Poucos assuntos são mais importantes na vida de um ministro do que a maneira como ele gasta seu tempo. E nós estamos cansados de técnicas bem como da abundância de livros e planos que prometem fazer-nos mais eficientes e produtivos.

Vamos encarar os fatos: muitos dentre esses livros técnicos e materiais somente acrescentam confusão. Eles são ótimos no papel, onde cada coisa pode ser magnificamente anotada e categorizada em porções de tempo, onde crianças não entram no escritório gritando com dor de barriga, ou onde os membros da igreja não aparecem com uma emergência médica. Livros teóricos e suas técnicas trabalham com o mundo ideal; mas o que dizer do contexto onde você e eu vivemos?

Como vamos nós tratar as demandas e os requerimentos do ministério, as minúcias da administração, enquanto buscamos novas maneiras de comunicar o evangelho e prover liderança e visão ao povo de Deus? Que devemos fazer, como ministros? Como esta-mos nós gerenciando nossa vida e empregando nosso tempo? Como podemos nos co-locar acima da confusão que caracteriza nosso mundo, como líderes na igreja? É possível controlar o tempo?

Eu creio que sim. Mas apenas se o simplificarmos. A seguir, enumeramos algumas sugestões diretas, que podem ajudar a gerir nosso tempo de uma forma que agrade a Deus e nos mantenha sadios.

  • 1. O tempo não espera

Tem sido uma lição dura de aprender, mas concluí, através dos anos, que o tempo não espera por ninguém. Em outras palavras, se você tem de viajar e acorda atrasado, depois que o despertador soou, acabará perdendo o avião se não chegar ao aeroporto no horário previsto.

O tempo move-se implacável e não pára por causa de quem quer que seja. Nesse sentido, ele não pode mesmo ser controlado ou gerenciado; nem recuperado. O tempo da nossa vida é simplesmente hoje; e, ou nós o vivemos sabiamente, ou não.

  • 2. Examinar a atitude

Charles Swindoll diz o seguinte: “Quanto mais eu vivo, mais eu me tomo convencido de que a vida é 10% o que acontece comigo e 90% como eu respondo a isso.” Se essa declaração é verdadeira, ela é especialmente correta em relação ao assunto do tempo na vida dos ministros.

O que nós pensamos a respeito do tempo influenciará a maneira como nos organizamos para empregá-lo. Igualmente influenciará sobre aquilo que acreditamos poder fazer ou não. Algumas vezes, compreendendo mal nossos negócios feitos para a religiosidade, nós ministros adquirimos o hábito de falar para nós mesmos sobre quanto estamos fazendo e quanto ainda necessita ser feito, até nos depararmos com a realidade de que nenhum ser humano poderia fazer tudo o que temos para fazer no modelo de tempo que nos é dado. Essa espécie de conversa consigo mesmo tende a ser uma auto-realização. Descobri que alguns pensamentos podem fazer a diferença nessa área.

Por exemplo, você poderia tentar uma aproximação do tipo “posso fazer” em relação à maneira como emprega seu tempo. Decida que você pode gerenciar-se enquanto dispõe de tempo para fazer as coisas que necessita fazer. A palavra importante nessa última sentença é necessita. Ela demanda algo como um espírito indagador. O que você realmente necessita fazer? Isso nos leva à terceira chave do tempo.

5. Escolha prioridades

Isso não precisa ser complicado. Três pequenos cartões (5cm x 8cm) e uma caneta talvez seja tudo o que você necessita. Em um desses cartões, escreva o propósito de sua vi-da nos seguintes termos: “Deus me criou com o propósito de …”. Em outro cartão, faça uma declaração expressando como você crê que esse propósito deve ser vivido. Essa declaração deveria começar com algo como “eu desejo viver meu propósito …”. No último cartão, escreva três dentre cinco alvos da vida, em ordem de importância. Guarde esses cartões consigo. Ore sobre eles; partilhe-os com sua família e com sua igreja, se puder.

O segredo é a escolha de prioridades. Não podemos ter tudo, assim como não podemos fazer tudo. Devemos buscar a direção de Deus, fazer algumas escolhas, e viver por elas. Isso nos liberta e nos guia no emprego do tempo em nossa vida.

