O trabalho do pastor não é exercido por causa do salário, nem pressão, mas pela vontade e pelo amor de Cristo. Embora deva responder perante seus irmãos, ele é servo do soberano Deus
Uma das expressões mais belas e apropriadas para definir a função do ministro é “pastor”. A idéia de pastor predomina em toda parte tanto no Antigo como no Novo Testamento. Antes que o homem falasse de Deus como seu Pai, dEle se dizia ternamente como sendo seu Pastor. Os poetas hebreus pintaram Jeová como um Pastor. Oraram ao Pastor de Israel. Aguardaram a vinda do Messias como um Pastor que carregaria os Seus cordeiros no regaço.
De todos os títulos dados ao nosso Senhor, nenhum é mais significativo do que “o Bom Pastor”. Ele nunca falou de Si mesmo como sendo bispo ou sacerdote, presidente ou pregador, mas sempre como pastor. A mais antiga figura de Cristo encontrada nas catacumbas O apresenta como um Pastor que carrega e cuida do rebanho.
Desafortunadamente, com o correr dos séculos, desapareceu da mente do mundo cristão a figura do bom pastor. Em seu lugar surgiram outros emblemas da fé cristã. Em vez do meigo pastor apareceram o crucificado Sofredor, o bebê nos braços da mãe e o Mestre na ceia de despedida.
Triste foi para a Igreja a perda da visão do pastor. O seu dirigente em vez de cuidar e alimentar o rebanho, perdeu-se nas penitências e nos sacramentos. A sua habilidade é medida pelo trabalho público executado e não como pastor.
Cuidado pastoral
Nos tempos bíblicos, o pastor era um homem de coragem, um atalaia, um protetor. Diz-nos o rifão antigo que “onde existem ovelhas, há lobos”; e os lobos desapiedadamente devoram o rebanho.
À noite, o pastor costumava deitar-se atravessado na soleira da porta, tomando-se uma porta viva. Dormia onde dormiam as ovelhas. Nunca era achado fora do seu dever. Nenhum ladrão ou fera podia atacar o rebanho sem o seu conhecimento. Tampouco poderia qualquer ovelha escapar do redil, a não ser que passasse sobre o seu corpo.
As ovelhas são criaturas indefesas. Quase todos os animais podem se proteger, mas não a ovelha. Nas terras orientais, o rebanho estava cercado de perigos por todos os lados. Por isso, os pastores eram homens fortes, cheios de coragem. Às vezes era construída uma torre e, a certos intervalos durante o dia, o pastor subia e perscrutava a paisagem para ver se havia perigo iminente.
Parece que as ovelhas não têm o sentido de direção. Entretidas em busca de uma alimentação aqui e ali, facilmente se perdem, mas não repentinamente. Antes de ser uma ovelha perdida é uma desgarrada. E aí é que ela precisa de ajuda, de amizade, para reintegrar-se no aprisco.
Quando a ovelha perdida descobre que está separada do rebanho, fica ansiosa para encontrar-se com as companheiras. Lança-se de um lado para outro, mas, quanto mais tenta, tanto mais longe vai se afastando do aprisco. A ovelha perdida nunca encontrará o caminho de casa. Por isso ela necessita de um pastor. O pastor conhece muito de meteorologia, pelo menos na prática. Conhece muito bem o tempo. Sabe quando vai dar tempestade, e sabe quão perigoso e desastroso pode ser isso para o seu rebanho.
Além da proteção, as ovelhas precisam de um pastor que saiba prover-lhes o sustento. Elas precisam ser alimentadas e dessedentadas. Nas estações secas, o rebanho precisa ser freqüentemente mudado de um pasto para outro. As ovelhas não sabem onde buscar pastagem e água. Para ter ovelhas sadias, boa lã, o pastor deve levá-las a verdes pastos e águas tranqüilas.
O pastor também conhece as suas ovelhas e elas conhecem o seu pastor. Ele sempre está pensando no que poderá fazer pelas ovelhas. Ele as ama, vigia e alimenta. Cada uma delas tem um lugar no seu coração. O trabalho do pastor é guiar, proteger e alimentar com amor. Jesus perguntou a Pedro: “Amas-Me?” E acrescentou: “Pastoreia as Minhas ovelhas”; cuida delas com ternura, defende-as com compreensão e regozija-te em seu crescimento.
