemporâneo de reconhecido prestígio no mundo espanhol. Ê revisor de uma versão das Sagradas Escrituras que foi publicada pela primeira vez em 1964. Deu por essa forma seu nome a um trabalho de vários escrituristas.
Há nessa Bíblia notas introdutórias aos livros Apócrifos, as quais mostram qual o verdadeiro caráter dessa obra. Vamos por isso citar diversos parágrafos ou fragmentos dessas declarações.
1. Ocupar-nos-emos, em primeiro lugar, do Segundo Livro dos Macabeus. Entre outras coisas, diz êle em sua introdução: “Aqui há mais afetação no relato, que parece obra de um pregador e não de um historiador moderado. (4), e a cronologia mostra-se não pouco dialogada em comparação com a de I Macabeus.” “A língua original do livro é a grega. Certo Jason de Cirene havia escrito em grego cinco livros sôbre o tema indicado. Dêles, um judeu alexandrino tirou um compêndio, que é o livro atual, di-lo expressamente o autor sagrado em seu prólogo (II Macabeus 2:20-33). A igreja reconheceu êsse livro como inspirado e canônico, apesar de tratar-se de um resumo de outra obra?’
Julgue o leitor se é possível ser divinamente inspirado um livro que é, na realidade, o resumo de outra obra mais volumosa e de caráter histórico. Acrescente-se a isto que não se trata de um trabalho “moderado” e de cronologia “deslocada.”
Acrescenta Ausejo que “sua importância doutrinai e realmente muito valiosa, porquanto nele se descobrem verdades referentes ao além que apenas se vislumbram nos demais escritos do Antigo Testamento.” “Menciona a utilidade da oração pelos mortos (12:43-46), a intercessão dos santos (15:12-16).”
- 2. Quanto ao Primeiro Livro dos Macabeus, diz Ausejo na introdução: “Não figura, pois, este livro na Bíblia hebraica. A igreja universal (católica), porem, reconhece-o como canônico.’ “A veracidade e exatidão da história aqui narrada sente-se pela precisão topográfica de seus dados e pela quantidade de documentos autênticos que são citados, se bem que os números que nela figuram constituam um problema de não fácil solução.”
Devido a não estar êste livro na “Bíblia hebraica, não tem lugar legítimo entre os livros inspirados. Pois “aos judeus foi confiada a Palavra de Deus” (Rom. 3:2). Êste ensino de S. Paulo é de absoluta vigência no que respeita ao Velho Testamento.
Os “números” de “não fácil solução,” são possivelmente anacronismos do livro. Um de seus erros evidentes é a suposta partilha do reino feita por Alexandre da Macedônia entre seus quatro generais (Macabeus 1:6-8) antes de morrer. É um êrro flagrante.
- 3. Quanto ao livro de Tobias, lemos na introdução de Ausejo: “Êste livro não existe na Bíblia hebraica.” “Foi traduzido por S. Jerônimo em um dia apenas.” “Mas o problema principal em tôrno dêsse livro é saber se temos nêle uma história verdadeira de piedosa novela.” “Há vários detalhes literários que revelam como essa história foi romanceada com fins didáticos. A geografia e a cronologia parecem ser simples enchimento; porque, tomadas ao pé da letra, dificilmente se salvam. Tobias já era homem maduro quando foi desterrado de Israel para Nínive (cêrca do ano 734 A. C.) e ainda vive ao ser destruída Nínive (no ano 612 A. C.) Teria portanto mais de cento e cinqüenta anos. Talvez a verdade se encontre no que já insinuamos: fins realmente históricos, romanceado com finalidades didáticas.”
A tradução de S. Jerônimo — a Vulgata abrange tanto os livros realmente canônicos como os apócrifos, mas o tradutor distinguiu-os, de modo que verteu êsse livro para o latim “em um dia apenas.”
O reconhecimento de Ausejo de que se trate de “uma novela piedosa fala por si mesmo.
- 4. Do livro de Judite, diz Ausejo: “Êste livro arrasta consigo muitos problemas de não fácil solução em nossos dias. A insegurança do texto sagrado, o difícil enquadramento da história aqui narrada na história universal, a identificação nada fácil de seus personagens e, por conseguinte, a própria história da heroína do livro, Judite, são questões muito discutidas hoje entre os exegetas, inclusive católicos.”
“Outro problema é saber a época histórica a que se refere a narração do livro. Quem foi êsse “Nabucodonosor, rei da Assíria, que reinava em Nínive’ (1:5)? Porque êsse célebre monarca foi rei de Babilônia quando já não existia Nínive, destruída precisamente por seu pai (no ano 612 A. C.).”
