Uma série de debates tem surgido em tomo da palavra “parusia”, usada 24 vezes no Novo Testamento: 14 nas epístolas paulinas, quatro em Mateus, duas em Tiago, três em II Pedro e uma em I João. Afinal, qual é o significado dessa palavra?

A suprema esperança de todos os cristãos, através dos séculos, tem sido o cumprimento da promessa de Cristo de regressar a este mundo para pôr fim ao domínio de Satanás. Esta esperança se encontra alicerçada nas infalíveis promessas encontradas nas Escrituras Sagradas.

“Uma das verdades mais solenes, e não obstante mais gloriosas, reveladas na Escritura Sagrada, é a da Segunda vinda de Cristo, para completar a grande obra da redenção. ”…

“A doutrina do segundo advento é verdadeiramente, a nota tônica das Sagradas Escrituras. ”(1)

Apesar das irrefutáveis provas bíblicas, que apresentam a maneira da Sua segunda vinda, interpretações errôneas têm surgido para explicar este evento glorioso.

Uma série de debates tem surgido em tomo da palavra grega “parusia”. Diante desta realidade, é necessário estudá-la e compará-la com outras palavras usadas na Bíblia, para designar a “Vinda de Cristo”, a fim de compreender melhor o assunto.

A Bíblia nos apresenta insofismáveis provas de como será o regresso de Cristo à Terra. Atos 1:10-11; 3:20-21, Fil. 3:20; Tito 2:13; Heb. 9:27.

Termos Usados Para o Regresso de Cristo

A volta de Cristo é chamada com muita propriedade de “Segunda Vinda”, mas nas Escrituras várias palavras são usadas para designar este acontecimento, sendo as principais estas:

1a) Apocalipsis.

É uma transliteração da palavra grega, cuja tradução seria revelação de algo que não se vê.

O Novo Dicionário da Bíblia, referindo-se a esta palavra afirma:

“Sua volta será também um apocalipsis, um desvendamento ou descoberta, quando o poder e a glória, que agora já Lhe pertencem, em virtude de Sua exaltação e presença celestial (Fil. 2:9; Efé. 1:20-23; Heb. 1:3; 2:9), serão desvendados diante do mundo (I S. Ped. 1:13).(2)

2a) Epiphania

Esta palavra designava no grego clássico o aparecimento de uma divindade que se encontrava escondida.

Este vocábulo traduzido em português por aparição ou manifestação, refere-se à vinda de Cristo, como se Ele saísse de um lugar escondido, para nos trazer as ricas bênçãos da salvação. (II Tess. 2:8; I Tim. 6:14; Tito 2:13).

3ª) Faneroo

O excelente dicionário de Arndt and Gingrich traduz este verbo assim:

  • a) Revelar, fazer conhecido, mostrar: I Cor. 4:5; Tito 1:3.
  • b) Tomar visível ou conhecido, ser revelado: S. Mar. 4:22; S. João 3:21; Rom. 16:26; Efés. 5:13.
  • c) Aparecer, revelar-se. Aparece em quatro passagens com referência à segunda vinda de Cristo: Col. 3:4; I S. Pedro 5:4; I S. João 2:28; 3:2.

4ª) Parusia

Das quatro apresentadas é a mais conhecida e mais importante para descrever a segunda vinda de Cristo, por isso requer de nós um estudo mais minudente.

Que é “Parusia”?

Palavra grega proveniente do verbo grego “pareimi” que siginifica estar presente.

A palavra “parusia” é usada 24 vezes no Novo Testamento. Catorze vezes nas Epístolas Paulinas, quatro em Mateus, duas em Tiago, três em II Pedro e uma em I João.

Todos os comentaristas e dicionaristas são unânimes em afirmar que o termo grego significa, presença, chegada, vinda, volta e que é usado duas vezes para presença (II Cor. 10:10; Fil. 2:12) e 22 vezes para a vinda de Cristo (S. Mat. 24:3, 27, 37; I Cor. 1:8, etc., etc.)

O alentado “Dicionário do Novo Testamento” de Tayer ao estudar a palavra “parusia” afirma:

“No Novo Testamento acha-se, especialmente, relacionada com o Advento, isto é, a futura volta visível de Jesus, procedente do Céu, o Messias, que virá para ressuscitar os mortos, decidir o último julgamento e estabelecer de maneira aparente e gloriosa, o Reino de Deus. ”

Apesar desta uniformidade, quanto à sua significação, idéias antibíblicas têm surgido em sua interpretação. Dentre estas as duas mais conhecidas são:

I — A dos Dispensacionalistas ou do Arrebatamento Secreto.

Suas idéias sobre a segunda vinda de Cristo são pregadas insistentemente e aceitas por bom número de pessoas.

