SUE ELLEN TAYLOR

Redatora Auxiliar de “Listen”

PASSASTES já pela experiência de estudar a Bíblia com alguém que não compreendesse cabalmente suas verdades simples? Nunca pensarieis em dar um estudo sôbre as profecias a pessoa que estivesse sob o efeito dum anestésico, não obstante, isso é o que fazemos ao tentarmos comunicar a mensagem a pessoas cuja mente está narcotizada pela nicotina e pelo álcool.

Há dois anos, quatro obreiros que trabalhávamos na Review and Herald, costumávamos percorrer em auto cêrca de quarenta e cinco quilômetros uma vez por semana para dar es-tudos bíblicos a uma pessoa. Cada noite apresentávamos novo tópico da tríplice mensagem angélica; mas um assunto em que nunca toquei foi o da temperança, no que tange ao uso de fumo, chá, café e bebidas alcoólicas.

Ao rememorar eu essa experiência, verifico o êrro que cometi. Por quê? Porque deveria haver insistido na importância do abandono dêsses hábitos, a fim de podermos apresentar verdades mais espirituais. A família e eu seguíamos os assuntos costumeiros dos estudos bíblicos: A Palavra de Deus, Daniel 2, a Segunda Vinda de Cristo e a Significação dos Acontecimentos Modernos, etc. Certa feita estudamos o sinal da bêsta. Nenhuma oportunidade concedemos para a saúde mental e física; nenhum estudo foi dado sôbre êsse assunto importantíssimo. E reconheço agora que foi êsse o motivo principal de êsse homem e sua espôsa não haverem sido batizados. Por certo houve outros fatôres, mas suponho que êsse haja sido o principal. Como poderia eu esperar que compreendessem verdades espirituais, quando tinham a mente anuviada pelo fumo, café e álcool?

Uma das moças dava estudos a uma mãe e um grupo de filhos, cujo pai era beberrão. Necessitava êle a mensagem da temperança, dada com tôda a positividade.

As outras moças do nosso grupo visitavam as pessoas que precisavam de auxílio para manter o corpo são e a mente clara.

Nenhuma dessas pessoas aceitou inteiramente a mensagem do Advento, mas todos deram assentimento mental às verdades que eram apresentadas, tanto quanto a sua mente podia compreendê-las.

Ellen G. White salientou com insistência os efeitos que o fumo, álcool, chá e café têm sôbre as faculdades mentais do indivíduo. Atuam êles como anestésico sôbre o cérebro.

“Por meio do uso do álcool e fumo, chá e café, Satanás está aprisionando o mundo. A mente concedida por Deus, que devia ser mantida clara, é pervertida pelo uso de nárcóticos. O cérebro não mais pode distinguir corretamente. O inimigo exerce controle. O homem vendeu a razão em troca daquilo que o enlouquece. Não possui o senso do que é correto”.— Evangelism, pág. 529. (Grifo nosso.)

Apenas um dêsses atos pode ter efeito debilitante sôbre o cérebro. Diz a mesma autora:

“Em qualquer forma que seja usado, o fumo prejudica o organismo. É um veneno lento. Afeta o cérebro e entorpece as sensibilidades, de forma tal que a mente não pode discernir com clareza as coisas espirituais, especialmente as verdades que teriam a tendência de corrigir essa condescendência imunda”. — Counsels on Health, pág. 81.

Durante um ano inteiro fizemos essas viagens semanais ao interior, sem efetuar conversão alguma. Entretanto, não sabemos quais das sementes da verdade semeadas, a seu tempo irão frutificar. Tenho a intenção de voltar àquela casa e recomeçar os estudos. Desta vez, porém, porei ênfase especial na temperança.