“A geografia e, sobretudo, a cronologia, apresentam também sérias dificuldades. Israel voltara do cativeiro e restaurara o templo em Jerusalém (a volta foi em 538 A. C.) (5) Se os fatos narrados no livro tiveram lugar antes da destruição de Nínive, quantos anos viveu Judite?”
“Não teríamos, pois, aqui história em sentido estrito, tampouco uma simples novela, senão um fundo histórico, mui difícil de determinar hoje, revestido de roupagens novelescas.”
“A tradução que aparece na Vulgata Latina é obra de S. Jerônimo, que a fêz — segundo êle próprio o conta — em uma noite apenas.”
As mesmas observações que fizemos quanto ao livro de Tobias, podem aplicar-se a êsse livro. Uma heroína, Judite, que aparece como vivendo pelo ano de 612 A. C. e continua vivendo talvez duzentos ou mais depois; um Nabucodonosor imaginário que aparece em cena em um país que não o seu; um livro de 16 capítulos que tem um total de 346 versículos, “traduzido em uma noite apenas.” Êste último dado permite-nos comprovar que S. Jerônimo distinguia entre os livros canônicos e os que o não eram.
- 5. Entre outras coisas, diz Ausejo em sua introdução ao livro da Sabedoria: “Se bem que no título da edição grega figure o nome de Salomão como seu autor, isto é impossível. Disso já se advertiram alguns dos santos pais, particularmente Sto. Agostinho e S. Jerônimo. O nome de Salomão não é aqui senão mero artifício literário ou como um pseudônimo. E diga-se outro tanto do capítulo 9.”
“A língua original do livro é a grega. Por isso mesmo não figura êste no cânon hebraico dos livros sagrados. A igreja, porém, salvas algumas dúvidas dos primeiros séculos, aceitou-os definitivamente entre os livros canônicos.”
Referindo-se ao autor do livro, comenta Ausejo: “Mérito extraordinário seu é o haver sabido aproveitar-se das idéias platônicas sôbre a distinção entre a alma e o corpo, para resolver definitivamente o grande problema que tanto torturou o ‘sábio’ de Israel: o problema da retribuição de além-túmulo.”
O fato de o autor do livro haver-se servido de uma fraude atribuindo a obra a Salomão, indica não ser êle inspirado.
O não se encontrar no cânon hebraico obsta a que seja considerado como “Palavra de Deus” (Rom. 3:2).
O haver êle recorrido a “idéias platônicas” para estabelecer a distinção entre a alma e o corpo” coloca-o no terreno da filosofia pagã, grega, que tanto contaminou os judeus de Alexandria e que também contaminaria os cristãos. Clemente de Alexandria (150-216) e Orígenes (185-254), foram dois dos escritores cristãos mais afetados pelo neoplatonismo do século III A. D. que muito prejudicou o cris-tianismo, nêle introduzindo idéias pagãs e conceitos não fundamentados na Bíblia.
- 6. Relativamente ao Eclesiástico, lemos que “nunca foi lido nas sinagogas judaicas.” “Nunca foi parte do cânon hebraico.” Isto é suficiente para excluí-lo dos livros canônicos do Velho Testamento.
Êsse extenso livro — tem 51 capítulos — apresenta alguns ensinos contraditórios quanto à Bíblia. Por exemplo: “Se nós não fizermos penitência, cairemos nas mãos do Senhor” (2: 22). “A esmola resiste aos pecados.” (3:33). “Com exceção de Davi, de Ezequias e de Josias, todos os outros pecaram” (49:5).
Não é a penitência, senão o arrependimento e a conversão que permitem chegar ao alcance da misericórdia sempre gratuita de Deus e ao perdão em Cristo. A esmola — boa em si mesma segundo o espírito com que fôr dada (Heb. 13:15)—não pode expiar pecados. Se assim fôra, “Cristo morreu debalde” (Gál. 2: 21). Se Davi não houvesse cometido o triplo e execrável pecado em que caiu — tomar a mulher de seu próximo, escandalizar a Israel e buscar a morte de Urias, o heteu, — não poderia haver escrito o Salmo 51.
Há neste livro curiosa passagem: “Dos vestidos sai a polilha [espécie de traça], e da mulher a maldade do homem” (42:13). Declara-se aí o princípio da geração espontânea.
