Numa sexta-feira à tarde, pouco depois do falecimento de meu esposo Bob, encontrava-me no supermercado. Fazer compras para uma só pessoa, planejar e preparar alimentos para um só e comer sozinha eram obstáculos difíceis de superar. Precisava comer para viver, mas não me importava de viver ou não; assim, para que comer?

As caixas de cereais pareciam-me grandes demais para mim só, quando pensava que teria de terminá-las sem ajuda. Ademais, não havia razão para acrescentar os alimentos preferidos de Bob ao carrinho de compras. Empurrava o carrinho mecanicamente pelos corredores. Parei para enxugar os olhos, e percebi que não tinha lenços Kleenex, de maneira que usei a manga da blusa.

Vi então um líder e ministro ordenado da igreja. Olhou-me, deu meia-volta e saiu pelo outro lado do corredor. Logo desapareceu atrás de umas prateleiras com garrafas de catchup e pepinos em conserva.

Minha solidão aumentava ao ver quão difícil era alguém aproximar-se de uma pessoa sofredora.

Levita

O tempo passou. Já conseguia sorrir — às vezes. Vestida com roupa de sábado, ia às atividades públicas dos santos. Você está com boa aparência, disse um ministro amigo meu. Sequer mencionou a Bob, embora fosse a primeira vez que me via depois de sua morte. Tinha medo de enfrentar a morte? Não havia ninguém que estivesse disposto a compartilhar do meu sofrimento?

Samaritano

Seu nome era Jim. Chegou à sala do hospital para passar alguns momentos de agonia após a cirurgia de Bob. Não viera para falar. Veio para compartilhar da dor e da angústia daqueles terríveis momentos.

Viajou muitos quilômetros para estar conosco depois da cirurgia. Andou literalmente conosco pelo vale da sombra da morte. Não lembro que tenha estava ali. Sentimos o seu amor e o seu pronunciado uma só palavra. Apenas carinho. – Joyce Rigsby

Dez mandamentos para os consoladores

1 – Tratarás cada doente como um único indivíduo.

2 – Não dirás frases feitas aos parentes.

3 – Não dirás aos enlutados quão bem se sentem, para evitar falar do mal que sentem.

4 – Lembra-te de que deves seguir a orientação do doente.

5 – Honra os doentes com a tua presença mesmo que te sintas incomodado e não saibas o que dizer. O silêncio é compreensível.

6 – Não evitarás o uso apropriado do tato.

7 – Não usarás o método de provas com textos bíblicos, quando o doente fizer a pergunta: Por quê?

8 – Não temas derramar algumas lágrimas com os doentes.

9 – Não peças aos que acabam de perder um ente querido que vá ajudar o próximo antes do tempo apropriado.

10 – Não digas a uma mulher que acaba de ficar viúva, que Cristo virá logo; quando ela esteve ouvindo isto a vida inteira. O fato de que Ele venha, e de que aguardamos chegue esse dia por uma nova razão, é suficiente.

Ademais, não havia razão para acrescentar os alimentos preferidos de Bob ao carrinho de compras. Empurrava o cesto mecanicamente pelos corredores.”