Nossa perda de membros da igreja por apostasia nos condena. Apostasia é o sopro gélido que destrói o fogo e o entusiasmo do pastor. Salomão aconselha: “Procura conhecer o estado das tuas ovelhas, e cuida dos teus rebanhos (Prov. 27:23). Outra tradução nos diz que o pastor deve “conhecer ou colocar o coração onde está o seu rebanho”. Deve haver uma profunda simpatia e interesse pelas necessidades de nossos membros. Algumas vezes a apostasia pode ser o termômetro do interesse do pastor, por sua igreja.
A igreja é o corpo de Cristo, o objeto supremo de Seu interesse. Em seu favor, Ele deu a vida. Dessa forma, cada indivíduo e cada parte desse corpo são preciosos para Ele. Por uma única ovelha, Ele teria morrido. Uma alma é tão valiosa como todo o mundo.
Olhando através da luz que emanado Calvário, cortar, afastar um membro do rebanho é a experiência mais solene de todas as relações humanas. É pior do que a morte. Será que deveria haver lá-grimas, súplicas, jejuns, quebranta-mento de coração, de pastores e membros, verificando se houve da parte deles alguma coisa que levou a ovelha a se extraviar, e agora está prestes a ser eliminada do rebanho? Nosso Senhor teria morrido para salvar uma só. Moisés estava disposto a remover o seu próprio nome do Livro da Vida se isso redundasse em salvação dos que estavam sob seus cuidados.
É verdade que há ocasiões em que as ovelhas precisam de correção, mas sobretudo necessitam de cuidado. Confiança e amor da parte do pastor farão mais do que censura e disciplina. O rebanho precisa ser orientado.
Perigos de dentro
Ao verificarmos a proximidade da segunda vinda de Cristo, devemos estar apercebidos dos perigos de fora. Mas estejamos alertas contra os perigos de dentro que nos assaltam constantemente. Deus tem um “pequeno rebanho” espalhado por toda a Terra e em quase todas as línguas. É a Sua igreja remanescente. Ela precisa ser cuidada, preparada para as dificuldades e provas, e para a segunda vinda de Cristo. Os pastores são os responsáveis por esse rebanho e terão que prestar contas ao Supremo Pastor, Jesus.
Alguns dos nossos queridos irmãos estão perdendo o entusiasmo e a coragem e se tomando escravos de hábitos que eles conscientemente sabem que os levarão à ruína eterna. São indiferentes ou inaptos para encontrarem a vitória. Estão desencorajados e com o coração partido, conforme a sua própria experiência. Se não houver alguma coisa para reviver a fé e a esperança, estarão perdidos. Os pastores têm a responsabilidade de fortalecer-lhes as mãos fracas, confirmar-lhes os joelhos débeis, nesta geração de indulgência própria e prazeres seculares.
Em cada auditório há pessoas acabrunhadas por problemas e que estão ansiosas por uma luz que as tire das trevas em que se encontram. Em cada lar que o pastor visita há inquietações que necessitam ser dissipadas. As visitas pastorais não deveriam ser apenas com o fim de levar-lhes o cupom de algum pedido, material de recolta ou a parte que lhes corresponde no programa do sábado. Muito menos deve o pastor dar a impressão de que está apenas cumprindo um dever profissional.
Milhares estão abandonando a igreja porque não encontram nela algo que lhes satisfaça as necessidades. O pastor não deve ver nessas almas ansiosas apenas um número para o seu relatório mensal, mas seres humanos com lutas, angústias, anelos e necessidades que conhecem uma solução: Cristo. O pastor deve cuidar para não ter na sua congregação homens mortos espiritualmente.
Nas parábolas da ovelha perdida, da dracma perdida e do filho pródigo, Cristo deixou claro o Seu interesse por aqueles que uma vez já pertenceram ao grupo e se extraviaram. Ninguém poderá ler essas parábolas sem sentir a consternação de Cristo pelos que perdem o caminho. Se a conversão de um pecador causa regozijo aos anjos, intenso deve ser o sofrimento nos Céus, quando uma alma que uma vez foi justificada retoma ao serviço de Satanás.
