Em Face do que reza Isa. 61:10, como se justifica o ensino contrário ao uso de jóias?

Isa. 61:10 reza: “Regozijar-me-ei muito no Se-nhor, a minha alma se alegra no meu Deus; porque me vestiu de vestidos de salvação, me cobriu com o manto de justiça, como um noivo que se adorna com atavios, e como a noiva que se enfeita com as suas jóias.”

O assunto do uso de jóias e ornamentos é um dos de compreensão mais difícil em todo o campo do viver cristão, por estarem envolvidos princípios aparentemente em conflito, como estão, também as mais fortes paixões da natureza humana caída — o orgulho, egoísmo e avareza. Os adventistas do sétimo dia não foram os iniciadores do ensino de que o uso de jóias é impróprio para os cristãos. Muitas das igrejas atuais, em seu início mantinham as mesmas normas.

O princípio primário subjacente nesse assunto é o legítimo amor da alma humana à beleza, um desejo implantado pelo próprio Deus, que é apreciador da beleza. Nenhum ensino genuíno da Bíblia, no tocante ao costume ou aparência, visa a produzir feiura. O problema é: Que é a verdadeira beleza? Na causa de Deus, ela está sempre aliada à verdade. Isso condena o uso de “maquillage” e tôda bugiganga de adôrno chamativa e inútil.

A questão do que é belo ainda mais se complica pelo pecado no coração, como se revela pelo egoísmo e orgulho. As jóias podem ser verdadeiramente belas e genuinamente valiosas — gemas verdadeiras e preciosas — não obstante serem inteiramente más, por serem usadas por orgulho e ostentação de egoísmo e inveja.

A terceira lei do adôrno é o simbolismo certo. Por êste princípio pode ser correto usar alguma vez o que seria incorreto noutra. O verdadeiro adôrno cristão, portanto, tem que satisfazer às três normas seguintes:

  • 1. A lei da beleza em harmonia com a verdade, utilidade e genuidade.
  • 2. A lei da utilidade, humildade e simplicidade.
  • 3. A lei do simbolismo correto.

Essas leis podem ser sintetizadas nas palavras: Beleza, altruísmo, correção.

Duas considerações são fundamentais, e sua violação denuncia a concentração do pensamento íntimo no próprio eu, em vez de em Cristo.

Mas muitos sinceríssimos e ardorosos cristãos não podem compreender por que, no tempo do Velho Testamento, mulheres tais como Sara, Rebeca e Ester usaram jóias, se isso é mau hoje em dia. Pelo devido simbolismo, essas jóias indicavam a união matrimonial, a dignidade do espôso, o amparo da espôsa e filhos.

O “pedido” dos israelitas, de prata, ouro e vestidos dos egípcios, antes do êxodo, não era egoísmo, mas a cobrança de salários havia muito tempo devidos. Era correto em face da terceira lei mencionada. As vestes e jóias do sumo sacerdote no ritual do tabernáculo, feitos “para glória e ornamento” (Êxo. 28:2), eram simbólicos da glória do divino Sumo Sacerdote e não continham o mímimo elemento de adôrno do sacerdote humano. A pompa da côrte de Salomão, nos dias de sua fidelidade (II Crô. 9:3-27) era corretamente sim-bólica do favor de Deus. O adôrno de Ester (Est. 5:1) tinha profundo simbolismo espiritual. Escrava elevada ao nível da realeza pelo amor do rei, podia comparecer perante êle de maneira aceitável sòmente com os adornos caríssimos que eram presentes de sua mão. Assim, o cristão, escravo do pecado libertado pelo amor do Rei, pode comparecer perante Êle sòmente adornado com os inestimáveis adornos de Sua justiça — Sua dádiva gratuita.

Deve ser salientado que a maior parte do assunto de adôrno do Velho Testamento é o aspecto simbólico. Justamente êsse aspecto de concêrto do uso de jóias é que torna impróprio, na éra cristã, o uso que era correto antes do primeiro advento.

