“Cantai ao Senhor com ações de graça; entoai louvores, ao som da harpa, ao nosso Deus.” Sal. 147:7.

A prática do canto congregacional não está baseada numa tradição humana, mas é uma instituição de origem divina, que remonta a tempos anteriores à criação do mundo. O próprio Lúcifer sentiu-se atraído pela influência do canto nos primeiros períodos de sua rebelião. Diz-nos o Espírito de Profecia: “Ao ascenderem os cânticos de louvores, em melodiosos acordes, avolumados por milhares de alegres vozes, o espírito do mal pareceu subjugado; indizível amor fazia fremir todo o seu ser; em concerto com os adoradores destituídos de pecado, expandia-se-lhe a alma em amor para com o Pai e o Filho.” — Patriarcas e Profetas (2* ed.), pág. 17.

É inegável que a música era um elemento muito importante na vida religiosa do povo de Israel, não sòmente na celebração de grandes acontecimentos, como a travessia do Mar Vermelho ou a transferência da arca de Quiriate-Jearim a Jerusalém, mas também nos lares, nas escolas e nos serviços religiosos. Nas Escolas dos Profetas a música e a poesia sagradas eram ensinadas como matérias principais de estudo para os jovens que aspiravam a ser os dirigentes espirituais do povo de Deus. “Fazia-se com que a música servisse a um santo propósito, a fim de erguer os pensamentos àquilo que é puro, nobre e edificante, e despertar na alma devoção e gratidão para com Deus.” — Idem, pág. 637. É-nos dado o conselho: “Haja canto na escola …” e “Nunca se deve perder de vista o valor do canto como meio de educação.” — Educação, pág. 167. “O devido adestramento da voz é um aspecto importante da educação, e não deve ser negligenciado.” — Patriarcas e Profetas (2’ ed.), pág. 637.

Quantas bênçãos produz o seguir êstes conselhos em nossas igrejas e escolas! A meninice e a juventude de hoje aproximam-se das coisas celestiais, e os ministros do amanhã recebem uma educação que os incentivará a organizar musicalmente as igrejas sob sua responsabilidade, para honra e glória de Deus.

Não conhecemos muito acêrca do som dos instrumentos musicais descritos no Velho Testamento, e que eram utilizados para acompanhar os cânticos; apenas sabemos que havia instrumentos pertencentes às três grandes famílias instrumentais: cordas, como o Saltério e a harpa; instrumentos de sôpro, dos quais são citados a flauta, o órgão, a buzina e a trombeta; e também instrumentos de percussão: tamborim, pandeiro, adufe e címbalo. Suas origens são assaz remotas: antes do dilúvio já se menciona a Jubal, o qual “foi o pai de todos os que tocam harpa e flauta” (Gên. 4:21). Há razões para supor que em realidade se tratava de liras e flautas rudimentares, respectivamente. É deveras interessante e instrutivo ler acêrca da organização musical nos dias de Davi, tal como é descrito em I Crônicas, capítulo 25, versos 1 a 8. Vemos aí que um conjunto de levitas, os filhos de Asafe, Hemã e Jedutum, foram separados para o ministério da música, a fim de profetizar com os seus instrumentos respectivos. Seu trabalho foi perfeitamente regulamentado, criando-se turnos de serviço para os músicos da côrte real e do culto. Destarte, quando chegou o solene ato da dedicação do templo de Salomão, os cantores levitas estiveram presentes com seus instrumentos. “. . . Em uníssono, a um tempo, . . . cantavam para . . . louvar ao Senhor e render-Lhe graças.” II Crôn. 5:13.

Que admirável exemplo para o Israel moderno! Em primeiro lugar são os homens separados para um ministério especial, e depois suas atividades são ordenadas, a fim de que tudo se fizesse corretamente, apresentando na ocasião apropriada, um serviço musical verdadeiramente meritório. Oxalá que nossos ministros se apeguem a êstes princípios diretrizes de organização e educação musicais encontrados no Velho Testamento, e que têm plena vigência em nossos dias. Cinicamente assim elevaremos o nível musical em nossos cultos, e os membros receberão consolo e bênção.