Crêem numa futura dupla vinda de Cristo separada por um período de sete anos.

Apesar das irrefutáveis provas bíblicas, que apresentam a maneira da Sua segunda vinda, interpretações errôneas têm surgido para explicar este evento glorioso.

Afirmam:

“A primeira destas é a parusia ou simplesmente ‘a vinda’ quando se dará o rapto dos santos, também chamado rapto secreto. ”(3)

Esta vinda será secreta e apenas conhecida pelo desaparecimento dos eleitos. Ensinam ainda, que neste evento Cristo não descerá à Terra, mas permanecerá nas alturas sem ser visto pelos homens. Este acontecimento denomina-se a “vinda para Seus santos”, I Tess. 4:15-16, e será seguido por um intervalo de sete anos. Durante este período sucederão algumas coisas, assim descritas por eles:

“… Esta será seguida de um intervalo de sete anos, durante os quais o mundo será evangelizado, S. Mat. 24:24; Israel convertido, Rom. 11:26; a grande tribulação ocorrerá, S. Mat. 24:21-22, e o anticristo ou o homem de pecado será revelado, II Tess. 2:8-10. ”(4)

Esta doutrina não é autorizada pelas Sagradas Escrituras, porque contém uma série de implicações sem apoio bíblico.

Por exemplo:

A Bíblia nos afirma que a segunda vinda de Cristo será um só evento. Será visível como nos confirmam Atos 1:11; Heb. 9:27; Apoc. 1:7.

II — Adas “Testemunhas de Jeová”.

Defendem com bastante insistência o esdrúxulo ensino de que Cristo já voltou à Terra.

Esta heresia teve origem com Carlos Russell, fundador do movimento.

Seu ensino tem sofrido algumas mudanças, visando harmonizar datas díspares.

Carlos Russell dizia que Cristo tinha vindo no ano de 1874. Seus seguidores afirmam hoje que esta vinda de Cristo se deu em 1914, e para contornarem esta discrepância dão a seguinte explicação:

Com a segunda presença de Cristo em 1874 se iniciou a idade evangélica, que durou por um período de 40 anos, isto é, até 1914.

Ensinam as Testemunhas de Jeová que Cristo já está aqui e que Sua vinda se processou de forma invisível e que só pode ser vista pelos olhos espirituais.

Em que passagens se baseiam para negarem a segunda vinda de nosso Salvador de forma visível e corpórea e defenderem a presença invisível de Cristo? Evidentemente, em nenhum texto bíblico se encontra esta idéia, que foi arquitetada, em 1871, na mente do fundador da seita — Russell.

Estabeleceram suas conclusões baseadas em premissas falsas, isto é, interpretando mal S. Mat. 23:29 e S. João 14:19.

Afirmam em Make Sure of All Things, pág. 321: “O retorno de Cristo será invisível, porque Ele testificou que o homem não poderia ve-lo, outra vez, em forma humana. ”

As afirmativas de Cristo não servem de fundamento para a suas excêntricas conclusões, porque violaram dois princípios fundamentais da hermenêutica:

1º) Ao fazer a exegese da Bíblia, o intérprete deve ter em vista o contexto.

2º) Esqueceram-se da Regra Áurea da Interpretação, chamada por Orígenes de Analogia da Fé. O texto deve ser interpretado através do conjunto das Escrituras e nunca através de passagens isoladas.

O principal problema relacionado com vinda visível ou invisível é uma conseqüência da tradução da palavra. grega “parusia”, que deveria ser traduzida, como já vimos, apenas duas vezes por presença, mas eles sempre a traduzem desta maneira. Para atingirem seus objetivos fizeram sua própria tradução da Bíblia, a chamada Novo Mundo.

“Parusia” pode, conforme o contexto, ser traduzida por presença, mas na maioria dos casos traduzi-la assim, seria uma violação no sentido — S. Mat. 24: 3, 27, 37, 39; I Cor. 15:23.

O ensino russelita apresenta algumas contradições como as seguintes:

1º) A Bíblia ensina que com a vinda de Cristo terminariam os males da humanidade. Como explicar que milhões de pessoas morreram, desde esse ano, por meio de guerras, terremotos e pestilências?

2º) É humanamente impossível harmonizar que Cristo tenha vindo em 1914, com Suas próprias palavras em S. Mat. 24:30, 36.

3º) Se com a presença de Cristo os males aumentaram, as Testemunhas de Jeová precisavam confessar que Cristo não é um bom governante. A Bíblia ensina exatamente o contrário.

4º) Os perversos serão destruídos com a Sua vinda. II Tess. 2:8.

Foram eles destruídos em 1874 ou em 1914?

