Extratos de um sermão proferido pelo Pastor Neal C. Wilson em 1976, por ocasião do Concílio Anual da Associação Geral. Achamos oportuno reproduzir estes conceitos para conhecer o pensamento de quem é agora o Presidente da Associação Geral.
Num mundo cheio de ruídos, música sensual, palavras baratas; num mundo cheio de promessas vazias e expressões egoístas; de linguagem vulgar e obscena; de fraseologia política de duplo significado; de tricotomia verbal, debates sem sentido; num mundo cheio de gritos, tragédias, de gemidos por fome e sofrimento; num mundo de vozes solitárias que clamam por libertação de injustiças opressivas, resultado de atos cruéis e desumanos do homem contra o próprio homem; nm mundo em que às vezes é difícil distinguir os sonidos da verdade dos sutis sussurros da falsidade; num mundo em que o puro, o nobre, o espiritual e a voz de Deus são abafados pelo estrépito dos prazeres humanos depravados, sinto-me muito agradecido porque podemos começar cada dia falando com Jesus Cristo nosso Senhor e Salvador, e ouvindo-O. Deveríamos apreciar mais os tesouros que temos na Palavra de Deus e no dom do Espírito de Profecia. Quão superficial seria o mundo sem a revelação divina do propósito, caráter e promessas de Deus! Sinto-me feliz e inspirado esta manhã pelo convite de meu Senhor que se encontra em Zacarias 10:1: “Pedi ao Senhor chuva no tempo das chuvas serôdias, ao Senhor, que faz as nuvens de chuva, dá aos homens aguaceiro, e a cada um erva no campo. ”
Somos convidados a pedir ao Senhor a chuva serôdia que amadureça o grão e possibilite uma rica colheita. O Senhor declarou que, como resposta, enviará relâmpagos e nuvens brilhantes. Haverá relâmpagos, trovões e uma demonstração de Seu poder e de Sua glória, e isto produzirá chuva, para que cada um tenha erva em seu próprio campo. É-nos dito que os lugares secos da Terra se converterão em pastagens exuberantes, e o mais importante de tudo é que Deus vindicará a fé de Seu povo em Sua providência e cuidado. Deus nos diz que tudo isto é um símbolo do derramamento do Espírito Santo. Deus nos pede com urgência que busquemos este poder adicional para a proclamação do evangelho e a obra da colheita. O que Satanás mais teme é que desobstruamos o caminho a fim de que haja arrependimento e reaviva-mento, para que possamos receber essa bênção. Deus asseverou que perto da terminação da ceifa da Terra haverá uma dádiva especial de graça espiritual a fim de preparar a igreja para a vinda do Filho do homem.
Descobri que o título de minha mensagem devocional: Terminemos a Obra de Deus Agora, faz com que algumas pessoas se sintam inquietas. Talvez alguns estejam perguntando a si mesmos: Não desperta este assunto muitas perguntas desnecessárias que produzem uma atmosfera de incerteza? Que o senhor quer dizer com o terminar a obra agora? Se é a obra de Deus, por que não deixamos que Ele Se encarregue dela? Deixemos o assunto com Ele. Por que produzir em nós o complexo de culpabilidade e transtornar nossa complacência? Ao usar a palavra agora, não estamos procurando manejar a Deus? Não estamos procurando marcar uma data? Em minha mensagem devocional desta manhã procurarei responder a essas perguntas. Ao fazê-lo, tenho também a esperança de introduzir o primeiro e mais importante ponto da agenda para o Concilio Anual de 1976.
Na oração de Cristo registrada em S. João 17:4, Ele disse: “Eu Te glorifiquei na Terra, consumando a obra que Me confiaste para fazer.” Em Romanos 9: 28, nos é dada a certeza de que Jesus mesmo terminará a obra “cabalmente e em breve”. Pois bem, a expressão “terminar a obra de Deus” tem sido um desafio e uma inspiração para o povo adventista durante muitos anos. Desejo que vos inteirais de uma coisa. Mais e mais pessoas, mesmo adventistas do sétimo dia, estão começando a perguntar que significa esta frase na realidade. Quando se acrescenta a palavra agora, há os que se tomam cínicos, porque dizem que “todas as coisas permanecem como desde o princípio da criação”. Este é um problema que não devemos passar por alto, porque cada vez mais se nota que certas palavras e frases são rejeitadas. Nosso povo está confundido; eles têm estado esperando algo e se sentem frustrados. Em muitos sentidos os pronunciamentos e as resoluções se estão tomando contraproducentes. Produzem poucos resultados. Muitos consideram que provavelmente o que de fato queremos dizer em todos esses pronunciamentos é: “Vamos para casa e façamos as coisas como de costume.” Provavelmente deveríamos encarar a situação modestamente e declarar uma moratória quanto a formular mais pronunciamentos e resoluções até que estejamos dispostos a fazer algo para realmente terminar a obra de Deus agora.
A Igreja Adventista do Sétimo Dia nasceu como movimento evangelístico. A profecia descreve esta igreja como um triunfo evangelístico. Ser evangelístico é ser como Cristo. É um engano fatal pensar que a conquista de almas é opcional, ela constitui uma das funções da igreja. Com efeito, o enfoque básico dos crentes do Novo Testamento não era o de uma igreja institucional, e, sim, evangélica. Depois que se estendeu o evangelismo, a necessidade e o propósito da igreja se tomaram evidentes.
