R. R. BIETZ

(Presidente da Associação do Sul da Califórnia, EE. UU.)

Normas da Igreja

O GRUPO de obreiros de uma Associação pode fixar o nível espiritual desta. Não constitui segredo que há membros da igreja que não estão muito interessados em manter as elevadas normas da organização. Em uma grande Associação e num território que comporte muitas cidades importantes, nossa responsabilidade deve ser tomada muito a sério. A atração do pecado é talvez mais fascinante ali do que em qualquer zona rural. O pecado é pecado, certamente, em qualquer parte, mas no ambiente das grandes cidades êle se concentra de maneira especial. Devido a isto, aumenta a nossa responsabilidade de imprimir forte direção espiritual a tôda a irmandade. Cremos que os membros da igreja se deixarão guiar por essa decidida direção espiritual.

“Se os obreiros os não desanimam inteiramente [aos irmãos] repreendendo-os por sua indolência e ineficiência e por sua falta de espiritualidade, geralmente atenderão a todo apêlo que lhes é dirigido à mente e à consciência. Mas os irmãos desejam ver frutos.” — Testimonies, Vol. III, pág. 49.

“Satanás está hoje procurando oportunidades de derribar os marcos da verdade — os monumentos que foram erguidos ao longo do caminho.” — Obreiros Evangélicos, pág. 100.

Dizem alguns membros que não necessitamos pregar acêrca das normas porque “se o coração anda reto, nosso vestuário e nossos atos também o serão.” Nunca foram pronunciadas palavras tão acertadas quanto estas. Deve o coração ser reto, e só o será quando esteja plenamente consagrado. O coração verdadeiramente convertido não se evadirá a uns quantos “faze” e “não faças” que a igreja imponha. Se o coração anda reto, apoiará as normas e não criará problemas por não querer abandonar as jóias ou continuar freqüentando cinema ou teatro, não se zangará com os demais, nem dêles terá inveja. As dificuldades sempre têm a sua raiz no coração!

As Bodas

Não há momento mais solene e sagrado que o em que um homem e uma mulher unem sua vida no santo estado do matrimônio. A cerimônia deve sempre harmonizar-se com a santidade da ocasião. Muita instrução nos foi concedida nesse sentido, como organização. Não é necessário que o repitamos aqui; mencionamo-lo apenas para estimular a que em harmonia com ela celebremos êsse rito.

Tememos às vêzes que a festa que se segue à cerimônia não esteja em conformidade com as normas cristãs. Talvez o ministro não tenha ali plena autoridade, mas sua presença pode exercer boa influência. Não deve êle ser “a alma da festa”. Se se converte em um “convidado comum”, as pessoas perderão nêle a confiança. Se, por outro lado, resvala para o extremo oposto, tornando-se num “desmancha prazeres”, ninguém quererá estar com êle. Mas se é homem de espírito vivaz, alegre mas não humorista, todos estarão contentes de que esteja presente. Todos o quererão, porque imprimirá certa dignidade à festa.

Disse Spurgeon: “Um policial ou soldado pode estar fora de serviço; o pastor nunca. Qualquer que seja o lugar em que nos encontremos, ali estará o Senhor para formular-nos esta pergunta: ‘Que fazes tu aqui, Elias?’ E devemos poder responder em seguida: ‘Tenho alguma coisa que fazer aqui por Ti, e estou tratando de fazê-la.’ Deve o arco deixar de estar teso, às vêzes, pois se assim não fôra perderia a elasticidade; mas não é necessário ‘romper a corda’.” — Lectures, pág. 270.

Também devemos mencionar nossas normas relativas aos casamentos entre crentes e incrédulos.

“Não devem os pastôres oficiar a cerimônia do casamento de adventistas do sétimo dia com não adventistas, visto como isto é expressamente contrário às regras e ensinamentos da igreja.” — Ma-nual para Ministros, pág. 71.

Esta regra deve ser seguida por todos, inclusive pelos aposentados. Tem acontecido que um pastor procede conscienciosamente em plena harmonia com esta regra, só para escutar uma frase como esta: “Conhecemos um pastor adventista que nos casará.” Semelhante declaração certamente deixa muito mal situado quem quebranta a regra. Além disso, é fonte de pesar e vergonha para quem conscienciosamente se recusa a celebrar a cerimônia, por motivo da debilidade manifestada por seu colega no ministério que cede neste ponto. Esta norma nunca deverá ser violada.

