O Desafio do Mundo Não Cristão

Nunca dantes a igreja cristã, nunca dantes a Igreja Adventista do Sétimo Dia enfrentou um repto como o que está perante nós no tempo atual. Mais de dois bilhões de pessoas no mundo nem sequer têm conexão nominal com uma igreja cristã. As fervilhantes multidões de pessoas não cristãs estão aumentando fenomenalmente cada ano. Hoje em dia há maior número de não-cristãos na África do que quando Davi Livingstone iniciou sua obra missionária, ou quando W. H. Anderson proclamou a mensagem do advento no Continente Escuro, décadas atrás. A situação na Ásia não se mostra mais alentadora. Nesses grandes países existem agora milhões de pessoas mais do que quando Roberto Moffatt, Guilherme Carey e Adoniram Judson começaram a pregar o Evangelho, anos atrás.

Atualmente, a têrça parte da população do mundo vive em países dominados por sistemas de govêrno que apóiam oficialmente ideologias ateístas. Muitas nações densamente povoadas já cerraram as portas à pregação do Evangelho de Cristo — a Mensagem do Advento.

O Mundo Cristão Destituído de Fé Também Necessita de Auxílio

Nas chamadas terras cristãs enfrentamos alguns problemas bem reais. No mundo ocidental, “a atmosfera intelectual está ràpidamente se afastando do ponto de vista bíblico a respeito de Deus e do homem. No Ocidente, na cultura em geral, evidencia-se nova e inaudita rejeição de idéias, atitudes e conduta cristã. Antigos baluartes de ortodoxia protestante estão cedendo perante um enganoso secularismo que contradiz as revelações das Escrituras Sagradas e desvirtua o sentido do Evangelho.” 1

O pretenso “evangelismo moderno” fascina grandes ramificações da igreja cristã e se introduz firmemente em muitos setores. “Declara que a ênfase principal não deve consistir em ‘antiquada martelação bíblica,’ mas em corrigir os erros da sociedade, no tocante aos direitos civis, à pobreza e à guerra.” 2

“O sentimentalismo nunca salvará o mundo,” afirmou Colin W. Williams, da Igreja Metodista Australiana. “O evangelismo do século XVIII não é mais um símbolo adequado para a sociedade contemporânea.” 3

“A redenção do mundo não depende das almas que ganhamos para Cristo. … O evangelismo contemporâneo está-se afastando da conquista individual de almas e convergindo para a evangelização das estruturas da sociedade.” 4

Êsse evangelismo moderno coloca a educação e a reforma social em lugar da obra do Espírito Santo. Preocupa-se com o Vietnã, e não com o Calvário. Substitui a cruz pelo dinheiro e admoesta os homens mais pelos preceitos da ética social do que pelos Dez Mandamentos. Essa nova fraternidade humanística, que se está distinguindo como cristianismo destituído de religião, pouco pode oferecer a um mundo debilitado pelo pecado, enfadado com a guerra e que se desintegra ràpidamente neste século vinte.

Até a Igreja Remanescente se Acha em Necessidade

Mais um setor reclama a atenção dos evangelistas adventistas do sétimo dia — nossa própria igreja remanescente. O quadro não é tão brilhante como gostaríamos que fôsse. Os versículos catorze a vinte e dois de Apocalipse 3 descrevem com muita exatidão um quadro bastante familiar. “Foi-me mostrado que o espírito do mundo depressa se está propagando na igreja,” 5 escreveu a mensageira do Senhor. “Muitos que foram zelosos na proclamação da terceira mensagem angélica estão agora se tornando descuidados e indiferentes!” 6 “Como um povo, estamos quase paralisados.”7 Que alarmante descrição da igreja de Deus neste terrível tempo de crise!

Deparamos hoje em dia com um mundo não cristão que cresce cada vez mais, com um mundo “cristão” indiferente e destituído de fé, e com uma igreja laodiceana em estado de mornidão espiritual. Esta é a amplitude do repto que os evangelistas de nossa igreja enfrentam no tempo atual! Que vigoroso desafio!

Que Mensagem se Mostrará à Altura?

A pergunta que desejo considerar é a seguinte: Que mensagem está à altura dessa tremenda necessidade? Tem a mensagem adventista, da maneira como vem sendo proclamada há um século, grande relevância nos tempos atuais?

