M. K. ECKENROTH

(Professor auxiliar de Teologia Prática no Seminário Teológico Adventista)

UMA das grandes tragédias que a igreja enfrenta atualmente é a perda de membros por apostasia. Qual é a causa? Devemos prestar atenção a êste problema e provar novos métodos para reter os membros que ganhamos. Não é suficiente conformar-se com trazer novos membros para a igreja. Deve fazer-se um esfôrço conjunto para conservá-los. Com freqüência ouvimos que se culpa o evangelista de não preparar bem os candidatos antes do batismo. Conquanto creiamos que algumas vêzes se dá demasiada importância a êste fato, de maneira nenhuma defendemos uma obra de evangelização descuidada, deixada ao azar e deficiente. Somos advertidos: “Se o interêsse aumenta paulatinamente e a pessoa procede de maneira inteligente, não por impulso mas por princípios, é muito mais forte e durável que quando se desperta repentinamente, e se excitam os sentimentos ao escutar um debate, ou uma discussão violenta que mostre as duas facetas do assunto, em prol da verdade ou contra ela.” — Testimonies, Vol. III, pág. 218.

Nunca devemos esquecer que “Deus Se compraz mais com seis conversos à verdade como resultado de seus esforços, do que com sessenta professos nominais que ainda não se tenham convertido completamente. Êsses pastôres deveriam dedicar menos tempo à pregação de sermões e reservar parte de suas energias para visitar e orar com os que estão interessados, dar-lhes instrução religiosa a fim de que possam apresentar ‘todo homem perfeito em Cristo Jesus’.” — Idem,Vol. IV, pág. 317.

Conquanto seja verdade que sofremos perdas porque os membros não estão inteiramente doutrinados, muito mais verdade é que perdemos membros porque os irmãos não estão cabalmente convertidos. Muitos possuem conhecimento teórico da mensagem. Êste lhes alcançou a mente, mas não tocou o coração. Por êsse motivo devemos pôr ênfase na tremenda importância de tocar primeiramente o coração e dar lugar à total conversão da pessoa ao Senhor Jesus Cristo.

Muitas das doutrinas da mensagem adventista são novas e estranhas para os novos crentes. Por êsse motivo existe a necessidade real de uma segunda série de estudos ou reuniões a fim de que os recém-conversos recapitulem as verdades aprendidas.

“Quando os argumentos em favor da verdade são apresentados pela primeira vez, difícil é fixar os pontos na mente. E se bem que alguns vejam suficientemente para tomar uma decisão, todavia por tudo isto, há necessidade de repassar tudo outra vez, e fazer outra série de conferências.” — Evangelismo, pág. 334.

Esta não é uma sugestão inútil feita pela serva do Senhor. Sua importância é realçada com a declaração seguinte:

“Depois de haverem sido feitos os primeiros esforços em um lugar mediante uma série de conferências, há na verdade maior necessidade de uma segunda série. A verdade é nova e surpreendente, e o povo necessita de que as mesmas coisas lhes sejam apresentadas pela segunda vez, a fim de tornar os pontos distintos, e fixar as idéias na mente.” — Ibidem.

Agora entramos em uma fase de muita importância para manter o interêsse das pessoas. Os novos conversos devem integrar-se o mais cedo possível em algumas das atividades e funções da igreja. Abundam as instruções a êsse respeito.

“O Espírito de Deus convence da verdade os pecadores, e depõe-nos nos braços da igreja. Os ministros podem fazer sua parte, mas nunca poderão efetuar a obra que deve ser feita pela igreja. Deus requer que a igreja cuide dos que são jovens na fé e na experiência, que vão ter com êles, não no intuito de tagarelar com êles, mas de orar, de dirigir-lhes palavras que sejam ‘como maçãs de ouro em salva de prata’.” — Test. Sel., [Edição Mundial], Vol. I, pág. 455.

Não deveria dar-se aos novos irmãos os cargos de maior responsabilidade na igreja, sem que estejam totalmente adestrados e hajam tido tempo suficiente para sua orientação. Isto, não obstante, não os exclui da participação nas muitas atividades de uma congregação empreendedora. Devem êles ser animados a cooperar na obra da Sociedade de Dorcas, na Sociedade de Temperança, nos grupos dos pregadores voluntários, de distribuição de folhetos, de atividades sociais e na escola sabatina. Em todos êstes ra-mos da obra há numerosas oportunidades para o serviço.

A responsabilidade da igreja com os que são novos na fé é uma parte da obra que não deve descuidar-se. Cada membro de igreja tem responsabilidade direta no cuidado da alma recém-convertida. O plano de amparar os novos conversos é de muito valor. A direção ou o pastor de qualquer igreja que dêem cuidadosa atenção a êste plano, alcançarão grande êxito em seu emprêgo. A designação de um novo converso ao cuidado de um membro antigo da igreja, para que sirva de conselheiro espiritual, muito Fará para evitar o sentimento de solidão e abandono que experimenta o recém-converso durante o período de adaptação.

“Os recém-conversos devem receber trato paciente e benigno, e é dever dos membros mais antigos da igreja cogitar meios e modos para prover simpatia e instrução para os que se retiraram conscienciosamente de outras igrejas por amor da verdade, separando-se assim dos cuidados pastorais a que estavam habituados. A igreja tem responsabilidade especial quanto a atender a essas almas que seguiram os primeiros raios de luz recebidos; e caso os membros da igreja negligenciem êste dever, serão infiéis ao depósito a êles confiado por Deus.” — Evangelismo, pág. 351.

Se o novo membro falta a qualquer dos cultos da igreja, pode o conselheiro perguntar-lhe o motivo de sua ausência, e em seguida informar o pastor. Isto faz parte da tão importante tarefa que deve ser feita depois que o novo membro foi admitido na igreja.

“O bondoso interêsse que manifestamos no círculo doméstico, as palavras de simpatia que dirigimos aos nossos irmãos e irmãs, habilitam-nos a trabalhar pelos membros da casa do Senhor, com quem, uma vez que permaneçamos fiéis a Cristo, viveremos por todos os séculos. ‘Sê fiel até à morte’, diz Cristo, ‘e dar-te-ei a coroa da vida’. Portanto, quão cuidadosamente devem os membros da família de Deus guardar seus irmãos e irmãs! Se são pobres, e necessitados de alimento e vestuário, ministrai-lhes às faltas temporais da mesma maneira que às suas necessidades espirituais. Ser-lhes-eis, assim, dupla bênção.” — Idem, pág. 353.

Conseguiremos manter as almas junto à igreja e a Cristo unicamente quando as aproximarmos mais de nosso coração.