O pastor deveria ter sempre em mente que a igreja deve ser um lugar onde pessoas más são bem-vindas e ajudadas a se tomarem boas. E pessoas boas, a se tomarem melhores. “Atendei por vós e por todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu bispos, para pastoreardes a Igreja de Deus, a qual Ele comprou com o Seu próprio sangue” (Atos. 20:28).
Pastoreando a igreja
Em Sua última conversação com Pedro, Jesus enfatizou a necessidade de alimentar o rebanho. Três vezes Ele instruiu o apóstolo a alimentar o rebanho. O pastor deve dar a seu povo uma mensagem que irá satisfazer sua fome. Eles devem ser alimentados, nutridos com a mensagem que vai ao encontro de suas necessidades, fazendo-os crescer sadios na vida cristã.
Qual deve ser o alimento? Sermões são mais que recapitulações de recortes de jornais, mais do que lista de estatísticas. Mais do que artigos lidos em alguns jornais ou revistas religiosos. São mais do que citações de Ellen White. O nosso povo não necessita de muitas dissertações sobre os problemas sociais ou ensaios relativos à situação religiosa do mundo. Não está interessado nas declarações dos eruditos, dos homens de reputação e fama.
A queixa mais comum entre o rebanho é a de que não ouvem mensagens bíblicas. O rebanho quer um alimento sólido, sermões devidamente preparados sobre os grandes temas do Livro Sagrado. Não está interessado em sermões que qualquer pregador protestante pode dar. Ele sabe que o julgamento está à frente e terá que enfrentar tempos difíceis. Sabe perfeitamente que o inimigo vai fazer o esforço final para enganá-lo. As ovelhas querem ser alimentadas com o pão vivo que sustenta e nutre.
Há somente uma coisa que constitui o alimento espiritual para o homem espiritual, e isto é a divina Palavra de Deus. Esse é o alimento para a alma (Deut. 8:3).
Os pastores adventistas deveriam descobrir a forma de tomar as nossas grandes verdades proféticas e doutrinárias e infundir-lhes vida, dinamismo. A mera teoria só é o esqueleto da verdade e nunca atrairá às fontes de água viva as almas sedentas. O pregador que alimenta sua mente e alma com a mensagem da Bíblia nunca precisa preocupar-se durante a semana perguntando-se que orientação dar ao tema que apresentará no sermão de sábado. Por que razão, na maioria das vezes, a alimentação servida cada sábado não satisfaz? É que o pastor prega sermões que ele mesmo não preparou. Visita indivíduos pelos quais não tomou tempo para orar. Toma-se estranho para com sua família. Está tão ocupado em fazer o trabalho da igreja, que não tem tempo para trabalhar para a igreja.
No seu programa não há tempo para Cristo. Quando é que faz oração? Quando é que ele alimenta a sua própria alma? É possível preparar um ali-mento espiritual saudável para alimentar a alma faminta da sua congregação, quando ele mesmo está desnutrido? É possível ensinar outros a viverem uma vida santificada quando a sua própria vida é um exemplo de precipitação, incessante correria de manhã à noite, atrás de tarefas secundárias? Não. Ninguém pode guiar outros em questões espirituais além de si mesmo. Santidade é devoção, e devoção requer tempo. O tempo encoraja a quietude da alma, a meditação em Deus e Sua Palavra; uma conversação com o Deus do Universo.
Para o pastor que deseja alimentar o rebanho, há dois perigos: 1) preparação inadequada dos sermões e 2) uma dieta homilética desequilibrada. É tão fácil e tentador pregar sobre alguns tópicos favoritos, superficiais, negligenciando temas importantes que requerem mais profunda pesquisa!
Sermões não são cogumelos que nascem numa noite. Eles são como o trigo. Primeiro a planta, a espiga e depois o grão. O trigo não está pronto para a colheita e para ser usado, até que esteja primeiro completamente maduro. Semelhantemente, os sermões devem crescer à completa maturidade no solo fértil da mente e do coração do pastor, enquanto é regado pelo Espírito Santo e aquecido pelo Sol da Justiça.