A fim de responder a estas duas perguntas eu gostaria primeiro de focalizar melhor o assunto, suscitando duas outras questões. Quais são os objetivos de nossa pregação evangelística? O que a nossa mensagem deve efetuar na vida dos homens e mulheres que se acham dentro do âmbito de nosso ministério? Creio que as respostas a estas perguntas se alinham em quatro subtítulos :

Objetivos de Nossa Pregação Evangelística

  • 1. Nossa mensagem deve transformar a vida daqueles que a aceitam. Êles devem experimentar realmente o nôvo nascimento. Quer sejam pessoas não cristãs da Ásia ou da África, indivíduos amantes do mundo nas terras ocidentais, adventistas do sétimo dia em estado de mornidão, ou ateus empedernidos de qualquer parte do mundo, os pecadores precisam nascer de nôvo. Vossa mensagem e a minha, sob o poder do Espírito Santo, não deve efetuar nada menos do que isto! “Importa-vos nascer de nôvo,” disse Jesus.
  • 2. Nossa mensagem deve prover ampla base espiritual para esses crentes recém-batizados crescerem na graça e desenvolverem um caráter cristão que os habilite para o reino. As questões práticas do Evangelho não devem ser tratadas levianamente. A instrução em tais assuntos como arrependimento, confissão, restituição, fé, oração, estudo da Bíblia e outros pontos correlatos, ajudará as pessoas a prosseguir em direção ao importantíssimo alvo da semelhança com Cristo.
  • 3. Nossa mensagem deve instruir os conversos de modo cabal e firmá-los devidamente em todos os pontos de nossa fé. Êsses bebês em Cristo devem estar bem familiarizados com as grandiosas verdades que deram origem ao povo adventista.

Faz pouco tempo, visitei uma cidade onde o pastor me disse ter perdido o seu auxiliar, algumas semanas antes. “Êle fôra um ministro numa outra denominação antes de aceitar a mensagem adventista — explicou o pastor — e depois de trabalhar conosco durante uns seis meses, veio falar comigo um dia e afirmou que desejava terminar os seus serviços na Igreja Adventista. Quando lhe perguntei por que, êle replicou o seguinte: ‘Não creio nos ensinos da Igreja Adventista do Sétimo Dia. Na verdade, nunca aceitei a Sr.a White como profetisa, nem tampouco o vosso ponto de vista sôbre o milênio e o estado dos mortos.”

De vez em quando ouvimos falar de outras pessoas que abandonam a igreja, depois de descobrirem que os adventistas do sétimo dia ensinam certas doutrinas de que êles não tinham conhecimento. Não deve ser assim. Nossa mensagem precisa instruir cabalmente os novos conversos e firmá-los devidamente em tôdas as verdades da Palavra de Deus.

  • 4. Nossa mensagem deve prover auxílio aos membros novos, para adaptá-los a um nôvo sistema de vida. A observância do sábado, o dízimo, nossa mensagem sôbre saúde e outras doutrinas peculiares com freqüência constituem um nôvo sistema de vida para muitos que aceitam a verdade. Nossa pregação evangelística deve prover a ajuda que habilite essas pessoas a adaptar-se suave e firmemente a essa mudança radical que ocorreu em sua existência. Precisamos ensinar-lhes não só a razão e a essência de certas coisas, mas também como fazê-las.

É a Mensagem Adventista Relevante e Oportuna?

Havendo mencionado o que desejamos realizar por meio de nossa pregação evangelística, podemos volver a atenção para as importantíssimas perguntas: É a mensagem do advento, da maneira como tem sido pregada através dos anos, de grande relevância no tempo atual? Que espécie de mensagem temos dê proclamar para atingir homens e mulheres modernos?

Expondo-o de maneira subjetiva, nossa pregação deve basear-se na Bíblia, ser cristrocêntrica, destinar-se às pessoas e estar repleta do Espírito Santo.

Se queremos que nossa pregação leve as credenciais do Céu, devemos ser fiéis a nossa elevada vocação e pregar “a Palavra” (II Tim. 4:2). Quando Filipe apresentou o Evangelho ao eunuco, “anunciou-lhe a Jesus” (Atos 8:35). A poderosa pregação de Pedro no dia de Pentecostes insistia que cada pessoa se arrependesse e fôsse batizada (Atos 2:38), e o ministério evangelístico da igreja primitiva cumpriu sua missão divina em grande parte porque os evangelistas estavam repletos do Espírito Santo (Verso 4). Eis aí nossa mensagem e nosso modêlo!

