O senso da presença de Deus e de nossa dependência dEle remove todo temor
Já passava da meia-noite, e eu me encontrava refletindo. Fazia uma análise do trabalho realizado no ano anterior, e me assustei, ao notar que meus pensamentos insistiam em me reconduzir aos erros, falhas e situações em que a inexperiência falou mais alto.
Tenho sob minha responsabilidade um distrito de Missão Global, com 15 igrejas e grupos. São congregações novas, cujos líderes necessitam de maior capacitação e experiência. Foi pensando nisso que, por alguns momentos, me deixei envolver pelas dificuldades encontradas no trabalho. Confesso que o peso desses pensamentos me trouxe certo grau de desânimo. Logo, me vi confrontado com as perguntas: Será que sou capaz? Conseguirei liderar adequadamente estas congregações? Acaso, estou fazendo alguma diferença? Como vencer as dificuldades em um distrito tão desafiador?
Perdido nesses pensamentos, senti o Espírito Santo me convidando a meditar na vida do profeta Elias, na ocasião em que, perseguido por Jezabel, ele também se sentiu sozinho. Senti a presença de Deus, procurando me salvar de mim mesmo, dos meus próprios pensamentos. Nessa noite, aprendi três preciosas lições as quais levarei comigo até o fim da minha vida.
Deus é o Senhor da missão
Embora Deus partilhe com o ser humano o privilégio de cumprir a missão, não o deixa atuar sozinho. Quando absorví essa verdade, meus temores foram dissipados. Senti que Deus estava me convidando a tirar os olhos de mim mesmo, deixar de me preocupar quanto a ser ou não capaz, se faço ou não alguma diferença. Aprendi que “aqueles a quem Deus emprega como Seus mensageiros não devem sentir que a obra do Senhor depende deles. Seres finitos não são deixados a levar este fardo de responsabilidade. Aquele que não dormita, que está continuamente atento a Sua obra para a realização de Seus desígnios, promoverá Seu trabalho.” – Profetas e Reis, pág. 176.
Naquele momento, lembrei-me de que não sou diretor nem gerente de uma empresa terrestre. Sou um servo escolhido para empregar os talentos pessoais, o ser inteiro, e para orientar o emprego dos talentos da igreja, em favor de uma causa triunfante.
Celebração das vitórias
Depressivo em seu esconderijo, Elias foi alcançado por Deus: “Que fazes aqui, Elias? Ele respondeu: Tenho sido em extremo zeloso pelo Senhor, Deus dos Exércitos, porque os filhos de Israel deixaram a Tua aliança, derribaram os Teus altares, e mataram os Teus profetas à espada; e eu fiquei só, e procuram tirar-me a vida” (1 Reis 19:13 e 14). Porém, o Senhor tratou de redirecionar sua visão para as possibilidades de vitória: “Também conservei em Israel sete mil, todos os joelhos que não se dobraram a Baal, e toda boca que o não beijou” (v. 18).
Enquanto eu refletia, naquela noite, o inimigo colocava diante de mim imagens negativas de falhas e desafios aparentemente frustrados. Mas o Senhor me fez ver as vitórias. Foi então que vi a cidade de Tabira. No início do ano, a presença adventista nessa cidade se limitava a duas pessoas. Porém, agora, já havia uma igreja bem estabelecida, unida e com clara visão missionária. Vi também um jovem que, motivado por ocasião de um seminário de treinamento, se dispôs a iniciar uma classe bíblica na zona rural e todo fim de semana viaja dez quilômetros, de bicicleta, a fim de ministrar estudos bíblicos.
Muitos outros quadros foram passando em minha mente, mostrando o amor de um Deus que partilha e celebra Suas vitórias com Seus servos.
Acreditar nas pessoas
No trajeto da tristeza para a alegria, li as seguintes palavras: “Disse-lhe o Senhor: Vai, volta ao teu caminho para o deserto de Damasco e, em chegando lá, unge a Hazael rei sobre a Síria. A Jeú, filho de Ninsi, ungirás rei sobre Israel, e também Eliseu, filho de Safate, de Abel-Meolá, ungirás profeta em teu lugar” (I Reis 19:15 e 16). Deus apresentava um dos Seus métodos para enfrentar crises: acreditar e investir nas pessoas.
Pude ouvir-Lhe dizendo: Se você motivar a igreja, treiná-la, capacitá-la, delegar tarefas e ainda assim o trabalho não fluir como você esperava, não desacredite das pessoas. Treine, capacita, motive e inspire novamente. Se todas as tentativas fracassarem, corra aos Meus braços; Eu renovarei suas forças.
Pude, então, dormir tendo o coração repleto de esperança. Já não me sentia sozinho. Jesus estava no Seu devido lugar em meu ministério. Eu, com minhas virtudes e defeitos, meus pontos altos e baixos, estava decidido a assumir o lugar certo no pastorado: viver e trabalhar na dependência dEle – o Deus que nos conhece profundamente, e nos dá o privilégio de lutar pela causa que não conhece derrotas.
Josanan A. Barros Júnior, pastor na Associação Pernanbucana