Aspectos do Curso de Extensão
Foi nos idos de 1949 que coube à Divisão Sul-Americana receber de braços abertos o primeiro Curso de Extensão do Seminário Adven-tista de Washington, representado nas pessoas de três ilustres professores: Dr. Frank H. Yost e pastôres Roy Allan Anderson e LeRoy Edwin Froom. Nesta ocasião o curso constituído de aproximadamente 80 estudantes, foi agasalhado pelo nosso Colégio no Uruguai e passou à história como a “Universidade de Canelones’’. A História do Sábado e do Domingo, ministrada pelo catedrático Dr. Yost, Liderança Evangelística muito bem dirigida pelo Pastor R. A. Anderson e História da Interpretação Profética ensinada magistralmente pelo Dr. L. E. Froom, deixaram tantas saudades que, quando correu pelos pampas e cordilheiras de nosso continente a notícia de que haveria novo Curso de Extensão Universitária, o problema foi: Onde abrigar o imenso número de interessados daqueles que teriam a dita de assisti-lo? Se da primeira feita o pequeno mas grande Uruguai nos acolheu, desta feita escolheu-se o maior dos países de nossa Divisão em extensão territorial, para abrigar 145 obreiros que se irmanariam neste exercício mental de oito semanas.
A história nos relata, pois, que: No Instituto Adventista de Ensino, ex-Colégio Adventista Brasileiro, em Santo Amaro, São Paulo, nos meses de janeiro e fevereiro de 1960, se realizou o Segundo Curso de Extensão Universitária, da Universidade Andrews, para a América do Sul. As cinco Uniões que compõem a nossa Divisão estiveram representadas por estudantes oriundos de 8 países diversos. As aulas foram ministradas em duas línguas: O português e o espanhol, em salas diferentes, mas as capelas e mesas redondas foram em conjunto, embora uma semana fôsse na língua de Cervantes e a outra na de Camões.
Os mestres enviados desta feita foram: Diretor do Curso e professor de Conselho Pastoral, o Pastor Charles E. Wittschiebe; professor de Liderança Evangelística, o Pastor Roy A. Anderson; o professor de Orientação Profética no Movimento do Advento, Pastor Arthur L. White. O primeiro, com vasta experiência de ensino na América, na Ásia, e até em campo de concentração, e atualmente há anos professor na Universidade Andrews, logo cativou o coração de todos irradiando simpatia transbordante que fêz com que fôsse escolhido como paraninfo para a festa de entrega de Certificados, no fim do curso. Suas aulas repassadas de situações sérias e hilariantes, com perguntas formuladas pelos alunos que demonstravam imenso interêsse pelo assunto, bem meditadas umas e dispensáveis outras, foram da primeira à última utilíssimas por tratarem assunto novo para muitos, mas necessário e útil para todos. Saudades muitas nos deixou o ilustre catedrático de Berrien Springs.
A pessoa de Roy Allan Anderson já era nossa conhecida. Sua cultura geral, sua imensa prática e experiência em Evangelismo, sua sempre renovada energia, seu interêsse pessoal pelo desenvolvimento de todo evangelista promissor, fizeram de suas aulas momentos de grande concentração intelectual e espiritual, que todos apreciaram. Não foi em vão que o representante peruano, na festa de confraternização, o comparou ao Condor dos Andes. Esta segunda visita de R. A. Anderson será ainda mais lembrada que a de 1949, não só pelos seus milhares de ouvintes do Pacaembu e da Igreja Central de São Paulo, mas por todos os seus alunos que das salas de aula saíram para aplicar os seus ensinamentos.
A figura calma e respeitada do pastor Arthur L. White se impôs, aula após aula, pelo conhecimento profundo que tem de sua especialidade, neto que é de nossa mais profícua escritora, e secretário há anos do Departamento de Publicações Ellen G. White.
O Curso de Extensão Universitária, porém, não era só constituído dêstes três professores ilustres. Também estêve presente um antigo ADECEANO, como vice-diretor, conselheiro, anfitrião, e amigo, cedido pela Divisão na pessoa do pastor Enoch de Oliveira, Secretário da Associação Ministerial da Divisão Sul-Americana. Alto e esguio, delgado e delicado, soube contornar as situações, enfrentar realidades, e sair ainda mais amigo do que quando chegou, tanto de gregos como de troianos. A simpatia semeada em 1949 pelo seu antecessor, Pastor Walter Schubert, foi com imenso encanto disseminada em 1961, por esta “oliveira” bem brasileira.
Quando da Primeira Reunião do Corpo Docente, o Prof. Wittschiebe disse, referindo-se à secretária, que a Divisão enviara uma jóia para auxiliar nestes dois meses. Com efeito, valiosa foi a contribuição da senhorita Margarita Deak, que trabalha há anos no Departamento Ministerial da Divisão e que já fôra também a secretária e caixa do Curso celebrado no Uruguai em 1949.
