O autor analisa o êxito alcançado pelo Pastor José Barbosa Lima Filho na Missão Nordeste-Brasileira, ao por em prática instruções e métodos recomendados pelo Espírito de Profecia para a conquista de almas.

Apenas igrejas dinâmicas podem enfrentar os desafios provocados pelas mudanças sociais do mundo. Se de fato não existe vida sem crescimento, então uma “igreja deve ser ativa, se quiser ser uma igreja viva”. (Ellen G. White, Serviço Cristão, pág. 84). De que forma, porém, pode uma igreja inativa tornar-se ativa?

Especialistas em administração concordam em que um dos melhores investimentos é o que se faz no elemento humano. Em administração de igreja, as coisas não são muito diferentes. Ellen G. White declara: “O que agora se necessita para a edificação de nossas igrejas é do aprazível trabalho de obreiros sábios para discernir e desenvolver talentos na igreja — talentos que possam ser preparados para o uso do Mestre. Devia existir um plano bem organizado para o emprego de obreiros que fossem a todas as nossas igrejas, grandes ou pequenas, para instruir os membros como trabalhar para a edificação da igreja, e também a favor dos incrédulos. Instrução e educação é que são necessárias.” — Idem, pág. 58 (grifos acrescentados).

O principal objetivo deste artigo é apresentar alguns princípios para o crescimento saudável de nossas igrejas, com base na experiência de um pastor que decidiu aplicar os conselhos de Ellen G. White no seu distrito. Embora nem todos os detalhes metodológicos possam ser aplicados com sucesso em todas as igrejas, os princípios envolvidos podem ser úteis em qualquer lugar.

Preparando os líderes da igreja local

Apreensivo com o baixo número de pessoas batizadas cada ano, e com o fato de que aproximadamente 3 em cada 4 delas deixavam a igreja em pouco tempo, no distrito de Belo Jardim (Missão Nordeste-Brasileira), o Pastor José Barbosa de Lima Filho decidiu mudar a situação. Com base no programa integrado da Missão, para as igrejas, ele desenvolveu sua própria estratégia de trabalho. Havendo escolhido 3 anciãos da igreja sede do distrito, ele os instruiu 6 meses em um programa especial de liderança, conhecido como multiplicação espiritual. O treinamento consistia em uma reunião semanal de 30 minutos, seguida por uma hora de trabalho prático na cidade, empregando as técnicas de discipulado aprendidas no curso.

Após os dois primeiros meses, cada um dos três anciãos deveria escolher outros três membros, para orientá-los da mesma forma que o pastor fizera. Após outros dois meses, cada um dos últimos deveria por sua vez escolher outros três membros, de modo que o processo de discipulado pudesse repetir-se. Uma corrente de pessoas treinadas foi, dessa forma, desenvolvida, na qual cada pessoa envolvida deveria treinar pelo menos outras três.

Pastor Alberto Ronaldo Timm Ex.diretor do Centro de Pesquisas Ellen G. White do Brasil

Ao término de seis meses, quando os primeiros três anciãos haviam sido treinados, o pastor iniciou três classes diferentes na igreja, a serem por eles dirigidas. As classes pré-batismal e pós-batismal eram realizadas ao mesmo tempo da Escola Sabatina, mas em salas diferentes. Os participantes da classe pós-batismal freqüentavam também uma classe de capacitação missionária no sábado à tarde.

Preparando a igreja para o programa

Ciente do fato de que nenhum projeto pode ser bem-sucedido sem o envolvimento total da igreja, o Pastor Barbosa organizou os membros para uma participação ativa no pro-grama. Usando a Escola Sabatina como um meio para alcançar seus objetivos, ele organizou as classes por áreas geográficas, com não mais de 12 membros, incluindo dois professores, um diácono e uma diaconisa, e tendo um ancião como coordenador para cada três classes.

Para participar do trabalho externo da igreja, cada classe da Escola Sabatina foi dividida em dois grupos de seis membros. Ambos os grupos realizavam, cada segunda-feira à noite, uma reunião na casa do seu respectivo professor. Cada membro tinha a responsabilidade de trabalhar com uma pessoa não-adventista, trazendo-a tanto para o grupo familiar como para a classe pré-batismal. Cada membro individualmente se tomava o tutor espiritual da pessoa pela qual estava trabalhando.

Os grupos familiares desenvolviam três áreas: doutrinária, devocional e testemunhai. Isto servia não apenas para evangelizar os não-adventistas, como também para fortalecer e unir os próprios membros.

Nenhum projeto pode obter êxito se não houver envolvimento completo da igreja. Todos os departamentos devem tomar parte.

