R. R. FIGUHR

Presidente da Associação Geral dos Adventistas do Sétimo Dia

DEVEM os líderes adventistas do sétimo dia ser homens espirituais. Ninguém pode ser bemsucedido nem fazer qualquer contribuição de valor para a igreja se não fôr dirigido pelo Espírito. Os talentos, a experiência, o entusiasmo, trabalho árduo bem como a instrução não possuem valor algum a menos que em todos êles haja o sôpro dos Céus.

Na antiga Babilônia pagã, Daniel foi escolhido para um cargo de grande responsabilidade porque nêle foi achado “um espírito excelente.” (Dan. 5:12). A leitura do livro que leva o nome do profeta claramente revela que Daniel foi bemsucedido como administrador por motivo de sua profunda vida espiritual. Nunca teria o mundo ouvido acêrca dêsse homem nem de sua longa e importante carreira caso êle não houvesse cuidadosa e diariamente nutrido a sua espiritualidade por meio de oração e santa meditação. “És grandemente amado,” foi a mensagem do Céu para Daniel.

Para Daniel não lhe foi fácil manter êsse elevado nível de vida espiritual. Era homem ocupado. Havia muitas entrevistas, contratempos e assuntos que êle tinha que tratar pessoalmente. Seus companheiros de ofício eram pagãos. A própria atmosfera estava impregnada de paganismo; não obstante Daniel constantemente cresceu em fôrça espiritual. A intensidade de suas ocupações não o privavam do tempo que reservara para a oração. O único fracasso que temia era que não correspondesse à expectativa divina para com êle. Não poderá fracassar nesta causa líder nenhum que tenha em tão alta estima a aprovação celestial.

Que grande privilégio tem sido para a causa de Deus, contar ela com líderes tais como Daniel. Pode o dinheiro falhar; podem os membros ser espalhados por perseguição; mas uma vez que conte com liderança temente a Deus a causa progredirá firmemente porque uma estrutura espiritual duradoura foi estabelecida. Esta lição foi incutida em Gideão quando numa hora crítica foi chamado para liderar o povo de Deus. Deus ocupou o primeiro lugar em seu serviço. Seu triunfante brado de guerra e de seus guerreiros foi: “A espada do Senhor e de Gideão.” (Juí. 7:20).

Como é importante aquela “palavra do Senhor” concedida a Zorobabel no passado: “Não por fôrça [humana] nem por violência [do homem], mas pelo Meu espírito, diz o Se-nhor” (Zac. 4:6). A fôrça e violência humanas podem impressionar alguém por algum tempo, mas não produzem resultados duradouros nem proveitosos. O que é efetuado mediante a guia divina e no temor de Deus é tão duradouro quanto o próprio tempo.

Os administradores de Associações, campos missionários, instituições — quem quer que sejam e onde quer que estejam — devem estar repletos do Espírito e por Êle dirigidos para produzirem resultados de valor duradouro para a causa de Deus. O talento, a capacidade excepcional, a personalidade cativante, a inteligência, a instrução — são todos úteis sòmente quando dedicados e consagrados à causa de Deus e submetidos à direção divina. Sob qualquer circunstância o homem pio é uma fôrça poderosa para o bem na Terra, mas quando o líder capaz é sobretudo um homem de Deus, o seu poder para o bem é muitíssimo aumentado.

O conselho ministrado pela mensageira do Senhor aos que se dedicam ao serviço espiritual é bom conselho para os administradores adventistas do sétimo dia:

“Separai uma parte de cada dia para o estudo das Escrituras e a comunhão com Deus. Assim obtereis fôrça espiritual e crescereis no favor de Deus. Êle sòmente vos pode dar nobres aspirações; Êle, unicamente é capaz de modelar o caráter segundo a semelhança divina. Aproximai-vos dÊle com fervorosa oração, e Êle vos encherá o coração de elevados e santos propósitos, e de profundos e sinceros desejos de pureza e serenidade de pen-samento.” — Obreiros Evangélicos, pág. 100.

É aí assinalada a maneira do crescimento espiritual: Oração, estudo bíblico e exame de consciência produzirão poder. O líder que assim proceder estará em contato íntimo com o Céu e continuamente sob a guia divina. Desfrutará da confiança tanto dos membros da igreja como dos obreiros. Se, às vêzes, pareça estar sòzinho em questões importantes, terá êle uma fonte de fortalecimento e animação mais do que suficiente para o amparar. Declaração reveladora da fortaleza espiritual de Davi acha-se registada quando êle e seus companheiros voltaram de Ziclag e encontraram tôdas as famílias e suas possessões pilhadas pelos amalequitas. Em seu desespêro e aflição, os companheiros de Davi confabulavam a sua morte por apedrejamento, pois julgavam que alguém tinha que ser responsabilizado por tudo quanto acontecera. Que fêz Davi naquele momento crítico? “Fortaleceu-se Davi no Senhor seu Deus” (I Sam. 30:6). Maravilhosa fonte de fortaleza, essa, para todo líder, com que êle se tem que relacionar antes de sobrevir a crise.

Com muito acêrto se diz que o espírito e têmpera de qualquer organização é grandemente atribuída à índole de seus líderes. A história do povo de Deus o confirma. Quando Israel tinha líderes bons e pios, a nação era fiel a Deus e prosperava. Quando os líderes de Israel se desviavam de Deus e se entregavam ao culto idólatra e sua conseqüente iniqüidade, era-o por motivo da índole má de seus líderes. Ocorriam reavivamentos em Israel quando líderes pios dirigiam o povo. Esta lição não deve ser por nós desprezada hoje. Nenhum reavivamento jamais ocorreu como resultado de crítica nem por incutir desânimo ou por transmitir mensagens lúgubres à igreja. Tiveram êles origem com homens e mulheres que sentiram profundamente sua deficiência e incapacidade, e dobrando os joelhos perante Deus com humilde reconhecimento de sua grande necessidade, experimentaram a superabundante presença e o poder do Espírito Santo. Pessoas foram levadas a confessar a influência irradiante dessas vidas. Ao falarem essas pessoas particularmente ou em público dão testemunho edificante que despertam anseios sinceros de santidade em muitos corações. Um líder na causa de Deus deve ser um homem dessa espécie. O tal será um líder de grande carreira. Será, também, genuíno reformador.

Oxalá nós, que fomos chamados à liderança nesta causa e nesta última hora, sejamos homens tais!