O programa A Voz da Profecia, considerado o primeiro programa cristão de rádio no Brasil, teve seu início no dia 23 de setembro de 1943, em 17 emissoras espalhadas pelo país. O primeiro orador foi o pastor Roberto Rabello, que era acompanhado pelas músicas do quarteto The King´s Heralds. Ao longo desses 80 anos, já se passaram dez oradores. Atualmente, o programa é apresentado pelo pastor Gilson Brito, tanto na Rádio quanto na TV Novo Tempo.
Natural de Vitória da Conquista, na Bahia, Gilson Brito se formou em Teologia em 1987. Ao longo do seu ministério, atuou como pastor auxiliar, pastor distrital, departamental de mordomia, ministerial, secretário de associação, pastor da igreja da Faculdade Adventista da Bahia (Fadba) e diretor interno da Faculdade Adventista de Minas Gerais (Fadminas). Em 2015, ingressou na TV Novo Tempo para atuar como evangelista e apresentador do programa Além dos Fatos. Em 2019, foi nomeado orador do programa A Voz da Profecia. Casado com Zena Mara Brito, o casal tem duas filhas: Ketlin e Kevlin.
Não somos artistas, somos evangelistas. A equipe não se apresenta, mas apresenta Jesus.
Quais são os desafios de ser orador do programa A Voz da Profecia?
É encantador ver como esse ministério tem um alcance extraordinário entre as mais diferentes denominações religiosas. Por onde passamos, encontramos irmãos queridos que acompanham nosso programa. Este é, de fato, um dos nossos grandes desafios: pregar a verdade bíblica com fidelidade, incluindo doutrinas não compreendidas ou rejeitadas por muitos cristãos. No entanto, é preciso fazer isso com muito carinho e respeito. Afinal, o nosso objetivo é levar o maior número possível de pessoas a viver de acordo com os princípios da Palavra de Deus.
Fui grandemente abençoado por vários oradores de A Voz da Profecia. Hoje tenho o privilégio de continuar esse legado, que é espalhar a mensagem do evangelho ao mundo. Eu gosto de dizer que não somos artistas, somos evangelistas. A Voz da Profecia não faz show, faz evangelismo. A equipe não se apresenta, mas apresenta Jesus Cristo que é a grande necessidade da humanidade.
Como um pregador pode se adequar a diferentes tipos de mídias e auditórios?
Ainda que cada mídia tenha sua peculiaridade, penso que há aspectos que são essenciais em todos os contextos. Em primeiro lugar, o pregador precisa estar em íntima conexão com Cristo, para que o Senhor fale por meio dele. Esse é o ponto fundamental. Além disso, é necessário conhecer bem o tema a que se propõe apresentar a fim de fazê-lo com convicção. Mas um fator que julgo cada vez mais relevante é demonstrar autenticidade, transparência, simplicidade e naturalidade, especialmente às novas gerações, pois elas rejeitam qualquer artificialidade ou uso de máscaras. Quanto mais simples e naturais formos, mais ficaremos próximo das pessoas e as influenciaremos positivamente para o reino de Deus.
A Voz da Profecia também produz e distribui cursos bíblicos?
Após o ano de 1943, quando A Voz da Profecia começou a ser veiculada no rádio, a Igreja Adventista do Sétimo Dia criou a escola radiopostal na intenção de aprofundar o estudo da Bíblia juntamente com os ouvintes do programa. Ela passou a enviar gratuitamente estudos impressos para todos os ouvintes que faziam a solicitação. Atualmente, esse trabalho prossegue e é grandemente ampliado por meio da Escola Bíblica da Novo Tempo, que envia cerca de mil cursos bíblicos todos os dias para aqueles que acompanham os programas pela TV, rádio e internet. Temos cerca de 30 diferentes cursos bíblicos que também podem ser feitos de forma on-line, caso a pessoa prefira. Ao longo desses 80 anos, é difícil contabilizar quantos desses cursos bíblicos foram enviados. Mas, sem dúvida, foram milhões! Isso significa que muitas pessoas foram alcançadas pela mensagem do evangelho eterno e entregaram a vida a Jesus. Creio que os pastores podem nos ajudar divulgando a programação da Novo Tempo e sugerindo aos interessados que peçam os estudos bíblicos.
Em suas campanhas evangelísticas, como você enxerga a parceria entre pregação e música?
É como goiabada e queijo: uma mistura perfeita! As músicas cantadas pelo quarteto Arautos do Rei são suaves e solenes, alegres e cheias de esperança, expressando de forma poética a mensagem bíblica. Elas preparam o coração das pessoas para o tema que será pregado. Assim, quando abro a Bíblia, creio que os ouvidos estejam mais abertos para receber aquilo que Deus tem a dizer. Portanto, música e pregação se complementam no objetivo de anunciar a salvação e expandir o reino de Deus.
De quais maneiras um pastor pode usar as redes sociais para pregar o evangelho?
Sem dúvida, com a internet é possível alcançar mais pessoas, evangelizar mais. O que me preocupa é que essa mesma ferramenta que é positiva para a evangelização torna-se negativa à medida que expõe a realidade de alguns grupos religiosos que, com falta de entendimento, dizem em nome de Deus o que não é bíblico e revelam certas atitudes que não condizem com a vida de um cristão. Pessoas não convertidas veem esses excessos e tendem a generalizar, imaginando que toda igreja cristã é assim. As redes sociais estão aí, disponíveis como canais de comunicação do evangelho. No entanto, precisam ser usadas com sabedoria e equilíbrio, para que edifiquem e não destruam a pregação do Reino.
Música e pregação se complementam no objetivo de anunciar a salvação e expandir o reino de Deus.
Conte algum testemunho relacionado ao ministério de A Voz da Profecia.
Eu poderia contar vários testemunhos de conversões. Porém vou mencionar algo que muito me encantou ao ver o carinho do povo de Deus por esse ministério. Certa noite, tivemos um culto lindo em Joinville, Santa Catarina. No dia seguinte, às 3h da manhã, saímos do hotel para o aeroporto de Joinville e voamos para Campinas e de lá fomos para Chapecó, no oeste catarinense. Por volta das dez horas da manhã, estávamos sobrevoando Chapecó, mas o piloto desistiu de aterrissar por conta do mau tempo. Deu umas oito voltas sobre a cidade e finalmente anunciou que seguiríamos para Florianópolis. Ao chegar lá, embarcamos às 12h15 em uma van com direção a Chapecó. A princípio, o GPS informava que chegaríamos às 20h, depois 20h30, depois 21h30. Todo o percurso foi embaixo de chuva. Até que, após 9h30 minutos de viagem, chegamos ao local do evento às 21h45. O que me encantou foi ver que os irmãos ficaram lá, esperando a equipe. E quando chegamos, imediatamente cantamos e pregamos, com a mesma roupa da viagem. Fomos recebidos com extremo carinho e tivemos um lindo culto. Estávamos cansados e com fome, afinal, fizemos apenas uma rápida parada na estrada. Mas ver o entusiasmo do povo de Deus compensou todo o esforço naquele dia.
Nossa vocação é evangelizar, seja por meio da internet, do rádio ou da TV, falando, cantando ou exercendo qualquer outra função. Deus quer que sejamos instrumentos em Suas mãos, a fim de que Sua voz seja ouvida nesta geração.