Somente quando cavamos profundamente os grandes temas da Bíblia e enchemos a nossa alma com a mensagem é que devemos extravasar de nosso coração para os ouvintes. Só assim as nossas palavras serão acompanhadas do poder do Espírito Santo. Isso requer um estudo regular, sistemático, fervoroso e com oração da Palavra de Deus.
Os bancos de qualquer igreja, grande ou pequena, estão ocupados hoje por homens e mulheres educados nas modernas formas de pensamento. Não se requer que o pastor seja um intelecto brilhante, mas sim que seja intelectualmente competente. No livro A Ciência do Bom Viver, página 499, está escrito: “Nunca penseis que já aprendestes o suficiente, e que podeis afrouxar agora vossos esforços. O espírito cultivado é a medida do homem. Vossa educação deve continuar através da vida inteira; deveis aprender todos os dias, e pôr em prática os conhecimentos adquiridos.”
O título ou o diploma têm pouca significação, a menos que a mente progrida em forma contínua.
Um pastor não pode ser um preguiçoso mental. Ele deve melhorar continuamente sua capacidade mental. Contudo, não basta a cultura meramente secular. Pertence ao acessório, mas não à substância. A suprema qualificação do pastor é a qualidade de seu ser espiritual. Em to-dos os aspectos de sua vida e obra, ele deve dar uma inconfundível evidência de que tem uma experiência com Deus constantemente renovada. É a sua espiritualidade que lhe dá autoridade e conquista o respeito, o afeto e a confiança dos seus membros.
O segredo íntimo de todo o verdadeiro pastor é a consciência imediata de Deus mediante o Espírito de Jesus Cristo em sua pessoa. Sem ela, sua obra não é a de um pastor, mas de um malabarista espiritual, que não tem condições de alimentar espiritualmente as suas ovelhas. O membro da igreja, assediado por uma semana de problemas assenta-se no banco desejoso de apanhar um vislumbre do Mestre e ouvir uma mensagem de ânimo e esperança para fazer frente à outra semana. O verdadeiro pastor não deixa o seu rebanho sair do aprisco da igreja sem o pão dos Céus e a água da vida.
Trabalho pessoal
Cristo, o Bom Pastor, disse: “Eu conheço as Minhas ovelhas.” O relato sagrado menciona que Ele entrava nos lares das pessoas, do rico e do pobre, ganhando a simpatia e afeição de todos. Ele convidava o povo para segui-Lo. “Deve o pastor misturar-se livremente com aqueles por quem trabalha a fim de familiarizar-se com eles e saber como adaptar seus ensinos às necessidades deles. Havendo pregado um sermão, a obra do ministro apenas começou. Há um trabalho pessoal para ele fazer. Deverá visitar o povo em seus lares, falando e orando com eles com fervor e humildade.” — Atos dos Apóstolos, págs. 363 e 364.
Visitar os membros é absolutamente essencial. Nenhum pastor pode compreender as necessidades do rebanho sem visitá-lo de casa em casa, ter um contato pessoal com as pessoas, orar com elas e por elas. É justamente nos lares que as ovelhas ficam conhecendo o seu pastor e vice-versa. É aí que os membros aprendem a amar o seu pastor. Eles devem saber que o pastor dedica tempo para visitá-los e orar com eles. Cristo disse que o bom pastor conhece as suas ovelhas.
Paulo exorta aos pastores para terem cuidado de “todo o rebanho… sei que depois de minha partida, entre vós penetrarão lobos vorazes, que não pouparão o rebanho” (Atos 20:28 e 29). Assim sendo, o pastor sábio verificará se as ovelhas estão todas protegidas no aprisco. Se não há alguma do lado de fora, com possibilidade de ser presa fácil do inimigo. Também ocorre de uma ovelha ou outra às vezes causar problemas, dificuldades. O principal trabalho do pastor não é livrar-se do causador de problemas, mas, pacientemente, com amor, ensinar e ajudar a resolver todas as dificuldades.
Há igualmente algumas ovelhas doentes no rebanho. Por isso as igrejas devem ser transformadas em clínicas espirituais, onde as almas conturbadas por causa do pecado possam ter minoradas e curadas as feridas do coração. Na parábola, o pastor, deixando o rebanho, sai em busca de uma ovelha:
“Seja embora a noite escura e tempestuosa, perigosos e incertos os caminhos, a busca longa e fastidiosa, ele não vacila enquanto a perdida não é encontrada… Chega mesmo à borda do precipício, com risco da própria vida.