- 7. Quanto ao livro de Baruque, lemos na introdução de Ausejo: “Não figura no cânon hebraico.” “Sua origem é muito obscura.” “Mesmo reconhecendo que originalmente foi escrito em hebraico e que, depois de sua tradução para o grego, perdeu-se o original, as idéias e contextura da obra denunciam uma época muito posterior à de Jeremias e Baruque.” Ausejo reconhece que são poucos os autores católicos que “ainda concordem com sua autenticidade como obra de Baruque.” Pelo contrário, são mais os que “o retardam ao século III, e alguns ao século I A. C.” Acrescenta: “A atribuição a Baruque seria devida à forte personalidade daqueles dois grandes homens, Jeremias e seu secretário [Baruque] com quem o judaísmo fàcilmente relacionou tudo quanto se referia à ruína de Jerusalém e ao comêço do cativeiro babilônico.
Quanto à carta de Jeremias aos cativos (cap. 29 de Jeremias) consignada em Baruque 5:9 a 6:72, declara Ausejo: “Já S. Jerônimo não a considerava autêntica.”
Jeremias e Baruque são personagens dos séculos VII e VI A. C. A autor do suposto livro de Baruque (séculos III a I A. C.) também recorreu à fraude de atribuir sua obra a um personagem como Baruque, cheio de prestígio entre os judeus.
Nessa pretendida carta de Jeremias há uma contradição com o livro do profeta e com um fato histórico. Lemos: “Chegados, pois a Babilônia, ali estareis muitíssimos anos, e por mui longo tempo, até sete gerações; depois do que vos tirarei dali em paz” (Baruque 6:2).
O que Deus ensinou por meio de Jeremias, foi: “E tôda esta terra virá a ser um deserto e um espanto; e estas nações servirão ao rei de Babilônia setenta anos” (25:11). Esta profecia foi tomada em consideração por Daniel. “Eu, Daniel, entendi pelos livros que o número de anos, de que falou o Senhor ao profeta Jeremias, em que haviam de acabar as assolações de Jerusalém, era de setenta anos” (9:2).
“Muitíssimos anos,” e, sobretudo, “sete gerações,” não são setenta anos.” Historicamente, os judeus saíram de Babilônia muito antes de transcorrerem sete gerações. Foram libertados por três decretos sucessivos (ano 536, 519 e 457 A. C.), expedidos nos dias de “Ciro, de Dario e de Artaxerxes, reis da Pérsia” (Esdras 6:14).
- 8. Nos capítulos apócrifos acrescentados a Ester (deuterocanônicos” segundo os autores católicos) aparece Mardoqueu como um representante “do número dos cativos que Nabucodonosor, rei de Babilônia, transportou de Jerusalém com Jeconias, rei de Judá” (Ester 11: 4).
O cativeiro de Jeconias foi no ano 577 A. C. Artaxerxes I (Longímano) reinou de 465 a 424 A. C. Ora, segundo uma passagem da seção apócrifa, Mardoqueu exerceu atividades no “ano segundo do reinado do mui grande Artaxerxes” (Ester 11:2). Quer dizer, 133 anos depois de haver sido levado cativo a Babilônia. É possível aceitar isto como verídico?
Os autores católicos aduzem que o Artaxerxes dos acréscimos ao livro de Ester é o mesmo Assuero dos primeiros capítulos — os realmente canônicos. Se aceitarmos isto como realidade, há evidente contradição. Mardoqueu aparece como descobridor de uma conspiração de Bigtã e Teres (cap. 2), no ano sétimo de Assuero (Ester 2:16), ao passo que na seção apócrifa o descobrimento da conspiração diz-se haver sido no ano segundo de Artaxerxes (11:2).
- 9. Os acréscimos existentes no livro de Daniel (vers. 24 a 90 do cap. 3 e os cap. 13 e 14) estão redigidos em grego. Ora, diz Ausejo: “No cânon dos judeus só figuram como canônicos os capítulos escritos em hebraico ou em aramaico.” Encontramo-nos novamente em face de partes não reconhecidas pelo povo depositário da Palavra de Deus, no que respeita ao Velho Testamento.
Convém salientar que Serafim de Ausejo, em suas notas introdutórias, não disse coisas que anulem ou menoscabem o valor da inspiração dos livros realmente canônicos do Velho Testamento. É evidente a diferença que existe entre o que afirma dos apócrifos diante dos que são parte do cânon hebraico.
Quando Foram os Apócrifos Eliminados das Bíblias Editadas pelos Protestantes?
Esta pergunta cobrou nova atualidade, pois começou a divulgar-se a idéia de que os apócrifos foram eliminados pelos protestantes das Bíblias que circulavam em vários idiomas em princípios do século XIX, em vez de dizer-se que êles haviam sido acrescentados pela igreja católica ao cânon já existente.