Os arautos do “evangelismo moderno” declaram que tal método de aproximação não é apropriado na década atual. Os oponentes do Evangelho nos tempos apostólicos adotaram atitudes semelhantes. Nada se afigurava mais inadequado aos judeus e aos ouvintes pagãos, do que o Evangelho cristocêntrico pregado por Paulo e Filipe no primeiro século; mas o Espírito Santo usou essa pregação cristocêntrica e baseada na Bíblia para transtornar cidades inteiras. Êles proclamavam uma mensagem que é “o poder de Deus para a salvação de todo aquêle que crê” (Rom. 1:16). Embora o Evangelho fôsse “escândalo para os judeus e loucura para os gentios” (I Cor. 1:23), continha uma sabedoria mais elevada do que a dos homens.

Cristo foi enaltecido como o único Salvador dos homens (Atos 4:12), e êsses antigos pregadores de justiça convidaram aquela perversa geração ao arrependimento e ao batismo (Atos 2:38). Corações pecaminosos foram despedaçados e pessoas de lábios impuros foram compelidas a exclamar: “Que faremos, irmãos?” (Verso 37). Na pregação apostólica repleta do Espírito Santo encontra-se o âmago de nossa mensagem para o tempo presente.

A pregação cristocêntrica baseada na Bíblia transtornou o mundo pagão e judeu no primeiro século de nossa era! Lucas escreve que poucas semanas após a ascensão do Mestre, “acrescentava-lhes o Senhor, dia a dia, os que iam sendo salvos” (Verso 47). Menciona ainda que pouco depois “muitos dos que ouviram a palavra a aceitaram, subindo o número de homens a quase cinco mil” (Atos 4:4). Em muitos outros lugares do livro de Atos lemos a respeito de grande número de pessoas que creram. E o autor que descreve o progresso da igreja primitiva conclui seu relato com estas exultantes palavras de triunfo: “Por dois anos permaneceu Paulo na sua própria casa [em Roma],. . . pregando o reino de Deus, e, com tôda a intrepidez, sem impedimento algum, ensinava as coisas referentes ao Senhor Jesus Cristo.” Atos 28:30 e 31. Como essas palavras ainda nos comovem o coração, quase dois mil anos depois de terem sido escritas!

Um Cristo Imutável Num Mundo em Transição

Desde o tempo em que foi redigida essa história inspiradora, ocorreram grandes modificações na Terra. O mundo do século XX pouco se assemelha ao mundo que a igreja primitiva teve de enfrentar. Se Paulo, Pedro ou Filipe aparecessem miraculosamente em nossa época, ficariam estupefatos ao verem automóveis velozes, trens expressos, aviões a jato, satélites e outros artefatos desta era de progresso tecnológico. Mas essas alterações são apenas superficiais — constituem apenas incrementos científicos. O

coração humano não se modificou. Êle ainda é “desesperadamente corrupto” (Jer. 17:9). O modo de viajar e o aumento de conhecimento não modificaram o coração do homem. O coração humano necessita hoje a mesma transformação que os corações necessitavam nos tempos apostólicos.

No século XX, da mesma maneira que no primeiro, as pessoas nascem, pecam, sentem tristeza e ansiedade, enfrentam o dia do juízo, morrem e se defrontam com uma inevitável eternidade de ventura ou perdição. O quadro pode estar numa moldura diferente, mas é a mesma cena pavorosa.

Nosso mundo na época atual ainda tem Marias e Martas, Ananias e Safiras, fariseus e publicanos, meretrizes e filhos pródigos, e pecadores de tôda espécie. Há os doentes e os sofredores. O filho do oficial do rei, o servo do centurião, o endemoninhado geraseno, a viúva de Naim e as irmãs de Lázaro sempre estão presentes em número cada vez maior.

Outrora, junto ao mar da Galiléia, nas cercanias do impetuoso rio Jordão, nas estradas poeirentas de Samaria, nas encostas verdejantes de Nazaré, nas agitadas ruas de Jerusalém — aonde quer que fôsse, o Homem-Deus de Belém salvava do pecado, curava os doentes e confortava os corações quebrantados. A pregação de Seu bendito Evangelho salvava e curava homens e mulheres no primeiro século, e desde então tem feito o mesmo em favor dos necessitados em todos os séculos.