Divórcio e Segundas Núpcias

Os divórcios e novos casamentos constituem os problemas mais complexos e desorientadores que a igreja de hoje enfrenta. Temos a certeza de que estamos cônscios do perigo de que a atitude profana que o mundo manifesta no tocante ao contrato matrimonial influi de maneira tal sôbre a igreja que, mesmo os adventistas, são às vêzes atingidos pelas normas decadentes de nosso tempo.

De conformidade com os nossos estatutos e regulamentos denominacionais, o divórcio, embora seja sempre um acontecimento trágico, é permitido sob certas circunstâncias. Assim ocorre, também, com as segundas núpcias da parte inocente. Ao permitir que o cônjuge inocente contraia novas núpcias, admitimos que o vínculo matrimonial pode ser anulado. Se por motivo de adultério de uma ou outra parte fica anulado o vínculo matrimonial, deduz-se logicamente que mesmo que o membro culpado torne a casar-se não continuará vivendo em adultério permanentemente. Reconhecedora disto, e em cumprimento da divina missão de salvar os perdidos, a igreja, providencia para que se reincor-pore plenamente em seu seio o próprio membro culpado, mediante a condição de que manifeste arrependimento por espaço de tempo mais ou menos longo, e rebatize-se. O “Manual da Igreja” apresenta com muita clareza êste assunto funda-mental :

“Por conseguinte, no caso em que o esfôrço feito por um pecador genuinamente arrependido, para normalizar o seu estado matrimonial e pô-lo em conformidade com o ideal divino, apresente problemas aparentemente insuperáveis, o pedido que a pessoa faça para ser readmitida na igreja, antes de ser objeto de resolução final por parte da mesma, será, por meio do pastor ou do diretor distrital, submetido à comissão executiva da Associação, para pedir conselho e recomendação sôbre qualquer possível providência que deva tomar a pessoa ou pessoas arrependidas, antes de sua aceitação.

“A readmissão na igreja, de quem tenha sido excluído pelos motivos constantes dos incisos anteriores, dar-se-á com base em novo batismo. — Pág. 271.

Esta atitude, de qualquer modo, criou problemas que estão preocupando sèriamente nossos pastôres. Estamos certos de que há centenares de obreiros que estão meditando cuidadosamente em todo êste assunto do divórcio e de novo casamento. Pessoalmente, creio ser ainda preciso fazer-se um estudo mais acurado do problema. Algo há que todos sabemos: o matrimônio é uma instituição divina. Êste pacto não é aceito por um dia, um mês ou um ano; é para a vida inteira. “Assim não são mais dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus ajuntou, não o separe o homem.” (S. Mat. 19:6.)

Todo ministro de Deus tem a obrigação de pôr ênfase, muitas vêzes, sôbre a importância dêste contrato que é para a vida tôda. Não mantemos demasiado silêncio a êsse respeito em nossas pregações? Sabemos que muitos há em nossas igrejas que desfizeram os laços matrimoniais e de novo casaram-se. Talvez temamos ferir-lhes os sentimentos. Entretanto, não temos a responsabilidade de “educar, educar e educar?” Certo é que muitas denominações afrouxaram sua disciplina matrimonial, e permitem que casais divorciados tornem a casar-se e continuem sendo membros da igreja sem que seus dirigentes façam muito no que se refere à disciplina eclesiástica. Possivelmente se sintam impotentes em face das condições sociais imperantes. Mas, permitiremos nós que nos arraste também a nós esta mesma condição de relaxamento? Duvido de que possamos fugir à nossa responsabilidade, dizendo: “Não podemos fazer coisa nenhuma nesse sentido.” Não é nossa responsabilidade o dar aos nossos membros um conselho amistoso e cheio de simpatia, mas ao mesmo tempo firme? Deveria a igreja saber que nós cremos que o contrato matrimonial é permanente e que não deve ser desfeito.

A atitude superficial de alguns de nossos ministros no tocante a êste problema é alarmante. É evidente que há quem considera lícito o relacionar-se até certo ponto com a espôsa de outro homem, ou com o espôso de outra mulher. Dizem-se êles: “Não há perigo enquanto o homem saiba onde traçar a linha divisória.” Êsse raciocínio manifesta uma trágica falta de compreensão, não sòmente da moral cristã, mas também do plano divino para o lar. Tôda a instrução que possuímos na Bíblia o no Espírito de profecia nos mostra que êsse procedimento é profano. Semelhantes atitudes são sementes cuja colheita será armazenada nos já abarrotados moinhos do divórcio. Precisamos imprimir renovada ênfase à santidade do matrimônio e do lar. Devemos realçar que o ensino de Cristo acêrca do matrimônio consiste em que essa união não é meramente formal ou legal, mas sim a fusão completa de duas vidas, de modo que o espôso e a espôsa cheguem a ser “uma carne” ou, falando em linguagem mais moderna, “um só corpo”.

