Provavelmente, soam-lhe familiares quaisquer das seguintes afirmações:
“Quantas vezes eu já lhe disse para não me interromper, quando estiver falando ao telefone?”
“Já lhe falei milhares de vezes: não pegue coisas desta gaveta sem pedir.”
“Eu já estou cansada e doente de ver você deixar restos de coisas pela casa. Você faz esse lugar parecer um chiqueiro. Quero tudo limpo, já!”
Se você é pai ou mãe, seguramente já experimentou a frustração refletida nessas reclamações. Embora nossas crianças sejam uma grande fonte de alegria, também podem ser uma grande fonte de frustração e sentimentos de derrota. Às vezes, o problema não está tanto nas crianças, mas nas emoções que afloram em nós.
Essa é a razão pela qual um dos mais desfiadores aspectos da paternidade é aprender que existe uma enorme diferença entre reagir e responder às crianças. Quando nós respondemos a uma situação causadora de frustações ou ira, nós nos encontramos mais capacitados para dizer ou fazer coisas que contribuem para uma solução. Mas quando nós reagimos com ira explosiva, sarcasmo, ou ameaças, destruímos as emoções positivas que desejamos modelar em nossas crianças, inspirando nelas sentimento de culpa, desencorajamento e derrota.
Pais que não aprenderam a controlar suas próprias emoções, estão correndo o risco de se tomarem verbalmente – e mesmo fisicamente – abusivos. Eles não se revelam instantaneamente dessa maneira, mas, durante longos anos, abafam a voz interior de advertência, provocando assim a realidade do ser fora de controle.
Luta e frustração
Como conselheiros, temos conversado com milhares de pais e mães que amam seus filhos e desejam o melhor para eles. No entanto, lutam com certo nível de frustração. Foi assim com Karen, uma mulher cristã maravilhosamente bem casada, mãe de duas crianças. Seu maior desejo era ser uma grande mãe, mas era muito impaciente com os filhos. Quando se sentia frustrada, Karen tornava-se sarcástica e ameaçadora. Inicialmente, suas crianças respondiam, mas ela raramente cumpria as ameaças e isso fazia com que as crianças não se preocupassem muito com o que a mãe dizia.
Pelo fato de que as crianças não levavam muito a sério sua ira, Karen aumentava consideravelmente o tom de voz e insistia no perigo das conseqüências, tentando obter alguma resposta.
“Posso eu realmente mudar a maneira de responder aos meus filhos?” Muitos pais têm levantado essa questão por muitos anos. Felizmente, a resposta é sim. A seguir, enumeramos seis dicas que podem ajudar:
O primeiro e mais importante elemento de mudança é admitir para você mesmo, para Deus e uma ou duas pessoas mais, que você tem lutas para disciplinar seus filhos sem reações exageradas. Quando você reconhece o problema diante de Deus, você está admitindo uma coisa com a qual não pode tratar sem a ajuda dEle. Volte-se, então, para as promessas da Bíblia, tais como as encontradas em Romanos 8:28, Filipenses 4:13 e 19. Você certamente se surpreenderá, ao ver quão encorajador e fortalecedor é olhar as próprias preocupações à luz do que Deus é e do que Ele promete a Seus filhos.
Depois de reconhecer a existência do problema, aceite a responsabilidade por ele. Uma das primeiras coisas que Adão e Eva fizeram depois de comer o fruto proibido no Jardim do Éden, foi transferir a responsabilidade de seu ato para outros seres. Eva foi enganada pela serpente e Adão foi enganado por Eva. No fundo, Adão teria sido enganado por Deus que lhe deu Eva. Desde então, nossa natureza pecaminosa sempre procura um responsável pelos seus atos.
Numa das conversas com Karen, ela disse: “Se Jordan pudesse ajustar-se consigo mesmo, eu não precisaria ficar tão irada.” De certa forma, isso é verdade. Mas com tal afirmação, ela simplesmente demonstra estar colocando a responsabilidade de suas emoções sobre um menino de sete anos.
Pais que não aprenderam a controlar suas próprias emoções, estão correndo o risco de se tornarem verbal e fisicamente abusivos.
Muitas crianças dizem ou fazem coisas que aborrecem os pais. Mas algumas formas de comportamento, particularmente, parecem ter origem nas reações do tipo “estopim curto” que alguns deles manifestam. Aqui estão algumas dentre as mais comuns:
* Lamentações e queixas.
* Conversa, gritos ou interrupções quando você está ao telefone.
* Não realização das tarefas que devem ser cumpridas.
* Xingamentos.
* Pegar coisas sem pedir.
* Não guardar objetos depois de usá-los.
* Morosidade.
* Desrespeito.