5º) Cristo ensinou que a ceia deveria ser comemorada até que Ele voltasse. II Cor. 11:26. Se Ele já voltou as Testemunhas de Jeová não deveriam mais comemorá-la.

Para uma boa compreensão da segunda vinda de Cristo, é mister saber, o que a Bíblia de maneira clara e precisa nos ensina.

A maioria dos cristãos, inclusive os adventistas, crêem no tocante à Segun-da Vinda de Cristo, apenas na veracidade do Testemunho Bíblico. Várias passagens nos esclarecem como será este glorioso acontecimento, base da acalentada esperança cristã.

Henry H. Halley disse:

“É melhor não dogmatizar acerca de certos eventos relacionados com Sua Segunda Vinda. Porém, se a linguagem é um veículo do pensamento, certamente se requer muita explicação e interpretação para retirar das palavras de Jesus algo que não signifique o que Ele conceituava sobre Sua Segunda Vinda, apresentada como um evento histórico, bem definido, no qual, Ele, pessoal e literalmente (embora não em Seu corpo de carne, senão em Seu corpo glorificado) aparecerá para reunir a Si mesmo em eterna glória aqueles que foram redimidos por Seu sangue. ”(5)

O ensino da Bíblia, quando à maneira da vinda de Cristo, poderia ser sintetizado nos seguintes tópicos:

1º) Será um regresso físico.

Que o regresso de nosso Senhor será físico, deduz-se claramente de passagens bíblicas, tais como: Atos 1:11; Heb. 9:27 e Apoc. 1:7.

Jesus voltará à Terra em corpo, não no corpo corrompido pela degradação ocasionada pelo pecado, mas no corpo renovado e glorioso. Jesus estava deixando os discípulos em pessoa e assim mesmo, em pessoa, promete voltar.

2º) Será uma vinda repentina.

A Bíblia nos ensina que esta vinda será repentina, inesperada, tomando a muitos de surpresa. S. Mat. 24:37-44; 25:1-12; S. Mar. 13:33-37; I Tess. 5:2, 3; Apoc. 3:3; 16:15.

Embora haja muitos sinais, estes não nos autorizam a marcar ano, mês ou dia para este evento. Os sinais são advertências para nossa preparação, porque não sabemos o dia nem a hora em que Cristo deve voltar.

3º) Será uma vinda gloriosa.

Sua segunda vinda, embora pessoal, física e visível, será bem diferente da primeira. Não virá no corpo de Sua humilhação, mas no corpo glorificado e com vestes reais. Virá como Rei dos reis e Senhor dos senhores.

4º ) Sua vinda será universalmente visível e até audível. S. Mat. 24:26-31; Apoc. 1:7.

Conclusões

Depois de estudar como será a Seguda Vinda de Cristo, conforme a Bíblia, concluímos:

A idéia Dispensacionalista, embora bem arquitetada por seus defensores, baseia-se em argumentos humanos. A autoridade suprema em assuntos religiosos — a Bíblia — não os aprova, portanto não podem ser aceitos.

As idéias russelitas partem de várias premissas falsas à luz da Bíblia, começando pela tradução errada da palavra grega “parusia”. Sendo a Bíblia a norma do pesquisador sincero, conclusões que ela não aprova devem ser colocadas de lado.

Apesar de exuberante luz encontradas nas Escrituras Sagradas, há grupos, como os dois já citados, e pessoas isoladas que não aceitam os seus ensinos sobre a maneira da Segunda Vinda de Cristo. Quão terrível será para estes o glorioso aparecimento nos ares de Cristo em Sua glória, na glória de Seu Pai e na glória de miríades de santos anjos! Tétricas são as palavras bíblicas que descrevem a sua angústia. Apoc. 6:15-17.

Dia glorioso e feliz para os remidos justos e para os que morreram com a fé e a esperança posta em Jesus Cristo.

As palavras de Jesus em S. Mat. 24: 23 seriam excelente advertência aos que divergem de um assim diz o Senhor, para não acreditarem em ensinos não alicerçados nas Escrituras Sagradas.

Demos graças a Deus, prezado leitor, pela segura palavra inspirada, que nos cientifica de que a Segunda Vinda de Cristo será visível fisicamente e que todos terão a sublime oportunidade de vê-Lo em glória e majestade. A Bíblia confirma: Todo o olho O verá. Eu almejo vê-Lo. Não aspira você a idêntico privilégio?

Referências

  • 1. O Conflito dos Séculos, Ellen G. White, pág. 323.
  • 2. Novo Dicionário da Bíblia, pág. 512.
  • 3. Teologia Sistemática, L. Berkhof, pág 832.
  • 4. Idem, pág 833.
  • 5. Idem, pág 935.