Graças a Deus, Cristo e Seu Evangelho não perderam o poder no tempo presente. Junto aos lagos Michigão ou Vitória, nas margens do caudaloso Amazonas ou do turbulento Congo, nas ondulantes pradarias do centro-oeste norte-americano ou nas verdejantes encostas das montanhas da Europa, nas apinhadas vias públicas das buliçosas cidades da Ásia ou nas ilhas cobertas de palmeiras, o Cristo imutável ainda cura doentes, conforta corações quebrantados e salva pecadores desditosos, conferindo-lhes a esperança da ressurreição.

Amanhã os povos de Chicago, Tóquio, Sidnei, Motevidéu, São Paulo, Glasgow ou Pago Pago ainda necessitarão dÊle para ter conforto, saúde, salvação e vida eterna — uma vida que se compara com a vida de Deus.

Com efeito, o Cristo divino da mensagem do advento ainda é inteiramente relevante na vida e nas necessidades do homem moderno. Oxalá Deus nos ajude a exaltá-Lo em tôda a Sua beleza e amabilidade, em nossa pregação! “E Eu, quando fôr levantado da Terra, atrairei todos a Mim mesmo.” S. João 12:32. Sòmente o Cristo glorificado possui a resposta para as necessidades do mundo na época atual. “E não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do Céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos.” Atos 4:12. “Cristo crucificado — falai sôbre isto, orai sôbre isto, cantai sôbre isto, e tal coisa despedaçará e conquistará corações.”A pregação de Cristo e Êle crucificado não perdeu nem um pouco de seu poder transformador. Ela é tão poderosa e relevante no tempo presente como foi nos dias dos apóstolos.

O “Nôvo Evangelismo” Nada Tem a Oferecer

O nôvo evangelho, proclamado com base na filosofia humanística, sem fundamento na Bíblia, sem cruz, sem ressurreição, sem mediador, sem um Rei vindouro, nada tem a oferecer aos pecadores que se defrontam com a barra do juízo ou com um mundo no limiar da destruição total.

Conforme declara acertadamente um redator fundamentalista, “não nos devemos deixar influenciar pelos falsos apelos populares, procedentes dos centros humanísticos de filosofia, teologia e cultura. Não devemos abandonar a crença de que pesa sôbre o homem a sentença do juízo divino, mesmo que nossos mestres o considerem um disparate teológico. Compete-nos proclamar ousadamente a verdade de Cristo no poder do Espírito Santo. Chegou o tempo de os cristãos, individual e coletivamente, levarem avante a obra de evangelizar os homens. Devemos prosseguir com convicção e coragem para apresentar os reclamos de Cristo a tôda pessoa na Terra, lembrando-nos sempre da promessa de Jesus: ‘Eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século.’” 9

Só a pregação baseada nesses pontos pode transformar pecadores e despertar cristãos frios e estacionários. Ùnicamente uma mensagem assim pode prover alimento espiritual para que as criancinhas em Cristo cresçam na graça e desenvolvam caracteres que os habilitem para o reino celestial.

Instruir Cabalmente os Conversos e Estabelecê-los Firmemente na Verdade

Importa que tenhamos também uma mensagem que instrua cabalmente os novos conversos em todos os ensinamentos da igreja e os estabeleça firmemente nesses pontos — uma mensagem que ajude os crentes recém-batizados a adaptarem-se a um nôvo sistema de vida. Cristo nosso Justificador e Redentor também deve tornar-Se nosso Caminho, nossa Verdade e nosso Exemplo. O homem moderno necessita dos Dez Mandamentos, da mesma maneira que necessita das Bem-aventuranças. Nossa mensagem deve apresentar tanto a lei como a graça — tanto o Sinai como o Calvário. A doutrina cristocêntrica inspira as pessoas a levar uma vida centralizada em Cristo Jesus.

S. Pedro nos aconselha a estar “certos da verdade já presente. . ., e nela confirmados” (II S. Ped. 1:12). As doutrinas da mensagem do Advento centralizadas em Cristo são realmente uma verdade presente para o mundo atual. Nos Evangelhos, encontramos o âmago do adventismo, na vida e nos ensinos de Jesus. Pregamos a imutabilidade da lei, porque Cristo declarou: “Não penseis que vim revogar a lei ou os profetas: não vim para revogar, vim para cumprir.” S. Mat. 5:17. A própria pessoa de Cristo é nosso exemplo na observância dos mandamentos (S. João 15:10), e da mesma maneira como ensinou aos homens do passado, Êle lembra aos homens de nosso tempo que se O amarem sinceramente, guardarão os Seus mandamentos (Cap. 14:15).

