WALTER SCHUBERT

Secretário da Associação Ministerial da Divisão Sul-Americana

SEGUNDO afirma o profeta Joel, no capítulo 3 do seu livro, a humanidade de hoje, que vive nos umbrais do cumprimento de nossa esperança mais acariciada— a segunda vinda de Cristo, nosso Senhor — acha-se no “vale da decisão”.
Nosso dever, como ministros de Deus, não consiste sòmente em pregar o evangelho com vistas a informar as gentes acêrca dos porten­tosos acontecimentos que logo ocorrerão, e fazer-lhes conhecer o plano da salvação, mas também ajudá-los a decidirem-se em favor da verdade, a fim de serem salvos. Com razão disse Paulo: “Não me envergonho do evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus para salvação de todo aquêle que crê”.

Em São Mateus 28:19 e 20, encontramos as palavras seguintes: “Portanto, ide, ensinai tô­das as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-as a guardar tôdas as coisas que Eu vos tenho man­ dado; e eis que Eu estou convosco todos os dias, até à consumação dos séculos”.

Mas antes de as pessoas poderem ser bati­zadas em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo, deve haver decisão. O assunto de conseguir as decisões é talvez o ponto mais débil do nosso ministério. Fácil é dar estudos bíblicos sôbre Daniel 2, expor as profecias do livro do Apocalipse, pregar sermões e fazer con­ ferências públicas, mas tôda essa nobre obra nada valerá se não se consegue que as almas se decidam em favor da verdade.

Sábio é Quem Ganha Almas

950 anos antes da era cristã, escreveu Salo­mão: “O que ganha almas, sábio é” Prov. 11: 30, e sôbre o mesmo assunto, expressou-se o Espírito de profecia, da maneira seguinte:

“A mais elevada de tôdas as ciências é a de salvar almas. A maior obra a que podem aspi­rar criaturas humanas, é a obra de atrair homens, do pecado para a santidade. Para a rea­lização desta obra, é mister lançarem-se sólidos fundamentos”.—A Ciência do Bom Viver, pág. 249.

Ambas essas declarações inspiradas implicam dedicação ao estudo da ciência das decisões. Assim como quem quer ser médico precisa estudar a ciência de curar, durante vários anos na Faculdade de Medicina, até dominá-la completamente, e mesmo depois precisa prosseguir aperfeiçoando-se durante a vida inteira, quem quiser salvar almas terá que estudar a ciência das decisões, e depois nela aperfeiçoar-se. Deverá o ministro de Deus dar maior importância ao estudo da ciência das decisões, e ser sábio nessa disciplina.

A Obra de Satanás: Impedir as Decisões

Em sua Segunda Epístola aos Coríntios, capítulo 4 e v. 4, Paulo nos dá a chave de por que a gente fala em decidir-se em favor do evangelho:

“Nos quais o deus dêste século cegou os en­ tendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de Deus”.

Afirma-se aí que Satanás usa o entendimento, ou seja, a mente do homem, obscurecendo-a para impedir que aceite o evangelho “da gló­ria de Cristo”.

O mesmo apóstolo São Paulo nos mostra, em II Tim. 3:2-8 e 13, com que elementos conse­guiu Satanás obscurecer a mente da humanida­de: são os 21 pecados ali descritos que trans­ tornam e corrompem o são discernimento entre o bem e o mal, a verdade e o êrro.

O pecado, ou seja, a transgressão da lei de Deus confunde de maneira tal a mente, que impede que os homens vejam com clareza, ca­recendo, portanto, da faculdade intelectual para chegar ao conhecimento da verdade. Como diz o apóstolo: “Assim também êstes assistem à verdade, sendo homens corruptos de enten­ dimento e réprobos quanto à fé”.

Resumidas as contas, qual é a indecisão das pessoas e seu conseqüente repúdio da verdade? Precisamos buscá-la nos pensamentos corrup­tos com que Satanás encheu a mente humana.

A Mente e a Ciência da Salvação

Tendo em vista o que antecede, o Espírito de profecia diz que o trabalho principal do minis­tro consiste no seguinte:

“O trato com a mente humana é a ocupação mais bela já confiada ao homem mortal”.— Evangelism, pág. 253.

Se quisermos ver almas ganhas para o reino de Deus, devemos sempre ter presente o que Santanás faz com a mente humana para pre­ judicar êsse propósito. Portanto, para alumiar o entendimento humano com a luz do evangelho, precisamos duma potência mais poderosa que Satanás. Qual é êsse poder? Diz-nos a serva do Senhor:

“Existe na verdade um poder vivo, e o Espírito Santo é o agente que abre para a verdade a mente humana.” — Evangelism, pág. 124.

Êsse poder só existe no Espírito Santo. Em muitas oportunidades demonstrou Êle o Seu poder sôbre Satanás, especialmente ao ressus­ citar dos mortos a Cristo, fato que o inimigo das almas quis a todo custo impedir. (Rom. 8: 11.)

Em S. João 16:13, falando do Espírito Santo, declara o apóstolo: “Êle vos guiará em tôda a verdade”. Êste passo nos indica claramente que o Espírito Santo impressiona a mente do pecador para guiá-lo à verdade.