Lemos em O Desejado de Todas as Nações, pág. 609 (ed. popular): “Assim agora, antes da vinda do Filho do homem, o evangelho eterno tem que ser pregado a toda nação, e tribo, e língua, e povo . ” Continuamos lendo no mesmo livro: “[Cristo] não diz que todo o mundo se converterá, mas que ‘este evangelho do reino será pregado em todo o mundo, em testemunho a todas as gentes, e então virá o fim’. Dando o evangelho ao mundo, está em nosso poder apressar a volta de nosso Senhor. Não nos cabe apenas aguardar, mas apressar o dia de Deus. Houvesse a igreja de Cristo feito a obra que lhe era designada, como Ele ordenou, o mundo inteiro haveria sido antes advertido, e o Senhor Jesus teria vindo à Terra em poder e grande glória. ” Por que, então, Jesus ainda não veio? A resposta é relativamente simples e óbvia: a obra não está terminada.
Quando falamos da terminação da obra referimo-nos realmente a duas coisas. Primeira: Seu povo não está preparado. Não tem experimentado a justiça que é pela fé. Não tem vencido o pecado nem permitido que o caráter de Cristo seja reproduzido plenamente em sua vida. Não se pode sem risco confiar neles e salvá-los.
Segunda: o evangelho não tem sido proclamado por todo o mundo. Não temos tomado a sério nossa responsabilidade de partilhar, testificar, admoestar, viver a verdade, e preparar a outros para estarem prontos a receber o Senhor. O Espírito Santo e a chuva serôdia foram prometidos ao povo de
“Assim agora, antes da vinda do Filho do homem, o evangelho eterno tem que ser pregado a ‘toda nação, e tribo, e língua, e povo’.”
Deus para ajudá-lo a alcançar a vitória e preparar-se para receber ao Senhor, e também para lhe conceder poder para encontrar-se com as pessoas e dar testemunho de Cristo que salva totalmente.
Penso que é claro que a obra de preparar um povo que reflita o caráter de Cristo, por um lado; e a obra de proclamar o evangelho ao mundo todo, por outro lado, estão relacionadas uma com a outra; na realidade, estão inseparavelmente concatenadas. Deus nos diz que se não testemunharmos, não sentiremos a necessidade de crescer espiritualmente. E se não estamos obtendo vitórias, crescendo espiritualmente e refletindo o caráter de Cristo, não temos na realidade nada para partilhar ou testificar.
O Senhor nos diz que para obter a conversão de uma alma deveríamos utilizar todos os nossos recursos. Uma alma ganha para Cristo fará resplandecer a luz do Céu ao seu redor. Devemos fazer soar o alarma pelo comprimento e largura de toda a Terra. Devemos avisar as pessoas de que “está perto o grande dia do Senhor; está perto e muito se apressa ”. Que ninguém fique sem ser admoestado! A crise está prestes a apanhar-nos desprevenidos. Quão agradecidos deveríamos ser por poder participar desse grande programa redentor! Sempre devemos lembrar-nos, porém, de que é o poder do Espírito Santo que produzirá convicção e dará êxito. É-nos declarado que logo ocorrerão mudanças peculiares e rápidas e que o povo de Deus deve estar investido do Espírito Santo, para que com sabedoria celestial possa enfrentar as emergências desta época e opor-se aos movimentos desmoralizadores do mundo.
Deus está desejoso hoje em dia de realizar um obra rápida. Ele prometeu terminar a obra “cabalmente e em breve Isto significa uma obra interior e uma obra exterior. Um povo salvo pela graça trabalhando para salvar a outros. Creio firmemente que Deus espera que este grupo de dirigentes aceite o desafio de evangelizar e de terminar a obra de Deus AGORA. Fazei com que o apelo chegue a nosso povo. Que eles se deem conta de que as coisas serão diferentes depois deste concilio anual! Os assuntos de menor importância não continuarão ocupando nossa atenção. Não somente façamos declarações e formulemos resoluções; mas, com a ajuda de Deus, demos significado a nossas palavras por meio da ação individual e de toda a igreja.
Meus irmãos, meus companheiros dirigentes, há, porém, um preço a ser pago. Deus nos diz: “Custou abnegação, sacrifício, indomável energia e muita oração levar a cabo os diversos empreendimentos missionários até o ponto em que se encontram hoje.” Isso foi em 1900. “Se se houvesse manifestado a mesma diligência e espírito de sacrifício na presente etapa da obra como sucedeu em seu começo, veríamos cem vezes mais do que agora se está obtendo. ”
Este é um quadro glorioso do que pode acontecer na igreja hoje em dia. Deus diz que se os dirigentes se movem de má vontade, o povo não se moverá de modo algum; mas, se estivermos dispostos a mover-nos como os dirigentes o devem fazer, Deus declara que conseguiremos pôr em ação um movimento de uma natureza nunca vista pelo mundo, e, além disso, mil tochas serão acesas pelos que captam essa espécie de visão.
Pensemos o que significaria se obtivéssemos cem vezes mais do que agora está sendo realizado. Pensemos o que significaria se se acendessem mil tochas em cada Associação e Missão. Estas não são palavras vãs, e, sim,’ promessas de Deus. Credes suficientemente nelas para reclamá-las? Estais suficientemente convictos para vos unirdes numa ação em conjunto a fim de preparar o caminho para a vinda do Senhor? Eu vos convido, eu vos desafio e vos exorto a fazê-lo. Em nome de Cristo, apelo para vós: Indiquemos o caminho estabelecendo a primazia do evangelismo, e acendamos mil tochas; e, com o poder do Espírito Santo, não deixemos dúvida alguma na mente de alguém, de que cremos na terminação da obra de Deus AGORA.
Somos convidados a pedir ao Senhor a chuva serôdia que amadureça o grão e possibilite uma rica colheita.
Estais suficientemente convictos para vos unirdes numa ação em conjunto a fim de preparar o caminho para a vinda do Senhor?