Pregamos a observância do sábado hoje em dia, porque Cristo, nosso Exemplo, o guardou e ensinava que os outros deviam observar Seu santo dia de repouso (S. Luc. 4:16; Heb. 13:8). Os adventistas do sétimo dia seguem tanto o preceito como o exemplo de Jesus no batismo por imersão (S. Mat. 3:16; Efés. 4:5). Ensinamos que a morte é um sono (S. João 11:11-14), e que os justos serão despertados pela voz do grande Doador da vida, por ocasião de Sua segunda vinda, porque êsses pontos doutrinários fazem parte da fé de Jesus (S. João 11:25; I Tess. 4:13-18).

Os adventistas do sétimo dia proclamam uma mensagem de esperança para um mundo perturbado — o breve estabelecimento do glorioso reino de Cristo, cheio de paz e justiça, segundo as próprias palavras do Salvador em S. João 14:1-3. Cremos e sabemos que a hora de Sua vinda está perto, porque vemos em tôda parte ao nosso redor o cumprimento dos sinais indicados por Êle, especialmente em S. Mateus 24 e S. Lucas

  • 21. Que outro povo sôbre a Terra proclama uma mensagem tão apropriada para as necessidades do mundo na época atual?

As profecias do Apocalipse são uma autêntica “revelação de Jesus Cristo,” e daríamos maior ênfase a nossa pregação se as apresentássemos como tal. A mensagem da hora do juízo de Apocalipse 14:7 é a mensagem de Cristo. A ascendência do papado e a formação da imagem da bêsta (Apoc. 13) constituem uma revelação de Jesus Cristo, do mesmo modo que a visão “do Cordeiro que foi morto, desde a fundação do mundo” (Verso 8). O mesmo sucede com as pragas (Apoc. 16:1) e a volta literal e audível do Salvador (Caps. 14 a 16).

É a “Revelação de Jesus Cristo” que exorta os homens a se prepararem para o fim do tempo da graça (Apoc. 22:11), e a mesma “Revelação” descreve vividamente a grande reunião de tôda a família humana (Cap. 20:7 e 8), o castigo dos ímpios (Vers. 9 e 10), e o maravilhoso desfecho: a descida da Cidade Santa e as glórias da Nova Terra (Caps. 21 e 22).

“Eu, Jesus, enviei o Meu anjo para vos testificar estas coisas às igrejas.” Apoc. 22:16. O revelador viu também “outro anjo voando pelo meio do céu, tendo um evangelho eterno para pregar aos que se assentam sôbre a Terra, e a cada nação, e tribo, e língua e povo” (Cap. 14: 6). Temos aqui algumas mensagens evangelísticas de Cristo a Sua igreja, e de Cristo a todo o mundo. Que poderia ser mais relevante e oportuno do que essas importantíssimas verdades que são a essência da mensagem do Advento?

Essa mensagem de Jesus, que vem de encontro às necessidades hodiernas, declara: “Temei a Deus e dai-Lhe glória, pois é chegada a hora do Seu juízo; e adorai Aquêle que fêz o céu, e a Terra, e o mar, e as fontes das águas.” Vers. 7. A observância do sábado do sétimo dia, como memorial tanto da criação como da Redenção, é muitíssimo apropriada numa geração em que será concluído o julgamento baseado em todos os Dez Mandamentos, e em que a segunda vinda de Cristo se tornará uma grandiosa realidade.

Nossa Mensagem Deve Ser Dirigida às Pessoas

Nossa mensagem cristocêntrica e baseada na Bíblia, nestes últimos dias, deve ser apresentada de maneira enfática e pessoal. Deve ser dirigida às pessoas. A história do pregador que’ usava a palavra “amados” de modo tão afetuoso que parecia ser uma proposta pessoal, merece alguma consideração. “Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo” (Atos 2:38) deve ser tão pessoal hoje em dia como era no tempo da igreja primitiva. As palavras de Jesus: “Importa-vos nascer de nôvo” têm uma aplicação tão pessoal a todo santo e pecador na época atual, como na ocasião em que Jesus as proferiu para Nicodemos, quase dois mil anos atrás. O mesmo se pode dizer com referência a todos os preceitos e ensinamentos de Cristo. Vós e eu, em nossa pregação evangelística, precisamos dar um cunho deveras pessoal a nossos sermões e apelos. Ao saírem de nossas reuniões, os homens e as mulheres devem experimentar a profunda convicção de que durante o culto Deus falou pessoalmente a cada um dêles!

