Devemos pregar o evangelho com nossa vida e nossas obras.

A expressão “justiça social” é muito polêmica. Há um debate por trás desse conceito. Em razão disso, prefiro usar a expressão “justiça bíblica”. Na Bíblia, o termo justiça significa, em seu conceito semântico, julgar, governar, ser justo e correto. Em sua aplicação prática, podemos dizer que, para ser justo, devemos tratar a todos com imparcialidade. Justiça e generosidade se harmonizam. De acordo com a Bíblia, as dádivas que damos aos pobres são chamadas de “obras de justiça” e deveriam ser realizadas sem ostentação (ver Mt 6:1, 2). Essas ações expressam o caráter de Deus e devem ser realizadas em favor de pessoas vulneráveis: as viúvas, os pobres, os estrangeiros e os órfãos (ver Zc 7:9, 10; Dt 10:17-19). Alguém pode perguntar: Por que devemos ter preocupações em relação a essas pessoas? A resposta é simples: porque Deus Se preocupa com elas. Ele Se apresenta como o “Pai dos órfãos e das viúvas” (Sl 68:4, 5).

“Anos atrás, num dia frio na cidade de Nova York, um menino de dez anos, descalço e tremendo, observava atentamente a vitrine de uma loja de sapatos. Uma mulher foi até o menino e perguntou por que ele estava observando a vitrine com tanto interesse. Ele disse que estava pedindo a Deus que lhe desse um par de sapatos. A mulher o tomou pela mão e o levou para dentro da loja. Ela pediu ao atendente que trouxesse seis pares de meias; pediu também uma bacia com água e uma toalha. Levando o rapazinho para o fundo da loja, ela tirou as luvas, lavou os pés dele e os enxugou com a toalha. O atendente chegou com as meias. A mulher colocou as meias nos pés do menino e lhe deu um par de sapatos. Colocou a mão na cabeça dele e perguntou se ele se sentia mais confortável. Quando ela se virou para ir embora, o espantado rapazinho segurou a mão dela e perguntou, com lágrimas: ‘A senhora é a esposa de Deus?’ Aquele menino falou uma verdade maior do que imaginava. A igreja de Deus é Sua noiva, Sua esposa.” (Lição da Escola Sabatina, professores, 3º tri. 2016, p. 29).

Deus espera que Sua igreja reflita Seu caráter fazendo “obras de justiça”. Isso é o que Ellen White chamou de “mente de Cristo”: “Quando a mente de Cristo se tornar nossa mente, e Suas obras se tornarem nossas obras, conseguiremos observar o jejum descrito pelo profeta Isaías […] (Is 58:6). Descubram qual é a necessidade dos pobres e sofredores, e então, com amor e bondade, ajudem essas pessoas a ter coragem, esperança e confiança, compartilhando com elas as boas coisas que Deus deu a vocês” (Pacific Union Recorder, 21/7/1904).

Há o perigo de enfatizar exclusivamente as “obras de justiça”, tornando-a a única missão da igreja. Então, no que devemos nos concentrar? Fazer “obras de justiça” ou evangelismo? Em outras palavras, o que é mais importante: alimentar os pobres ou salvar uma pessoa? Devemos pregar o evangelho com nossa vida e nossas obras. Dê aos famintos pão para seus corpos, mas também lhes dê o Pão da vida para suas almas. Forneça água aos sedentos para saciar sua sede física, e também a Água viva para saciar sua sede espiritual. Construa uma casa para os sem-teto aqui na Terra e depois prepare-os para a casa que Jesus construiu no Céu.

Quando nos concentrarmos principalmente no evangelismo, o resultado será alimentar os pobres e ajudar os oprimidos. Que o Senhor nos ajude a integrar evangelização com justiça social. 

Daniel Montalvan, secretário ministerial associado para a Igreja Adventista na América do Sul