LUIZA C. KLEUSER

(Secretária Associada da Associação Ministerial)

DURANTE a primeira metade do século vinte duas guerras mundiais produziram modificações sensíveis em muitos campos do pensamento. O surgimento de necessidades específicas em diversas especialidades deu lugar em forma repentina e crescente ao trabalho da mulher fora de casa. Nos anos dêsses conflitos bélicos, requereram-se os talentos da mulher em grau dificilmente comparável a qualquer outro período da história. Suas aptidões naturais para a maternidade, a criação, o ensino e outras ocupações próprios da mulher, foram requeridos com urgência imperiosa de setores alheios ao lar. Pediu-se-lhe que abandonasse a casa, a cozinha e o berço, para labutar em ambiente inteiramente diverso e até contrário à sua missão natural, a fim de atender às necessidades da hora.                 

Não obstante, o ritmo febril dêsses dias de guerra deixavam pouco tempo para considerar essas modificações em suas conseqüências finais, e com a perspectiva de amplo alcance; era muito o que estava em jôgo no presente imediato. A pergunta não era quem devia fazer as coisas, mas que devia fazer-se. O importante era certificar-se de que as coisas fôssem feitas. Enquanto o mundo olhava com crescente desilusão para as principais nações, a mulher trabalhava para consolidar um mundo melhor.

Naturalmente, a guerra atingiu também as atividades da igreja e o papel que nela desempenhava a mulher. O certo é que Imperceptivelmente estamos evoluindo para uma nova estrutura da sociedade, evolução de que às vêzes não estamos plenamente conscientes. Aceitando êstes fatos, a igreja precisará fazer algumas considerações no tocante ao trabalho da mulher, e os adventistas não são exceção à regra.

Nossas Profissões Denominacionais

Desde o seu próprio comêço, a Igreja Adventista teve verdadeira preocupação por sua juventude. Através de tôda a nossa história, homens e mulheres foram chamados para servir em campos novos. O ensino simplificado substituiu a instrução mais acurada, que posteriormente se desenvolveu, até converter-se em cursos especializados, destinados a produzir um exército de obreiros que colaborem na tarefa de disseminar a mensagem do terceiro anjo, e, como dizemos entre nós, de “terminar a obra”. Nossa denominação conta com numerosas instituições educativas, médicas e editoras. Em média, depois de militarem dez anos nas fileiras, os adventistas se encontram, diretamente ou por intermédio de seus parentes, relacionados com algum ramo da obra.

Converter nossos membros em potentes obreiros que colaborem na terminação da obra evangélica equivale a alguma coisa mais do que ideais, meios e energia. Conquanto, em si mesma, a mensagem contenha elementos de adaptação e esteja investida do estímulo que lhe permite ver as coisas feitas, encontramos no conselho dado à igreja de Laodicéia, a prevenção de manter nossa visão aclarada. Êste conselho abrange, sobretudo, nossas necessidades espirituais, mas também as da igreja em todo sentido.

Demos Mais Ênfase à Obra Bíblica

Sem a menor dúvida, embora necessitemos de diversos tipos de obreiros para nossa obra educativa, médica e de publicações, o evangelismo também requer grande número de obreiros pessoais. Os generais sábios e previdentes efetuam ocasionalmente uma revista das tropas e da posição que cada batalhão ocupa, para assegurar-se de que o exército sob suas ordens vai atingindo o seu objetivo principal. Quão imprudentes seriam os generais do exército adventista se permitissem que os obreiros pessoais — obreiros que estudam e oram com as pessoas nos lares — desatendessem sua incumbência? Isto nunca deve acontecer porque é uma parte vital de nosso plano de evangelização.

Desejosos de satisfazer a angustiante necessidade de obreiros pessoais competentes, sugerimos, a seguir, aos nossos dirigentes, uns pontos definidos que outorgarão vigor e eficiência à nossa mensa-gem:

  • 1. Juntamente com a ênfase que pomos na necessidade de empregar homens para nossa obra evangélica, devemos sublinhar com extraordinário vigor o trabalho bíblico pessoal que nossas irmãs podem realizar. Desde o comêço de nossa organização a instrutora bíblica demonstrou seu verdadeiro valor; à serva do Senhor foi mostrado o lugar importante que ocuparia nas horas finais da proclamação de nossa mensagem. Ainda não achamos um substituinte para a obreira bíblica consagrada, e ao considerar êstes fatos, devemos, instar com nossos dirigentes para que, ao tratarem de consolidar a obra evangélica pessoal, não releguem para plano secundário a mulher.
  • 2. A utilidade e a eficiência da instrutora bíblica não consiste meramente em bater às portas para entregar os convites para as conferências, mas em ensinar inteligentemente as doutrinas das Escrituras. A pessoa de fino trato, instruída e com espírito de ganhar almas não poderá rebelar-se jamais contra a ocupação de distribuir convites, mas é sensato que os dirigentes a ocupem sobretudo nisso? Não lhes será prejudicial para o espírito e para a saúde geral, o confiar-se-lhe exclusivamente a missão de subir escadas e tocar campainhas? Se ampliarmos mais a sua esfera de ação, não apenas daremos à instrutora maiores satisfações em seu trabalho, mas o evangelista poderá organizar melhor o seu grupo de auxiliares, e o seu trabalho pessoal, o que aumentará a eficiência do conjunto e redundará em mais ampla colheita de almas.

Tendo em conta a colaboração desinteressada e abnegadíssima que estas irmãs prestam aos nossos evangelistas e pastôres, deveremos dar maior consideração ao bem-estar e à saúde da instrutora bíblica. Em princípio já nos propusemos como objetivo para os próximos anos, orientar e preparar as melhores senhoritas de nossas igrejas para o setor da obra bíblica. Nossos colégios e seminários teológicos estão bem equipados para cultivar nessas valiosas obreiras personalidade atraente, habilidade no trabalho e alicerce cultural suficiente. Tendo em conta êstes fins e concretizando-os, não apenas aumentará o número de conversos mas êstes emprestarão maior fôrça às nossas igrejas e auxiliarão a pronta consumação da comissão evangélica.