  • 4. Fazer um orçamento do tempo

Uma pergunta: Como é possível comer um elefante se você é um mosquito? Resposta: Com uma picada de cada vez. Parece uma referência muito simplória, mas dividir nosso tempo e nossas tarefas em pequenas porções, permite-nos fazer o que de outra forma parecia impossível.

Seguramente, muitos de nós temos experimentado o valor de ter um orçamento (ou plano) para guiar o sábio uso de finanças. Muitas congregações possuem um orçamento para orientá-las no gasto do dinheiro que recebem. E isso é bíblico. De fato, algumas vezes, o plano sofre emendas em virtude de despesas inesperadas (o teto ou o sistema de ventilação precisam ser reparados). Mas sem algum plano de ação e alvos para o ministério, nós simplesmente nos debateremos sem direção e energia. O mesmo é verdade em relação à maneira de usar o recurso do tempo.

Cada pessoa deve encontrar uma rotina que seja adequada à sua realidade. De modo que eu presumo não poder dizer exatamente o que seja melhor para você. Entretanto, é importante separar porções de tempo que o habilitarão a viver de acordo com as prioridades que Deus tem revelado para sua existência. Isso indubitavelmente significa que você deve, antes de tudo, proteger o tempo para comunhão pessoal com Deus e enriquecimento espiritual, para sua família, ler, escrever, planejar e estar com o povo.

Alguns pastores têm conseguido tomar uma semana, cada ano, e vão a um lugar retirado no campo para orar e planejar. Particularmente, uso esse período para planejar minha pregação, agenda de treinamento e trabalhar naqueles itens que não posso esquecer ou excluir da agenda. Nessa ocasião, preparo um arquivo para sermões e assuntos a serem desenvolvidos no ano seguinte. Aí coloco temas, idéias, esboços ou materiais de apoio. Esse tipo de planejamento avançado tem muitos benefícios tanto para o ministro como para a congregação. Volto refeito, com uma nova visão para o ano seguinte e capacitado a comunicar essa visão e os detalhes do meu plano aos líderes da igreja.

Também é importante encontrar um consistente ritmo diário e semanal que possa guiá-lo através do frenesi, e ajudá-lo a cumprir as tarefas diárias e semanais do ministério, permitindo evitar o acúmulo de obrigações pendentes. Nossas personalidades tão diversificadas requerem diferentes planos e respectivos graus de estruturação, mas alguma rotina sempre é válida.

Use instrumentos simples que sejam adequados às suas necessidades. Descreva sua rotina num papel, use apontamentos, e cheque o cumprimento das tarefas. Para alguns, isso poderá ser um calendário de bolso ou uma agenda. Para outros, pode ser um bem equipado computador. Mas cada um de nós necessita conduzir suas tarefas e alvos em partes manejáveis, de tal forma que possam ser relembradas sempre. Isto deixa livre a nossa mente para estar plenamente presente com as outras, e nos permite ser criativos em nossos escritos e pregações.

  • 5. Recrutar ajuda

Finalmente, lembre-se de que o ministério deve ser vivido como um “diálogo” e não como um “monólogo”. Em outras palavras, necessitamos estar abertos a sugestões e flexibilidade em nossa rotina. Devemos estar prontos para buscar ajuda de outros, onde isso for necessário, e nos ajustarmos a nossos compromissos, de tal maneira que possamos satisfazer eficazmente as necessidades de outros. Não tema pedir ajuda.

Se você tem uma secretária ou trabalha com um assistente, deveria buscar sua ajuda. Eles poderiam, por exemplo, vigiar seu calendário de bolso e relembrá-lo sempre dos compromissos e apontamentos. Se você não tem esse tipo de ajuda, treine um membro em sua congregação para essa área. Há muitas tarefas do ministério que devem ser partilhadas e delegadas a outros. E isso lhes dá a alegria de trabalhar em parceria com você.

Encontrar a quantidade justa de tensão entre ser muito frouxo e muito rígido no dispêndio do tempo fará a diferença entre estar fora de tom ou em harmonia, no gozo do tempo que Deus concede para sua vida e ministério.