“Buscai que a instituição divina do matrimônio permaneça perante vós tão firmemente quanto o sábado do quarto mandamento”. — Sra. E. G. White, carta N°. 8 de 1888.

A Observância do Sábado

Muitos de nossos obreiros de hoje em dia, pelo menos nos Estados Unidos, foram criados em lares adventistas em que o sábado era observado bastante estritamente. Muitos dentre êles se lembram de que era preciso lustrar os sapatos, tomar banho, etc, antes do pôr-do-Sol de sexta-feira. O sábado é observado de um a outro ocasos de Sol. Deve-mos ser cuidadosos na observância das extremidades do sábado em nosso lar e na igreja. Nossa conversação deve estar isenta de qualquer reprovação nesse dia. Podemos entusiasmar-nos tanto com nossa obra que até cheguemos a “construir igrejas” no sábado. Podemos surpreender-nos fazendo cálculos quanto ao preço da madeira e tudo fazendo, menos pôr o telhado.

Demasiado amiúde se perde tempo precioso anunciando na hora do culto reuniões sociais, horas de diversões, festas, filmes (alguns dos quais jamais deveriam ser exibidos). Quanta inspiração e elevação espiritual pode experimentar um pastor ou uma congregação quando, ao sermão, precede um vigoroso anúncio acêrca de grande venda a ser realizada em determinado lugar . . . ?

Normas Relativas ao Vestuário

As melhores normas relativas ao vestuário encontramo-las em I S. Ped. 3:3 e 4: “O enfeite delas não seja o exterior, no frisado dos cabelos, no uso de jóias de ouro, na compostura de vestidos; mas o homem encoberto no coração; no incorrutível trajo de um espírito manso e quieto, que é precioso diante de Deus.”

No Manual da Igreja, lemos o seguinte:

“Nossos hábitos de vida devem alicerçar-se em princípios e não no exemplo do mundo que nos rodeia. … O vestuário é um fator importante no caráter cristão. . . .

“Devem os cristãos evitar a ostentação chama-tiva e ‘o adôrno profuso’. O vestuário deve, quanto possível, ser ‘de boa qualidade, de côr que assente bem, e apropriado para o trabalho. Deve ser escolhido com vistas para a durabilidade, de preferência à ostentação.’ Nossa roupa deve caracterizar-se ‘pela graça, e beleza e a adaptação da simplicidade natural.’. . .

“Ensinam as Escrituras, com clareza, que o uso de jóias é contrário à vontade de Deus. ‘Não com tranças, ou com ouro, ou pérolas, ou vestidos preciosos’, é a admoestação do apóstolo Paulo.” — Págs. 224 e 225.

Nossa denominação não tem legislação definida no sentido de excluir da igreja a pessoa que usa adornos. Entretanto, a instrução citada é claríssima. Em verdade abona firmemente qualquer pla-no educativo que queiramos empreender na igreja neste sentido. Não devemos ter dificuldade alguma para saber que conselho dar no caso; nem dar de ombros e permanecer em silêncio. Nosso conselho deve ser positivo e estar em harmonia com a instrução que temos na Bíblia e no Espírito de profecia. Que a igreja não tenha legislação definida no tocante a certos assuntos não significa que não tenhamos a responsabilidade de educar nossos membros.

Preocupa-nos enormemente ver como se vão “duplicando” as normas, por assim dizê-lo. Algumas pessoas não usam adornos duvidosos quando freqüentam a igreja, mas quando vistas na rua ou em alguma reunião social que compartilham com não adventistas, dificilmente são reconhecidas. Se o mundo fôsse tão cego quanto Isaque, quando Jacó o enganou, poderia desculpar. Mas o mundo tem olhos para ver! Conquistam os nossos irmãos desta maneira o respeito do mundo, ou expõem-se a ridículo? Vós mesmos amáveis leitores, podeis julgar. Tais adornos só são uma revelação de que existe um grande vácuo no coração e revelam uma falta de maturidade de caráter, que é verdadeiramente alarmante. Apontam para a necessidade de verdadeira ajuda espiritual.