“E ao achar a perdida, acaso lhe manda ele que o siga? Ameaça-a, por-ventura, ou a espanca, ou a vai tangendo adiante de si, pensando nos incômodos e ansiedades que por ela sofreu? Não; põe aos ombros a exausta ovelha e, cheio de feliz reconhecimento porque sua busca não foi em vão, volve ao redil. Sua gratidão exprime-se em hinos de regozijo.” – Obreiros Evangélicos, págs. 181 e 182.
“Uma coisa faço”
Uma das mais bem-sucedidas artimanhas do inimigo no sentido de neutralizar a eficiência e utilidade de um pastor é levá-lo a dividir sua atenção.
O apóstolo Paulo achava-se muito preocupado, receoso de que Timóteo, a quem amava ternamente, se convertesse num ministro de destaque, cujo zelo e devoção pela obra de Deus fossem diminuídos pelo amor aos ganhos materiais. Por isso escreveu-lhe as palavras expressivas: “Ninguém que milita se embaraça com negócios desta vida… “ (II Tim. 2:4).
Não somente Deus, mas também os que o ouvem esperam que o pastor se dedique inteiramente ao seu trabalho.
“Não podem os pastores fazer um trabalho aceitável para Deus e ao mesmo tempo levar o fardo de grandes empreendimentos de negócios pessoais. Tal divisão de interesses diminui-lhes a percepção espiritual.” – Idem, pág. 339.
“Os pastores não devem ter interesses à parte da grande obra de conduzir almas à verdade. Todas as energias são necessárias para isso. Não devem dedicar-se a comerciar, a mascatear, nem a negócio algum além desta grande obra.” – Testimonies, vol. 1, pág. 470.
O verdadeiro pastor, se realizar seu trabalho com fidelidade, não terá tempo para atividades paralelas. Dirá, parafraseando Paulo: “Uma coisa faço” – ser pastor.
Recompensa final
O pastorado ocupa uma posição original entre as profissões existentes. Num sentido que nenhum outro profissional pode pretender, o pastor poderá dizer: “Não sou empregado; não trabalho para homem algum.”
O trabalho do pastor não é exercido por paga em dinheiro, nem pressão, mas pela vontade e pelo amor de Cristo. Se é Cristo quem coloca o pastor no Seu trabalho, homem algum poderá tirá-lo dali. Embora deva responder perante seus irmãos, ele é exclusivamente servo de seu soberano Deus. Essa convicção produzirá pastores em relação aos quais a Igreja pode ficar descansada. São homens que sabem cumprir o seu ministério. Não precisam ser vigiados ou estimulados por prêmios. Trabalham “não servindo à vista, como para agradar a homens, mas como servos de Cristo, fazendo, de coração, a vontade de Deus” (Efés. 6:6). São pastores dos quais Deus disse: “Dar-vos-ei pastores segundo o Meu coração, que vos apascentem com conhecimento e com inteligência” (Jer. 3:15).
Ao homem chamado e enviado como pastor, Deus está dirigindo uma promessa de companheirismo divino: “Eis que estou convosco todos os dias, até à consumação do século” (Mat. 28:20). Essa declaração é tanto uma promessa como um lembrete. Promessa da presença do Mestre e lembrete de sua completa dependência de Cristo.
Movidos por Deus, os pastores deverão ser os mensageiros de Jeová. Nas suas veredas há heresias, a cruz e a espada lançam sua nefasta sombra, mas para além das trevas vê-se o brilho insuperável da glória do Deus triúno. É justamente isso que os pastores têm de ver, embora o presente se mostre envolto em trevas. Devem ser inspiradores de fé, esperança e caridade em meio do temor, da dúvida e do ódio que envolvem a família humana. Nessa obra o pastor é assistido pelos anjos celestes, e ele próprio é instruído e iluminado na verdade que o torna sábio para o reino eterno.
Não vai demorar muito, e ele ouvirá do Supremo Pastor: “Muito bem, servo bom e fiel; foste fiel no pouco; sobre o muito te colocarei; entra no gozo do teu Senhor.” (Mat. 25:23).