Os tradutores foram professores ou pastôres de grande experiência, a saber: Os pastôres Jerônimo Granero Garcia e Emmanuel Zorub para o português; e os Professores Werner Vyhmeister e Leslie Rhys para o espanhol. Todos cooperaram assídua e pontualmente em tarefa cansativa mas compensadora em satisfação pessoal, certos de um dever bem cumprido. A êles a Universidade Andrews deve uma carta de louvor e agradecimento.
Ao iniciar o curso de suas atividades, a primeira capela foi ocupada pelo Sr. secretário da Divisão; o pastor L. H. Olson, quê falou de um modo agradável, apresentando um discurso bem elaborado, recebendo, por isso mesmo, cumprimentos do diretor do Curso. Quando, após 8 semanas de intensa atividade, tanto por parte dos professores como dos estudantes, o curso chegou ao seu fim, sendo que o irmão presidente da Divisão es-tava ocupado na Patagônia, tivemos novamente a visita do pastor L. H. Olson, que proferiu algumas palavras de apreciação, augurando dias de grande atividade e profícuo labor da parte de todos os participantes.
Que diremos do curso em si? Valeu a pena? Se é verdade que as cinco Uniões ficaram desfalcadas de um grande número de obreiros, em muitos casos, de seus melhores obreiros, também é certo que as iniciativas futuras serão empreendidas com mais entusiasmo, mais saber, mais sabedoria, e creio também com mais espiritualidade e consagração. As aulas se iniciavam às 8:00 horas e iam até 12:30, diàriamente. Às segundas e quintas-feiras à tarde, das 15:00 às 16:45 horas, havia Mesa Redonda. Uma comissão, sob a presidência do pastor Enoch de Oliveira, cuidava das atividades religiosas. Uma outra cuidava das atividades sociais. A biblioteca do IAE, embora modesta em comparação com similares nos USA, foi o centro de muitas pesquisas e investigações. Os exames do fim de janeiro causaram muita agonia e perda de sono. Já os exames do fim de fevereiro encontraram uma turma mais acomodada e calma. Na capela foram, em cinco reuniões, às têrças-feiras de noite, apresentados “slides” e manuscritos da vida e pena da senhora E. G. White. Às quartas-feiras de noite sempre houve reuniões de congraçamento espiritual muito bem dirigidas. Vários pastôres foram convidados como oradores especiais para falar aos 145 estudantes inscritos. Os presidentes das Uniões Austral e Sul-Brasileira nos falaram de modo muito inspirador. Também o Dr. Fernando Chaij, em trânsito para a “Pacific Press”, apresentou três palestras muito úteis sôbre o hipnotismo.
Depois de semanas de convívio leal e amigo, atravessando o Mar Vermelho (primeira prova) e transposto o Rio Jordão em pleno período de enchente e inundação (última prova), chegou o dia feliz da entrega dos diplomas. Orações e Cânticos. Discursos e Agradecimentos. Ninguém foi esquecido. Um excelente número de estudantes terminou o curso com Honra ao Mérito, “A” em tôdas as matérias. A grande maioria teve “as”, “bes” e “ces”, alguns um fortuito “d”. Mas todos participaram da formatura, embora uma meia dúzia de certificados desse crédito apenas por freqüência às aulas. Como se cantou bem e se discursou melhor no grande dia! Os pastôres Amaro Peverini e Francisco N. Siqueira, representando respectivamente as seções espanhola e portuguêsa, agradeceram aos ilustres professores, os seus esforços, sacrifícios e interêsse revelados. A capela do IAE ficou lotada com pessoas de pé. As palavras do discurso do paraninfo ficaram gravadas na memória de todos, não só por terem sido proferidas com muita elegância, mas sobretudo por virem de quem, embora falasse ainda em inglês, já conversava em espanhol e se defendia em português, e do qual se sabia que falava de coração.
Acreditamos que nenhum dos participantes do Curso porá uma placa em frente à casa, intitulando-se Psiquiatra consumado, mas muitos, se não todos, serão melhores conselheiros pastorais, mais eficientes pastôres de seus rebanhos, maridos mais compreensivos, mais úteis aos semelhantes, enfim. Cremos que, embora haja mais séries de conferências, ninguém se apresentará como professor, a não ser que seja professor de alguma coisa mais do que de uma classe da escola sabatina, mas munidos do poder do alto, inspirados pelo exemplo do Pacaembu, mais almas sejam ganhas não sòmente para as listas de membros de igreja, mas sobretudo para o reino de Deus. Estamos certos de que, embora todos já tenham lido bom número de livros do Espírito de Profecia, de agora em diante haverá mais compreensão do tempo em que a irmã White viveu e também do tempo em que nós vivemos. Que Deus abençoe abundantemente a todos os que participaram dêste conclave do saber, e que A. L. White, R. A. Anderson venham em breve para uma terceira visita ao Sul, e que C. E. Wittschiebe saiba que todos nós dizemos: Bem Te Vi; nas aulas inspirador, nas conversas amigo, no Brasil saudoso de Berrien Springs; e ainda: Queremos rever-te e a teus dois companheiros no Reino de Deus.