Foi em 1827, que as Sociedades Bíblicas decidiram não publicar mais os livros apócrifos nas edições da Bíblia. Lembremos que a Sociedade Bíblica Britânica se organizou em 1804, e a Sociedade Bíblica Americana em 1816. Deve haver sido, portanto, muito pequena a circulação de exemplares com os apócrifos editados pelas Sociedades Bíblicas. Por outro lado são às centenas de milhões os que circulam sem êles, em muitíssimas línguas.
Ê verdade que êsses livros estiveram em antigas Bíblias protestantes, como a de Lutero — em alemão — no ano de 1537, a de Miles Coverdale —em inglês —de 1535, e a da rainha Valéria, de 1602. Não obstante, também é verdade que, antes dêles, Wiclife (1324-1384) havia declarado que “qualquer livro que esteja no Velho Testamento além dêsses vinte e cinco (hebraicos) é pôsto entre os apócrifos, isto é, sem autoridade para a fé.”
Também a Confissão Anglicana de Westminster, de 1647, declara terminantemente que os apócrifos “não serão aprovados ou usados senão como qualquer outro escrito de origem humana.” (7)
Tenha-se em conta igualmente que tanto Lutero como Coverdale tiveram os livros apócrifos em seção separada. Por muitos anos e mesmo séculos, nas Bíblias de origem protestante — se bem que não sabemos se isso foi assim em todos os casos — não só estavam à parte dos livros canônicos, mas tinham o título geral de “apócrifos.” Em rigor, o que fizeram as Sociedades Bíblicas, em 1827, foi voltar à pureza primitiva da igreja cristã que, até fins do século IV — sínodo de Catargo de 377 A. D. — não reconheceu êsses livros como inspirados por Deus.
(1) Vejam-se em uma tradução autorizada pela igreja católica, as seguintes passagens: Judite 1:5, e observe-se o êrro histórico acêrca de Nabucodonosor. Eclesiástico 12:4-7, em desarmonia com o espírito do Sermão da Montanha. Baruque 1:1. Pretende-se nesse versículo que Baruque (o secretário de Jeremias) escreveu êsse livro, e nêle citam-se os livros de Daniel e Neemias (ou Segundo Esdras nas traduções roma-nistas), mas êsses livros foram escritos depois da época de Baruque e Jeremias. Comparem-se entre si I Macabeus 6:20 e II Macabeus 13:1. Leia-se o inverossímil suicídio de Rezias em II Macabeus 14:37-46. Há também inexatidões nas edições de Ester e Daniel, e os capítulos 13 e 14 de Daniel, ao serem lidos com atenção, revelam falhas. (Vejam-se, por exemplo, 13:45, onde Daniel aparece como “tenro jovenzinho,” e compare-se com 13: 65, onde se menciona a ascensão de “Ciro, rei da Pérsia” ao trono. Na verdade, a êsse tempo Daniel já devia ser homem de idade muito avançada.) Em 14:32 aparece “o profeta Habacuque,” que na realidade, havia morrido uns 100 anos antes dos supostos acontecimentos ali narrados. Não é verossímil supor-se que fôsse outro Habacuque, pois aparece na “Judéia,” e a quem ia êle admoestar como profeta na Judéia se os israelitas se achavam em cativeiro? (2) Os selêucidas são a dinastia de governantes de origem grega, sucessores de Seleuco. Exerceram poder de 312 a 69 A. C. (3) Josefo menciona 22, em vez dos 39 que figuram nas edições do Velho Testamento editados pelas Sociedades Bíblicas. A diferença deve-se ao modo de contá-los. Os doze profetas menores são computados como um só livro. Os de Samuel, Reis e Crônicas, representam apenas três livros e não seis como nas edições modernas. Esdras e Neemias são um livro só. Os livros de Rute e Juizes, figuram como uma unidade. Jeremias e Lamentações, computam-se como um só Livro. Assim se obtém o número de 22. Êste, por sua vez, tem um simbolismo, pois são 22 as letras do alfabeto hebraico. (4) “Cingido,” diz tàcitamente “cingido à verdade.” (5) Há aí um êrro de Ausejo. O ano 538 A. C. foi o da conquista de Babilônia efetuada por Ciro. O regresso dos judeus à terra de seus maiores, foi devido aos decretos sucessivos de Ciro, Dario e Artaxerxes — nos anos 536, 519 e 457 A. C. (6) Enciclopédia Britânica, edição de 1893, Vol. 2, pág. 183. (7) Id., pág. 184.