Às terças e quintas-feiras alguns grupos, sem-pre que possível, reuniam-se alternadamente na casa de membros e interessados, para oração e comunhão. Conhecidos como “Amigos Buscando o Espírito Santo”, os grupos usavam os Seminários do Apocalipse como base para seu estudo da Bíblia. Como essas reuniões duravam apenas 30 minutos, um forte senso de urgência e de importância era sentido.

Desenvolvendo o processo

A função das classes da Escola Sabatina no programa era trazer pessoas não-adventistas para a classe pré-batismal, que, por sua vez, os ajudava a alcançar um genuíno relacionamento com Cristo e a compreender nossas doutrinas fundamentais. Após serem batizados, os novos membros passavam a freqüentar simultaneamente as classes pós-matismal e de capacitação missionária.

Na classe de capacitação missionária, os novos membros aprendiam a compartilhar sua fé com outros. Na classe pós-batismal, eles estudavam as doutrinas mais profundas, a organização e a estrutura da igreja, incluindo os cargos da igreja local, como descritos no Manual da Igreja.

Os novos membros eram também os guias espirituais das pessoas que passavam a freqüentar a classe pré-batismal, visitando-os durante a semana, encorajando-os a continuar freqüentando.

Ao término do seu estudo de liderança da igreja, cada membro da classe pós-batismal foi eleito como aprendiz de um cargo da igreja. Esses líderes-assistentes serviam durante seis meses, e o resultado foi o treinamento de futuros líderes para a igreja.

Embora cada uma das classes tivesse a duração de apenas três meses, elas continuamente recebiam novos participantes. O excessivo aumento do número de membros das classes tornou necessário o estabelecimento de classes adicionais, lideradas por outras pessoas treinadas pelo programa de multiplicação espiritual.

Estendendo o programa a outras igrejas

Em 1985, o distrito de Belo Jardim possuía cerca de 1.000 membros, e batizou apenas 37 pessoas, 70% das quais deixou a igreja em um curto espaço de tempo.

A situação mudou, porém, com o novo programa de treinamento integrado. No seguinte, das 162 pessoas batizadas, apenas 7% apostataram.

Impressionado com os resultados alcançados na Igreja Central de Belo Jardim, o Pastor Barbosa aplicou o mesmo programa em outras igrejas do seu distrito. Com o envolvimento da Igreja de Pitanga no programa em 1987, o número de pessoas batizadas no distrito subiu para 265, permanecendo entre 7 e 8% o nível de apostasia.

Em 1988, ele incorporou a Igreja de Arcoverde no programa, e 301 novos membros foram acrescentados ao distrito, com o mesmo nível de apostasia.

Igrejas e GruposBatismos por Ano
1985198619871988
B. Jardim (Central)51006060
Pitanga410767
Arcoverde92222100
Pesqueira12184536
Divisão1221
COHAB B. Jardim16294
Sanharó1033
TOTAL DO DISTRITO37162265301
ÍNDICE DE APOSTASIA70%7%8% 7%

Fig. 4. Número de batismos durante o período de 1988, no distrito de Belo Jardim, com os respectivos índices de apostasia. As áreas sombreadas indicam os anos nos quais determinadas igrejas foram envolvidas no programa.

O programa do Pastor Barbosa não era original em todos os aspectos; pois alguns deles eram realçados pela liderança da Missão local. Entretanto, a maneira como ele incorporou, adaptou e acrescentou novos elementos foi realmente inovadora.

Este novo programa provou sua eficácia em levar novos conversos ao Senhor e em integrá-los ao corpo da igreja.

A aparência da congregação não deve ser tomada como base para suas possibilidades, como ficou demonstrado no plano seguido pelo Pastor José Barbosa.

Conclusões

Devemos olhar além das aparências de nossas congregações para divisarmos suas possibilidades. Embora distinções sociais e culturais influenciem os resultados, os princípios deste programa integrado de crescimento de igreja podem ser eficientes em qualquer lugar, se adaptados adequadamente.

Entre os benefícios deste programa, podemos destacar os seguintes:

  • 1) O processo de multiplicação espiritual provê um número crescente de líderes efetivamente treinados para a igreja.
  • 2) As classes pré-batismais realizadas no horário da Escola Sabatina dão aos membros a oportunidade de trazerem pessoas não-adventistas para um estudo apropriado da Bíblia.
  • 3) A organização das classes da Escola Sabatina em pequenos grupos ativos não apenas está em conformidade com o propósito de Deus (ver Testemunhos Seletos, vol. 3, pág. 84), mas é também uma maneira fácil de envolver toda a igreja no programa.
  • 4) O programa pós-batismal provê não apenas a integração dos novos membros na igreja, mas uma liderança adicional, necessária para um crescimento da igreja.
  • 5) E o programa como um todo pode transformar igrejas inativas em ativas, solvendo muitas frustrações pastorais para alcançar os alvos de batismo e diminuir o índice de apostasia.