Demonstração Eficaz

Há, porém, um aspecto mais brilhante neste estudo da temperança. Lembro-me, ainda, do tempo da minha infância, como papai se levantava bem cedo e bebia chícaras e chícaras de café puro, bem quente. Êle era, também, grande fumante. Há apenas dois anos, já contando setenta anos de idade, aceitou esta mensagem, e foi batizado. Depois de trinta anos de orações, mamãe pôde vê-las atendidas. Que realizou isso?

Certo dia do mês de agôsto, papai teve um ataque, foi levado para o hospital, e ali estêve parcialmente paralisado. Quando estava convalescendo dessa paralisia, num de nossos sanatórios, o médico cristão advertiu-o de que pre-cisava abandonar os vícios.

Dentro de algumas semanas clareou-lhe a mente, se bem que nunca mais recobrou o uso da perna e braço esquerdos. Um dos médicos pôs-se a estudar com êle a Bíblia, e êle parecia compreender a mensagem com clareza. Êsse médico recapitulou as coisas que papai já aprendera havia anos, mas nunca aceitara. Ao abandonar o fumo e o café, pôde compreender a mensagem. Que felizes nos sentimos nós, ao ser êle batizado e tornar-se membro da igreja remanescente!

“O [fumo] é imundo; é narcótico; amortece os sentidos; domina a vontade; mantém as suas vítimas na escravidão de hábitos difíceis de vencer; tem a Satanás por seu advogado. Destrói as claras percepções da mente, para que o pecado e a corrução não possam ser distinguidas da verdade e santidade”. — Temperance, pág. 58.

Dir-se-ia ser já tempo de darmos ênfase es-pecial à questão da temperança pois agora a revista da Associação Médica Americana comunicou que não mais aceitará anúncios de fumo e bebidas alcoólicas, e muitas sumidades médicas declaram ser possível que o câncer do pulmão seja proveniente do uso do fumo, e mui-tas pessoas estão rompendo as cadeias do vício do fumo. Sôbre êsse assunto escreve a Sra. E. G. White:

“Irmãos e irmãs: Queremos que vejais a importância dêste assunto da temperança, e queremos que nossos obreiros nêle se interessem, e saibam que está tão ligado à tríplice mensa-gem angélica quanto o está o braço ao corpo. Devemos realizar progressos nessa obra”. — Citado em Review and Herald, de 14 de fevereiro de 1888, pág. 108.

Que mais precisamos dizer para despertar-nos para a importância do ensino da temperança, ao tratarmos de transmitir a mensagem para os últimos dias?

“É impossível trabalhar pela salvação de homens e mulheres sem lhes apresentar a neces-sidade de romperem com os deleites pecaminosos que destroem a saúde, aviltam a alma e impedem que a verdade divina lhes impressione a mente. Os homens e as mulheres têm de ser ensinados a analisar cuidadosamente todo hábito e tôda prática, e a abandonarem imediatamente as coisas que produzem estado insalubre do organismo e, com isso, lançam uma sombra escura sôbre a mente”.— Sra. E. G. White, em Review and Herald, de 12 de novembro de 1901.

À luz da instrução que os adventistas recebe-ram nestes últimos dias, não conviría que os que dão estudos bíblicos a pessoas não adventistas remodelassem seus estudos e talvez revisassem seus planos de procedimento? Conquanto tenhamos sido advertidos pelo Espírito de profecia a trabalhar com as pessoas no estado em que estão, e, com tato, buscar a devida aproximação para introduzir a nossa mensagem, devemos sèriamente atender, também, para o conselho de que a nossa obra pró-saúde é a cunha de entrada, como se provou sê-lo nas terras pagãs. Com o presente e crescente conhecimento sôbre saúde nas terras mais civilizadas, o uso do “braço direito” da nossa mensagem está-se demonstrando ser um meio de aproximação eficaz em muitos lugares. O obreiro evangélico alerta estudará as necessidades das pes-soas e as condições dos tempos, bem como de sua mensagem.

“A causa da temperança precisa ser reavivada como nunca o foi”. — Ibidem, 14 de janeiro de 1909.