Sou admirador veemente de São Paulo, o mais poderoso ganhador de almas, depois de Cristo. Vejamos com que sabedoria pregava êste grande apóstolo do evangelho aos Coríntios:

“A minha palavra, e a minha pregação, não consistiu em palavras persuasivas de sabedoria humana, mas em demonstração de Espírito e de poder”. I Cor. 2:4.

Vejamos, também, com que arma pregou São Paulo aos Tessalonicenses:

“Porque o nosso evangelho não foi a vós sò­ mente em palavras, mas também em poder, e no Espírito Santo,…” I Tess. 1:5.

Reconheceu o apóstolo Paulo a importância capital da direção do Espírito Santo na grande obra da salvação dos perdidos.

São Pedro também menciona a forma como pregavam os santos varões da antiguidade: “Por aquêles que, pelo Espírito Santo enviado do Céu, vos pregaram o evangelho”. I S. Ped. 1:12.

Tudo isso nos mostra claramente, que se qui­ sermos ter êxito na ciência de ganhar almas, nossa vida deve, em primeiro lugar, ser guiada pelo Espírito Santo. O ministro e a instrutora bíblica devem orar diariamente pelo derrama­ mento do Espírito Santo em sua vida. Mais que por nenhum outro, quer o Senhor que ore­ mos por êste dom.

“Quanto mais dará o Pai celestial o Espírito Santo àqueles que Lho pedirem?” S. Luc. 11:13. “Mas vós, amados, edificando-vos a vós mesmos sôbre a vossa santíssima fé, orando no Espírito Santo”. S. Jud. 20.
De joelhos, deverá o ministro de Deus clamar cada manhã: “Senhor, não Te deixarei sem que me hajas humilhado o meu eu no pó da Terra, e esteja sob o Teu inteiro domínio, mediante o Espírito Santo”.

Pôr-nos sob o domínio do Espírito Santo significa revestir-nos de humildade, despojar-nos do eu e submeter-nos a Suas diretrizes em tôdas as coisas da vida. Cumpra-se em todo obreiro a exortação: “Enchei-vos do Espírito”. (Efés. 5:18.)

Diz o Espírito de profecia: “O Espírito Santo é que torna impressionante a verdade”. — Evan­gelism, pág. 223. “O ministério do Espírito Santo, operando na alma, é a nossa grande necessidade. O Espírito é inteiramente divino, nos elementos que utiliza, e em Sua demonstração. Deus quer que tenhais dons espirituais cheios de graça; então trabalhareis com um poder que nunca dantes haveis conhecido”.—Idem, pág. 222.

“Aprenda todo ministro a calçar os sapatos do evangelho. Quem tem os pés calçados na preparação do evangelho da paz, andará como Cristo andou. Poderá proferir palavras adequa­ das, e fazê-lo com amor. Não buscará introduzir pela fôrça a mensagem da verdade. Tratará com ternura todo coração, compreendendo que o Espírito Santo impressionará com a verdade os que são suscetíveis às impressões divinas.”— Idem, pág. 130.

Com razão disse o grande ganhador de almas escossês, McCheyne: “Não são tanto os grandes talentos que Deus abençoa, como a semelhança de Jesus. Um ministro santo é uma arma ter­ rível na mão de Deus.” E, em verdade, é neces­sária uma arma terrível, o Espírito Santo, para iluminar o entendimento entenebrecido por Santanás, e levar as almas à decisão.

Deus nos ajude a aprendermos o principal e mais importante da ciência de ganhar almas — estar “cheios do Espírito Santo” — para ao dirigirmos os pecadores através das conferências e estudos bíblicos, não lhes falemos com “palavras persuasivas de sabedoria humana, mas em demonstração de Espírito e de poder”.

NOTA. — Proximamente publicaremos outras meditações sôbre a ciência de ganhar almas.

A Inquietação

Não estejais inquietos por coisa alguma; antes as vossas petições sejam em tudo conheci­ das diante de Deus pela oração e súplicas, com ação de graças.

NÃO estar “inquieto por coisa alguma”, significa que coisa nenhuma nos deve inquietar. Aquelas pacíficas estrêlas que pousaram sôbre Belém, há dos milênios, pousam agora sôbre um mundo cheio de ansiedade e temor. A in­quietação prende os homens com uma garra mortal. Um soldado britânico, na guerra da Criméia, gritou no escuro, para o seu oficial, que êle aprisionara um inimigo. O oficial res­ pondeu: “Traga-o”. “Êle não quer ir”, res­pondeu o soldado. “Então venha você”, disse o oficial. “Êle não me deixa”, retrucou o solda­ do. A inquietação é justamente assim. Ao pensarmos que levamos a melhor, achamo-nos im­potentes em suas garras.

A inquietação significa perda de energia espiritual e fôrça física. Ela é cega e não pode perscrutar o futuro com visão nítida; o passado é esquecido, e o presente, falseado. Inevitável­ mente, significa miopia espiritual, com poucas coisas aumentadas desproporcionalmente à sua importância. A inquietação mata.

Mas o cristão possui extraordinárias reservas estratégicas com que vencer o inimigo. A cura por excelência é a fé e a oração serena. O conhecimento destas reservas deve para êle significar confiança, paz de espírito e seguran­ça, pois são mais do que suficientes para torná-lo vencedor. Isso é que estabelece a diferença entre a vida suficiente e a abundante. — Gerald H. Minchin.