Inegavelmente, Paulo é um dos personagens mais carismáticos das Escrituras. Nele, encontramos o perfeito exemplo de alguém possuidor de intensa paixão pela causa de Cristo. Desde o memorável encontro com o Senhor, na estrada de Damasco, sua vida mudou radicalmente, passando a ser regida por essa paixão avassaladora, que o levou a considerar não ser a própria vida algo tão precioso que não pudesse ser deposta em favor do Senhor da causa que abraçou: “Todavia, não me importo, nem considero a minha vida de valor algum para mim mesmo, se tão somente puder terminar a corrida e completar o ministério que o Senhor Jesus me confiou, de testemunhar do evangelho da graça de Deus” (At 20:24). “Porque para mim o viver é Cristo e o morrer é lucro” (Fp 1:21). “Mas o que para mim era lucro, passei a considerar como perda, por causa de Cristo” (Fp 3:7).
A paixão de Paulo pela pregação do evangelho é digna de imitação: “proclamei plenamente o evangelho de Cristo. Sempre fiz questão de pregar o evangelho onde Cristo ainda não era conhecido” (Rm 15:19, 20). “Contudo, quando prego o evangelho, não posso me orgulhar, pois me é imposta a necessidade de pregar. Ai de mim se não pregar o evangelho!” (1Co 9:16). É também admirável sua paixão pelo exercício do pastorado, revelada no cuidado e preocupação pelo bem-estar do rebanho. Disse ele aos gálatas: “Meus filhos, novamente estou sofrendo dores de parto por sua causa, até que Cristo seja formado em vocês. Eu gostaria de estar com vocês agora e mudar o meu tom de voz, pois estou perplexo quanto a vocês” (Gl 4:19, 20). E aos coríntios: “Além disso, enfrento diariamente uma pressão interior, a saber, a minha preocupação com todas as igrejas. Quem está fraco, que eu não me sinta fraco? Quem não se escandaliza, que eu não me queime por dentro?” (2Co 11:28, 29).
Nem por isso Paulo era um super-homem. Em certa ocasião, atormentado por algo em sua vida a que chamou “espinho na carne”, três vezes pediu que Deus o removesse. Diante da resposta divina: “Minha graça é suficiente para você, pois o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza”, o apóstolo simplesmente se resignou com as próprias fraquezas. Disse ele: “Portanto, eu me gloriarei ainda mais alegremente em minhas fraquezas, para que o poder de Cristo repouse em mim” (2Co 12:9). Estava bem clara diante dele a lição de que o poder divino é aperfeiçoado com a fraqueza humana, ou seja, é completo, consumado ou cumpre seu propósito quando alcançamos o ponto de absoluta fraqueza. Somente aqueles cujas debilidades e insegurança são reconhecidas e submetidas incondicionalmente à vontade divina sabem o que é ter o poder de Cristo. É assim que podemos ser os pastores que o Senhor deseja que sejamos.
Zinaldo A. Santos