Existem no Novo Testamento apenas três passos que tratam do uso de adornos. Dois dêles são o ensino de Paulo e Pedro de que o adôrno da mulher cristã deve ser interno e não externo (I Tim. 2:9 e 10; I S. Ped. 3:3-6); e o outro é a descrição da “MÃE DAS PROSTITUIÇÕES e ABOMINAÇÕES DA TERRA.” (Apoc. 17 e 18) Ela está “vestida de púrpura e de escarlata, e adornada com ouro, e pedras preciosas e pérolas.” Êsses são os símbolos de sua união adúltera com os reis da Terra. Pode a mulher cristã, na época da moderna Babilônia e de suas filhas, vestir-se como se vestem elas, e ao mesmo tempo pensar que mesmo assim honra o seu divino Senhor?

Existe, porém, motivo ainda maior para que; desde a ascenção de Cristo, as cristãs não devam usar jóias. Elas são o símbolo da união com um marido; e nosso divino Noivo está ausente. Nossa união com Êle não será consumada sem que Êle volte em Seu segundo advento. Até então os verdadeiros cristãos estarão “vigiando”, “esperando”, ansiando, “apressando” àvidamente êsse tempo de união. (S. Luc. 12:31-38; Heb. 10:12 e 13; II S. Ped. 3:11-13; Apoc. 22:20.) O próprio Jesus disse que o período que medeasse entre os Seus primeiro e segundo adventos seria um tempo de tristeza. (S. Mat. 9:14 e 15; S. Mar. 2:18-20; S. Luc. 5:33-35.) Bem sabemos o que pensam os vizinhos da mulher que, na ausência do marido, se enfeita e sai cada dia para ser vista de outros homens. Não é o uso dos símbolos de união, da parte daqueles cujo Espôso espiritual está ausente, um sinal de que o seu tesouro não está no Céu, de onde esperamos o Senhor? Os ornamentos são símbolos de regozijo (Isa. 61:10), e nosso tempo de regozijo ainda não chegou. (S. Tia. 4:4, 8-10; S. João 16:20; S. Luc. 6:21 e 25; Ezeq. 9:4; Joel 1:14 e 15; 2:1, 12-17.)

Ainda mais uma forte razão existe, pelo simbolismo, para que nesta época os cristãos não devam usar jóias. Não somente estamos esperando que volte o nosso Senhor ausente, e não podemos achar a consolação na amizade do mundo; mas estamos na “hora do juízo” (Apoc. 14:7), em que o galardão que trará consigo quando vier (Apoc. 22:12) está sendo preparado por meio do exame dos nossos registos nos livros do Céu (Dan. 7:9, 10, 13 e 14). No Sinai, quando os israelitas se haviam colocado sob sentença de morte por sua violação do concêrto de sangue (Êxo. 24: 3-8; 32:7-10), e a intervenção de Moisés lhes propiciara um adiamento da execução da pena de morte (Vs. 11-14), foi ordenado ao povo que se despisse de todos os adornos enquanto esperavam para ver o que Deus com êles faria (Êxo. 33:4-6). Esta é a razão mais forte para que, nos últimos dias da era cristã — agora mesmo, quando todos os sinais apontam para a volta de nosso Senhor que está às portas — não sejamos achados usando jóias. Estamos com a vida em juízo enquanto o Juiz-Sacerdote ministra no santuário celestial. Como podemos usar ornamentos enquanto trememos perante essa investigação? Quando Êle vier, se formos achados dignos, Êle próprio nos adornará com tal beleza celestial que fará das mais ricas jóias terrestres simples cacos dos paralelepípedos que pavimentarão a Nova Jerusalém. Existem maneiras mais corretas de simbolizar um matrimônio cristão, do que o anel pagão que qualquer impostor pode comprar e usar; o caráter o fará. As vestes de justiça de Cristo adornar-nos-ão, então, como não pode fazê-lo tôda a riqueza terrestre, e êsses adornos durarão eternamente.