A maneira mais fácil de identificar seus impulsos é fazer uma lista dos tipos de comportamento que fazem você perder a calma com seus filhos. Karen enumerou as queixas de Jordan, e o desrespeito casual, como ações que impulsionavam seu aborrecimento com o filho.
Karen começou a ver que não era apenas o comportamento de Jordan que acendia sua ira. Havia outros fatores em sua vida que a tornavam vulnerável para responder a Jordan com gritaria, ameaças e sarcasmo. A melhor maneira para determinar tais fatores é relembrar as três ou quatro vezes mais recentes em que você perdeu a calma com seus filhos. Então, faça a si mesmo as seguintes perguntas, levando em conta as últimas 24 ou 48 horas:
- * Estava mais atarefado que o usual?
- * Aconteceu alguma outra dificuldade?
- * Dormi pouco ou me exercitei menos que o costumeiro?
- * Porventura o fato ocorreu em determinado período do dia, da semana, ou mês?
Temos encontrado mães que descobriram serem mais susceptíveis ao descontrole do temperamento no meio da semana, quando elas se sentem oprimidas; outras identificaram o fim de semana como seu período mais vulnerável. Muitos pais descobriram que correm grande risco durante as horas que antecedem o jantar ou o momento de dormir. Qual é sua zona de perigo?
Alguns anos atrás, alguém nos disse: “É uma loucura descobrir o que não está funcionando, e então fazê-lo funcionar.” Minha primeira reação foi rir. Mas além da risada, estava o reconhecimento de que também havia alguma “loucura” em minha vida. Algumas das minhas maneiras de aproximação dos conflitos e comunicação com minha esposa e filhos não estavam funcionando, e eu não havia conseguido mudá-los ainda.
Muitos pais sofrem desse tipo de loucura. Empregamos anos aperfeiçoando respostas que, finalmente, se demonstram sem efeito. A gritaria, as ameaças e o sarcasmo de Karen nunca produziram qualquer resposta positiva em seus filhos. E essa maneira de ser compreendia 90% de suas respostas a Jordan.
Todavia, uma vez que estejamos conscientes de nossa paternidade, podemos descobrir novos caminhos para tratar com velhos problemas. O que ainda não foi tentado? O que outros pais estão tentando, e que parece funcionar? Que tipos de resposta são mais condizentes com o que você deseja modelar em suas crianças?
Karen leu muitos livros sobre educação de filhos e conversou com algumas amigas, bem como professores de seus filhos. Acabou produzindo uma lista de sugestões que ocupou duas páginas. Orou sobre elas, priorizou-as, e preparou-se para colocá-las em prática.
Desenvolver um plano realístico
Uma parte dos planos de Karen foi o desenvolvimento de expectativas mais realísticas. Durante anos, Karen trabalhou para ser uma mãe perfeita, mas essa busca de perfeição apenas fazia crescerem a pressão e expectativas irreais. Karen comprometeu-se a trocar sua busca de perfeição pela de crescimento. Decidiu também manter expectativas realísticas para suas crianças, levando em con-ta sua personalidade e as diferenças etárias.
Mas um dos mais importantes objetivos estabelecidos por Karen foi o de procurar controlar-se, antes de explodir com Jordan. De acordo com o livro de Provérbios, “o longânimo é grande em entendimento” (14:29), e “melhor é o longânimo que o herói de guerra” (16:32). Karen decidiu dar um tempinho antes de reagir. Essa pausa lhe daria a chance de ponderar e orar sobre o que e como iria dizer.
Ela também descobriu que quando se encontrava em meio a uma situação potencialmente explosiva, quando ela permitia que suas emoções toldassem a capacidade de pensar claramente, invariavelmente caía na tentação de agir como antigamente. Assim, decidiu que o melhor tempo para tratar com um problema era antes de a situação tornar-se um problema.
Karen estabeleceu novas maneiras de enfrentar situações frustrantes. Escreveu-as num cartão e, cada manhã, orava pedindo força e ajuda a Deus para colocá-las em prática. Seu esposo representou uma significativa ajuda.
Quando você se dispõe e começa a agir, fatalmente observará pequenos sinais ativos de crescimento: redução na freqüência de “explosões”, em sua intensidade e em sua duração. Tenha em mente que você raramente verá mudanças em três áreas ao mesmo tempo.
O plano de Karen era simples, prático e mensurável. Ele foi além das boas intensões, tornando-se específico. A melhor notícia é que, por mais de quatro meses, o plano de Karen funcionou. Ela aprendeu como controlar suas reações emocionais diante dos filhos e tornou-se uma grande mãe.
Muitas pessoas querem mudar, mas poucos querem passar por um processo de mudanças. Esse processo pode ser frustrante e desencorajador; não estando isento de falhas ao longo do caminho. Mas não desista. Com a ajuda de Deus e com um claro compromisso de sua parte, você pode tomar-se na mãe que deseja ser.