Pregação Repleta do Espírito Santo

A mensagem que satisfaça as necessidades das pessoas em tôdas as partes do mundo hoje em dia, não somente deve ser cristocêntrica, baseada na Bíblia e pessoal, mas deve também estar repleta do Espírito Santo! Êsse modêlo de pregação foi estabelecido pelos evangelistas da igreja primitiva. Fernando Vangioni, um argentino que fêz parte da equipe evangelística de Billy Graham na América Latina, sintetiza tudo isso nas seguintes palavras: “O poder do Espírito Santo produziu em primeiro lugar profunda convicção do pecado nos corações arrependidos que, repentinamente e sob a luz do Evangelho, viram a magnitude de suas faltas, a perversidade de sua atitude para com Jesus, a enormidade de seus pecados e o castigo que mereciam. Êsse mesmo poder do Espírito Santo ocasionou a fé em Jesus, para salvação, que trazia perdão e paz, como frutos do Calvário. Dêste modo, os corações vazios e tristes encheram-se de alegria. Seguiu-se o batismo, como prova de identificação com Aquêle que morreu, foi sepultado e ressuscitou dentre os mortos, e de obediência a Sua Pessoa.           ,

“Logo que começavam a fazer parte da nova Igreja, os cristãos não se contentavam apenas em ser membros e participar de tôdas as atividades e privilégios de sua nova condição espiritual. A fé precisava manifestar-se numa vida transformada, cheia de boas obras — os frutos da justiça. Os olhares do mundo, que por trinta e três anos haviam observado a vida do Senhor Jesus, a mais admirável e perfeita que já existiu, fixaram-se agora nessas pessoas. Tinham de viver como Cristo viveu; ou melhor, Cristo vivia nêles e manifestava-Se ao mundo por seu intermédio.” 10

Únicamente a pregação repleta do Espírito Santo podia efetuar isso nos tempos apostólicos. Únicamente a pregação repleta do Espírito Santo pode realizar o mesmo em nosso tempo. Homens cheios do poder do alto proclamaram o Evangelho em tôdas as regiões do mundo nos dias dos apóstolos. Só a pregação repleta do Espírito Santo poderá cumprir a mesma comissão num mundo maior e mais sofisticado, na época atual.

Bem podemos parafrasear as palavras que a mensageira do Senhor escreveu originalmente com referência à igreja primitiva, colocando-as no presente e aplicando-as a nós mesmos, sem forçar o sentido:

“O Salvador sabe que nenhum argumento, embora lógico, pode enternecer corações endurecidos ou atravessar a crosta da mundanidade e do egoísmo. Sabe que os Seus discípulos precisam receber o dom celestial; que o Evangelho só será eficaz se proclamado por corações e lábios tornados eloqüentes pelo vivo conhecimento dAquele que é o caminho, a verdade e a vida. A obra comissionada aos discípulos de Cristo no tempo atual requer grande eficiência, porque a onda do mal corre profunda e forte contra nós. Um líder vigilante e resoluto está no comando das fôrças das trevas, e os seguidores de Cristo sòmente podem batalhar pelo direito com o auxílio que Deus, pelo Seu Espírito, lhes dará.” 11

Como pregadores evangelísticos no tempo atual, necessitamos desesperadamente ser homens cheios do Espírito Santo, que anunciem uma mensagem cristocêntrica, baseada na Bíblia e deveras pessoal. Nada menos conseguirá enfrentar o desafio dêsse tempo de crise. Queira Deus ajudar-nos a pagar voluntàriamente o elevado preço exigido por semelhante dotação de poder — colocar sôbre o altar tudo o que somos e temos!

Referências

  • 1. Christianity Today, 28 de outubro de 1966, pág. 32
  • 2. Relatado em The National Observer, 12 de dezembro de 1966
  • 3. Ibidem
  • 4. Citado por Billy Graham, em Christianity Today, 11 de novembro de 1966, pág. 4
  • 5. Testimonies, Vol. 5, pág. 75
  • 6. Idem, Vol. 8, pág. 118
  • 7. Idem, Vol. 4, pág. 426
  • 8. Idem, Vol. 6, pág. 67
  • 9. Christianity Today, 28 de outubro de 1966, pág. 33
  • 10. Idem, 11 de novembro de 1966, pág. 26
  • 11. Atos dos Apóstolos, pág. 31 (Adaptado)